No feriado de Sexta feira Santa e domingo de Páscoa, aceitei o convite de amigos e fui passar três dias no extremo sul do país, para conhecer as cidades de Santa Vitória do Palmar, Chui brasileiro, Chuy Uruguaio, as localidades de Castilhos, Rocha e Punta Del Diablo no Uruguai. Como viajei de carro, percebi o quanto o nosso país é rico em extensão de terra e diversidade na flora e fauna. Foram 454 km de Porto Alegre à Santa Vitória do Palmar, cortando o Estado e atravessando a reserva do Taím, numa estrada praticamente em linha reta, admirando planícies, banhados, plantações, lagos e paisagens magnificas.
O grupo era composto de 7 pessoas (Paulo, Rosane, Tânia, Athos, eu, uma cadelinha poodle chamada Meg e mais um casal de motociclistas (Carlos e Ada) que deslocavam-se a alguns quilômetros atras.
Saímos na sexta-feira Santa de PoA às 06h 40 min. e chegamos em Santa Vitória do Palmar em torno das 13h. famintos e cansados. Fomos recebidos por Ju e Patric um casal muito simpático e cuja a hospitalidade não tenho palavras para definir...
SANTA VITORIA DO PALMAR:
Depois do almoço, fizemos um tour por Santa Vitória do Palmar, a cidade é relativamente pequena com cerca de 32 mil habitantes, banhada pela Lagoa Mirim, considerada a maior lagoa do estado, já que a Lagoa dos Patos subiu de posto e é classificada hoje como uma laguna. S.Vitória do Palmar, possui um porto lacustre desativado e uma área de lazer, onde seus moradores utilizam para a atividade de pesca o ano inteiro e banho no verão.
Embora um tanto abandonado pela administração local, o espaço não perde a sua beleza e favorece a apreciação do Pôr de sol no final das tardes ensolaradas, que segundo seus moradores é magnifico.
ORIGEM DO NOME:
A cidade recebeu este nome devido a Santa Vitoria padroeira da cidade e a grande quantidade de palmeiras de butiá na região, provavelmente semeadas pelas aves migratórias que se abrigam junto aos banhados da Lagoa Mirim.
CENTRO HISTÓRICO:
Visitamos o centro da cidade onde se localizam a praça Central, a Prefeitura, a Igreja e algumas casas com arquitetura centenárias. O cemitério fica um pouco mais afastado, mas não deixamos de visita-lo por considerar que este local é também um registro histórico da cidade devido as pessoas que construíram a cidade ou deixaram algum legado nos costumes e cultura da cidade.
ATRAVESSANDO A FRONTEIRA:
A pouco mais de 19 km, estávamos no Chui brasileiro e ao atravessarmos o canteiro central o Chuy Uruguaio, considerado um dos grandes centros de comercio da região. Ali é possível comprar do chinelo de dedos a o mais sofisticado eletroeletrônico por preços bastante em conta. Brasileiros tem passe livre e facilidades para as compras. São isento de impostos e podem até parcelar em cartões de créditos internacionais.
FORTE SÃO MIGUEL:
Mas se você é do tipo como eu, que tem pavor a o consumismo e lojas lotadas, com entra e sai de pessoas, deve seguir em direção a costa serrana do Uruguai até o Forte de São Miguel. São 9km da cidade do Chuy. O Forte está localizado sobre a Serra de São Miguel, a 35 metros sobre o nível do mar, no Departamento de Rocha, a aproximadamente 350 Km a leste da capital uruguaia. E é imperdível uma visita!
Apesar de sua estrutura imponente é graciosa, tem em suas paredes uma cor amarelo ocre, talvez originado por algum fungo que lhe dá essa aparência e um charme todo especial. Sua planta é retangular, com os baluartes arrematados por uma guarita de vigia parcialmente incrustada em cada vértice, totalizando um perímetro de 300 metros de comprimento.
A entrada do forte se dá através de uma ponte levadiça sobre um fosso d'água profundo. Seu interior é constituído por (uma Capela, Casa do Capelão, Casa e Cozinha dos Oficiais, Casa do Comandante, Paiol da Pólvora, Quartel e Cozinha da Tropa) e possuem cobertura de telhas cerâmicas em meia água. Estão todas voltadas para a praça de armas central, com a retaguarda apoiada nas muralhas exteriores. A Fortaleza foi construída pelos portugueses em 1737 a mando do Brigadeiro José da Silva Paes. Retornamos para Santa Vitória do Palmar ao anoitecer.
PARQUE E FORTALEZA DE SANTA TEREZA:
No outro dia, domingo de Páscoa, saímos de manhã para visitar o Parque e a Forte de Santa Tereza situado numa área militar, no quilometro 302 da rota 9, dentro do perímetro Uruguai. O parque é um lugar belíssimo, desenhado com um grande sentido estético e respeitando o equilíbrio ecológico e que me fez lembrar de alguns lugares em Gramado. Surgiu ao redor do Forte de Santa Teresa. Depois deste ter sido abandonado e saqueado. Houve uma restauração em 1928 e é mantido pelos militares uruguaios até hoje, que recepcionam os visitantes na sua entrada.
São 3.000 hectares com muitas árvores, exóticas e nativas, 60 km de estradas internas asfaltadas, 15 km de praias com muita vegetação, entre outros atrativos. Lá é possível também fazer Camping, com autorização dos militares, que oferecem panfletos informativos sobre o local. Almoçamos no restaurante dentro do parque e depois fomos apreciar cada cantinho do lugar. A Fortaleza de Santa Tereza fica dentro do Parque de Santa Tereza e é possível ir de um lugar ao outro sem necessidade de pegar a rota ou estrada principal.
O Forte é grande e deve ser umas quatro ou cinco vezes maior que o Forte de São Miguel, mas é muito imponente e é possível imaginar através de sua estrutura com grossos blocos de pedras e posição geográfica, toda a sua história e preocupação com as invasões que aconteciam na época.
Fica a uns 35 Km do Chuy, na província de Castilho e foi construído em 1762 pelos portugueses que queriam defender os limites territoriais contra os espanhóis.
Neste domingo de Páscoa estava acontecendo uma missa em sua capela interna, lotada de fiéis. Como já falei antes, ele é enorme e dá a sensação de que não dará tempo de ver tudo, ou que ficou alguma coisa despercebida.
Saindo pela entrada principal do Parque de Santa Teresa e seguindo à frente por mais 5km o visitante vai se deparar com a Laguna Negra, também conhecida como Laguna de los Difuntos, que apesar do nome, é uma reserva de água doce e pura, com uma profundidade máxima de 5 metros em sua superfície de 182 km2.
Ver o pôr do sol enaltece ainda mais a beleza do lago que possui uma cor azul esverdeada. Durante o percurso é possível ver grande quantidade de pássaros coloridos.
PUNTA DEL DIABLO:
Seguindo viagem fomos até Punta Del Diablo, balneário que fica a cerca de 3 Km. do Parque de Santa Tereza, na altura do Km 298 da Rota 9, que é muito bem sinalizada e o asfalto parece um tapete. O balneário é pequeno e tem aquela característica de vila de pescadores, com ruas de terra e casas construídas de formas e pinturas artesanalmente coloridas. A praia é uma enseada com grande quantidade de rochas que invadem o mar e gigantescas ondas de arrastar desprevenidos. Também se encontra muitos bares e cabanas de artesanato, que aumentam o comercio local e dá aquele ar meio hippy a o lugar.
ORIGEM DO NOME:
Existem algumas teorias sobre a origem do nome Punta Del Diablo, uma é de que vista de cima, o litoral possui um recorte geográfico, que lembra um tridente. Existe também a suposição, de que o barulho provocado pelo vento, assombrava seus moradores, provocando um uivo estranho, a que eles chamavam de voz do diabo.
Dizem que o tráfego de pessoas no verão é intenso, pois muitos brasileiros, argentinos e os próprios uruguaios se deslocam para esta praia neste período, tornando difícil de se conseguir onde ficar, sem fazer reservas. Não existe hotéis de grande porte, ao menos não os vi, quando estive por lá de visita, mas tem muitas pousadas, cabanas e Camping para alugar. Percebi uma incidência grande de frequentadores ou visitantes jovens no local e lamentei não ter tido tempo de visitar o Cabo Polônio, outro lugar mágico, uns 65 km dali.
PRAIAS:
Em Punta Del Diablo existem 4 praias: Playa Grande, Playta Del Rivero, Playa de Los Pescadores e a Playa de La Viuda, onde as três ultimas são mais movimentadas que a primeira.
Retornando para a casa de Ju e Patric, nossos anfitriões, demos uma passadinha rápida na Barra do Chuy, começava a escurecer e estávamos preocupados de não conseguir registra-lo em fotos por causa da diminuição da luz do dia. Engraçado, mas aquela área de terra represada no meio da água, me lembrou uma grande massa de panqueca aberta flutuando. Ainda pegamos a noite no meio do caminho, mas com a estrada bem sinalizada e segura. Dormimos cedo, pois sabíamos que no outro dia, segunda- feira, era hora de enfrentar a viagem de volta para casa.
TRAVESSIA DE BALSA DE RIO GRANDE À SÃO JOSÉ DO NORTE
De volta para Porto Alegre pela manhã, fizemos um caminho alternativo: Santa Vitória do Palmar, Rio Grande, São José do Norte, Bojuru, Tavares, Mostardas, Palmares do Sul, Capivari, Viamão e Porto Alegre. Considerei este, um caminho mais rápido pela diminuição do trafêgo de veículos na estrada, além da economia por não pagar tantos pedágios como foi na ida, (seis pedágios à R$ 7,50 cada um R$ 45,00). Chegamos ao porto de Rio Grande às 12h 15min. e fizemos um lanche rápido, pois a balsa saia às 13h.
A balsa deslocou lotada de carros e caminhões carregados do porto de Rio Grande em direção à São José do Norte, num percurso de 30 minutos sobre a Lagoa. Mal conseguíamos nos mexer entre os veiculos estacionados. O ingresso da travessia é de R$ 14,20 para veículos pequenos (carros) e no meio do caminho, pode-se admirar o afastamento de uma cidade e a aproximação da outra além do intenso fluxo de embarcações que cruzam pela gente no sentido oposto da travessia. Ah, uma observação que eu faço: Durante a travessia, não foi oferecido colete salva- vidas a nenhuma pessoa no interior da balsa e quando perguntei a o funcionário sobre o uso obrigatório deste equipamento ele se fez de desentendido e sumiu entre os carros e caminhões.
SÃO JOSÉ DO NORTE:
Lembrei que não tínhamos muito tempo para passear por Rio Grande e conhecer melhor a cidade, mas fizemos um rápido tour quando chegamos do outro lado em S. José do Norte com construções tipicamente açorianas como já havia encontrado em suas cidades vizinhas como Tavares e Mostardas. Dentro da pequena cidade obtivemos informações rápidas e precisas sobre a localização da RST-101, a famosa estrada do Inferno. Ela estava em excelente condições para se trafegar, até as imediações de Mostardas onde encontramos alguns buracos na pista provocados pela chuva da estação. Chegamos em Porto Alegre às 18h 40min.
Sem desmerecer o nosso país, gostei muito da costa Uruguaia. com estradas boas para se rodar, baixo fluxo de veículos e muita gente educada e alegre para dar informações. Nas Aduanas pediram somente a documentação dos ocupantes do veiculo e a carta verde que providenciei em Poa, junto a Seguradora do meu carro. Faltou visitar muitos lugares como, La Paloma,
Piriapolis,
Colônia de Sacramento e
Montevideu, pela falta de tempo. Mas numa outra ocasião voltarei para conhece-las!.
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IGREJA MATRIZ DE SÃO JOSÉ DO NORTE |