CÓDIGOS INTRÍNSECOS


Patrícia era uma "patricinha", tinha um lindo tucano chamado Ary Mario, alimentado com mamão papaia, também um Corcel II prata que, em 1977, era o carro do ano, e namorava um artista, que seus pais preferiam o dentista estabelecido. Patrícia casou-se com um terceiro e foi morar no mato, no sitio, rodeada por numerosos cachorros, cavalos e árvores. 

Dizem que as rugas chegaram ao seu rosto sem pedir licença e, da noite para o dia, já era outra mulher, mais simples, da terra, do açude, dos animais e da vida que a própria vida lhe ofereceu. Será que havia percebido que alguns códigos estavam intrínsecos, desde que nasceu e começou a ler seus próprios instintos?

Não deve mais lembrar-se das baladas em lugares caros, do Corcel II prata, do Ary Mário que afiou suas asas e voou da Bela Vista para o mundo, dos perfumes caros, da vida de preguiça e superficialidades. Patrícia é outra. Mais velha, mais enrugada, mais perto de suas verdades.

TÔ PENSANDO QUE:

Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo sol, chuva e vento, dai fermentam os elementos e mofam como os morangos de Caio. 

ENCHENTE DE 2024

Então em poucos dias de chuva a cidade colapsulou. O Lago Guaiba subiu por mais de 5 metros, inundando o centro de Porto Alegre. Nas últimas medições de sexta-feira (3), Guaíba chegou a 4,77 metros - já na manhã de sábado, ultrapassou os 5 metros. Há 83 anos, cheia recorde elevou nível a 4,76 metros.

As chuvas que atingem o Rio Grande do Sul deixaram mais de 50 mortos. A Defesa Civil soma 42.221 pessoas fora de casa, sendo 9.581 pessoas em abrigos e 32.640 desalojadas, que recebem abrigo nas casas de familiares ou amigos. Ao todo, 300 dos 496 municípios do estado registraram algum tipo de problema, afetando 422.307 mil pessoas.

A cheia de 1941 chegou a motivar a construção do Muro da Mauá, que liga o Guaíba ao Centro Histórico da Capital. Erguida entre 1971 e 1974, a edificação tem três metros abaixo do solo e outros três acima dele, percorrendo 2.647 metros de comprimento. O muro é uma das partes de um sistema anticheias,
Apesar da proteção, o muro enfrenta problemas de vazamento nas comportas. Para conter o extravasamento do Guaíba, a prefeitura precisou colocar sacos de areia, que impedem apenas parcialmente a passagem da água.

TAVARES


Em 2010, foi quando conheci o paraíso a uns 230 quilômetros de Porto Alegre numa das idas com meu irmão a Tavares, cidade povoada por açorianos, que com a contribuição de africanos, colonizaram esta faixa de terra, deixando suas marcas através do tempo, seja na gastronomia, na religiosidade, nas manifestações folclóricas ainda vivas, como:


1-Ternos Juninos e Corrida de Cavalhadas – de origem açoriana e
2-Ensaio de Pagamento de Promessas – da cultura afro.
Tavares está localizada entre o mar e a Lagoa dos Patos e é conhecida pela simpatia de seu povo, festivo e hospitaleiro, que traz no lema de sua bandeira “Amizade e Hospitalidade.”
Os imigrantes açorianos chegaram à região em 1760, destinados a povoá-la e assim assegurar o território para a coroa portuguesa. O coronel Antônio da Silva Tavares, um dos primeiros moradores da região, teria recebido do Rei de Portugal uma sesmaria, na área compreendida entre o Farol Mostardas e o Farol Capão da Marca, levando o município, emancipado em 1982, seu nome.
Antes da chegada dos imigrantes, aqui habitavam, há séculos, índios tupi-guaranis, minuanos, aracanes, carijós e os “patos”, que tinham o pé grande, chamado pé-de-pato, e por morarem às margens da lagoa, originaram o seu nome.
O município é luminado por três faróis, (dois às margens do oceano e um às margens da Lagoa)Tavares é conhecido por suas belezas naturais, seja às margens da Lagoa dos Patos, seja na mata costeira, na Lagoa do Peixe ou nas dunas às margens do Oceano Atlântico.


A FLORESTA IMAGINARIA:

A arvore era tão grande e robusta, que para abraça-la eram necessarias dezenas de pessoas, talvez mais. Havia um portal de entrada arredondado em seu tronco, que levava para um mundo diferente, um mundo iluminado e convidativo. Dentro existia outra floresta com muito verde e passaros, não um mundo de horrores, mas um lugar que passava paz e tranquilidade. Um mundo mágico eu diria. Do bem e de muita felicidade.

DO QUE EU PRECISO

Do que eu preciso nestes tempos de guerra?..

Janelas abertas com o vento batendo no meu rosto, outono com folhas secas voando nas calçadas, café passado na hora, uma taça de vinho seco a noite, um bate-papo empolgado ao som de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, aquele livro que não conseguimos parar de ler, uma viagem a um lugar absurdo de lindo.

O PESO DA MORTE

A Morte tem um peso sobre mim que eu não consigo explicar. O fato de alguém deixar de existir, de circular entre as a pessoas, não ouvir mais a sua voz é por demais estranho. Sobra-nos somente a opção da lembrança que fica e vai desaparecendo na medida da sua importancia e do tempo.

RESIGNAÇÃO

Acho que porque o Beto morreu fiquei inquieto e pensativo. Em cada momento um sorriso, uma duvida, uma decepção, um olhar que te ergue ou te derruba, um adeus, uma revelação que te rouba o sono, um esquecimento, uma gargalhada que provoca dor no abdômen, um encontro, um desencontro e vamos levando a vida como der e vier, esta vida que tanto desejamos fazer parte e que tanto estamos insatisfeitos. Nesta quarta-feira fui me despedir dele, que fez sua passagem.

Enquanto vivo, ele como a maioria das pessoas que conheço, não tinha nenhuma simpatia pela morte. As vezes, quando converssávamos à respeito, via em seus olhos algumas duvidas, um certo receio, que aos poucos se transformava em medo e depois em resignação. Acho que é como ficamos quando pensamos no nosso fim. Resignação, é a palavra certa!

UM PASSEIO PARA AMSTERDÃ

Antes de ir para o trabalho, fiquei debruçado na janela fumando meu primeiro cigarro do dia, enquanto a agua não fervia para passar o café. O rua estava vazia, nem carros passavam e eu comecei a viajar no tempo. Por alguns minutos eu me encontrava em Amsterdã, naquelas noites movimentadas de jovens dançando, bebendo se pegando. Tudo tão real!.. Eu estava realmente lá, observando de pé, na rua, tudo o que acontecia a minha volta.
Por alguns segundos voltei a realidade, pra janela, pra rua vazia e sem movimento, sem carros, mas meus ouvidos ainda ficaram lá, em Amsterdã, ouvindo a musica que tocava alto nas boates e as pessoa falando, rindo, dançando, conversando nos seus diverssos idiomas.

Pensei: Minha audição foi a ultima a retornar deste passeio.

UM CONSELHO

E quando menos espero, minha vida está daquele jeito💬, pernas pra cima e cabeça pra baixo. Naquele momento, cheio de pontos de interrogações. Uma interrogação dentro da outra, que me deixa tonto, sem saber o que fazer primeiro. Tenho um Conselho que me dou, nesses momentos de angustia, mas que nem sempre eu sigo a risca: Não tente decifrar o indecifrável e tome um xicara de café por vez, até tudo passar.

CARNAVAL COM MARIOLAS

Na Segunda feira de carnaval meu destino foi passar o dia e a noite no sitio de uma amiga, ficar de molho na piscina e conversar com algumas pessoas. A noite o tempo começou mudar e a terça foi chuvosa, mas com grande gratificação de ver a chuva cair sobre as arvores, o gramado. Um silencio, somente quebrado pelo barulho da chuva. Meu ultimo carnaval de rua, foi quando eu ainda era criança, tipo 7 ou 8 anos, sentado no cordão da calçada, com minha mãe que adorava carnavais e minha irmã, esperando o próximo bloco passar com infinitas horas de atraso. Muito sono, cansaço, e comendo mariolas. Deve ser por isto que odeio mariolas até hoje.

Postagem em destaque

A CURVA

Os aviões que chegam ao Aeroporto de Porto Alegre fazem uma curva para pousar.  Sim, na cabeceira 11, localizada ao lado da BR-116, que é a ...