Recebi um e'mail de uma amiga onde perguntava-me se eu tinha virado pássaro ou disco-voador...Via-me algumas vezes rapidamente voando pelos corredores do hospital, (este foi o termo usado), sem conseguir falar comigo. Perguntou-me ainda se eu continuava apaixonado, que ouviu de alguém que quando se está apaixonado, perdemos a cabeça e ficamos mais leves, se eu já tinha perdido a minha. Respondi-lhe constrangido pelo tempo que não nos falamos, que nem sempre as paixões nos deixam leves, pássaros e disco-voadores são seres misteriosos que pouco se sabe sobre eles e que todos nós temos um pouco. Quanto a perder a cabeça: Esta já a perdi faz tempo!..
Tadeu
Cruzei na rua ontem, por Tadeu Manssus sem que ele percebesse minha presença. Caminhava firme, com passos largos e elegantes como os de um atleta. Magro, cabelos brancos e sem aparência de doente. Tadeu e o segundo filho de um grupo de oito irmãos, cujo alguns mais jovens já se foram. Disse-me certa vez que seu segredo de longevidade era, não trabalhar, comer pouco, caminhar muito e fazer sexo quando o corpo pedir e o outro aceitar.
O menino e a ambulância
A ambulância deslocou-se rápido a o local do acidente. Quando chegou com a sirene meio falha, o menino assustado, disse a sua mãe que a ambulância estava doente. Todos então, riram enquanto atendíamos o homem atropelado!
Laços!
Ando com saudades de muitas coisas; Do peixe assado do Beto, da galinhada noturna na casa de dona Rita, das balistecas e foundes na Teresinha, das comidas diferentes do Rogério, dos papos cabeça de madrugada com a Alba, dos planos de viagem com a Jacque que nunca saíram, das bebidas misturadas da Didi, do papo simples e engraçado com o Abdil regado a vinho barato, dos churrascos em familia na casa da Borba, dos resmungos do Fernando, das gargalhadas do meu filho na seção de humor à tarde na tv, dos pagodes empolgados na casa da Taís. Muita gente não tenho visto por desculpas da falta de tempo, do excesso de trabalho, do cansaço diário. Nenhum motivo deve impedir que se mantenha esses laços tão importantes e fundamentais em nossa vida, vivos.
A escolha certa!
Pela manhã, não foi o relógio biológico que me despertou, mas o telefone celular que mostrava em seu visor a palavra "Privado"e a fréstinha da janela do quarto que prenunciava um belo dia de sol. Mesmo desconfiando de quem pudesse ser a ligação, atendi sem restrições. Estava certo! Era do meu serviço, convidando-me para fazer um plantão extra, o que me recusei por que ja estou no limite de cotas deste mês e também o excesso de plantão extras só me deixa cansado além da conta e engorda os cofres da receita federal. Então tomei meu banho, adiantei meu almoço e fui caminhar na praça. Levei minha agenda de anotações que nem abri e uma esteira onde acomodei-me sob a sombra de uma enorme Paineira de caule grosso e galhos espaçosos que serviam de palco para a fuzarca dos passarinhos. A grama estava aparada e podia-se sentir o cheiro de terra úmida saindo do chão. O sol entrava manso entre as folhas das arvores completando o clima perfeito. Um reduzido numero de pessoas caminhavam por ali naquela hora e isto me provocava a sensação de estar em outro mundo, que me trazia extremo conforto e bem estar. O ruido de alguns veículos que passavam eram tão ínfimos que eu podia contemplar ali, relaxado, toda a sinfonia da natureza à minha disposição, cercando-me por todos os lados. A natureza certamente sobrepõe-se sem limites a tudo e a todos sem exceção. Voltei para casa certo de que hoje, fiz a escolha certa.
Voce está convidado á conhece-la!
Voce está convidado á conhece-la!
O menino sem dente
O menino cruzou por mim com um olhar firme, decidido e um dente protegido numa das mãos estendida. Disse-me que jogaria sobre o telhado para que Deus lhe mandasse um outro bem depressa. Lembrei de imediato que eu também fazia isto quando era criança.
Jesus de resina
Ainda menino, ganhei de minha avó a imagem de Jesus Cristo em resina amarela, do qual muito orei até ficar adulto e achar que não precisava mais dele. Mais tarde dei-o de presente para minha mãe que o colocou em seu santuário. Minha mãe deu-o para meu filho, que deixou-o em seu quarto e não sei o que fará depois...
O filhote
A mulher se apaixonou imediatamente quando viu o filhote deitado entre as coxas quentes de sua mãe numa exposição canina no chopin . Pelos dourados, perninhas curtas, rabinho cotó e aqueles olhinhos marotos, curiosos que pareciam de uma criança inocente! Quis abraço-lo e beija-lo, era o filho que não conseguiu ter. O marido puxou-a pelo braço dizendo entre dentes: Nem pensar!..
O casal Gay
Eu estava sentado no Café do chopin, quando os dois passaram, um com o braço sobre o ombro do outro, mostrando sem nenhum pudor uma relação que sugeria ser mais que uma simples amizade. Desviavam das as pessoas, livres, sem se separarem fisicamente um do outro, despreocupados, despojados, admirando as vitrinas iluminadas sem aquela afetação que se espera dos gays. Não pude deixar de perceber também o sobressalto discreto dos freqüentadores educados que desviavam seus olhares na direção dos dois, sob o conhecido sorrisinho mascarado do preconceito. O vigilante parado de pé próximo da escadaria, até passou disfarçadamente a mão em seu pênis, enquanto esboçava um ar de desaprovação, reforçando para si mesmo sua masculidade. Neste sábado, mais do que tomar uma taça de café expresso, na praça de alimentação do chopin, recebi uma lição rápida e um grande aprendizado, onde percebi todas as nuances cínicas de comportamento moral de uma sociedade hipócrita e escrupulosa, que finge ser moderna somente da boca para fora, que ainda engatinham na sua educada ignorância. Quanto a o casal gay? Só me restou aplaudi-los.
Salvador

Salvador então perplexo com todos aqueles sentimentos, buscou sua pedra mágica e colocou-a na altura dos olhos para que lhe desse respostas, lhe indicasse caminhos. Procurava um sinal, um reflexo de luz diferente que lhe tirasse a dúvida, lhe convencesse da verdade, do caminho a seguir. Olhou então para o quadro onde o homem saia do ovo-placenta cinza e ainda assim não viu respostas. Resignado e em silencio, pensou que nem todo o dia era dia de magia. Guardou sua pedra e recolheu-se sob as cobertas quentes de sua cama e a ignorância de um mortal.
Salvador e a pedra
Salvador ganhou da bruxa sua pedra mágica quando ainda era pequeno. No principio não sabia o que fazer com ela, apenas admirava seu brilho, sua cor de um azul incomparável, sua textura lisa, sua resistência frágil, mas aos poucos foi percebendo que o brilho da pedra se modificava quando algo lhe atormentava, quando alguma dúvida lhe açoitava a mente. Ainda duvidoso de seus poderes, guardava-a numa gaveta e vivia sua vida aos tropeços, ora insatisfeito, ora feliz, ora resignado...
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