Ecce Homo - Nietzsche muito além da Filosofia

Sobre a ponte eu estava, Há dias, na noite cinzenta Ao longe ouvi uma canção: Ela pingava gotas de ouro. Pela superfície trêmula Gôndolas, luzes, música - Ébria ela nadou para a escuridão... Minha alma, um alaúde, cantou a si, invisível e ferida, uma canção veneziana, e segredou, trêmula de ventura colorida. Será que alguém a escutou?

fragmentos

Cortaram-me em tantos pedaços que já não tenho voz.
Não tenho passos, não tenho expressão.
Respiro silencio, resignação.
Proibiram-me de tudo, quase tudo, menos pensar, menos viver.

Subterfúgios

Desde pequeno sou assim, do tipo que inventa,
que cria subterfúgios sutis.
As vezes pacato, as vezes explosão.
Carrego marcas comigo,
pedras em meus bolsos,
mijada na cara e sombras que assustam.
Me escondo em porões escuros sob cantos de corujas.
As vezes vôo, perdido e sem direção.

A chuva

Depois de uma tarde quente, na capital, o céu pareceu desabar em trovoadas e chuva forte. Eram quase cinco horas da tarde quando começou e não parou mais. Sentei-me dentro da ambulância e começei a observar as pessoas que passavam na rua com seus trajes de verão, apresadas, fugindo da chuva, rostos molhados, almas lavadas como presente de Deus.
Quis estar entre elas, fugitivas, preocupadas. Totalmente encharcadas, desprotegidas de si mesmas.

O vagante

Hoje soube da história de um morador de rua que escolheu por esta vida após uma grande decepção amorosa. Tinha se formado em direito e estava prestes a casar-se, quando encontrou sua noiva com outro homem. Contam que depois de agredir o amante de sua noiva ele teve um surto psicótico do qual nunca mais se recuperou. Abandonou sua família e seu futuro como advogado para viver desleixado, fazendo caminhadas intermináveis pelas ruas a procurara de si mesmo. Vi-o passar pela rua um dia desses. Homem negro, alto, cabelos longos, com tranças sobre a nuca, tipo jamaicano. Traços delicados porem com um olhar distante, vago enquanto colhia pedrinhas no meio da rua.
Fiquei algumas horas com esta história na cabeça e não pude deixar de me perguntar se uma decepção amorosa é capaz de causar tamanho estrago na vida de uma pessoa.

Por que idealizamos castelos que nos soterram de uma hora para outra?
Por que sofremos tanto quando eles desmoronam a ponto de não nos recuperarmos mais?

Alguém disse-me uma vez que construímos nossa própria cruz!


Respostas em Ortdoor

Hoje de manhã quando acordei, surpresa: Dia bonito, combinação perfeita de sol e brisa, com aquele arzinho primaveril necessário...
Num dado momento percebi que precisava de respostas, não as coerentes, as automáticas em seus kits pré elaboradas, estudados. Mas as do tipo visceral, em forma de gestos que me arrebatasse de verdade, que me arrepiassem os pelos dos braços, que alterasse a força da gravidade e toda a rota do planeta. Que evento!
Pensei nestas respostas sendo publicadas em ortdoor por toda a cidade com suas letras gigantes, expostas pelos caminhos que habitualmente faço, chamando-me a atenção e a de todos que por ali passassem.
Seria isto possível?

Bebe de Rosemary "15 anos"



Por falar em Natal, festas etc. e tal, hoje minha sobrinha Bebe de Rosemary comemora seus quinze anos de nascimento. Você deve estar se perguntando:
Como, como é o nome dela, Bebe de Rosemery? A verdade é que é um apelido carinhoso que dei a ela, quando nasceu prematura, por ser franzina e pálida. Lembrança do filme de Roman Polanski. Afinal tenho mania de dar apelidos a todos os meus sobrinhos e alguns com referências a filmes que vi no passado!
Com a Bebe, por tanto, não foi diferente. Mesmo chamando-se Natalia, nome de batismo, ainda persisto no apelido, que provavelmente á acompanhara até os cem anos de idade, ou quando eu não estiver mais por aqui!


24 de dezembro.

Enfim... Inevitavelmente hoje é 24 de dezembro, véspera de Natal. Digo isto por que não se pode antecipar ou prorrogar o tempo. Ele simplesmente anda e se bobear você fica no cais a ver navios partirem levando seus sonhos de arrasto. Vou passar esta noite entre meus familiares mastigando coxas de frango assado e salpicão com uma prometida cerveja bem gelada. Acho que preferiria um caldinho de ervilhas bem leve. O famoso churrasco ficou marcado para o almoço de amanhã que infelizmente não participarei porque tenho de trabalhar. Lembrei que este ano não montamos arvore de Natal, apenas discretos adornos na porta de entrada e na lareira lembrada apenas no inverno. Será que o espírito natalino está morrendo por aqui?

A noite da Embrocação



Certa noite chegou na sala de emergência-2, um jovem com ferimentos abrasivos no rosto, braços e tórax, ocasionado por agressões em uma tentativa de assalto. Depois de deitar na maca e seus ferimentos serem avaliados pelo médico de plantão, perguntou-nos preocupado:
-Será que vou ficar com cicatrizes pelo rosto?
-Não, as feridas são superficiais!- respondeu um dos colegas, aproximando uma mesa auxiliar para iniciar a desinfecção dos ferimentos.
-Então o que vão fazer em mim?- Perguntou preocupado.
-Somente uma *embrocação de rotina!- respondeu o colega.
O paciente levantou-se da maca com expressão de pavor e correu para a porta de saída gritando em seguida:
-Ninguém vai me furar com broca, não vão mesmo!
Esta história ficou conhecida por nós do plantão, da sala de emergência 2 no HPS-Poa, como "A noite da embrocação".


*embrocação:
É a aplicação de substancias anti-infecciosas (líquidos), em ferimentos com a finalidade de limpar, desinfetar feridas, com fim profilático.

Novas ambulâncias para o SAMU?



A rádio Fofoca-corredor do HPS estava comentando hoje, que foram compradas pelo Ministério da Saúde, mais oito ambulâncias para o SAMU de Porto Alegre, com a intenção de promover a abertura de mais três bases de atendimento na capital. Duas ambulâncias seriam medicalizadas ou como preferirem ASA- ambulância de suporte avançado. Parece que o entrave surgiu em onde instalar as bases novas e os recursos humanos já a muito tempo escasso no hospital. Será que é verdade ou é somente conversas pra boi dormir e socorrístas sonharem?

Histórias de Pronto Socorro!



Uma senhora muito nervosa entrou na sala de emergência-6 enquanto empurrava seu pai numa cadeira de rodas fazendo toda a equipe de plantão se mobilizar. Era um senhor idoso de cabelos grisalhos e parecia realmente estar debilitado. Quando o médico solicitou para que ela fizesse o boletim de atendimento, se posicionou agressivamente para toda a equipe presente.
-Não vou fazer coisa alguma enquanto vocês não atenderem meu pai!- Disse gritando
-Sim ele será atendido, mas para isso precisa que seja feito o boletim- Respondeu o médico com tranqüilidade.
-Daqui eu não saio enquanto vocês não fizerem alguma coisa por ele!- gritou a mulher já em prantos.
-O que aconteceu a ele?- perguntou alguém da equipe, puxando a cadeira com o paciente até a maca mais próxima.
-Ele já teve isto antes, há alguns anos a traz... Quase morreu!-Respondeu a mulher, tentando refazer-se simultaneamente da sua ira.
-O médico dele me disse que quando acontecesse de novo era para procurar rapidamente uma emergência!- Disse com a voz mais branda.
-Acho que é um AVC hidráulico!- concluiu trêmula e temerosa de dar um diagnóstico errado.

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TÔ PENSANDO QUE:

Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...