VAI UM CAFE AÍ?


Às vezes tenho vontade de dizer pra mim mesmo e para algumas pessoas que eu conheço: Esqueça, chega de reclamações e vá tomar um café. Isto não é uma ordem, mas uma sugestão meio que forçada. Ou tu preferes que eu te diga pra tomar outra coisa e noutro lugar?
Já sei, tu não gostas tanto de cafe e achas que vai te tirar o sono. Também não gosta de dividir o mesmo espaço com estranhos em lugares públicos. Eu entendo, também sou um pouco chato!
Mas tu já estás perdendo o sono a algum tempo e não é por causa do cafe e lembre-se que muitas pessoas desconhecidas, estão neste mesmo barco procurando uma saída, mesmo que seja simples como tomar um cafe.
Tenta pelo menos!.. Dói menos!..
Deixe o liquido te aquecer por dentro e por fora.
O vapor perfumado vai desobstruir tuas narinas, tua alma. Vai te mostrar que os amargos da vida, podem ser tragáveis mesmo sentado numa mesa, com algumas pessoas em volta, fingindo não te ver. Todo mundo disfarça um pouco, com um certo ar descolado e de desinteresse.
Esta atitude, te abrirá lacunas para preencheres com novas perspectivas e esperança. Vai te estimular!.. Vai  te provocar mudanças mesmo que pequenas!.. E então, vai uma xícara aí?

PRA NÃO ENTREGAR O JOGO.

Filho, hoje no nosso encontro, durante o almoço, falamos tanto sobre as coisas da vida e dos sentimentos que nos machucam a nossa revelia, que tive a impressão de que eramos uma unica pessoa em corpos diferentes; Como um desses milagres feito pelo criador!..
Falamos sem constrangimentos e com aquela sinergia rara que acontece entre pais e filhos, que aprenderam a se conhecer e serem amigos, respeitando suas diferenças e dificuldades. Isto também me levou a pensar no quanto realmente somos parecidos e nos confiamos. Um presente da vida!
Fiquei feliz por nos termos juntos, neste pedaço de vida, que se constrói histórias a serem lembradas e também esquecidas no decorrer do tempo, nos porões da memória.
Mas sabe, num certo momento, como é da minha natureza, comecei a pensar em outras coisas, pensamentos não lineares me fizeram voar pra longe e dar rasantes, mesmo estando perto de ti e sentindo a tua respiração perto da minha.
Nossa, se me perguntasse no que eu estava pensando, como às vezes fazes, não saberia responder, não teria o que te dizer e ficaria com aquele olhar que atravessa muros e paredes, para esconder a felicidade que sentia naquele momento. Por outro lado, me bateu uma tremenda angustia, uma estranha saudade, uma repentina sensação de despedida, já sentida outras vezes na tua presença e perfeitamente disfarçada, pra não entregar o jogo.
Ps: Algo me diz que venho brigando com o tempo, que tenho me sensibilizando demais e sentindo muitas saudades de coisas que ainda não acabaram. Te amo!

A GENTE SIMPLESMENTE SENTE.

Sabe aqueles momentos em que o dia parece estar diferente e a gente não sabe explicar  por que razão está diferente? A gente simplesmente sente.
Perdemos as nossas referencias do presente imediato, do tempo e do espaço em que estamos, para um outro presente, para um novo sentido que estranhamente se apodera da gente, através de cheiros, cores, um demasiado silencio no ar, um ruido peculiar vindo de algum lugar, uma repentina brisa de mar, onde não existe mar. Até dias comuns que seriam turbulentos, ficam com aquele jeito enjoado de feriado nacional, né mesmo?..
A gente trava para se readaptar as modificações que está sentindo, sem entender nada e de repente tudo volta a o normal, como uma alucinação.

ATAÚDE.

Existe um homem que tem meus traços,
A minha cara. 
Vejo ele através da vidraça embaçada. 
No porta-retratos sobre o balcão da sala.
Ele toca violão e eu não. 
Eu tomo analgésicos e ele não. 
Ele canta, canta, canta e eu me encanto
com o seu canto.
Fico perplexo e sem atitude.
 Me fecho.
Ele é só reflexo e não tem nexo.
Eu que sou tão complexo.

CAGANDO PRO MUNDO


Cagar pro mundo, é muito mais do que a forma figurativa de dizer que não esta nem aí pra ele, mas a necessidade real de cagar, de se aliviar, de por pra fora, de esvaziar o que incomoda, o que causa desconforto num momento de urgência, quando os sentidos também não estão nem ai para as virtuosas regras da razão e preceitos sociais e morais.
Há de se dizer ainda, que são nos momentos de urgência, que as entranhas do nosso corpo e da nossa alma, ditam as regras, sem se importar com boas maneiras, tornando-se fiel a o que realmente somos: Animais.

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COISAS ESTRANHAS DA VIDA.

Eu conheço bruxas que fazem tricô e soltam gargalhadas. Elas bebem cerveja e ouvem jazz. Sapos que se comunicam por códigos sonoros, numa comunicação secreta e indecifrável depois da chuva demorada. Serpentes que  se arrastam camufladas em volta das piscinas azuis; Gatos que se espreitam nos telhados vizinhos; Portas que batem; janelas que se abrem; Sombras que cruzam por mim rapidamente e desaparecem nas paredes de concreto. 
Também ouço assovios, frases incompreensivas, incompletas, explosões, musicas estranhas, vozes pronunciando meu nome, ao pé do ouvido.
Vejo nuvens apressadas a desenharem formas humanas, rostos, objetos conhecidos, riscos de fogo... Voces não?..
Em casa, guardo objetos excêntricos. Uma pedra verde do lado da cama, uma folha seca dentro de um livro, um lápis sem ponta, um dólar dobrado na carteira.
Como não se conformar com as estranhezas do universo, se tudo em geral, parece um pacote sem lógica?

PARECE QUE BEBE

As vezes o que te separa da realidade é a ilusão de que duas doses de uísque, uma caipirinha e uma boa conversa, (zeleguelê, quelequete, sempre o mesmo zeguelê..) que no final da noite, te provocará um milagre no outro dia. Mas milagres não existem, coincidências também não. Então quem escreve as regras, se as chaves estão sempre penduradas no mesmo lugar, para que você as encontre, mas outro chegou antes e mudou o segredo da fechadura? Parece que bebe!..

NA PRIMEIRA MANHÃ



O BARCO VERMELHO E A MORSA


O menino branco, de cara branca, de cabelos de um negro profundo, de olhos pequenos e rasgados, mostra sua alma por uma pequena fresta tímida do olho e um sorriso desconfiado de menino se transformando em homem. Navega em seu barco vermelho de velas amarelas, neste pedaço de mar, separado por concreto, janelas e telhados, onde tantos já navegaram e eu na contramão o observo.
Às vezes nada mais percebo, somente as embarcações que passam e desaparecem neste mar movimentado, onde a morsa de roupão verde, de olhos maldosos, os vigia das pedras, com seu corpo flácido e pesado, seu andar dificultoso, seus dentes afiados e bigode grosso.

UMA SOMBRA NO FIM DO MUNDO


Foi lá que eu te vi, pela ultima vez, parado sobre as pedras vulcânicas que separavam a baia do continente, e o farol vermelho na ponta do fim do mundo. Estavas atento a os pássaros barulhentos que sobrevoavam a região, talvez a o movimento das águas; Mas de onde eu estava, só via o farol, a baia e a tua sombra solitária. 
Hoje revendo esta foto, lembrei da beleza e do quase esquecido!
É interessante pensar que algumas coisas nos marcam profundamente, porque de fato, não aconteceram no momento em que deveriam e deixaram a imaginação voar solta em asas que não são as nossas, sobre o que poderia ter sido...
Mais tarde conhecendo tuas historias, percebendo teus medos e segredos, me convenci de que estes e outros desencontros, foram o melhor final.

O CAVALO NEGRO.

Existe na minha lembrança de menino, um cavalo negro e selvagem, que me assombrava, quando corria pelo sinuoso patio da minha casa a noite, como se quisesse pular a cerca e ganhar a liberdade.
Seus olhos brilhavam na escuridão, enquanto tentava buscar uma saída a galope, a coices...
Erguia-se sobre as duas patas traseiras e logo desaparecia entre as longas taquareiras que margeavam o pequeno arroio já morto. 

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TÔ PENSANDO QUE:

Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...