São Luis, foi a cidade que escolhi conhecer junto com meu filho, neste mês de Novembro, período de licença do trabalho e que dividiu minha opinião entre coisas positivas e negativas nos 8 dias em que estivemos por lá, observando atentamente a cidade e o modo de vida de seus moradores. Se você já esteve em Salvador e ficou indignado pelo fato de o Pelourinho ter tantas áreas perigosas ou, em Minas Gerais, com o trânsito pesado que circula pelas ladeiras de Ouro Preto, vai se surpreender ainda mais (negativamente) com o Centro Histórico de São Luís. A principal atração turística da capital do Maranhão sofre pelo descaso e abandono.
A cidade pulsa em suas artérias, a cultura recebida da polivalente influencia de seus ancestrais índios, negros, dos franceses que fundaram, os holandeses que invadiram e por fim os portugueses que colonizaram no passado, aquelas terras distantes. Deste modo é possível constatar uma mistura de riquezas culturais imensa e unica, capaz de agregar peculiaridades e despertar em quem gosta de viajar, o desejo de descobrir em cada esquina, em cada viela estreita, suas particularidades e segredos que o tempo ainda não apagou.
A cidade foi fundada durante a ocupação francesa (1612 – 1615), mais tarde tomada pelo holandês Maurício de Nassau (1641 – 1644) e então administrada pela Coroa Portuguesa, que viu a região tornar-se grande exportadora de açúcar e algodão nos séculos XVIII e XIX.
Chegamos no dia 14 de Novembro às 12:30 horas e nos instalamos no
Hostel Solar das Pedras no coração do centro histórico da cidade, um sobrado em estilo colonial português do século 19, com grossas paredes de pedra e uma fachada externa pintada de azul vibrante, numa rua estreita como quase todas no centro histórico, causando-nos a sensação de estarmos fora de nosso tempo real.
CENTRO HISTÓRICO:
O centro histórico de São Luís fica no bairro Praia Grande, de frente para a baía de São Marcos, às margens do rio Anil, e compreende uma área de 220 hectares de extensão. São cerca de 2.500 imóveis tombados pelo patrimônio histórico estadual e 1.000 pelo Instituto do Patrimônio Historico e Artístico Nacional (IPHAN). Parte desse sítio foi declarado Patrimônio Mundial em 1997, por seu conjunto arquitetônico colonial português adaptado, com o uso de azulejos, alguns com bordados em alto relevo. Estes azulejos utilizados nas construções, serviram como técnica para impermeabilização das fachadas que antes eram de taipas, protegendo-as do clima quente e úmido da região. Foram toneladas de azulejos trazidos de Portugal por navios no seculo passado, para compor este magnifico acervo arquitetônico de surpreender quem tem a oportunidade de conhecer.
Apesar da excelência como um dos maiores museus a céu aberto do pais, o Centro histórico vem sofrendo penalidades que o colocam no ranking de perder esta titulação, pela dificuldade e morosidade com que os órgãos competentes utilizam seus recursos, para mante-lo, através dos dispositivos legais nem sempre eficiente para assegurar sua proteção e manutenção necessária.
O Bairro Praia Grande onde está localizado o centro Histórico teve grande importância comercial cuja consolidação se deu a partir de 1789, em decorrência das atividades portuárias da cidade, oriundas da grande produção de algodão para exportação. Grandes empresas comerciais estabeleceram-se no bairro, para usufruir dos benefícios portuários e a Praia Grande se tornou o centro econômico mais importante da cidade.
Com a estagnação econômica, as empresas comerciais foram desaparecendo e os velhos sobrados que não foram ocupados por órgãos públicos, foram progressivamente se deteriorando, chegando alguns deles à completa ruína.
A partir do "Projeto Reviver", que restaurou grande parte do bairro, a Praia Grande assumiu uma nova função: área de lazer com espaços para manifestações artístico-culturais.
Mas muitos desses prédios com o passar do tempo foram também depredados por vândalos e alguns hoje, em estado de completo abandono, correm o risco de desabarem, causando o desinteresse da própria população local em preserva-los pela falta de recursos e flexibilidade dos incentivos diretos do governo. Com a criação de novos bairros à partir da construção da ponte José Sarney em 1970, grande numero de moradores acabou se transferindo para o
outro lado da cidade, permanecendo apenas os núcleos menores, que se mantem a sombra da marginalidade que se instalou no local e vem crescendo com o passar dos anos. Hoje as ruas estreitas e escadarias do centro histórico não são mais disputadas apenas por turistas curiosos com suas maquinas de fotografar, mas por um contingente cada vez maior de moradores de rua, pedintes, batedores de carteiras e drogaditos que disputam espaço, intimidam e desconfortam os visitantes.
Grande parte dos casarões, são hoje ocupadas por lojas de artesanato, mercados, pousadas, restaurantes, livrarias, que conseguem manter sua funcionalidade com o turismo que flutua nas diversas temporadas. Muito mais do que sentar num restaurante e experimentar uma comida tipica, visitar alguns de seus museus ou passear por suas lojas de souvenires, São Luis convida-nos a olhar suas ruas, suas janelas e sacadas com ferros trabalhados e de aspecto bucólico e de abandono.
AS RUAS, VIELAS, ESCADARIAS E SEUS LOGRADOUROS:
Uma curiosidade ao se percorrer pelas ruelas, becos e escadarias de São Luis, são os nomes como: Beco do Quebra Bunda (por sua pavimentação de pedras escorregadias), Beco Catarina Mina, (que recebeu essa denominação em memória à negra Catarina Rosa de Jesus Ferreira. Inteligente e muito bonita, a negra Catarina logrou considerável fortuna, com que alforriou sua mãe e se fez proprietária de imóveis e senhora de escravos, acabando por tomar ares de grande dama. Sabia enfeitiçar com a sua simpatia e insinuante meiguice os ricaços da Praia Grande. Parte dessa rua é formada por uma escadaria com 35 largos degraus em pedra de cantaria).
Outros nomes curiosos são: Beco da Bosta, Beco dos Catraeiros, provavelmente denominados no período do império, pela astucia dos escravos e seus senhores... Rua dos Afogados, rua do Veado, rua da Viração, rua do Giz, rua do Serão e do Caminho da boiada.
Mas um dos exemplos, que faz a gente lembrar do refrão de uma musica que diz "... Que tudo pode dar certo..", é a restauração da Praça Benedito Leite, nas proximidades da Catedral da Sé, onde pode ser visto um excelente trabalho de recuperação dos prédios históricos pelo Projeto Reviver; Uma infinidade de prédios restaurados à exemplo do que poderia ser feito com o resto do Centro Histórico que sofre com os detalhes burocráticos e por possível falta de verbas.
PRÉDIOS HISTÓRICOS E MONUMENTOS:
Entre tantas coisas para se ver em São Luis, não deixe de visitar o Palácio dos Leões que hoje abriga a sede do governo estadual, a Casa do Maranhão, o Palácio dos bispos e a Catedral da Sé, o Convento das Mercês, o Centro de Cultura Popular, o Solar da Rua Formosa, o Museu de Gastronomia, a Feira da Praia Grande, (antigo Mercado das Túlias), a vista da baia de São Marcos no mirante a o lado do Palácio dos Leões.
Faça o "Passeio Serenata", um dos melhores, promovido pela Prefeitura de São Luis e a Secretaria de Turismo ao som de violões, cavaquinhos e saxofones, onde os músicos entoam músicas românticas e canções populares maranhenses, num passeio inesquecível pelas ruas históricas da cidade. Durante o percurso, um guia de turismo, narra a história e lendas de São Luis e poetas declamam trechos de obras de escritores maranhenses. A concentração acontece na Praça Benedito Leite as 19 horas e as informações e reservas na Central de Serviços Turísticos.
CULINÁRIA:
Prove o arroz com cuxá (especie de planta azedinha) camarão e gergelim, o ensopado de peixe, a caranguejada, a caldeirada de camarão, a torta de siri, o sururu ao leite de coco, o sarabulho, o bolinho de bacalhau com aipim, a cachaça Tiquira feita de mandioca brava que reza a lenda que se tomar banho depois de ingeri-la pode até morrer, o guaraná Jesus, o doce de Espécie, os licores e sorvetes de frutas típicas da região como o cupuaçu, bacuri, cajá, murici e sapoti.
MANIFESTAÇÕES FOLCLÓRICAS:
Assista as manifestações folclóricas como: O tambor de crioula, o cordão de reis, o bumba-meu-boi que acontecem em centros culturais. Com um pouco de sorte voce pode assistir nas ruas da cidade ou no centro histórico em datas festivas.