O FUJÃO


Hoje Bili resolveu passear. Aproveitou o descuido de sua dona e escapolio às pressas pelo cantinho do portão entre aberto quase derrubando-a no chão. Contam que Bili é um labrador de natureza dócil e educada, mas a possibilidade de dar uma fugidinha em direção a liberdade das ruas, praças e qualquer canto que pudesse enfiar seu focinho curioso, fazia-o sempre esquecer as boas maneiras. Mobilizou toda a família durante o dia em sua procura e nada. Já no final da tarde, quando já escurecia e todos demonstravam exaustão, brabeza e uma certa preocupação por estar quem sabe morto, atropelado, preso em algum cativeiro, retornou sujo, de orelhas caídas, rabo entre as pernas e olhar de resignação. Quando chegou silencioso, foi uma festa geral, mistura de risos, alívio e advertência: Se tu fizeres isto de novo, vais para a corrente!
Bili deitou sobre o seu tapete na entrada da garagem e dormir a noite toda com cara de criança cansada.

Voadeiras



Tenho paixões que se alternam periodicamente em minha vida. Elis, Zizi, Cássia Eller, Marisa Monte e ai se vão. Há alguns dias descobri Mônica Salmaso a partir do programa Som Brasil em homenagem a Edu Lobo realizado pela TV Globo dia 25/07 do qual postei comentário em meu blog. Entrei na internet, pesquisei sobre a cantora, ouvi suas musicas e foi um encantamento total. Baixei seu cd Voadeira do qual destaco as musicas: Dançapé de Mario Gil, Senhorinha de Guinga, Canto em qualquer canto de Ná Ozzetti, Silenciosa de Fátima Guedes, Ave Maria no Morro de Herivélto Martins. Curioso com o titulo escolhido para seu cd, chamado Voadeira, fui em busca do significado da palavra que a principio não tinha referencia no dicionário do Microsoft Office Word, mas que encontrei por teimosia no site: , da jornalista Carol Costa que explica: Voadeira, um tipo de barco, tem um pouco cara de roça, de alçar vôos particulares, de coisas simples.
*Mais informações sobre a cantora: Entre em seu site:aqui

A Morte

A morte não tem conceito exato, nem raso. Não é apenas um corpo sem vida sob uma cova, mas ausência total de trocas elementares, boas ou ruins!

VÔ ANTÔNIO.

Antônio Barbosa, era o homem que conheci como avô. Era o terceiro marido de minha avó, que antes viuvou de dois e com ele não teve filhos. Era um homem quieto, autoritário e pouco simpático. Raramente dirigia-me a palavra e seu olhar sisudo demonstrava a pouca simpatia que tinha por mim.
Quando morreu, seu corpo foi velado sobre a mesa da cozinha, onde tantas vezes orou antes de fazer as refeições. Seu caixão era simples e sem adornos e nem flores foi jogado sobre o seu corpo porque era contra cerimonias ou homenagens fúnebres.
Meus tios contavam que um mês antes de sua morte, ele chamou minha avó e disse-lhe que já estava perto a sua partida. Entregou-lhe uma pasta com documentos e dinheiro para que não fosse pega de surpresa na hora de seu enterro. Apesar de nossa pouca ligação de afeto, eu sabia que era um homem integro, sensível e temeroso á Deus e pelo qual toda a família lhe tinha respeito...

O VELÓRIO


Meu avô e eu tinha uma relação de distancia...( distancia essa imposta por ele e que só mais tarde vim saber a razão). No dia de seu velório, aproximei-me para vê-lo deitado no caixão de terno escuro e mãos sobrepostas, cobertas por um lenço branco. Era um dever de todos os entes queridos independente da idade, dar o ultimo adeus, com um beijo de despedida na testa de quem morresse. Embora não me sentisse querido, sentia-me na obrigação de faze-lo por uma questão de respeito a minha avó e aos que estavam presentes. Sentia arrepios só em pensar em ter que encostar minha boca naquele rosto que parecia de cera, pálido e frio, mas precisava me imbuir de coragem e seguir em frente. 
Quando o representante do templo que ele frequentava chegou para encomendar-lhe a alma, senti que teria ainda alguns minutos antes do temido sacrifício, embora soubesse que cada vez mais se aproximava do momento. Todos se despediram e então chegou minha vez. O beijo foi rápido e com aquela sensação de que tinha recebido um castigo e que duraria para toda a minha vida. O caixão foi lacrado e então todos saíram para a rua, de cabeças baixas, em silencio, acompanhando-o até sua morada final.
O corpo quando é preparado e entregue aos familiares, não é o mesmo da pessoa que conhecemos, vem alterado, completamente alterado. A face vem maquiada  com pó de mármore e os lábios de cor desbotado, fugindo do que habitualmente conhecemos. Tudo perde a cor, até os traços marcados por sentimentos desaparecem e não são mais reconhecidos por nós. Há uma falsa serenidade presente, uma imobilidade impactante que assusta.
A alma foge do corpo e não é mais possível ver o brilho nos olhos, por hora fechados, para sempre fechados. Desta forma, sem alma, não pode existir serenidade.
Já não temos presente a pessoa que conhecíamos, temos apenas um pedaço de carne, diferente de  quem conhecíamos e então começamos a sentir saudades do que está faltando e que não está ali, como se tudo fosse um teatro, uma mentira que tomaremos como verdade para sempre. 

Campo Santo

Minha cama, na casa de minha avó, era um campo santo, feita só para mim dormir, de cobertores de lã, sobre o chão ao lado da dela. Na madrugada eu esticava minha mão pequena em sua direção, que me envolvia de calor e conforto maternal. Somente assim eu me sentia protegido e conseguia dormir com tranqüilidade e em paz. Muitos anos depois ainda sentia um certo desconforto em dormir sobre camas com colchões.

Dia dos Pais


Hoje, Dia dos Pais, acordei com um frio na barriga, lembrando do meu pai. Correram flaches na minha memória , do tempo em que eu ainda era garoto e esperava reações de carinho, amizade e atenção por parte dele e que nunca vieram. Com o tempo, passei a entender que as pessoas dão aquilo que recebem e que acumulam no decorrer de suas vidas, oque talvez tenha sido seu caso. Quando fui presenteado com o nascimento do meu filho, prometi que tudo seria diferente, pois lhe daria tudo oque não recebi. Em nossos encontros, quando nos abraçamos e nos beijamos, nossas trocas de olhares tem luz azul, cumplicidade e emoção, sinto que circula entre nós muito mais do que um simples cumprimento afetivo entre pai e filho, muito mais que uma relação de amizade, pois transcende a tudo isto, fazendo minha alma inebriar-se de felicidade e eu ficar assim bobo, imensamente agradecido por sua existência.

888- Abertura do Portal de Orion

Recebi da amiga Cleusa, um email dizendo que hoje 28 de Agosto de 2008, traduzido por 888, é o dia que marca a entrada da humanidade no mundo novo, de ascensão espiritual através da abertura do Portal de Orion. Este dia é marcado pelo encontro espiritual entre homens e deuses. A constelação de Orion é um ponto de referencia cósmico que opera energia, formando a teia da vida na galáxia. Os poderes do universo emitem novos níveis vibratórios, como parte do processo evolutivo da humanidade. Segundo entendedores profundos no assunto, o efeito desta abertura é a multiplicação da intensidade de nossas emoções e aspirações sejam elas quais forem. Isto significa que cada emoção, intenção, desejo se positivo ou negativo emanado por nós será ampliado mais de um milhão de vezes em nossa intenção. Nossos pensamentos criam nossa realidade a partir do que focarmos em pensamentos e desejos, por tanto neste dia devemos mentalizar somente pensamentos bons, positivos, desejando coisas boas para si e o proximo.

OUTROS OUTUBRO VIRÃO

Ontem de manhã, antes de sair para o trabalho, beijei meu filho que ainda estava deitado na cama com seu breve sorriso de sonhos. Será que sonhava, e com oque? 
Coincidentemente, quando peguei meu carro na garagem e liguei o rádio, tocava uma musica de Milton Nascimento, na voz de Elis cantando o seguinte refrão conhecido: "Oque foi feito amigo de tudo que a gente sonhou, o que foi feito da vida, o que foi feito do amor?"... Já na rua, levantei o volume do rádio e fui cantarolando a canção e a o mesmo tempo me perguntando sobre a veracidade daquela letra e fazendo histórias paralelas que falavam de sonhos que montamos em nossa singular juventude e vão se desfazendo no transcorrer da vida, ou que são substituídos por outros que exigem menos esforços, menos paixão, trocados por responsabilidades ditas maiores ou pela seriedade que impomos à vida. 
Pensei também, que afinal, viver com responsabilidade e seriedade não nos coíbe de sonhar, de acreditar em dias melhores. Lembrei-me de amores e conquistas que idealizei e que até vivi provisoriamente acreditando na sua permanência em minha vida e que se foram com o passar dos dias, dos meses, dos anos, sendo trocados gradativamente por sonhos novos, as vezes maiores ou menores, pelo infortúnio das impossibilidades, das surpresas que obrigam-nos a mudar de rumo, a repensar, a abrir mão de. 
Vivemos assim, acreditando que "outros outubro virão, outras manhãs plenas de sol e de luz", como diz um dos estrofe da musica, guardando nossos sonhos na palma da mão sem abri-la, deixando para viver amanhã o que se poderia ter vivido hoje, com paixão e a tesão dos amantes, com o pássaro preso, sem deixa-lo voar. Tomara que os sonhos de meu filho sejam tão coerentemente loucos ao ponto de serem realizáveis e faze-lo voar sem medo, sobre Outubros, Novembros, o que vier.

Ação criminosa

Hoje pela manhã quando cheguei para trabalhar a surpresa já aguardada e muito comentada entre os colegas: A base do SAMU na Restinga, tinha sido arrombada durante a noite enquanto os colegas faziam uma remoção de uma paciente gravida ao hospital. O ladrão ou seriam dois, entraram retirando o aparelho de ar condicionado da parede pelo lado de fora do prédio e então ja dentro da base tentaram arrombar a porta principal com um pé de cabra no intuito de levarem objetos maiores como televisão, microondas, fogão, geladeira. Durante esta ação criminosa, só conseguiram carregar o aparelho de ar condicionado que deixaram a alguns metros para mais tarde buscarem e a bolsa da colega que estava de plantão, contendo documentos, dinheiro, cartões de crédito e um carregador de telefone celular. A policia, acionada por algum vizinho atento nas redondezas e que ouviu barulhos na base, chegou rápido e logo saiu a procura de vestígios dos ladrões. As ligações da gerencia do SAMU, da sala de regulação médica e responsáveis técnicos começaram a chegar cedo, preocupados com o fato da ambulância estar fora de atendimento e assim deixando descoberta uma das regiões mais populosas da cidade, cerca de 130.000 habitantes, representando mais de 10% da população total de Porto Alegre. Recebemos também a visita do Diário Gaúcho e da RBS com o objetivo de documentar jornalisticamente o fato ocorrido. Este fato lastimável, não foi de maneira alguma um fato isolado pois no mesmo local ja ocorreram anteriormente roubos de refletores, de telas de isolamento do terreno e arrombamentos de veículos dos funcionários que pra lá se deslocam para noites de plantão. Revoltados com a violência e a criminalidade que se estabelece cada vez mais e incompreensivelmente vitimando um serviço que serve como instrumento de socorro e ao salvamento de vidas, os funcionários demonstraram preocupação e insegurança lembrando mais uma vez a trágica história da colega que foi assaltada e depois violentamente morta com um tiro na cabeça quando chegava para trabalhar na base do SAMU no bairro Belém Novo.
-Vocês salvam vidas todos os dias, mas quem protege a de vocês? Comentou alguem que passou hoje por lá.

Fim de tarde

Por aqui a tarde cai seus olhos numa expressão de tristeza e cansaço desolador. As arvores abanam seus galhos despedindo-se do dia que correu apreçado, ora de vento, ora de sol, ora de chuva que abençoou a terra, que umedeceu as ruas e fertilizou as praças com cheiro de húmus, e tudo vai se fechando numa escuridão serena, lenta para encontrar o novo dia.

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Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...