Bienal em PoA

Hoje, dia ensolarado, bares cheios,  pessoas sentadas em volta das mesas nas calçadas, eu e duas amigas fomos dar uma olhada na Feira do Livro na Praça da Alfândega, que estava impossível de se visitar pelo congestionamento de pessoas, impossibilitando qualquer aproximação dos estandes. Depois fomos dar um role até a Bienal instalada nos armazéns do Cais do Porto, igualmente intransitável e com  deficiente sinalização. 
Mas o que mais me incomoda nestes eventos realizados em Porto Alegre, não é só a multidão de pessoas que tem por hábito caminhar a esmo, ou serem conduzidos pelo fluxo cego da multidão, mas o despreparo dos funcionários para anfitrionar os visitantes nestes eventos, mostrando-se igualmente vagos, perdidos no tempo e espaço e com aquela expressão "Mas o que eu estou fazendo aqui?". 
A praça de alimentação, então nem se fala; Atendimento confuso, opções restritas, filas intermináveis, mesas mal distribuídas e sujas, com presos fora da realidade e clientes sem saco. Eu me pergunto o que falta para um gerenciamento mais organizado nestes eventos em PoA.
Quanto a Bienal em si, que este ano trouxe como proposta a apresentação de obras que refletem a noção de território à partir das perspectivas geográficas, políticas e culturais, me pareceu vaga na apresentação de trabalhos expostos, de modo a não sintetizar uma comunicação, sensitiva e clara com o tema. Pelo menos pra mim, pareceu faltar algo.

Marinheiro de primeira viagem.

Eu relutei em contar para vocês que em matéria de organização, sou um zero à esquerda e que quando acumulo mais de uma tarefa para fazer ao mesmo tempo e com algum grau- mesmo que médio- de dificuldade, fico divagando em coisas de menos importância, até perder o tino e receber o troféu de "Boca aberta do ano". Desta forma eu preciso respirar fundo e lembrar que tenho uma missão trabalhosa diante de mim, antes que seja vencido pela preguiça e o desanimo, exclamando pra mim mesmo, "Seja o que Deus quiser". 
Toda esta introdução explicativo aí em cima, no texto, é para dizer que minha viagem para Europa, programada neste mês de Novembro, acabou minguando por falta de um bom planejamento e estratégia, acrescido de um "Não tô com saco pra todo este trabalho agora". Ou seja; (inexperiência+falta de organização+desanimo+tempo reduzido) o resultado da equação é de fácil dedução. 
Quando se deseja dar um passo mais longe, além do oceano e se tem pouca experiencia, corre-se também o risco, como um marinheiro de primeira viagem, afundar a embarcação antes dela sair do porto. Foi o que aconteceu.
Depois de descobrir que neste mês seria ainda o momento apropriado para fazer a viagem, não consegui organizar à tempo, dinamismo emocional e todo o resto que se fazia necessário.
Solicitei licença do trabalho e uma grana extra no banco, cuja as confirmações demoraram tanto tempo, que quando tentei dar prosseguimento na viagem, não era mais possível pelo esgotamento de vagas nas agencias de viagem neste período. Somente montando um pacote personalizado, o que acarretaria num acréscimo acima dos 50% do preço normal. Acabei desistindo e mudando de rota para um lugar não menos importante aqui no Brasil, também de meu interesse e que em breve postarei aqui no Diário de Bordo. Encontrei um site na Internet que dá algumas dicas para marinheiros de primeira viagem como eu se organizarem, diminuindo possíveis riscos.  Leia aqui. Quanto a minha preguiça e desanimo é outra coisa a ser tratada.

Imprevistos batem em qualquer porta.

A desagradavel noticia de que Lula contraiu um câncer de laringe, abalou a mim e grande parte dos brasileiros deste país e reafirmando que este tipo de desgraceira, bate na porta de qualquer pessoa, independente de sua importância social, politica e financeira. O tumor maligno com dimensão entre 2 e 3 centímetros, divulgado pela imprensa, está localizado próximo das cordas vocais, na parte superior da laringe, que segundo informações do hospital, estaria restrito à laringe,  sem metástase, (quando o tumor se espalha por outras regiões).
Eu fico pensando, que existe uma face de nossas vidas em que nada de grave parece nos acontecer, dando a impressão de que somos imunes a qualquer coisa e de uma hora para outra, este panorama muda radicalmente, provando o quanto somos suscetíveis a estes imprevistos, causados por nossos mal hábitos durante a vida e que vão se somando com o passar do tempo, com o avanço da idade.
Lula vinha apresentando rouquidão e dores de garganta há mais de duas semanas quando foi aconselhado por um médico e amigo, a ir ao hospital para fazer exames. Uma tomografia no pescoço, apontou o tumor que deverá ser tratado com sessões de quimio e radioterapia sem necessidade de internação.
Eu espero e desejo que ele se saia bem e tenha muita sorte na previsão dada por seu medico de que as chances de recuperação são próximas de 90% quando o câncer é diagnosticado precocemente, como no caso de Lula. 

Os Armandos.

Algumas pessoas possuem um rosto que não combina com seu nome de batismo e lhe caem inapropriado, irreal e eu fico me debatendo de surpresa, em silencio, sem deixar pistas, com esta idéia cada vez que me é apresentada, sentindo intimamente que são falsas. 
Esta semana fui apresentado para um cara chamado Armando cujo o rosto branco, parecendo de cera e os olhos puxados de oriental, lhe conferiam uma expressão de tristeza e submissão. Pra mim, qualquer pessoa com aquela expressão não teria o nome de Armando, mas ele tinha. Seu rosto fecharia mais como Tiago, Lucas, Marcio, sei lá, qualquer coisa que lembrasse fragilidade. Os Armandos, me perecem mais imediatistas e abertos, mais ousados na forma de estabelecerem contato com outras pessoas, mais dinâmicos no temperamento social, sem se parecerem desprotegidos e convenientes como este que conheci. Terei uma grande surpresa se algum dia ele me mostrar que não é nada disto, fazendo este meu preconceito cair definitivamente por terra. Enquanto isto não acontece, vivo esquecendo do seu nome, cada vez que o vejo ou vem falar comigo.

Interações necessárias

Estou feliz, mas muito feliz com a possibilidade de voltar a viajar com meu filho. Na verdade esta possibilidade vai virar realidade nos próximos dias e acredito que nos divertiremos demais.  Estou realmente acreditando que somos muito parecidos interiormente como ele mesmo diz; Embora existam entraves em mim que eu não gostaria que ele herdasse.

Dura na Queda 2




Eu fiz um post aqui no blog dia 27 com o título de "Dura na Queda", que fala sobre a minha impressão de que a musica de mesmo nome, composta por Chico, me parecia ter sido feita para Elza Soares cantar, que a musica cabia para ela, para sua vida, como uma luva de pelica. Esta sensação ocorreu depois de vê-la cantar a musica magnificamente num vídeo postado no Youtube de seu show "Do cóccix até o pescoço"- de 2002.
Hoje relendo novamente a letra da musica, encontrei este outro site: http://www.chicobuarque.com.br/letras/notas/n_dqueda.htm, que se trata de uma parte da entrevista dada por Chico Buarque e que fecha com o que suspeitei.
Transfiro aqui em baixo, parte desta entrevista:
Ricardo Leite - Tem muita música sua que você tenha gravado e nunca lançado? Existem muitos autores que vão lá, gravam quinze músicas e lançam dez... Você tem essas sobras?
Chico - Sabe, eu ia dizer que não, mas lembrei agora de uma história do meu último disco. Eu estava com ele quase pronto e fiquei cismado com uma música, achando que alguma coisa estava errada, que eu não iria conseguir cantar. O disco já estava com o prazo estourado e no limite do número de músicas. Mesmo assim eu tirei essa e compus outra. Aquela ficou guardada, pra ser retomada um dia, aquela coisa. A letra repetia um pouquinho uma letra de uma música minha antiga, chamada Ela Desatinou. Era um 'Ela Desatinou 2'. Aí, olha que engraçado: eu estava em Londres fazendo um show e encontrei Elza Soares. Quando ela me encontrava, cantava [imita] "Elzaaaa desatinooou..." Ela fazia essa graça, e tal... Algum tempo depois, chega aqui uma produtora que queria fazer um musical sobre a vida da Elza Soares. Sentou aqui mesmo, onde a gente está, e me pediu uma música pro show. Eu disse pra ela que eu não tinha a música, que eu tinha terminado um show, que não ia dar tempo de compor... aí de repente eu lembrei: "Peraí, eu já fiz essa música pra Elza, sem saber!" Eu tirei ela do meu disco porque não era pra eu cantar, era pra Elza cantar. E ela gravou. O engraçado é que o titulo da música era Dura na Queda, e a Elza tinha acabado de despencar do palco... Parecia realmente feita pra ela, e foi.

Jogando pedras no rio

Ele tem diante de si um rio do qual decide diariamente jogar pedras gigantescas, para vê-lo agitado, turbulento, alterando assim a rota normal e tranquila das águas. Utiliza isto para desconstrução dos próprios sentimentos ternos e de delicadeza que lhe sobraram. 
Existe um monstro em seu interior que se satisfaz com o sofrimento daqueles que o amam, por isto rouba lagrimas a todo o instante e aprisiona almas com esmerado prazer. Isto o faz sentir-se gigante e poderoso, controlador das situações que já perdeu o controle; Mente pra si mesmo. 
Ele não vive mais a normalidade dos dias, caminha sobre nuvens de sonhos egoístas e único, agoniza em seus medos acreditando estar sentindo prazer. Mas olhando de perto, não muito perto para não ser devorado, eu acho até que algumas de suas vitimas o merece por se deixarem seduzir por algo tão obvio e de pouca credibilidade.

Dura na Queda.





Da mesma forma que a musica "Tigresa" composta por Caetano Veloso, até hoje me faz lembra de Sônia Braga, "Dura Na Queda" de Chico Buarque parece ter sido composta para Elza Soares.
Eu cresci ao lado de pessoas que por puro preconceito não gostavam dela. Achavam-na escrachada, vulgar, perigosa e mudavam de estação quando ouviam sua voz grave e rouca cantar com tamanha potencia e irreverencia. Eu pessoalmente sempre fui um admirador incondicional de seu talento e de sua postura de mulher corajosa, que foi descriminada durante grande parte da vida sobrevivendo a duras penas.
O texto de Tatiana Cavalcante que é resultado de uma entrevista concedida por Elza após um Show com temporada no Bar Brahma, em 2009-São Paulo e que pode ser lido AQUI, descreve um pouco do que foi sua difícil trajetória de vida.
Elza tem hoje 73 anos, nasceu numa favela do Rio de Janeiro, sofreu com a miséria e a morte de entes queridos, mas superou tudo. Recebeu indicações ao GRAMMY Awards e também foi eleita pela BBC de Londres a cantora do milênio. É claro, que com todo este histórico de vida, ela é dura na queda
Aqui está a letra da musica:

Perdida na avenida, canta seu enredo, fora do carnaval.
Perdeu a saia, perdeu o emprego, desfila natural.
Esquinas, mil buzinas, imagina orquestras, samba no chafariz.
Viva a folia, a dor não presta, felicidade, sim.
O sol ensolará a estrada dela. A lua alumiará o mar.
A vida é bela.
O sol, a estrada amarela
E as ondas, as ondas, as ondas, as ondas...
O sol ensolará a estrada dela.
A lua alumiará o mar.
A vida é bela
O sol, a estrada amarela
E as ondas, as ondas, as ondas, as ondas...
Bambeia, cambaleia.
É dura na queda. Custa a cair em si.
Largou família, bebeu veneno e vai morrer de rir.
Vagueia, devaneia
Já apanhou à beça.
Mas para quem sabe olhar a flor também é ferida aberta
E não se vê chorar.
O sol ensolará a estrada dela.
A lua alumiará o mar.
A vida é bela. O sol, a estrada amarela.
E as ondas, as ondas, as ondas, as ondas...
O sol ensolará a estrada dela.
A lua alumiará o mar.
A vida é bela. O sol, a estrada amarela.
E as ondas, as ondas, as ondas, as ondas...

Elo


Ontem à noite assisti a entrevista de Maria Rita no programa de Jô Soares, para divulgação de seu novo CD Elo, fruto de apresentações no interior do Brasil e também no exterior a mais de um ano. Deu uma canjinha do seu mais recente trabalho apresentando três canções novas incluídas no repertorio já conhecido dos outros shows. 
Maria Rita me parecia mais a vontade no programa, o que não senti em outras entrevistas apresentadas na TV, onde dava a sensação de um certo desconforto a o falar de sua vida e de seus trabalhos anteriores. Devo confessar que eu sentia uma especie de inibição a o vê-la dar entrevistas, como se não estivesse por inteira, armada, tensa, causando-me também desconforto e um tipo de inibição , forçando-me a gostar mais de seu trabalho como cantora do que da sua postura pessoal. Este sabor agridoce eu também sentia com relação a sua mãe Elis Regina, que decididamente era ainda mais intenso, mostrando-me mais tarde o excesso de responsabilidade que jogamos nas costas de nossos artistas, achando que eles são sobre humanos ou produtos de consumo à serviço de nossos gostos.


Maria Rita desde o inicio de sua carreira evitou falar ou fazer comparações de seu trabalho com o de sua mãe, o que é compreensível mas também inevitável, causando-me até a desconfiança de que esta postura não se restringia somente à comparações técnicas, mas questões de caráter emocionais não resolvidos. De qualquer forma o comentário de Jô Soares, ontem, sobre sua relação profissional e de amizade com Elis, fez Maria Rita emocionar-se por alguns minutos e a gente também.

Os talentos nos duetos

Eu nunca tive duvidas de que Amy Winehouse era uma das melhores cantoras que surgiu nas ultimas intra-safras de cantoras Pop, quando lançou seu primeiro álbum de estúdio chamado "Frank", depois o segundo "Back to Black", aclamado pela critica e consagrando-a como uma celebridade , nem seria pelo fato de hoje estar morta que eu a elegeria a melhor. O ser humano tem por hábito endeusar não só os artistas, como qualquer outra pessoa que partiram desta para a melhor, como se a morte apagasse todos os erros que cometessem durante a vida.
Hoje eu estava revendo o vídeo de Amy em dueto com Tony Bennett e lastimei a perda de sua vida com todo o seu talento para as drogas.
Depois assisti a outro vídeo-dueto, com Lady Gaga que também esta maravilhosa com seus cabelos azuis ao lado de Tony Bennett. Não sei por que criei tanto preconceito em torno de Lady Gaga, achando que as performances que usa em suas apresentações e o tipo de musica que canta, não combina com o meu gosto musical, ao contrario de Amy, do qual não sentia isto. Puro preconceito, bobagem minha!

No panelão de sopa.

Quando olhamos no fundo do olho de algumas pessoas, percebemos o caminho que elas decidiram tomar, mesmo a gente não concordando com ele. Não tem choro nem vela, por mais que pensemos na possibilidade de alterar-lo, apontando novos rumos, isto quase sempre, não é possível: A decisão já foi tomada, introjetada por forças inconscientes e acolhida pelo destino traçado lá na frente. É quando percebemos nossa impossibilidade de influenciar, de mudar opiniões e então nos calamos,  parecendo legumes de cores, tamanhos e sabores diferentes boiando numa grande panela de sopa, prontos para sermos devorados quando estivermos no ponto. Frágeis legumes de pouca influencia sobre as escolhas e decisões alheias.
Não estou tentando criar nenhuma verdade filosófica, (nem sei se isto é possível aqui e agora e se tenho capacidade pra isto), mas em algum momento estamos em pontas opostas, sendo ora observadores, ora observados no fundo de nosso olho, ao tomarmos decisões pessoais pouco convencional aos moldes sociais. Me sinto agora, como um legume.

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TÔ PENSANDO QUE:

Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...