Feliz Aniversario

Há algum tempo atrás eu e colegas nos reuníamos para elaborar um relatório de  insatisfações e reivindicar algumas mudanças no sistema de trabalho em que ate hoje atuo e que acreditávamos resultaria na melhora das relações humanas e no desempenho do serviço prestado à  sociedade. Nesta planilha de reivindicações a solicitação que mais almejávamos era a humanização por parte do serviço, o que significava respeito e  tratamento digno e por acreditar-mos que estas coisas deveriam iniciarem-se de cima pra baixo e de dentro  pra fora no ambiente de trabalho. Contestavamos  atitudes imperalistas que nos submetiam a um trabalho quase desumano, onde eramos subjugados  e desvalorizados como profissionais, tornando-nos cada vez mais desmotivados e insatisfeitos. Incansaveis encontros e reuniões foram feitas, sem que nada mudasse, criando-se cada vez mais uma lacuna divisora maior  e limosidades entre os que atuam na linha de frente e os que ficam atrás de mesas tomando decisões. Quinze anos já se passaram, gerentes, responsáveis técnicos e chefes diversos também.   Muitos desses colegas engajados nesta luta, se aposentaram, morreram, cansaram, desistiram. Desejávamos  mudanças simples que nunca foram dada a devida atenção e provando que cada regra nova que surgia, serviam apenas de facilitador a politicas internas que favoreciam somente à pequenos grupos da elite e que nestas ultimas semanas de novembro, comemoraram quinze anos de existência e conquistas. 

COLEGA SECRETO

Chegou Dezembro, Natal, festas de fim de ano, sorteio  de amigo, (colega secreto), êita coisinha mais impessoal, sortear o nome de uma pessoa que será o seu amigo secreto e cuja a finalidade deveria ser outra coisa e não a imposição de uma troca de presentes que engorda os bolsos do consumo comercial e que no final, nem sempre agrada quem de fato interessa. 
Depois tem aquela lista de sugestões de presentes,  que eu chamo de limitador  da criatividade e que normalmente não foge de uma cadeira de praia, um chinelo Havaiana ou um Kinder Ovo com uma surpresa  muy interessante. 
Por que as pessoas não se encorajam a modificar estas repetitivas atitudes? Parece que   se importam  em ganhar e  participarem deste jogo que é mais um mediador na politica da boa vizinhança, do que uma atitude natural e carinhosa do tipo: "Olha lembrei de você!". Mas lembrei mesmo.
Eu particularmente curto mais dar, do que receber e preciso parar de beber tanto café e não ser tão crítico.

Politicamente correta?

Eu não acompanho as novelas das 18horas, das 19horas e também das 21horas, mas desde que comecei a pegar alguns pedaços de Passione, naqueles momentos que não se tem mais nada para ver na TV, algumas cenas do personagem Gerson, mostrando-se tenso, desesperado e cheio de culpas, tentando esconder um grande segredo, me chamou a atenção.
Eu poderia apostar que se tratava de um caso de pedofilia ou homossexualidade, só não sabia de que forma a Globo conduziria este assunto. Na verdade não conduziu. Resolveu criar desculpas esfarrapadas, ou melhor, fazer remendos que não convenceu nem a mãe do Badanha, quanto mais ao telespectador. A emissora sempre cuidadosa com assuntos polêmicos, preferiu como na maioria das vezes, posicionar-se em cima do muro e sair pela tangente. 
Será que alguém já esqueceu do beijo entre os personagens (Júnior), de Bruno Gagliasso, (e Zeca), Eron Cordeiro na novela América, tão esperado pelos telespectadores e que nunca aconteceu?

Vaga para heróis.

Ontem a tarde, durante o plantão, fui procurado por um jovem que me fez lembrar daqueles personagens de desenhos animados de ficção da TV. Ele vestia uma bermuda  verde  estilo militar, tenis e um cinto "mil utilidades" preso por  tiras no meio da coxa, lembrando do personagem Falcon, voces lembram? Até a barba era meio parecida.
O cara estava à minha procura, dizendo-se em busca de informações sobre cursos para trabalhar na area de emergencia e que um dia me encontrou na rua, durante um atendimento e que eu o havia prometido de lhe dar informações à respeito. Eu particularmente não lembrava disto, não lembrava nem mesmo dele com seus quase dois metros de altura e olhar de quem corre atraz de sonhos e emoções.
Enquanto converssavamos, percebí sua empolgação pelo tipo de trabalho que prestavamos e sua ansiedade em buscar informações sobre tudo, como nossa atuação, funcionamento geral do serviço e os equipamentos que compunham a ambulância. Dizia-se ter nascido para  isto, que considerava um trabalho  de muita adrenalina e que estava em busca destas emoções que lhe faziam bem, permitindo-o ser um ser humano melhor. Gostava de estar envolvido nestas situações de risco que envolvem pessoas quebradas, mutiladas e que dependiam de sua ação para sobreviverem, que se sentia desmotivado e acreditava ser este o seu  caminho.
Algumas pessoas como ele, me passam a sensação de ultrapassarem a barreira da realidade para uma ficção particular, buscando emoções pessoais como se a vida fosse um empolgante jogo de vídeo game, um Set de filmagens do Sylvester Stallone, em que no final tudo dá certo  conforme planejado sem ingratas surprezas e percalços. Parecem à procura de uma vaga de herói onde acreditam que atuarão com  a mais perfeita maestria, sem erros, dificuldades e impasses do sistema burocratico a que estamos submetidos. A realidade  me parece bem diferente do que ele sonhava e eu não quis ragar seus projetos e  lhe passei algumas informações que achei necessarias.

*base: local de onde saem as ambulancias para os atendimentos.

ÁREAS DE RISCO.

Lendo em algum blog, sobre  essas particularidades que encontramos em alguns lugares atingidos por acidentes naturais, lembrei de minha visita à Valparaíso no Chile e o quanto  me surpreendi com  algumas particularidades da cultura local. Alguns detalhes parecem surrealistas, como esta placa posicionada na beira da praia, no Pacifico e que seus frequentadores nem davam atenção. Parecia  tudo tão normal, que isto não os impediam de entrar na água gelada e tomarem seu banho na mais tranquila paz e alegria. Mas eu em particular, fiquei impressionado e temeroso.


Algumas semanas mais tarde quando já estava em  casa ocorreu o ultimo terremoto no Chile, onde um tsunami destruiu alguns lugares que visitei e pelo que soube, nada sobrou dos prédios construídos naquela costa marítima. O mesmo aconteceu quando estava num restaurante em Cusco no Peru e percebi este outro aviso, fixado sobre uma coluna reforçada que cruzava sobre  a minha cabeça, enquanto almoçava.

 

No nosso país, a paz com relação a  acidentes naturais, sempre reinou, embora não devemos  nos esquecer do furacão Catarina, secas no norte e nordeste, enchentes, e desmoronamentos  causados pelo excesso da chuvas responsabilizando o aquecimento global e o crescimento desenfreado das cidades; Mas agora, em particular no Rio de Janeiro, embora tudo que vem acontecendo nada tem haver  com acidentes naturais, é inacreditável vê-lo transformado numa praça de combate onde circulam tanques de guerra, policia armada, ambulâncias e o desespero dos moradores como é transmitido pela TV.
Quando falo em cultura, não me refiro a manifestações artísticas sociais, (como musica, teatro, dança, língua escrita, mitos, etc.), mas as situações que motivam alterações comportamentais por se tornarem tão comum a o dia à dia das pessoas, que passam a fazer parte da historia de um lugar e de seu povo, modificando de fato suas atitudes. Espero que as incidências geradas nesta ultima semana no Rio, não se transforme em algo cultural e mais tarde seja colocada alguma placa informando: "Atenção - área de risco - traficantes no local.". Ou já existe?...

Pequenas atitudes que fazem falta.

Depois que retornei da festa, tirei a roupa e sentei na cama, sentindo-me faltar algo. Após alguns minutos percebi do que se tratava. Na minha família, em particular alguns membros dela, tem o habito de quando um amigo, conhecido ou mesmo um parente retorna  para sua  casa, depois de uma visita,  ligar para ele a fim de constatar se ele chegou bem, sem nenhuma intercorrencia no trajeto. 
Esta atitude que sempre considerei uma forma não de preocupação, mas de atenção e carinho, às vezes sinto falta.

À espera de um milagre

Marcos e Preta são casados e donos da padaria onde circunstancialmente compro dois pães franceses, um para a tarde e o outro para o dia seguinte, antes de eu ir para o trabalho. 
Ele é quem faz os pães, enquanto ela atende no balcão. Os dois não devem passar dos trinta e cinco anos de idade e sonham com viagens assim que conseguirem estabelecerem-se. 
Estabelecerem-se para eles significa: Pagar as contas, adquirirem a casa própria, trocarem a moto por um carro, o filho único entrar para a escola e sobrar algum dinheiro, tempo e oportunidade.
Marcos me disse que nunca saiu do Estado e ela da cidade. Ele fica sentado numa cadeira branca na porta da padaria com o olhar distante para a avenida onde correm os carros, ela passando álcool gel na vitrine do balcão . 
Ele tem os olhos, expressivos, grandes e brilhantes, ela pequenos e rasgados.
Ela usa toquinha branca na cabeça e ele caneta atrás da orelha.
Eles esperam uma oportunidade, quando a vida arranjar tempo, esperam por um milagre!

Medida de segurança.

Tenho a sensação que sei mais dos outros do que de mim mesmo, daí chego a ideias conclusivas através de um perfil traçado por uma suposta leitura de olhar, uma observação detalhada de gestos, uma sincronia de palavras, uma particularidade qualquer de expressão que se difere do esperado, tornando tudo particularmente aceitável ou não. Esta forma de análise sempre me pareceu mais fácil, mais cómoda, menos trabalhosa, menos doloso quando direcionada aos outros e não a mim mesmo e daí  crio um paralelo de ideias, conceitos, um preconceito. Estou convencido de que esta atitude é inerente à todos as pessoas, a diferença se estabelece na forma com que trabalhamos e conduzimos isto.
Daniel, como se apresentou pra mim, surgiu da noite pro dia, como o mais novo morador da praça em frente da minha casa, chamando a atenção e preocupação dos moradores que a utilizam-na em caminhadas pela manhã e fins de tarde. Sua presença causava não medo, mas o desconforto que se estabelece entre as pessoas que se mantém guarnecidas em sua zona de conforto moral e tem a preocupação  de que nada abale esta falsa segurança. 
Ficava sentado sobre a grama ou debaixo de alguma árvore entre sua infinidade de tralhas pessoais. Não incomodava ninguém, não dirigia a palavra à ninguém a menos que fosse solicitado. Seu olhar parecia propositalmente distante como se não houvesse ninguém à sua volta e  uma certa altivez mostrando-se despreocupado com olhares curiosos ao seu visível desleixo pessoal. Alimentava-se de bolachas e fatias de pão oferecida por vizinhos e até café que numa noite eu levei para aquecer-lo do frio. 
Noutra noite observei da minha janela, o carro da polícia estacionado sobre as dependências da praça e logo lembrei-me de Daniel. Dias depois, fui  informado que tinha sido afugentado, por que um morador preocupado  o denunciou à polícia, temendo por sua segurança.

Depois da tempestade a bonanza

Depois de ter ido para o trabalho de cabeça virada, (força de expressão), voltei para casa meio instrospectivo; Digo "meio" por que há momentos em que uma palavra inteira, não consegue definir adequadamente nossos mais simples ou complexos sentimentos. O dia cinzento e chuvoso de ontem, aliado a pequenas incomodações profissionais, ajudaram a compor-me de um perfil desajustado e deprimido.
A noite uma conversa pelo MSN que poderia resgatar-me  deste  estado, me pôs ainda mais  pra baixo, mais irritado e exposto a argumentos e sentimentos equivocados, cuja a ciranda  de queixas  e cobranças parecia nunca acabar. Hoje depois de terminada a tempestade e reinado a bonanza, pude avaliar melhor a situação e perceber que nos fizemos expostos  a estas situações, involuntariamente permitidas, sem estarmos devidamente protegidos se criasse-mos medidas que evitassem tantas invasões.
Tenho o defeito de acreditar que relações amorosas acabadas, podem ajustarem-se à novas relações em proveito de afinidades, carinho e amizade, o que nem sempre é posivel quando os sentimentos são confusos e não mais se afinam, colocando em risco a credibilidade e o respeito mutuo.

Reavaliação cronológica dos pensamentos

O blog é uma ferramenta que nos permite acompanhar um fluxo de ideias, no meu caso também assistir a evolução e mudanças que somos acometidos por influencia do meio e nossas digressões emocionais no conforto de uma cadeira, uma tela e um teclado magico onde as palavras digitadas, criam sentimentos, atitudes, reações. Nada que o antigo papel e a caneta deixassem de fazer, mas hoje vivemos dias mais modernos.  Uma colega de viagem, denominou o seu blog de: "Olha seu psicanalista...", nada mais criativo, prático e verdadeiro nesta relação que aparentemente inicia-se como um divertido passatempo e que aos poucos vai mudando de rumo e criando dimensões que só percebemos com um olhar mais atento e crítico. Semana passada estava lendo alguma postagens antigas em meu blog e me surpreendi, com as mudanças ocorridas neste intervalo de tempo, e de como crescemos e também regredimos em nossos pensamentos; Como defendemos sub-conceitos e enfeitamos mentiras, fazendo-nos crer que são verdades. Por vezes é penoso retroceder em algumas teclas e perceber que algumas palavras doem a o serem relidas.

Virando abóboras

Dia 24 de Setembro, postei aqui no blog um texto chamado "Dando de pau", em que eu descrevi o tratamento grosso, mal educado e preconceituoso que me foi dirigido por um colega durante o horário de expediente e que considerei uma agressão, um desrepeito e que em algum momento do texto eu ainda coloquei: "Não sei se minhas palavras serviram para que ele repensasse melhor sobre sua atitude, ou se foi apenas uma paulada em sua cabeça e que me promoverá a seu mais novo inimigo".
Adivinhem?..  Darei uma moeda de premio para quem acertar o que aconteceu depois!
O cara não me olha mais nos olhos, faz de conta que eu não existo e eu  pergunto: Era de se esperar outra atitude que não essa?.. Neste mundo moderno em que vivemos é mais fácil homens virarem abóboras, do que abóboras em homens.
Lembro-me de outra situação, (fato completamente diferente do postado no texto acima), em que eu e um outro colega de trabalho, nos desentendemos quanto a escolha da  candidata para ser a nova diretora de enfermagem  do hospital. Já estava próximo do dia das eleições e ele ainda não havia se posicionado em quem votar. Quando revelei minha candidata, ele caiu de pau em cima de mim, dizendo que eu estava equivocado, que minha escolha não poderia ter sido a pior de todas e que eu deveria posicionar-me como ele, neutro, pois não havia ninguém em condições de assumir aquele cargo no momento, opinião que eu discordava. 
Esta diferença de ideias gerou um pequeno desentendimento que a princípio não levei a serio, mas que mais tarde percebi ter lhe causado sentimentos de desafeto com relação a mim. Passado alguns plantões, notei que ele não me dirigia mais a palavra e quando eu tentava dividir o mesmo espaço com ele na mesa do refeitório (por exemplo) ele levantava-se e saia, visivelmente irritado com a minha presença.
Diante deste fato desagradável, resolvi chama-lo para uma conversar e buscar algum entendimento no impasse gerado. Me desculpei por talves ter usado palavras inadequadas, mas que minha posição ainda se mantinha a mesma com relação a minha candidata. Ele aceitou minhas palavras e saindo dali, passou a me tratar como antes do mal entendido, embora tivesse a necessidade  de justificar à todos os outros colegas que eu havia  lhe procurado para pedir desculpas arrependido de minhas posições anteriores.
A partir daí, eu percebi a dificuldade que as pessoas encontram em aceitarem as diferenças de opiniões e que quando defendemos algumas posições contrarias as suas, corremos o risco de ser-mos mal interpretados e nossas palavras serem conduzidos à terrenos pessoais, sem que tivesse-mos a intenção. 
Algumas pessoas, criam certas imposições baseadas na cumplicidade de opiniões: "Ou pensas como eu, ou não me serves!". Te obrigam a o corporativismo linear do conformismo sem se darem a chance de serem questionadas, fora disto se sentem ameaçadas. 
Quanto ao pedido desculpas que fiz então, é visto como um ato de arrependimento, que te coloca numa posição inferiorizada, de quem errou e busca (humilhante) retratação, o que nem sempre é isto. Poucos percebem o pedido de desculpas como uma atitude superior em respeito ao ser humano e sua  diferença  ou uma retomada de relação que é mais importante que qualquer posição adversa ou mal entendida. Todos sabemos que o direito de opinão deve ser respeitado, mas na prática, as reações são diferentes.

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Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...