MATA BORRÃO


Ficou gravado na minha memoria desde que eu era menino, aquele prédio de madeira ancorado sobre palafitas, entre outras construções horizontais da cidade. Durante a noite todo iluminado, me parecia um olho gigante, um disco voador ou qualquer coisa deste tipo, que atraía a atenção de qualquer transeunte, que dirá, na imaginação de  uma criança!.. 
Não deixava de visita-lo quando passava pelo centro da cidade com minha mãe, criando assim um forte laço de afeição a o prédio, que muitos achavam esquisito. 
Um dia soube que não existia mais, disseram que havia prendido fogo, sem nada sobrar. Acho que imaginei isto, dado ser de madeira, o que o tornava  muito fácil ser consumido pelo fogo. Soube mais tarde que foi simplesmente destruído. Em seu lugar foi erguido um imenso prédio de concreto, símbolo de modernidade que apaga as memorias da cidade. 
O velho Mata Borrão, apelidado por ter o formato de um mata borrão, ficava na avenida Borges de Medeiros, esquina com a Rua Andrade Neves e se diferenciava de qualquer proposta arquitetônica construída na cidade em 1960, chegando inclusive a  sua construção, ser atribuído à Oscar Niemeyer, já que lembrava o Auditório da Escola Estadual Professor Milton Campos, projeto do arquiteto, Niemeyer, tombado pelo Iphan, em Belo Horizonte/MG, construído em 1954.
O prédio Mata Borrão, era destinado a abrigar exposições e mostras culturais, voltadas para a arte, como outras exposições de vinculação a o governo do Estado. Também foi sede de mobilização, na época do Movimento da Legalidade. Alguns acreditam, que sua destruição teve entre outros, o objetivo de apagar qualquer vinculo simbólico ao movimento politico da época. Foi construído em 1958 e destruído no final dos anos 60, após um incêndio.



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