A festa de Nani Sexy.

A animação feita por meu colega de curso, dentro do ônibus, no retorno de Montevidéu para Porto Alegre, fez o maior sucesso, constatado pela alegria e muitas gargalhadas de todos presentes, inclusive eu. A figura de um homem fazendo humor travestido de mulher, parece sempre provocar este comportamento de liberação das pessoas, que certamente não seria o mesmo se não fosse um teatro com o objetivo de provocar risos.
Este estereótipo da bixa louca, afetada, cheia de trejeitos afeminados e exageros posturais é a divisa limítrofe que distancia a fantasia da realidade em que vivem os gays na atualidade e que lutam pela garantia não só de seus direitos, como pelo respeito ao que são na sua totalidade. A brincadeira foi ótima, mas eu não deixei de pensar também sobre isto.

Amiguxo...

Aprendi com alguns jovens tempos atrás, uma gíria muito utilizada entre eles que achei engraçada e que acabei utilizando-a também por acha-la divertida e que por mais boba ou absurda que pareça, tem sua lógica ancorada num conceito com características obvias a cerca de algumas atitudes humanas também engraçadas... Essas linguagens novas, se tornam parte do nosso cotidiano e chegam até nós na maioria das vezes, sem conhecermos sua verdadeira origem e das mais variadas formas  possíveis, seja numa brincadeira entre amigos ou numa observação intencional e então por alguma simpatia a adotamos e a transformamos numa espécie de clichê que passamos para os outros, como forma de torna-la publica e darmos boas gargalhadas em conjunto.
O amiguxo deve ter surgido assim, uma palavra inventada a o acaso para designar um tipo de pessoa num grupo, que está sempre na volta da uma outra, ouvindo-a passiva e amigavelmente, sem nunca ser incisivo nas suas colocações. É do tipo amável, que aconselha, que se cala na hora certa, que ouve, que apóia, que apazígua as magoas com palavras mansas e reforçadas por alguns carinhos tímidos, sem nunca ultrapassar limites. Divide o mesmo cobertor para aquecerem os pés, o pacote de bolachas recheadas e até os fones de ouvido para curtirem a mesma musica juntos. Troca confidencias, sonhos, beijos de selinho e às vezes até sente ciumes sem saber por que razão. Sofre de uma especie de amor platônico. O amiguxo está sempre a volta do outro de antenas ligadas, expressando cumplicidade no olhar e resistência a aproximação de terceiros. Se perguntado pra ele se estão namorando a resposta é imediata, somos apenas amigos. Há quem diga que o amiguxo é um esperto, uma espécie de predador de unhas e dentes aparados, aguardando o momento certo para devorar sua presa ao acaso e sem nenhum esforço. 

A noiva e o Cão.

Hoje à noite em aula, eu e meus colegas fizemos a tradução do espanhol para o português, da musica "En el muelle de San Blas", de autoria de Fher Olvera, líder e vocalista da Banda Maná, que conta a história de uma velha senhora de 70 anos, que perambulava no Puerto San Blás, no México, com seu vestido de noiva em trapos, a espera de seu grande amor que partiu para o mar e nunca mais voltou. A historia parece ter realmente existido, e a musica nasceu quando esta mulher foi vista sentada no cais, possivelmente esperando o retorno dos barcos do qual acreditava trazer de volta o seu amado. Fher Olvera e Alex que passavam férias por lá, a teriam visto e indagado junto aos moradores quem era aquela mulher e lhes foi contado que ela era tida como louca e que todos os dias vinha até o caís, vestida de noiva, a espera do homem, que prometeu busca-la mas nunca retornou. 
Esta historia me fez lembrar do filme "Sempre ao Seu Lado" que também foi verídica, porém conta a forte relação de amizade entre um professor universitário vivido por (Richard Gere) e seu cão adotado. O professor morre de infarto, e o cão todos os dias vai até a estação do metrô durante 9 anos, na expectativa de que seu dono reapareça. Ao cão foi construído uma estatua de bronze em sua homenagem, para a velha mulher vestida de noiva, uma bela musica, para nós o aprendizado de duas tristes histórias, apoiadas em expectativas que não se cumpriram por determinação do destino.

Viagem Técnica em Montevidéu


Desta vez minha ida para Montevidéu não se destinou a fazer turismo pessoal como das outras vezes, mas uma viagem técnica de aprendizado e conhecimentos, guiado por profissionais da área de turismo, em função do Curso de Guia de Turismo que estive envolvido desde Março deste ano. Claro que revi lugares anteriormente visitados, mas acabei conhecendo outros de muito interesse que serviram para ampliar o leque de possibilidades culturais e de entretenimentos que a cidade tem para oferecer, para quem a visita.

E eu estava certo, para se conhecer uma cidade, devemos retornar outras vezes, quantas vezes forem necessárias, porque uma cidade não se revela numa unica vez, em cada momento podemos descobrir mais detalhes, colher mais informações e é isto que torna essas experiencias pessoais mais interessantes e apaixonantes, as surpresas. O ônibus que locamos da Orion Turismos, era de um conforto por excelência, com bancos tão amplos que eu consegui dormir na viagem, coisa rara e o hotel foi o London Palace localizado no centro de Montevidéu, a poucos metros da Avenida 18 de Julho, cercada por galerias, cafés, restaurantes, boutiques, cinemas, teatros, cassinos, pubs e o Centro Histórico a poucas quadras. Não pretendo me estender demais neste post, pois já descrevi em outras postagens alguns detalhes desta viagem, mas na medida do possível em que eu for lembrando, compartilharei outras coisa que achei interessante.

O que tem na Parrilha uruguaia?

Se tem uma coisa que eu não aceito comer na parrilha uruguaia, (churrasco feito sobre a lenha e não carvão, onde se aproveita todas as partes do gado e ainda utilizam embutidos) é a tal de morcilha preta adocicada e feita de sangue do boi.



Me dá uma sensação absolutamente desagradável. Eu penso que aquilo pode ser qualquer coisa, menos algo que se possa colocar na boca e comer. Agora pensem o que quiserem, não tô nem ai!.. Até um gato gordo eu mandava ver, se não assistisse ao sacrifício e depois de duas garrafas de "médio y médio". uma aparente inocente mistura de vinho branco e champanhe que parece deixar tudo possível depois de alguns goles. Que tal este gorducho que encontramos num Café, no caminho da viagem?..


Um grupo diferente.

Cheguei de Montevidéu em Porto Alegre no Domingo de noite, sendo recepcionado por algumas pancadas de chuva, que ficaram mais fortes durante a madrugada. Não precisava ir ao trabalho na Segunda e mesmo cansado da viagem, fiquei resistindo a o sono e me lembrando que talvez esta viagem tenha sido melhor que a de Curitiba, realizada entre os dias 15, 16 e 17 do mês passado. Curitiba foi uma experiencia ótima, mas, [...] 
A professora acertou em cheio quando me confidenciou que em Curitiba eramos um grupo e que em Montevidéu eramos outro totalmente diferente. 
Também acertou quando disse numa outra ocasião em aula, que não seriamos os mesmo depois destas viagens técnicas, possivelmente por que alem do conhecimento e do aprendizado, perceberíamos outras descobertas pessoais favorecidas pelo meio e as relações que se instalam entre as pessoas num grupo com objetivos semelhantes, porem com métodos diferentes para alcança-los.
Em Montevidéu me senti mais seguro e solto, talvez por já conhecer a cidade e também menos irritado por estar mais desligado de algumas regras impostas que me incomodavam e que as considerava absurdas. Me senti também mais leve, principalmente por ter decidido por desobedece-las de maneira consciente e racional, pois se contrapunham aos conceitos que tenho de civilidade, confiabilidade, maturidade e tudo mais que acredito. O grupo estava realmente diferente e me atrevo a dizer; mais confiante, mais critico e principalmente mais corajoso em demonstrar suas opiniões pessoais que vão se revelando com a maturidade das relações e isto é crescimento.

PRADO EM MONTEVIDÉU.


Eu sabia que não tinha conhecido tudo das outras vezes que estive em Montevidéu, como o bairro Del Prado, praticamente desconhecido pela maioria dos turistas que decidem conhecer a cidade e também diferente de outros bairros como Pocitos caracterizado por uma arquitetura de edifícios com 10 a 15 andares que rodeiam o estuário do Rio da Prata e nele estão localizados vários cafés e restaurantes chiques.
Também ao contrario do bairro Carrasco um dos mais caros bairros em Montevidéu, e que apresenta uma ampla gama de estilos arquitetônicos com algumas casas antigas de classe média-alta da cidade.
Composto de suntuosos palacetes datados do seculo XIX e inicio do XX, ruas arborizadas com plátanos que formam verdadeiros tuneis verdes, Del Prado é uma especie de registro dos tempos em que a cidade vivia seu período de riqueza.


Reduto das famílias uruguaias mais ricas que preferiram ter uma casa de campo no Prado, a uma casa de veraneio na costa do Rio do Prata, o bairro ainda mantém os traços de um período de riquezas e privilégios arrebatados pelas crises econômicas que atingiu o país em décadas passadas. Neste bairro se encontra a rua 19 de Abril, a mais arborizada de Montevidéu, o Jardim Botânico localizado dentro do parque homônimo ao bairro e um Rosedal (jardim das rosas), idealizado pelo paisagista francês Charles Racine.


São quilômetros de espaço verde, transformados em parques cortados pelo arroio Miguelete e para o uso diário de laser da população, que o frequentam em maior numero aos fins de semana. Ainda nas redondezas a magnifica Igreja das Carmelitas, em estilo neo-gótico de encher os olhos de quem passa por seus ricos detalhes arquitetônicos.


Está localizado também nas dependências do bairro, o Rural del Prado, uma propriedade da Associação Rural do Uruguai, onde acontece a maior exposição agrícola do país, onde reúne anualmente centenas de milhares de visitantes e alguns estádios de futebol como: O Jose Nasazzi Park Stadium , Estadio Parque Federico Omar Saroldi e Alfredo Victor Viera Estádio Parque , pertencente ao Atlético Clube Bella Vista ,Clube Atlético River Plate e Wanderers Montevidéu.

Sem tentações.

As compras no Uruguai podem ser atraentes ou não e isto vai depender de pontos de vista do que é caro ou barato e também da profundidade de seu bolso. As mulheres possuem um faro mais afinado para estes conceitos, mas os homens?.. Nossa, somos mais difíceis para sucumbir as tentações do consumismo e não é qualquer coisa ou preço relativamente baixo que nos faz perder o controle e sair gastando dinheiro e acumulando quilos de quinquilharias, mesmo sendo por alguns míseros reais convertidos em pesos. 
Não achei os preços atraentes nos free chopes do Chuy, embora tenha percebido uma boa oferta de roupas de lã, consideradas de boa qualidade no Indian Emporium em Punta Del Este, que as mulheres se jogaram enlouquecidas logo que viram. 
Os casacos de lã que aqui no Brasil certamente estão com preços entre R$ 250,00 á R$ 400,00 - no Uruguai, estavam sendo vendidos por R$ 98,00 à R$ 150,00, mas como só eram peças  exclusivamente femininas, deixei pra lá; Acabei comprando uma boina de lã, numa outra lojinha bem popular e um cortador de unhas no Chuy que eu estava em falta.

EL MILONGÓN EM MONTEVIDÉU.




Na Sexta Feira a noite, foi a vez de conhecermos o El Milongón, Bar Restaurante que oferece a seus visitantes uma amostra da tradição e da Cultura do Uruguai, através da musica e coreografias em forma de candombe, tangos, milongas e outras musicas folclóricas.



O show começa com candombe, que é a manifestação mais significativa da cultura afro-montevideano. No ritmo de três tambores, (o tambor piano, o tambor chico e o tambor repique) vários personagens representativos aparecem num cortejo que é conduzido pelo Escobero, em geral um jovem que tem a função de arauto (mensageiro/ anunciador); o mestre dos tambores, conhecido como gramillero (bruxo ou curandeiro) sempre acompanhado de sua mama velha, uma mulher vestida de trajes coloridos e com um leque à mão que representa a velhice, a sabedoria e a bondade. É uma apresentação curta, mas depois retornam para finalizar o show. 


Na hora do tango e da milonga, uma orquestra ao vivo, faz-se ouvir a o som do bandoneon, enquanto um casal de cantores apresentam musicas populares como as composições de Gardel e outros compositores conhecidos; Ora juntos ora separados e acompanhados ou não de dançarinos de tango sobre o palco, que ajudam a aumentar a coreografia e o clima de emoções. O ponto alto foi quando o cantor de tangos Gabriel Scarone, solicitou ajuda da platéia para fazer o refrão do conhecido tango "Por Una Cabeza", de Gardel. 


No contexto do espetáculo foi mostrado também um show de musicas Charruas, onde bailarinos demonstravam suas habilidades com tambores, boleadoras e punhais de fogo, que eu achei fraco. Quase no final do espetáculo, o Candombe retornou com um numero maior de dançarinos e um cantor, que convidavam a plateia a participarem da dança cheia de requebrados que me fez lembrar de Cuba. O show tem a duração de aproximadamente 2 horas e os preços são cobrados em dólar: 35 dólares por pessoa para assistir somente o show, 77 dólares para jantar e assistir ao Show e 97 dólares para o jantar e assistir ao show mais transfers. Foi divertido!

OS MOSAICOS ANONIMOS DE MONTEVIDEU

Eu estava caminhando pelas calçadas de Montevidéu, em particular no Centro Histórico, quando me chamou a atenção um pequeno mosaico de cerâmicas coloridas que se destacava dos demais ladrilhos hidráulicos padronizados nos passeios públicos.
A professora Regina, guia de turismo, percebendo a minha curiosidade à respeito, o que inclusive me fez parar varias vezes para fotografa-los, por se destacarem de todo o conjunto cinza da calçada, por seu remendo colorido, me informou que se tratava do trabalho feito por um anônimo, que durante a noite percorre as principais ruas da cidade, substituindo os ladrilhos quebrados e soltos, por esses pequenos mosaicos coloridos, dando uma nova e moderna estética ao passeio.
Logo me veio a cabeça, os trabalhos de Selerón, artista plástico chileno, que adotou o Brasil como moradia e que enfeita as escadarias da Lapa, no Rio de Janeiro onde mora, com seus mosaicos modernos e coloridos.

Era um casa muito engraçada...


Eu gosto demais de visitar a Casapueblo quando vou a o Uruguai e ficar apreciando detalhadamente aquela construção que se transformou numa especie de cidade escultura e que inclui museu, atelie, hotel e pelo menos beber um cafe olhando demoradamente toda aquela magnifica paisagem de Punta Ballena.

A exótica construção de Carlos Paéz Vilaró, iniciou a o redor de uma casa de lata chamada de La Pionera, onde seu desenho e estilo lembram as construções mediterrâneas, embora seu construtor refere-se a o Forneiro, um pássaro tipico do Uruguai.


Durante a visitação, um vídeo conta toda a historia do lugar, a vida do artista pelos diversos países que visitou, premiações e sua relação de amizade com pessoas famosas como o poeta Vinicius de Moraes, Brigitte Bardot, Pelé, Toquinho, Robert de Niro, Omar Sharif, Alain Delon, Fidel Castro, Astor Piazzola, Salvador Dalí e Pablo Picasso. Também é feita uma homenagem a Carlos Miguel, (filho do artista), um dos sobreviventes do Vôo 571, que caiu na Cordilheira dos Andes em 1972.


Vilaró é um artista que sempre demonstrou interesse pela cultura afro-uruguaia e isto esta imprimido em seus trabalhos. Conhecedor do Candomblé e outras danças africanas, compôs algumas peças musicais. Em 1956 foi convidado pelo Museu de Arte Moderna de Paris para expor alguns de seus trabalhos e em 1959 produziu um mural para o túnel que levava ao novo anexo para a Organização dos Estados Americanos em Washington, chamado de "Raiz da Paz", medindo 155 metros de comprimento por 2 de largura.



A casapueblo levou mais de trinta anos para ser construída e dizem que a musica "A Casa", cantiga de ninar, conhecida na voz de Vinicius de Moraes e Toquinho, refere-se a Casapueblo do artista.



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Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...