O BARCO VERMELHO E A MORSA


O menino branco, de cara branca, de cabelos de um negro profundo, de olhos pequenos e rasgados, mostra sua alma por uma pequena fresta tímida do olho e um sorriso desconfiado de menino se transformando em homem. Navega em seu barco vermelho de velas amarelas, neste pedaço de mar, separado por concreto, janelas e telhados, onde tantos já navegaram e eu na contramão o observo.
Às vezes nada mais percebo, somente as embarcações que passam e desaparecem neste mar movimentado, onde a morsa de roupão verde, de olhos maldosos, os vigia das pedras, com seu corpo flácido e pesado, seu andar dificultoso, seus dentes afiados e bigode grosso.

UMA SOMBRA NO FIM DO MUNDO


Foi lá que eu te vi, pela ultima vez, parado sobre as pedras vulcânicas que separavam a baia do continente, e o farol vermelho na ponta do fim do mundo. Estavas atento a os pássaros barulhentos que sobrevoavam a região, talvez a o movimento das águas; Mas de onde eu estava, só via o farol, a baia e a tua sombra solitária. 
Hoje revendo esta foto, lembrei da beleza e do quase esquecido!
É interessante pensar que algumas coisas nos marcam profundamente, porque de fato, não aconteceram no momento em que deveriam e deixaram a imaginação voar solta em asas que não são as nossas, sobre o que poderia ter sido...
Mais tarde conhecendo tuas historias, percebendo teus medos e segredos, me convenci de que estes e outros desencontros, foram o melhor final.

O CAVALO NEGRO.

Existe na minha lembrança de menino, um cavalo negro e selvagem, que me assombrava, quando corria pelo sinuoso patio da minha casa a noite, como se quisesse pular a cerca e ganhar a liberdade.
Seus olhos brilhavam na escuridão, enquanto tentava buscar uma saída a galope, a coices...
Erguia-se sobre as duas patas traseiras e logo desaparecia entre as longas taquareiras que margeavam o pequeno arroio já morto. 

CAMINHO DAS ÁGUAS.

Caminhava pela rua, quando senti-me sendo lentamente tragado por águas cristalinas que surgiram do nada e inundavam rapidamente a cidade, que nunca tivera rio, lagoa ou praia. De repente, tudo virou numa grande superfície de água, assustadora a minha volta.
Meninos surgiram sorridentes e cruzavam sobre a água transparente, por um caminho demarcado, para que não afundassem nos lugares que pareciam mais profundo. 
O lugar era surreal e sua beleza me deixou tão assutado, que não tive coragem de acompanha-los, enquanto me olhavam surpresos e seguiam seu caminho na direção de um gigantesco portal de madeira. 
Desconfiei que não fossem simples meninos, mas seres escolhidos e eu uma testemunha vulnerável a ter uma morte lenta por submersão. 

MARGARIDAS AMARELAS.

Quando ela passa rebolando-se diante de mim, sei que não é pra mim, mas para uma platéia imaginaria que a aplaude impaciente e disfarça suas angustias. Este jeito audacioso e desnatural, não combina com ela, que ficava na escadaria, olhando margaridas amarelas, com os olhos rasgados.

FAZENDA.


... E o esquecer era tão normal que o tempo parava. E a meninada respirava o vento
Até vir a noite e os velhos falavam coisas dessa vida
Eu era criança, hoje é você, e no amanhã, nós...
                                                          (M.Nascimento)


O fato é que a morte, assim como a velhice, deve ser encarada como uma continuidade da vida, uma transição natural que não possui saídas de emergência, nem protelações ou impedimentos. 
Mas eu me pergunto, o que deve doer menos, nascer ou morrer? 
Quando instintivamente permitimos a entrada de ar em nossas entranhas e a vida se acende faiscando um mundo estranho e desconhecido ou a falta deste mesmo ar a nos asfixiar, fazendo-nos perder as forças, as referencias do que aprendemos e fomos nesta vida?
Ah,. morrer deve então ser alguma forma de renascer, fazendo-se um caminho inverso...

PANDORGA

Minha vida é carregada de emoções e sensações que às vezes me parecem absurdas, mas que me permite navegar em pensamentos por mares distantes, sem pagar passagem.
Esta sensação de liberdade, de ter asas gigantes e sobrevoar por cima de tudo que me parece distante e intocável, me dá uma sentimento extraordinário de poder e de violação de regras, que só desaparece quando sou puxado pelo pé e percebo que sou apenas uma pandorga no comando de outra mão.

A MADAME ESTÁ MORTA.


Por que a vida é cheia de incógnitas, de meia verdades e necessitamos de respostas, de descobertas, de impressões digitais, de olhares, de toques, de pulsação, de atitudes, da desconstruções de hábitos que nos leve a uma resposta.
O que é mostrado aqui não é nada novo. Um clip homo-erótico juntamente com figurinos e personagens estranhas. Uma mistura de Studio 54 em Nova Iorque com Cirque du Soleil.
É arte? É sexy? É Assustador? Tendencioso? Apológico? Todos juntos?..
Criado em 2002, a banda lançou dois álbuns de estúdio. Todas as músicas são escritas por Jamie Irrepressible, que as descreve como autobiográficos. O nome The Irrepressibles é "sobre a quebra de fronteiras na música e ser honesto sobre ser gay na música."

ATRÁS DO ARCO - IRIS

De repente a vida te faz bater num portão e acreditar que um sorriso simpático e algumas atitudes que te parecem acolhedoras, é o teu destino sonhado. Seráaaaa?..... Mas daí, basta apenas poucos e ralos minutos para perceberes, que 2+2 é qualquer coisa, menos quatro e que a equação é muito mais complexa, do que se pode responder na ponta da língua.
Por vezes me parece que temos um projeto emocional pré estabelecido por nós mesmos, onde tudo se encaixa com perfeição. Um presente a nossa espera, atrás do arco-iris... Mas basta um pouco mais de atenção, para percebermos que não existe potes de ouro e que a maioria disponível, não cabe neste sonho em que a fila dobra por quarterões.

BOULEVARD


Boulevard em francês é um termo que designa um tipo de via de trânsito, geralmente larga e é o titulo de um filme que tem no elenco: Robin Williams, Kathy Baker, Roberto Aguire e que aqui no Brasil entrou com o titulo de Avenida.
Sem a intenção de spoilers, ai vai um resuminho de incentivo:
Trabalhando há quase 26 anos em um mesmo banco, Nolan Mack (Robin Williams) e sua esposa Joy (Kathy Baker) vivem um casamento de conveniência, perfeito para que ambos não tenham que enfrentar a realidade. Mas um dia, no caminho de volta pra casa, o destino de Nolan cruza com o de um jovem problemático, Léo (Roberto Aguire). A partir desse encontro, Nolan se vê rompendo os limites de sua vida e relembrando o passado, seguindo em um caminho de auto-descoberta.
Boulevard é um filme leve e bonito, que Vale a pena ser visto.

TODA A FORMA DE AMOR



Uma cena de um filme que assisti alguns meses atras, me sensibilizou demais. O personagem idoso do filme, revela para seu filho adulto, não se preocupar com sua saúde física e mental, mesmo estando com seus dias contados:

"...Não se preocupe com a minha saúde, está tudo bem. Me sinto feliz, inteiro e nem tudo que eu e ele fizemos, poderia ser chamado de sexo. Existe coisas maiores entre duas pessoas na busca pelo prazer!..."
Às veze numa pequena frase, num rápido dialogo, ouvimos coisas que nos parece impactante, mas também podemos aprender muito e refletir sobre certos mecanismos que teremos de lidar com o passar do tempo, para que possamos garantir uma relação de afeto que seja pelo menos saudável e sem culpas. Criamos muitos atalhos nessa vida, mas sempre seguimos pro mesmo lugar!

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TÔ PENSANDO QUE:

Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...