Bode espiatório

Quando chegamos do passeio, já noite, o café já estava pronto com pão quentinho sobre a mesa e Ada anunciava para todos ali presentes, que Carlinhos iria leva-la para dançar. Ele confirmava com bom humor a sua promessa de leva-la e convidava todos nós para acompanha-los. Ju também demonstrou interesse e logo convenceu seu marido Patric de irem juntos a o baile. Paulo e Tânia se dividiram, ele queria ir, mas ela não, confessava estar cansada e iria em seguida para cama. Todos tomaram seu banho rapidamente e arrumaram-se e se encasacaram pois estava frio naquela noite.

DE QUEM É A CULPA?

Ontem me sensibilizei demais num atendimento com uma mãe que perdeu seu filho de vinte e um anos, num acidente de carro. Ela estava inconsolável e enquanto chorava perguntava pra mim e a sua acompanhante na ambulância, o porquê do filho ter sido escolhido à morrer de forma tão violenta, seu filho único, amado, bom. Por que ela a escolhida a sofrer aquela perda, o que poderia ter feito de errado? Mesmo sem fazer qualquer transferência, comparações ou associações pessoais a minha vida ou meus medos, segurei-me para não chorar e grudar-me em uma de suas mão. Nestes momentos, sempre nos perguntamos de quem é a culpa!

Obviedades

Esta ultima viagem, me fez pensar em algumas coisas, como por exemplo, no porque abrimos algumas portas e fechamos outras. Não fechamos sem antes sinalizar pros dois lados, assim como não abrimos no momento inoportuno ou adverso a nossa necessidade e espontaniedade. Tudo parece fazer parte de um ciclo sem que percebamos sua engrenagem e forma de funcionamento, depois tudo começa a se revelar e ficamos boquiabertos com a sua obviedade.

DE POA A PUNTA DEL DIABLO


No feriado de Sexta feira Santa e domingo de Páscoa, aceitei o convite de amigos e fui passar três dias no extremo sul do país, para conhecer as cidades de Santa Vitória do Palmar, Chui brasileiro, Chuy Uruguaio, as localidades de Castilhos, Rocha e Punta Del Diablo no Uruguai. Como viajei de carro, percebi o quanto o nosso país é rico em extensão de terra e diversidade na flora e fauna. Foram 454 km de Porto Alegre à Santa Vitória do Palmar, cortando o Estado e atravessando a reserva do Taím, numa estrada praticamente em linha reta, admirando planícies, banhados, plantações, lagos e paisagens magnificas.


O grupo era composto de 7 pessoas (Paulo, Rosane, Tânia, Athos, eu, uma cadelinha poodle chamada Meg e mais um casal de motociclistas (Carlos e Ada) que deslocavam-se a alguns quilômetros atras. 
Saímos na sexta-feira Santa de PoA às 06h 40 min. e chegamos em Santa Vitória do Palmar em torno das 13h. famintos e cansados. Fomos recebidos por Ju e Patric um casal muito simpático e cuja a hospitalidade não tenho palavras para definir...


SEXTA FEIRA

SANTA VITORIA DO PALMAR:
Depois do almoço, fizemos um tour por Santa Vitória do Palmar, a cidade é relativamente pequena com cerca de 32 mil habitantes, banhada pela Lagoa Mirim, considerada a maior lagoa do estado, já que a Lagoa dos Patos subiu de posto e é classificada hoje como uma laguna. S.Vitória do Palmar, possui um porto lacustre desativado e uma área de lazer, onde seus moradores utilizam para a atividade de pesca o ano inteiro e banho no verão.


Embora um tanto abandonado pela administração local, o espaço não perde a sua beleza e favorece a apreciação do Pôr de sol no final das tardes ensolaradas, que segundo seus moradores é magnifico.

ORIGEM DO NOME:
A cidade recebeu este nome devido a Santa Vitoria padroeira da cidade e a grande quantidade de palmeiras de butiá na região, provavelmente semeadas pelas aves migratórias que se abrigam junto aos banhados da Lagoa Mirim.

CENTRO HISTÓRICO:
Visitamos o centro da cidade onde se localizam a praça Central, a Prefeitura, a Igreja e algumas casas com arquitetura centenárias. O cemitério fica um pouco mais afastado, mas não deixamos de visita-lo por considerar que este local é também um registro histórico da cidade devido as pessoas que construíram a cidade ou deixaram algum legado nos costumes e cultura da cidade.


SÁBADO:

ATRAVESSANDO A FRONTEIRA:
A pouco mais de 19 km, estávamos no Chui brasileiro e ao atravessarmos o canteiro central o Chuy Uruguaio, considerado um dos grandes centros de comercio da região. Ali é possível comprar do chinelo de dedos a o mais sofisticado eletroeletrônico por preços bastante em conta. Brasileiros tem passe livre e facilidades para as compras. São isento de impostos e podem até parcelar em cartões de créditos internacionais. 



FORTE SÃO MIGUEL:
Mas se você é do tipo como eu, que tem pavor a o consumismo e lojas lotadas, com entra e sai de pessoas, deve seguir em direção a costa serrana do Uruguai até o Forte de São Miguel. São 9km da cidade do Chuy. O Forte está localizado sobre a Serra de São Miguel, a 35 metros sobre o nível do mar, no Departamento de Rocha, a aproximadamente 350 Km a leste da capital uruguaia. E é imperdível uma visita!

 

Apesar de sua estrutura imponente é graciosa, tem em suas paredes uma cor amarelo ocre, talvez originado por algum fungo que lhe dá essa aparência e um charme todo especial. Sua planta é retangular, com os baluartes arrematados por uma guarita de vigia parcialmente incrustada em cada vértice, totalizando um perímetro de 300 metros de comprimento. 


A entrada do forte se dá através de uma ponte levadiça sobre um fosso d'água profundo. Seu interior é constituído por (uma Capela, Casa do Capelão, Casa e Cozinha dos Oficiais, Casa do Comandante, Paiol da Pólvora, Quartel e Cozinha da Tropa) e possuem cobertura de telhas cerâmicas em meia água. Estão todas voltadas para a praça de armas central, com a retaguarda apoiada nas muralhas exteriores. A Fortaleza foi construída pelos portugueses em 1737 a mando do Brigadeiro José da Silva Paes. Retornamos para Santa Vitória do Palmar ao anoitecer.



DOMINGO:

PARQUE E FORTALEZA DE SANTA TEREZA:
No outro dia, domingo de Páscoa, saímos de manhã para visitar o Parque e a Forte de Santa Tereza situado numa área militar, no quilometro 302 da rota 9, dentro do perímetro Uruguai. O parque é um lugar belíssimo, desenhado com um grande sentido estético e respeitando o equilíbrio ecológico e que me fez lembrar de alguns lugares em Gramado. Surgiu ao redor do Forte de Santa Teresa. Depois deste ter sido abandonado e saqueado. Houve uma restauração em 1928 e é mantido pelos militares uruguaios até hoje, que recepcionam os visitantes na sua entrada.


São 3.000 hectares com muitas árvores, exóticas e nativas, 60 km de estradas internas asfaltadas, 15 km de praias com muita vegetação, entre outros atrativos. Lá é possível também fazer Camping, com autorização dos militares, que oferecem panfletos informativos sobre o local. Almoçamos no restaurante dentro do parque e depois fomos apreciar cada cantinho do lugar. A Fortaleza de Santa Tereza fica dentro do Parque de Santa Tereza e é possível ir de um lugar ao outro sem necessidade de pegar a rota ou estrada principal.


O Forte é grande e deve ser umas quatro ou cinco vezes maior que o Forte de São Miguel, mas é muito imponente e é possível imaginar através de sua estrutura com grossos blocos de pedras e posição geográfica, toda a sua história e preocupação com as invasões que aconteciam na época.
Fica a uns 35 Km do Chuy, na província de Castilho e foi construído em 1762 pelos portugueses que queriam defender os limites territoriais contra os espanhóis.
Neste domingo de Páscoa estava acontecendo uma missa em sua capela interna, lotada de fiéis. Como já falei antes, ele é enorme e dá a sensação de que não dará tempo de ver tudo, ou que ficou alguma coisa despercebida.


Saindo pela entrada principal do Parque de Santa Teresa e seguindo à frente por mais 5km o visitante vai se deparar com a Laguna Negra, também conhecida como Laguna de los Difuntos, que apesar do nome, é uma reserva de água doce e pura, com uma profundidade máxima de 5 metros em sua superfície de 182 km2.
Ver o pôr do sol enaltece ainda mais a beleza do lago que possui uma cor azul esverdeada. Durante o percurso é possível ver grande quantidade de pássaros coloridos.



PUNTA DEL DIABLO:
Seguindo viagem fomos até Punta Del Diablo, balneário que fica a cerca de 3 Km. do Parque de Santa Tereza, na altura do Km 298 da Rota 9, que é muito bem sinalizada e o asfalto parece um tapete. O balneário é pequeno e tem aquela característica de vila de pescadores, com ruas de terra e casas construídas de formas e pinturas artesanalmente coloridas. A praia é uma enseada com grande quantidade de rochas que invadem o mar e gigantescas ondas de arrastar desprevenidos. Também se encontra muitos bares e cabanas de artesanato, que aumentam o comercio local e dá aquele ar meio hippy a o lugar.

ORIGEM DO NOME:
Existem algumas teorias sobre a origem do nome Punta Del Diablo, uma é de que vista de cima, o litoral possui um recorte geográfico, que lembra um tridente. Existe também a suposição, de que o barulho provocado pelo vento, assombrava seus moradores, provocando um uivo estranho, a que  eles chamavam de voz do diabo.



Dizem que o tráfego de pessoas no verão é intenso, pois muitos brasileiros, argentinos e os próprios uruguaios se deslocam para esta praia neste período, tornando difícil de se conseguir onde ficar, sem fazer reservas. Não existe hotéis de grande porte, ao menos não os vi, quando estive por lá de visita, mas tem muitas pousadas, cabanas e Camping para alugar. Percebi uma incidência grande de frequentadores ou visitantes jovens no local e lamentei não ter tido tempo de visitar o Cabo Polônio,  outro lugar mágico, uns 65 km dali.





PRAIAS:
Em Punta Del Diablo existem 4 praias: Playa Grande, Playta Del Rivero, Playa de Los Pescadores e a Playa de La Viuda, onde as três ultimas são mais movimentadas que  a primeira.
Retornando para a casa de Ju e Patric, nossos anfitriões, demos uma passadinha rápida na Barra do Chuy, começava a escurecer e estávamos preocupados de não conseguir registra-lo em fotos por causa da diminuição da luz do dia. Engraçado, mas aquela área de terra represada no meio da água, me lembrou uma grande massa de panqueca aberta flutuando. Ainda pegamos a noite no meio do caminho, mas com a estrada bem sinalizada e segura. Dormimos cedo, pois sabíamos que no outro dia, segunda- feira, era hora de enfrentar a viagem de volta para casa.


SEGUNDA FEIRA:

TRAVESSIA DE BALSA DE RIO GRANDE À SÃO JOSÉ DO NORTE
De volta para Porto Alegre pela manhã, fizemos um caminho alternativo: Santa Vitória do Palmar, Rio Grande, São José do Norte, Bojuru, Tavares, Mostardas, Palmares do Sul, Capivari, Viamão e Porto Alegre. Considerei este, um caminho mais rápido pela diminuição do trafêgo de veículos na estrada, além da economia por não pagar tantos pedágios como foi na ida, (seis pedágios à R$ 7,50 cada um R$ 45,00). Chegamos ao porto de Rio Grande às 12h 15min. e fizemos um lanche rápido, pois a balsa saia às 13h.


A balsa deslocou lotada de carros e caminhões carregados do porto de Rio Grande em direção à São José do Norte, num percurso de 30 minutos sobre a Lagoa. Mal conseguíamos nos mexer entre os veiculos estacionados. O ingresso da travessia é de R$ 14,20 para veículos pequenos (carros) e no meio do caminho, pode-se admirar o afastamento de uma cidade e a aproximação da outra além do intenso fluxo de embarcações que cruzam pela gente no sentido oposto da travessia. Ah, uma observação que eu faço: Durante a travessia, não foi oferecido colete salva- vidas a nenhuma pessoa no interior da balsa e quando perguntei a o funcionário sobre o uso obrigatório deste equipamento ele se fez de desentendido e sumiu entre os carros e caminhões.




SÃO JOSÉ DO NORTE:
Lembrei que não tínhamos muito tempo para passear por Rio Grande e conhecer melhor a cidade, mas fizemos um rápido tour quando chegamos do outro lado em S. José do Norte com construções tipicamente açorianas como já havia encontrado em suas cidades vizinhas como Tavares e Mostardas. Dentro da pequena cidade obtivemos informações rápidas e precisas sobre a localização da RST-101, a famosa estrada do Inferno. Ela estava em excelente condições para se trafegar, até as imediações de Mostardas onde encontramos alguns buracos na pista provocados pela chuva da estação. Chegamos em Porto Alegre às 18h 40min.


Sem desmerecer o nosso país, gostei muito da costa Uruguaia. com estradas boas para se rodar, baixo fluxo de veículos e muita gente educada e alegre para dar informações. Nas Aduanas pediram somente a documentação dos ocupantes do veiculo e a carta verde que providenciei em Poa, junto a Seguradora do meu carro. Faltou visitar muitos lugares como, La Paloma, Piriapolis, Colônia de Sacramento e Montevideu, pela falta de tempo. Mas numa outra ocasião voltarei para conhece-las!.
Até o próximo passeio!

IGREJA MATRIZ DE SÃO JOSÉ DO NORTE

Churrásco de capi(N)cho

No churrasco de Sábado em Santa Vitória do Palmar, comi o tal de capincho assado, (apelido dado a carne de capivara, aquele bicho 1/2 ratão 1/2 porco que vive nos banhados e que avistei quando cruzei de carro pela Reserva do Taim). Até que desta vez, não achei das piores coisas que já comi na vida. Uma vez tive uma experiência traumática quando tentei provar um pedaço do bicho, oferecido por uma colega que fez uma propaganda dizendo que era maravilhoso. O pernil assado, dado por ela era tão fedido, que levou semanas para sair a catinga do forno de micro ondas, quando o aqueci. Quando dei para o meu cachorro comer, ele virou a cara como quem diz: Mui amigo, tô fora!.. e ignorou por completo a iguaria. Eu havia jurado que não colocaria mais este bicho na boca, mas no Sábado me rendi a o perceber que não tinha o mesmo cheiro e gosto nojento! Lembra carne suína, porém mais seca e de sabor acentuado. E o segredo para que ele fique comível, está no manejo ao limpar logo após ser caçado e depois preparar a carne lavando inúmeras vezes.


Páscoa no Chuy

Amanhã estou saindo para mais um passeio em direção a região mais meridional do estado. Partirei de manhã cedinho em direção à Santa Vitória do Palmar, Hermenegildo, Chuy, Maldonado e Punta Del Diablo no Uruguay. Na volta postarei alguns comentários sobre o passeio e as curiosidades que vi nestas paragens. Até o dia 05 depois da Páscoa!..

CONHECENDO O MAIS ALTO VIADUTO DAS AMÉRICAS



Ontem, dia 28/03/2010 eu percebi que algumas coisas na vida tem um Sabor melhor quando são compartilhados com pessoas que também estão na mesma sintonia, com o mesmo objetivo comum, criando uma parceria coesa que divide suas emoções, seus medos e suas alegrias., sem a vergonha de demonstra-las. Este post é para agradecer o pessoal que me acompanhou até Vespasiano Corrêa no objetivo de visitar a ferrovia do Trigo, em particular o Viaduto 13, o mais alto das Américas e seus túneis.
Soube da existência deste viaduto através da internet e então fui conhece-lo com alguns amigos, parceiros de fé, que também adoraram a ideia.
O grupo era formado por:
Ademir e Denair, 
Athos e Carol, 
Cristina e Beto, 
Ana Carla e Vanderlei, 
Bruna e Giovane 
e eu.

Saímos de Porto Alegre as 9:13 horas em direção a Muçum (a princesa das pontes) uma cidade pequena e agradável com pouco mais de 4.000 habitantes . Não sabíamos exatamente a localização do viaduto mas tínhamos a cidade de Muçum como referência e então fomos pedindo informações aos moradores da cidade, que nos indicavam o caminho a seguir, por uma estradinha de terra na encosta do vale do Taquari, até Vespasiano Corrêa. Na medida que nos embrenhávamos entre plantações, estradinhas tortuosas a paisagem ia se revelando.


Estávamos em três carros com 11 pessoas e a todo o instante enxergávamos viadutos que cortavam os morros a cima de nós. Mas não queríamos ver apenas viadutos, queríamos o mais alto, o de 143 metros de altura, o mais alto das Américas, que eu havia colhido informações da Internet. De Muçum até lá foram uns 20 km passando por plantações de milho, soja, olhares curiosos de moradores e uma capela muito simpática que nos chamou a atenção e nos fez parar para admira-la de perto.


Andando mais alguns quilômetros, chegamos aos pés do Viaduto as 12h.46mim. numa pequena clareira com um bar muito modesto, chamado V-13 escrito à mão com carvão e um quiosque de boa infra-estrutura com cadeiras e mesas para se lanchar. O viaduto estava à nossa frente, imponente, inacreditavelmente alto e nos causando um certo receio de subirmos até o seu topo.




Passeando sobre o viaduto:
Fizemos então um lanche rápido e subimos de carro por uma estradinha no meio da mata que nos deixou a poucos metros da entrada do viaduto e um dos seus túneis. A vista lá de cima é magnifica e se tem uma visão panorâmica de todo o vale. Não cruzamos todo o viaduto, mas passeamos por boa parte dos trilhos e admiramos tudo que era possível ser captado por nossos olhos atentos.

A primeira sensação, olhando lá de cima é de vertigem, instabilidade e medo, mas que logo dão lugar a contemplação e a sensação de liberdade conquistada pelo esforço, coragem e audácia. Sobre o viaduto existe uma especie de sacada em concreto que possibilita visualizar de cima toda a beleza da região e que também serve de proteção caso o trem passe.


A hora da decisão:

Mas depois de estarmos lá em cima, faltavam mais coisas para completar na nossa aventura de apenas um dia. Precisávamos atravessar um dos túneis que inevitavelmente causa medo pela escuridão e a incerteza de que hora o trem poderá passar. Já na entrada avistamos uma placa de alerta que nos causou receio e a certeza de que estávamos num espaço ilegal, por nossa conta e riscos.

Mas como ir num lugar destes sem aproveitar tudo que ele podia nos oferecer?.. Tínhamos que correr o risco mesmo sabendo que a visibilidade era zero e que o trem normalmente com mais de cinquenta vagões carregado de soja e outros produtos, passava três vezes por dia sem hora marcada e nem buzinava ao entrar nos túneis. Ainda tinha o fato de que lugares escuros podem ter morcegos e ratos e onde há ratos, pode haver cobras...

O numero de pessoas era grande e eu pensava se daria tempo de todos encontrarem um refúgio naquela escuridão, se viesse um trem. Este refugio a que me refiro, trata-se de um espaço construído dentro dos tuneis e que possibilita proteger-se em caso de surgir alguma locomotiva. O problema é que os refúgios construídos a cada trés metros, só é possível caber trés pessoas de cada vez e eramos 11 pessoas.

Entrando num dos Tuneis:
Bom, quem está na chuva é pra se molhar!.. Então discutimos um ponto favorável aqui, um outro negativo acolá e por fim descobrimos que a curiosidade era maior que nosso bom senso e decidimos entrar. Só tínhamos levado uma única lanterna, então não enxergávamos um palmo de distância à nossa frente. O chão era coberto de cascalhos e facilmente afundávamos os pés ou tropeçávamos em alguns dormentes que prendiam os trilhos.




O pessoal gritava fazendo eco e algumas vezes imitavam o som da buzina de um trem entrando no túnel, o que causava pânico geral. O que me surpreendeu é que encontramos famílias com crianças pequenas dentro da escuridão, sem a mínima preocupação com a segurança. Que coragem!.. 

O medo de Ademir: 
Na foto acima, flagramos o Ademir sendo levado pela mão, por não se sentir encorajado em ter de fazer todo o trajeto escuro de volta e também descobrimos neste passeio que ele tem fobia por altura. Mas depois de vencer novamente a escuridão, e dar muitas gargalhadas, fomos recompensados pela claridade da entrada do túnel e mais tarde a bela visão de uma cachoeira próxima aos alicerces do viaduto. Como o acesso para a cachoeira era por uma área particular, tivemos de pagar R$ 1,00 por pessoa pelo privilégio de usufrui-la. Era justo!




A saída daquele túnel seria um alívio para nossas angustias e também a merecida satisfação de uma etapa vencida. O cheiro intenso de mofo, a baixa quantidade e qualidade de ar respirável e o medo de que o trem passasse antes de encontrar um refugio era uma das coisas que mais nos deixavam apreensivos. Caminhávamos a passos largos na ânsia de vencer o tempo (o tempo para que nenhum trem passasse por nós naquele momento).

Enfim, já quase na metade final da caminhada, encontramos luz no meio do túnel. Era uma espécie de área de ventilação, feita de concreto em forma de arco, onde podia-se apreciar toda a beleza do vale e absorver um pouco de ar respirável. Andamos mais alguns metros e chegamos então ao seu final, cansados e com a alegria de quem vence uma batalha. A surpresa maior é que depois deste túnel, em que caminhávamos e que deveria ter mais de 500 metros, havia um outro, do qual era impossível precisar seu tamanho, pois não havia placas informativas e fazia uma curva, impossibilitando-nos de enxergar luz no seu final. Isto nos deixou inseguros, ficamos preocupados com a possibilidade de ser o túnel de 2 quilômetros (o maior deles) e então fizemos o caminho de volta para visitar uma cachoeira próxima dos largos pés de concreto do viaduto 13.




Banho de Cachoeira aos pés do viaduto:
Como não levamos roupas apropriadas para banho, não foi possível entrar na água, somente a comadre que entrou de roupa de passeio e deu um show digno de cena de cinema italiano. (La Doce Vita), lembram da cena Anita Ekberg, banhando-se no Fontana Di Trevi?
Voltamos para casa em torno das 18:00h. e chegamos à Porto Alegre em torno das 20.h. 32 min. cansados da aventura.
O viaduto 13 tem esta denominação por ser o décimo terceiro, de uma sequência de viadutos que se inicia no centro da cidade de Muçum e faz parte da Ferrovia do Trigo, a EF-491. Foi construído pelo primeiro batalhão Ferroviário do Exército brasileiro durante a década de 70. Possui uma altura de 143 metros e uma extensão de 509 metros. Inaugurado pelo presidente Geisel em 1978. É tido como o maior viaduto da América Latina e o segundo mais alto do mundo, superado apenas pelo Mala Rijeka em Montenegro- Belgrado, com 198 metros de altura.

Contam alguns moradores, que durante a construção do viaduto, ocorreram vários acidentes, inclusive a morte de um soldado que caiu dentro do molde de um dos alicerces do viaduto e foi concretado, já que os gigantescos moldes não puderam ser desfeitos para a retirada do corpo. Alem deste soldado, muitos outros perderam sua vida na construção da ferrovia do trigo.



Lembretes básicos para esta aventura em especial:
Leve muita água e roupa confortável. A caminhada pode ser longa, isso vai depender da tua disposição e espirito aventureiro.
Lanternas se entrar nos tuneis. A entrada nos tuneis são por tua conta e risco uma vez que e´proibido andar lá dentro e ser atropelado por um trem que não tem hora marcada para passar. 
Os tuneis não possuem informações na entrada sobre sua profundidade. Isto significa que vc pode entrar num de 500, 800 ou até 2 km de comprimento e encontrar um trem pelo caminho. 
Os refúgios dentro dos tuneis são a cada 13 ou 15 metros e deve caber em torno de 3 à 4 pessoas de cada vez.
Repelente por causa do massacre de pernilongos. 
Roupa de banho para entrar nas cachoeiras. 
Maquina fotografia ou filmadora se quiser registrar a aventura.
Disposição e controle em caso de medo de altura e escuridão.
Mais fotos aqui:

O Blefe

Dias atrás fui atender uma mulher de 45 anos que suicidou-se com over dose de comprimidos porque sofria de profunda depressão e evidentemente nada mais podia ser feito quando cheguei. Ela morava só, viúva, filhos adultos, já criados, independentes e deixou um bilhete sobre a cômoda para seus familiares que assustados, às volta com a policia resolviam os trâmites legais. O bilhete escrito a mão estava com um dos filhos que entregou-me e dizia o seguinte:
Se eu telefonasse ou mandasse um recado pra todos vocês dizendo que eu faria isto, que vocês nunca mais olhariam para a minha cara, vocês se preocupariam e viriam atrás de mim ou só apareceriam depois que tudo terminasse, preocupados em evitar a vergonha que eu daria pra vocês diante dos vizinhos?
Eu fiquei pensando no que ela escreveu e me perguntei: Se qualquer um de nós numa atitude desesperada como a dela, que visivelmente precisava de ajuda, tentasse fazer isto, quantos acreditariam e viriam em nossa ajuda antes de pensar e desconfiar que poderia ser apenas um blefe, uma tentativa somente de chamar a atenção?
Pensei também nos apelos que fizemos e recebemos e que inúmeras vezes não são dada a devida atenção ou merecido carinho. Algumas lições na vida não tem prova de recuperação!

O amanhã

O que vem depois que uma relação se acaba? Antes me parecia que era uma espécie de tristeza, de vazio, associado a sensação de fracasso ou de um sentimento de perda, o cansaço pelo esforços emocionais que não deram certo por ambiguidades, por diferença de objetivos comuns. Mas passado algum tempo, se percebe que oque vem depois, podem ser alguns vagos sentimentos de raiva calcificados pela forma como se conduz o desfecho final, o desmembramento e tranformação das lembranças boas e também ruins em fatos normais de um passado que ainda é recente. Tenho fumado demais o que entre outras coisas causa câncer de pulmão e morte, eu sei, assim como falado em excesso, o que causa arrependimentos e um certo constrangimento futuro. É que algumas vezes tenho o pavio curto e acabo explodindo por coisas que não valem uma revolução. Como diz uma amiga: Amanhã vamos dar grandes risadas de tudo isto! e é verdade! E eu fecho este post na tentativa de zerar tudo, com a musica do Guilherme Arantes tocando imaginariamente de fundo:
Amanhã será um lindo dia da mais louca alegria que se possa imaginar. Amanhã redobrada a força pra cima que não cessa, há de vingar. Amanhã mais nenhum mistério, acima do ilusório, o astro-rei vai brilhar. Amanhã a luminosidade alheia a qualquer vontade há de imperar.

Se chover!...

Levantei preocupado com a cara do tempo aqui em Porto Alegre (que está de aniversário- 238 anos). Dias nublados, cuja manhã se parece com inverno de campanha. Será que é só aqui no meu bairro este vento gelado e estas nuvens carregadas? É que marquei com amigos de fazer uma trilha dia 28 e se chover.., vai dar guru. As previsões do tempo para domingo é de Sol, mas nunca se sabe que rumo tomará a vida, quanto mais o clima!

Insônia

E foi com esta sensação incomoda de ter ganhado mais um adjetivo 'no muy agradable' para minha coleção, que eu supostamente ontem à noite furei minha dieta com a tele- entrega de um cachorro quente americano número 3 gigantesco com linguiça, queijo, batatas fritas, molho e duas latinhas e cerveja. Fui dormir tarde depois de assistir 'Corina uma Babá Perfeita' no Insônia Class. O filme é uma comédia simples, leve e que já assistí antes e trata sobre racismo, discriminação e condição social, além de uma trilha sonora magistral.

01. Oleta Adams & Brenda Russell - We Will Find A Way
02. Ted Hawkins - Corrina, Corrina
03. Thurston Harris - Little Bitty Pretty One
04. Sarah Vaughan - They Can't Take That Away From Me
05. Louis Armstrong - You Go To My Head
06. Dinah Washington - What A Difference A Day Makes
07. Niki Haris & Peter Cox - I Only Have Eyes For You
08. Big Joe Turner - Corrina, Corrina
09. Duke Ellington & Ivie - It Don't Mean A Thing If You Ain't Got That Swing
10. Jevetta Steele - Over The Rainbow
11. Jackie Wilson - 'Reet Petite
12. Billie Holiday - Pennies From Heaven
13. Hank Ballard & Midnighters - Finger Poppin' Time
14. Original Score - Home Movies
15. The Steeles - This Little Light Of Mine



Postagem em destaque

TÔ PENSANDO QUE:

Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...