Desabafo.


Sete e meia da manhã. Tenho levantado cedo, nestes dias que não tenho plantão, por força do habito e não tenho feito minhas caminhadas matinais. Sei que sairei no prejuízo se parar de faze-las por desculpas relevantes. E desculpas é o que mais encontramos nestas horas em que queremos deixar o cérebro de molho, os pés pra cima em devoção ao marasmo. Estas caminhadas além de possibilitar dias mais saudáveis te obriga buscar novos olhares à vida.
Meu filho vai dormir até mais tarde. E digo,bem mais tarde se o conheço. sábado e domingo não foram suficientes para ele. Afinal madrugadas na internet, MSN, Orkut também cansam. Final de aulas, inicio de férias, incerteza da aprovação no ano letivo. Não demora começam outras queixas. Não tem nada pra se fazer nesta casa! Que saco mesmo!
Bom tenho uma série de coisas para fazer hoje. No mínimo uns seis compromissos gravados na agenda mental, e outros tenho ainda que ler.

!!100 anos!!

Ontem a noite quando assisti o programa Altas Horas na Tv Globo e colocaram no ar imagens onde Sérginho Groisman entrevista Oscar Niemeyer, uma espécie de inveja bateu em mim. Tratava-se da uma matéria sobre os cem anos de vida do arquiteto. Sem entrar nos parâmetros históricos de suas obras e sua evidente importancia, me surpreendi por sua lucidez e sensibilidade de ver o mundo e sua evolução não só no terreno da arquitetura. Niemeyer é desses homens que duelam com as curvas milenares do tempo, não só em vitalidade, mas em visão particularmente artística, beirando genialidade. Um homem que com certeza será inesquecível não só pelo que projetou em concreto, mas o que eternizou em nossa cultura.

Bruxas

Não sei muita coisa sobre bruxas e também não acredito que fazem o tipo nariz pontudo, cara enrugada destilando maldades por ai. Mas acredito na sua existência e de uma forma bem pessoal. Não sei se com o passar dos anos foram se modificando, se atualizando, se modernizando, mas sei que decididamente estão por ai entre nós disfarçados de pessoas comuns. Usando aparelhos dentários, guiando não vassouras, mas caros, batendo cartão ponto para sobreviver e ainda criando filhos. Que eu me lembre devo ter cruzado com alguma delas em seus disfarces de mulher normal, por ordem da sobrevivência. Reclamando de trabalhos árduos, das dificuldades de educar e até mesmo da solidão. São seres inteligentes e de sensibilidade ímpar. Vagam entre nós, as vezes de cabeça baixa e sorriso amarelo. Contam estórias que ninguém quer ouvir e se disfarçam nas sombras do anonimato. Lêem livros , entram nas universidades e se emocionam com finais de novelas. São paradoxais, temperamentais, emotivas e feiticeiras. Predestinadas a amar, sofrerem e não serem reconhecidas.

Hoje no Pronto Socorro, falando com o Rodrigão ele me reforçou a idéia interessante de criar uma pagina ou um blog comunitário para que os colegas do SAMU pudessem postar algumas idéias, discutir situações, enfim..Interagirem-se.
Acho legal essas iniciativas que valorizam as pessoas e seus interesses comuns estimulando inclusive seus vínculos profissionais.
Acho que devemos pensar nisto e amadurecer esta idéia.

O pardal manco

Hoje de manhã quando cheguei para trabalhar, notei que o lugar tinha ares diferentes. Não sei bem o que era, e o que havia mudado, mas tinha diferença dos outros dias. Tem momentos que isto acontece, não me perguntem como. Era manhã de sol, poucas pessoas na rua, nenhum carro trafegando, passarinhos cantando. Anunciação de novos tempos?..
Por falar em passarinhos, devo contar que tem um pardal manco vivendo nas redondezas da base onde trabalho e que ja se tornou membro da equipe. Ele passeia todas as manhãs dentro de casa e entre nós sem o menor constrangimento em busca de farelos e insetos no chão. Lembro que este pardal foi atendido por algum colega quando caiu do ninho, ja adulto, e machucou uma das perninhas. Numa manhã quando cheguei ele tinha uma imobilização feita com palitos de fósforos e um pedaço de esparadrapo. Acho que ele não esqueceu disto.

Homens adimiraveis

Do que se compõe a elegância em um homem, me perguntei esses dias.

Seu corpo, seu gosto pessoal em se vestir, sua colônia pós-barba? Acho que não! Elegância não tem nada a ver com a beleza física ou acessórios de guarda- roupas, mas algo além. Alguma coisa que transcende a banalidade da estética e seus fricotes sociais. Alguma coisa que culmina do seu interior como individuo, como pessoa na sua mais ampla condição.

Amante, amigo leal, pai presente e ai se vão. Algo a ver com postura e suas atitudes diante das sinuosidades da vida e suas armadilhas. Algumas pessoas me passam esta idéia através de suas maneiras, sua serenidade e simplicidade de se relacionar, de interagem com o mundo sem contaminar sua dignidade. São elegantemente humanos.

Suicídio entre irmãos

Pense numa coisa, que você sabe que pode fazer mal a sua saúde, mas que quando colocam na sua frente, simplesmente não dá para resistir. Pensou? Então você não para mais de comer até ficar estufado, com náuseas e muita, muita culpa.

Primeiro voce começa educadamente, depois disfarçadamente e logo sem a minima vergonha na cara, esquece de tudo e manda vê. Hoje aconteceu comigo.
Minha irmã, que eu apelidei de Tadeu por causa do seu corte de cabelo e é meia fissuradinha nestes venenos lícitos, comprou um saco de torresmo, acho que de porco, sequinho e começamos a comer enquanto falávamos da vida alheia e contávamos piadas sem graça. Teve um momento em que nos olhamos com ar desafiador e começamos a disputar quem enchia a mão mais rápido na embalagem e colocava na boca. Começamos a rir compulsivamente, talvez um da cara do outro, como dois loucos até não sobrar nenhum farelo.

Da próxima vez quero tentar com um frango assado, destes de forno elétrico que vendem nas portas de padaria...Cheirosos e engordurados, se não a bricadeira do suicídio coletivo não tem graça!

Meu Jardim


Num pequeno espaço, nos fundos do meu pátio, criei um jardim onde as vezes sento para conversar com a natureza. Gosto desta convivência, deste cheiro de verde, destas variadas cores que ainda temos de graça e pouco valorizamos.

Uma linguagem do amor

"Quando ela atirou a aliança contra mim e saiu, cega de raiva, batendo a porta da casa, ficou evidente que nosso problema era seríssimo. A aliança ficou no mesmo lugar onde foi jogada durante dois dias, porque eu não me abaixei para pega-la. Quando finalmente a apanhei, chorei convulsivamente."

*texto retirado do livro:
As cinco linguagens do amor_ Gary Chapman
Noite passada, meu telefone celular tocou e eu não quis atender. Achei que era muito tarde e não estava disposto a conversar com quem quer que fosse aquela hora da noite. Depois fiquei pensando: E se for alguma coisa importante... Alguém pedindo ajuda... Alguma noticia trágica... E eu simplesmente não atendi por pura preguiça ou mal humor. Tive um sono agitado, talvez me sentindo culpado pela minha intransigência!

Puxando da memória

Lembrar da minha infância é também lembrar do Dino. Velho mulato que fazia batida de samba com a ponta dos dedos numa caixinha de fósforos. Chapéu de aba curta, calça comprida e um par de sapatos pretos que parecia nunca tirar dos pés.
Minha mãe conta que ele tinha uma ferida no pé que nunca cicatrizou provocada pela roda do bonde, quando ainda era jovem.
Sentava num banco de madeira, na calçada, todas as tardes e cantava trechos de musicas que nunca esqueci:
"Oh linda imagem de mulher que me seduz!.."
Ria e contava histórias que na época eu achava que eram mentiras.

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Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...