Sábado 15/10:
JAQUIRANA:
É uma cidade pequena e tranquila, perfeita para descansar e curtir as belezas naturais da região como cachoeiras, altiplanos, trilhas ecológicas, passeios à cavalo ou mesmo apreciar a vida simples e pacata de seus moradores em pequenas vilas e fazendas à beira da estrada separadas por taipas e alguns cemitérios de família no fundo dos quintais. O gado pastando sobre os vastos Campos de Cima da Serra, de um verde inigualável e de beleza bucólica e singular.
SIGNIFICADO DO NOME:
O nome Jaquirana, tem origem indígena e significa
Cigarra cantadeira, "Ya qui rana" na língua tupi-guarani. Os primeiros habitantes da região, foram os índios Caáguas, antes da chegada dos colonizadores alemães e italianos que iniciaram o plantio e comercialização do setor madeireiro, existente até hoje.
Decidimos fazer o percurso por via Cambará do Sul, uma vez que tínhamos interesse em visitar a
Cascata dos Venâncio e o Passo do S com localização mais próxima desta cidade, embora com a estrada de chão sabidamente em precárias condições de tráfego, até o nosso primeiro destino.
VILAS BARRACÃO E DOIS IRMÃOS:
Cruzamos por algumas vilas como a do
Barrocão e Dois Irmão que na sua mais pura simplicidade, são capazes de exibir sem qualquer visão poética da minha parte, o verdadeiro retrato de um povoado do interior com suas belezas, mas possivelmente com dificuldades de buscar recursos básicos como saúde em função da distancia.
CASCATA DOS VENÂNCIOS:
Passando pelas duas vilas citadas acima, são mais ou menos 13 quilômetros até a
Fazenda Cachoeira, localizada Do lado direito da estrada e bem sinalizada. A cascata fica dentro da fazenda onde se percorre mais ou menos 2 quilômetros até ela. O local ainda é pouco frequentado, o que o torna ainda mais atraente. É cobrado ingresso de R$ 5,00 por pessoa, já que se trata de uma área particular.
O dono ou administrador da fazenda, traz consigo uma planilha, onde anota o nome dos visitantes e a placa do veiculo para controle; oferece também produtos coloniais como queijos, pães, linguiças, alem de água mineral, refrigerantes e cerveja. O acesso de carro é razoável e existe a possibilidade de acampar, porem sem nenhuma estrutura como banheiros, luz elétrica, rede de água e esgoto. No espaço próprio para o banho de rio, cascata e acampamentos, as arvores são todas catalogadas e possui alguns recipientes para a coleta de lixo.
As cascatas são muito bonitas e é o resultado da vazão do
Rio Camisas que formam 4 quedas deslumbrantes, cada uma maior que a outra, na medida em que vão descendo o vale, cercado de muitas pedras e mata nativa, causando uma sensação indescritível de paz e interação com a natureza absolutamente preservada.
Estando lá, decididamente não se percebe o tempo passar diante do ruído da água batendo nas pedras, do vento que soprando delicadamente entre a densa mata e alguns pássaros que sobrevoavam em busca de alimentos; Alguns desconfiados com a nossa presença.
Depois de algumas horas, admirando a inegável beleza da Cascata dos Venâncio, decidimos seguir caminho para o
Passo do S, quando percebemos que por pura distração, já havíamos passado da entrada para seu acesso, então fomos em busca de uma pousada para garantirmos nosso descanso e voltarmos no dia seguinte.
A POUSADA:
A Pousada de nossa escolha foi a
Cantina Koraleski, na mesma estrada onde trafegávamos, (Rua São José-877), a aproximadamente uns 200 metros de distancia do centro da cidade. Administrada por um casal muito simpático de Caxias do Sul, (dona Mary e Sr. Clóvis), que se instalaram em Jaquirana há 14 anos e construíram a cantina.
Nos instalamos num quarto com uma das parede e outros detalhes decorativos de cor vermelho, que dona Mary chamava orgulhosamente de o quarto da Paixão.
Apesar de pequena, a cidade oferece varias opções de hospedagem para quem deseja permanecer nela por mais tempo, ou pelo menos uma noite como foi o nosso caso, uma vez que costuma fazer muito frio nesta região quando anoitece.
Tão logo acomodamos nossos pertences na Pousada, fomos até o centro da cidade e já localizamos a praça central com esta simpática escultura, que parece uma miniatura de trem com rodas de carreta, lembrando algum brinquedo infantil.
O QUE VER NO CENTRO DA CIDADE:
O centro da cidade, não deve passar de duas ou três quadras, onde encontram-se um pequeno supermercado, o posto de gasolina, o hospital, a igreja, uma lan house, um clube social onde deve acontecer festas, bailes, uma agropecuária e duas ou três lojinhas de artigos femininos.
O ponto mais movimentado da cidade, o point, fica no único posto de gasolina, onde circulam caminhoneiros que ali se aglomeram numa lancheira, enquanto aguardam o tempo para talvez seguirem suas viagens. São caminhões de vários tamanhos e modelos, alguns carregados de madeiras, outros vazio como este da foto abaixo, que apelidei de
Bat caminhão por lembrar de certa forma, o carro do Batman.
IGREJA MATRIZ SÃO SEBASTIÃO:
Logo em frente da praça, fica a igreja Matriz, toda construída em madeira, datada de 1948 em estilo barroco português, possuindo em seu interior a imagem de São Sebastião, também em madeira, trazida da Espanha.
MONUMENTO AO CRISTO LIBERTADOR:
Há duas quadras da praça, uma escadaria branca, leva ao
Morro da Cruz, onde está localizado um monumento chamado de Cristo Libertador. São 167 degraus até o monumento exigindo média resistência física. Para quem não possui ou não quer se cansar, é possível chegar de carro por um acesso na rua atrás do morro.
Lá de cima é possível ser presenteado com uma visão belíssima de parte da cidade e todas as ondulações de morros e coxilhas características desta região.
TRINCHEIRA DA REVOLUÇÃO:
Além do monumento, existe sobre o Morro da Cruz, uma trincheira que serviu de refugio na revolução de 1923. Esta Trincheira é caracterizada por três orifícios escavados na terra e servia de esconderijo aos Chimangos na revolução contra os Maragatos.
Surpreendentemente não existe nenhuma inscrição que faça alguma referencia do local a o fato histórico e sua importância, ou mesmo alguma proteção contra a ação de vândalos. Apenas uma barra de ferro com listras amarela, circula o local, onde o mato cresce livre e se vê vestígios de lixo jogados no seu interior, deixando claro o desinteresse das autoridades em conservar este patrimônio histórico.
Voltamos para a Pousada e nos recolhemos cedo. Depois de uma manhã e um pedaço da tarde trafegando por uma estrada esburaquenta, poeirenta, caminhar até a cascata dos Venâncios e andar pelo centro da cidade, estávamos necessitados de um banho e uma cama macia.
Bingo!., não consegui ver nem o final do capitulo da novela das nove.
Domingo 16/10:
A PROCURA DO PASSO DO "S":
De manhã depois do café, pagamos o pernoite e caímos na estrada novamente em busca do Passo do S, cuja as sinalizações para se chegar, achei muito deficiente, já que algumas placas mostravam distancias mas não sinalizava o acesso à se tomar. Por sorte um dos moradores nos informou que a estrada ficava ao lado de uma casa amarela, o que já era uma referencia, visto que casas na beira da estrada era coisa rara. Mas a casa amarela dada de referencia, era de um amarelo tão pálido que não parecia amarelo, mas creme. Enfim!..
Na única casa amarela na estrada, pedimos informação ao seu morador (um senhor muito alegre), que nos confirmou estarmos no caminho certo. Deste ponto dado como referencia, vindo desta vez, no sentido Jaquirana para Cambará do Sul, entramos à direita, numa estrada de terra, que levou cronometradamente 1 hora para chegarmos, fazendo uma distancia de apenas 12 quilômetros.
Antes de chegarmos percorremos muito chão, uma laje que atravessava um rio sem sinalização e portanto de nome desconhecido, estrada ora esburaquenta, ora com pedras soltas, ora em estagio de desmoronamento pela possível ação das chuvas.
O que na verdade eram apenas 12 quilômetros sendo percorridos, parecia ter sido acrescido com mais um zero, dando a sensação de que levaríamos uma eternidade para chegarmos.
Estávamos ansiosos e sem nenhuma sinalização para termos a certeza de que estávamos no caminho certo, sendo guiados apenas por nossa intuição, até que de repente avistamos duas placas no final da estrada que acabava diante do lajeado. Havíamos enfim chegado!
ENFIM, NO PASSO DO "S":
É um extenso lajeado por onde corre o Rio Tainhas formando uma bela cachoeira, ao despencar sobre um profundo poço de pedras. O local é apropriado para banho e Camping, porém (sem nenhuma estrutura). É possível atravessar o rio à pé, à cavalo ou de automóvel, quando o rio está em seu nível normal. Existem algumas estacas delimitando o caminho, mas percebi que muitas foram retiradas dificultando a visibilidade do trajeto.
SIGNIFICADO DO NOME:
O nome Passo do S, tem como origem a formação rochosa do lajeado em forma de uma letra "S", onde no passado serviu de
passagem aos tropeiros que vinham de outras cidades e estados em busca de gado para o sustento da população.
Acompanhando a correnteza do rio, podemos contemplar a grande queda d' água transformada numa grande cascata chamada de
Cascata Passo do S.
Jaquirana é representado por um território físico de 895 quilômetros e dotado de uma região caracterizada por montanhas, vales, campos e áreas de mata nativa.
O Município é recortado por rios, sendo os mais importantes:
O Rio das Antas, Tainhas e Camisas.
Sua população de aproximadamente 6.000 mil habitantes é muito hospitaleiro. A cidade está à 920 metros de altitude
e tem um clima muito frio no inverno, chegando à gear e nevar nas temperaturas mais baixas.
Ficamos longas horas caminhando sobre o extenso lajeado, admirando tudo em volta e nos surpreendendo em como a natureza foi generosa com este lugar.
Deixamos de conhecer outros locais de interesse como: A cascata Princesa dos Campos, o Ponto do Funil, as Duas Pontes, o Passo da Ilha, mas sabíamos que em apenas dois dias era impossível conhecer tudo. Desta forma, abrimos um precedente de um dia voltarmos para conhecermos o que ficou para traz. Até o próximo!..