Mais tarde quando começou a chover, um silencio misterioso caiu sobre as casas, a rua, o bairro inteiro. Acho que sempre quis esta sensação de quietude, de pit stop, para que o som da minha alma de mãos dadas ao silencio da natureza, falassem mais alto acompanhados do ruido da chuva.
Maio
Mais tarde quando começou a chover, um silencio misterioso caiu sobre as casas, a rua, o bairro inteiro. Acho que sempre quis esta sensação de quietude, de pit stop, para que o som da minha alma de mãos dadas ao silencio da natureza, falassem mais alto acompanhados do ruido da chuva.
A Festa de Aniversário
Poema dos Olhos da Amada
Que olhos os teus
São cais noturnos
Cheios de adeus
Trilhando luzes
Que brilham longe
Longe dos breus...
Que olhos os teus
Quanto mistério
Nos olhos teus
Quantos navios
Quantos naufrágios
Nos olhos teus...
De olhos ateus
Quem dera um dia
Quisesse Deus
O olhar mendigo
Da poesia
Nos olhos teus...
Vinicius de Moraes.
UM FELIZ ANIVERSÁRIO
Olhos de luz e sombra
que empurram-me sobre paredes, montanhas
e abismos sombrios?
Eu ja sem força,
já quase morto, silenciado.
Olhos de luz com sombra de tristeza que me alimentam de culpa,
que me ateia fogo de Invernos distantes.
Sonoras verdades, mudas...
Possuem neles perguntas que não tem respostas, fazendo-me somente baixar a cabeça!
Soneto
Com que tortura me arrancaste um beijo
Por que me incendiaste de desejo
Quando eu estava bem, morta de sono
Com que mentira abriste meu segredo
De que romance antigo me roubaste
Com que raio de luz me iluminaste
Quando eu estava bem, morta de medo
Por que não me deixaste adormecida
E me indicaste o mar, com que navio
E me deixaste só, com que saída
Por que desceste ao meu porão sombrio
Com que direito me ensinaste a vida
Quando eu estava bem, morta de frio.
Chico Buarque
Meu medo e meu champagne
Visão do espaço sideral
Onde o que seu sou se afoga
Meu fumo e minha ioga
Você é minha droga
Paixão e carnaval
Meu zem, meu bem, meu mal...
Oque quebrou a gente cola
♪ ♪...o que quebrou a gente cola, refaz a nossa história de amor..' ♪ ♪
Estrela de Luz própria
Onde areja um vento bom
Na varanda, quem descansa
Vê o horizonte deitar no chão
Pra acalmar o coração
Lá o mundo tem razão
Terra de heróis, lares de mãe
Paraiso se mudou para lá
Por cima das casas, cal
Frutas em qualquer quintal
Peitos fartos, filhos fortes
Sonho semeando o mundo real
Toda gente cabe lá
Palestina, Shangri-lá
Vem andar e voa
Vem andar e voa
Vem andar e voa
Lá o tempo espera
Lá é primavera
Portas e janelas ficam sempre abertas
Pra sorte entrar
Em todas as mesas, pão
Flores enfeitando
Os caminhos, os vestidos, os destinos
E essa canção
Tem um verdadeiro amor
Para quando você for".
Canção de Amor
Emoção diferente
Que aniquila a vida da gente
Uma dor que eu não sei de onde vem
Deixaste o meu coração vazio
Deixaste a saudade
Ao desprezares aquela amizade
Que nasceu ao chamar-te meu bem
Nas cinzas do meu sonho
Um hino então componho
Sofrendo a desilusão
Que me invade
Canção de amor, saudade
(Elano de Paula/Chocolate).
Instante
Que de tão fugitivo não é mais,
Porque já tornou-se um novo instante.
Cada coisa tem um instante em que ela é.
Eu quero apossar-me do é da coisa.
Eu tenho um pouco de medo.
Medo ainda de me entregar,
Pois o próximo instante é desconhecido..."
Clarisse Lispector.
Lobisomem
_Filho, a partir de hoje quero que tu seja padrinho deste menino que tu atropelastes. Quero que tu o visite todos os dias e se responsabilize pela recuperação emocional dele. Esta será a tua missão de agora em diante. Uma obrigação que assumirás em agradecimento a bênção que vocês receberam por estarem vivos!_ Dizia.
Fiquei ouvindo em silencio, surpreso e feliz com as palavras deste pai e sua atitude de conciência e respeito pela vida.
Augusto de Boal
Morreu ontem Augusto de Boal, diretor, dramaturgo e intelectual carioca do subúrbio da Penha aos 78 anos, vitima de insuficiência respiratória. Boal foi um dos expoentes de transformação no panorama teatral dos anos 60, frente ao Teatro de Arena.
"Todas as sociedades humanas são espetaculares no seu cotidiano, e produzem espetáculos em momentos especiais. São espetaculares como forma de organização social, e produzem espetáculos como este que vocês vieram ver. Mesmo quando inconscientes, as relações humanas são estruturadas em forma teatral: o uso do espaço, a linguagem do corpo, a escolha das palavras e a modulação das vozes, o confronto de ideias e paixões, tudo que fazemos no palco fazemos sempre em nossas vidas: nós somos teatro! Não só casamentos e funerais são espetáculos, mas também os rituais cotidianos que, por sua familiaridade, não nos chegam à consciência. Não só pompas, mas também o café da manhã e os bons-dias, tímidos namoros e grandes conflitos passionais, uma sessão do Senado ou uma reunião diplomática --tudo é teatro. Uma das principais funções da nossa arte é tornar conscientes esses espetáculos da vida diária onde os atores são os próprios espectadores, o palco é a plateia e a plateia, palco. Somos todos artistas: fazendo teatro, aprendemos a ver aquilo que nos salta aos olhos, mas que somos incapazes de ver tão habituados estamos apenas a olhar. O que nos é familiar torna-se invisível: fazer teatro, ao contrário, ilumina o palco da nossa vida cotidiana. Em setembro do ano passado fomos surpreendidos por uma revelação teatral: nós, que pensávamos viver em um mundo seguro apesar das guerras, genocídios, hecatombes e torturas que aconteciam, sim, mas longe de nós em países distantes e selvagens, nós vivíamos seguros com nosso dinheiro guardado em um banco respeitável ou nas mãos de um honesto corretor da Bolsa --nós fomos informados de que esse dinheiro não existia, era virtual, feia ficção de alguns economistas que não eram ficção, nem eram seguros, nem respeitáveis. Tudo não passava de mau teatro com triste enredo, onde poucos ganhavam muito e muitos perdiam tudo. Políticos dos países ricos fecharam-se em reuniões secretas e de lá saíram com soluções mágicas. Nós, vítimas de suas decisões, continuamos espectadores sentados na última fila das galerias. Vinte anos atrás, eu dirigi Fedra de Racine, no Rio de Janeiro. O cenário era pobre; no chão, peles de vaca; em volta, bambus. Antes de começar o espetáculo, eu dizia aos meus atores: - 'Agora acabou a ficção que fazemos no dia-a-dia. Quando cruzarem esses bambus, lá no palco, nenhum de vocês tem o direito de mentir. Teatro é a Verdade Escondida'. Vendo o mundo além das aparências, vemos opressores e oprimidos em todas as sociedades, etnias, gêneros, classes e castas, vemos o mundo injusto e cruel. Temos a obrigação de inventar outro mundo porque sabemos que outro mundo é possível. Mas cabe a nós construí-lo com nossas mãos entrando em cena, no palco e na vida. Assistam ao espetáculo que vai começar; depois, em suas casas com seus amigos, façam suas peças vocês mesmos e vejam o que jamais puderam ver: aquilo que salta aos olhos. Teatro não pode ser apenas um evento, é forma de vida! Atores somos todos nós, e cidadão não é aquele que vive em sociedade: é aquele que a transforma!"
*Discurso feito por Boal em 27/03/2009 em homenagem ao dia do Teatro, quando foi nomeado embaixador do teatro pela Unesco.
Ganhava buquês de rosas vermelhas em seus aniversários. Falava sempre no grande amor que sentia pela irmã que morreu jovem de tuberculose. Nunca se casou, nunca teve filhos e passou toda a sua vida ganhando afilhados e lembrando deste amor, que alguns da familia acreditavam envergonhados, ser incestuoso.
Mas enquanto olhava a revista onde mostrava praias belíssimas, em lugares onde sempre é verão, lembrei-me da dificuldade que tenho de me manter exposto a o Sol. Não que não goste de sol, mas a combinação de sal, sol, areia e calor ardendo o corpo me é perfeitamente dispensável, quanto a ficar espremido sob os minúsculo centímetros de sombra de um guarda-sol. Quando se trata do ar das montanhas, serra e lugares aconchegante em que se posso tomar um banho de água doce e ficar de baixo da sombra acolhedora de alguma árvore daí é perfeito. Acho que no decorre da vida, vamos fazendo adaptações em função de nos socializarmos com o próprio meio, com as pessoas, os amigos, a família e o que recebemos de informações dizendo-nos que é bom. Aderimos a gostos e prazeres que nem sempre é o nosso, mas dos outros e assim fica aquela sensação de um gostar, porém de menos.
Samu em ação
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