SÃO PEDRO DO ATACAMA. PARTE 1

A ESCULTURA DE UMA MÃO NO DESERTO:
Depois de muitas horas olhando pela janela do ônibus, vendo areia, pedras, cactos gigantes e plantas espinhosas, alguém gritou: Olha a mão, olha a mão!.; Então o motorista fez algumas manobras com o ônibus e paramos para fotografar a grande mão feita em concreto, enterrada no chão, no meio do nada, parecendo um gigante enterrado no vazio do deserto.
Neste momento, tivemos o prazer de conhecer também Eduardo Prata, engenheiro portuário que aos 50 anos decidiu que faria viagens de motocicleta sem nunca ter pilotado uma antes. Treinou durante seis meses e partiu para o mundo. Nos confidenciou que sua próxima viagem é conhecer a Ásia (de moto é claro). Prata deu uma entrevista no programa do Jô Soares e possui um site que conta sobre as suas viagens:http://www.eduardoprata.com.br/
Ficamos algumas horas por ali, brincando e tirando fotografias, depois seguimos viagem cruzando a noite a dentro pelo deserto atacamenho, chegamos em São Pedro do Atacama pela manhã bem cedo, ainda sem clarear o dia. Não sei precisar quantas horas de viagem levou...



UM VILAREJO DE FILME DE COWBOY MEXICANO?
São Pedro lembra aqueles vilarejos de filmes de cowboy mexicano, com construções baixas, de paredes e telhados de adobe, ruas estreitas e muita poeira vermelha, dando a impressão de que a qualquer momento um pistoleiro saltará de alguma esquina com arma em punho. Mas não se engane na primeira vista; existe uma variedade de bares, pubs, restaurantes, pousadas, lojas de artesanato para atrair todo o tipo de turista.


Afinal a cidade vive disto. Se durante o dia o calor aproxima-se dos 40 graus, durante a noite cai para temperaturas quase negativas.
Em torno das 8 horas da manhã já havia movimentação de moradores locais deslocando-se para o trabalho e em seguida iniciamos a incursão pelo centro da cidade, com a bela visão do vulcão Licancabur de 5.916 metros de altitude do nosso lado, cujo nome significa, vulcão do povo e faz divisa com a Bolívia. 


SÃO PEDRO DO ATACAMA:
É uma cidadezinha considerada o centro cultural atacamenho e portanto precisávamos descobri-la. Batemos perna quase que a manhã toda entre lojinhas de artesanato, prédios culturais e agencias de turismos que nos levassem a outros pontos turísticos do lugar. 


Depois do almoço fomos à pé, conhecer o Pukara de Quitor à 3 quilômetros do centro da cidade e que é considerado um dos sítios arqueológicos mais impressionantes das Américas, por seu tamanho e antiguidade. Seguimos por uma estrada onde notamos o escoamento de água por canaletas que abastecem a cidade. Esta água escorre do desgelo das montanhas por quilômetros de distancia. Depois de caminharmos por uma estrada poeirenta e muito sol na cabeça, chegamos ao Pukara de Quitor.


O PUKARA DE QUITOR:
É uma gigantesca fortaleza pré-Inca, datada do século XII, e foram construídas estrategicamente nas encostas dos morros e totalizam 2,5 hectares com mais de 160 cômodos, para defender o povo atacamenho dos ataques dos Incas, em 1450. Depois de ocupado, foi a vez dos Incas defenderem-se contra os espanhóis nesta mesma fortaleza ocupada. Na entrada da fortaleza tem um posto de controle que vende ingressos para a visitação e um pequeno museu com exposição de utensílios da época. Segundo informações do guia, o local ficou conhecido como "Pueblo de Las Cabezas, pois os espanhóis decepavam as cabeças dos caciques e exibiam-nas ao povo sobrevivente, a fim de mostrar sua soberania. No dia de nossa visita, fazia um calor de quase 40 graus, que nem o uso de protetor solar foi suficiente para nos proteger.


O retorno ao centro da cidade de São Pedro do Atacama, fizemos de carro, por que tem momentos em que 3 quilômetros parece ter mais 3 zeros.
Em San Pedro, fechamos o pacote turístico que nos prometeu levar no dia seguinte para conhecermos outros lugares nas imediações da cidade, que ficavam a cerca de 100 Km de distancia. Estava incluído neste pacote: Visita ao Gêiseres Del Tatio com café e bufê, trilha sobre o Vale da Morte e subida até o Valle de La Luna para assistir a o Pôr do Sol. Como estávamos num grupo grande, conseguimos um bom desconto.

UMA NOITE DIFÍCIL:
Como a saída para o passeio era bem cedo, quase na madrugada, resolvemos por votação ficarmos na rua e aguardarmos o horário sem ter de pagar um pernoite por poucas horas de sono. "Ledo engano", percebemos nesta noite, como uma cama macia fazia falta!..
Nos organizamos num único grupo e nos acomodamos entre bancos e muretas do jardim, no local que era a unica praça da cidade, arborizada. "Nossa primeira experiencia como moradores de rua". Disse uma das meninas integrantes do grupo.


A POLICIA CHILENA:
Fizemos uma roda de viola e na medida em que a noite atravessava a madrugada a cantoria e o bate papo foi diminuindo e o frio congelando os nossos corpos dificultando o sono. Eramos acordados pela polícia local, os carabineiros, a cada hora e que me lembravam a mistura de policiais florestais e os de um presídio de segurança máxima. Se comunicavam num espanhol rápido e agressivo, impondo mais medo do que respeito. Pediam que nos levantássemos e examinavam nossos pertences a procura de coisas ilícitas, com uma lanterna na mão. Os carabineiros do Chile atuam como policiais. A diferença da policia de lá, para a policia de cá, é que eles tem autoridade para resolver qualquer tipo de problema. Estão sempre em ponto estratégicos e são muito respeitados por isso no país. Quando menos se esperava eles apareciam de carro, praça à dentro em alta velocidade, quase derrapando na nossa frente e armados com pistolas, acordando o grupo inteiro. Faziam uma espécie de pressão psicológica meio cinematográfica. Vigiavam até se as pessoas que passavam por ali, carregavam bebidas alcoólicas, o que é terminantemente proibido nas ruas depois da meia noite, mesmo estando a bebida lacrada (mandavam colocar fora).
Em torno das 5 h da manhã, nos dirigimos ao local onde sairiam as Vans que nos levariam a o passeio esperado. Eu particularmente estava cansado por não ter dormido, sentindo frio por ter sido acordado pela ronda dos carabineiros a toda hora.

GÊISERES DEL TATIO:
As Vans eram todas brancas e sem identificação de que agencia pertenciam. As diversas agencias de turismo da cidade ofereciam pacotes e davam descontos no caso de um grupo grande como o nosso que encheu uma Van e um micro ônibus.
Nosso motorista era visivelmente um chileno nato, pelos seus traços rudes de (indígena) e de um espanhol despreocupado em ser entendido. Falava pouco e meio autoritário, dirigia a camionete em alta velocidade sobre as estradas de chão, com muita areia e pedregulhos que saltavam na lataria do veiculo e pó que invadiam as nossas narinas mesmo com as janelas fechadas. 
Subíamos montanhas à cima e em alguns pontos enxergávamos penhascos abaixo de nós que me fazia pensar: Se cairmos daqui, não sobrará nada pra contar desta história!..
Na medida em que cruzávamos pelo alto das montanhas, mais desconfortável eu ficava. Além daquela poeira terrível que entrava pelos orifícios de ventilação do veiculo, ia me faltando a respiração de modo que eu inspirava forçadamente três à quatro vezes para conseguir um pouco de oxigênio em meus pulmões. Ficava angustiado, irritado e lembrando de alguns pacientes que eu já atendera na eminencia de morte, por edema pulmonar e que possivelmente apresentavam os mesmo sintomas que eu estava sofrendo naquele momento. Tentava não fazer alarde e posicionar a cabeça de forma a favorecer a respiração difícil. Eu sabia que era efeito da altitude e mesmo tendo tomado o tal chá de coca, pouca coisa pareceu ter ajudado naquele momento. Ter a sensação de morte por asfixia não é nem de longe algo fácil. Sentia alem de tudo, taquicardia, cansaço e um total desânimo.


Quando chegamos no local dos gêiseres, no VULCÃO TATIO a uma altitude superior a 4.000 m., ainda com pouca luz do dia, enxerguei os vapores saindo da terra como uma visão inesquecível e aos poucos fui me recuperando daquela sensação de morte. Dentro do veiculo eu e algumas pessoas, tentavam de alguma forma se restabelecer do mal estar das alturas, afinal estávamos a uma altitude de 4 .500 metros e não queríamos provocar susto em ninguém, pelo nosso estado deplorável.


Faz bastante frio no complexo do Tatio, onde as temperaturas chegam a ser muito negativas. Informaram-nos neste dia estar apenas -3 graus com uma sensação de -6 graus e com as rajadas de vento. Não é à toa que o passeio começa tão cedo, pois é o horário em que os vapores quentes em contato com a temperatura baixa, mostra toda a sua plenitude e beleza e quando surgem os primeiros raios de sol, a luz reflete no vapor, formando imagens mais bonitas ainda. Ao mesmo tempo, o sol diminui o frio e logo a temperatura já se torna mais agradável.


Os mais jovens e corajosos do grupo enfrentaram a piscina térmica natural, com águas inacreditavelmente à 33 graus. Eu não me senti encorajado e por pouco passou desapercebido o café com pães, biscoitos, croissãs e sucos servido ali mesmo em meio aos gêiseres. Neste dia eu senti que iria morrer antes de chegar lá em cima, num dos lugares mais belos que já vi.


Mas o passeio não terminou por aqui, depois de mais algumas doses de café quente e aguardar o dia clarear, fomos conhecer o valle de la Muerte e o valle de La Luna que se tornaram um dos pontos atrativos mais bonitos do passeio.




VALLE DE LA MUERTE:
Batizado com este nome, segundo a lenda que antigamente as pessoas morriam ao tentar cruzá-lo e ossos de pessoas e animais eram encontrados e confundidos com pedaços naturais de gesso. Outra lenda, diz que quando foi descoberto era comparado a Marte e por uma confusão de fonemas, pensaram que a palavra Marte, era Morte. Tal como determina a secura do Deserto do Atacama, ninguém pode viver neste vale. O Valle de la Muerte é um festival de cores e uma eterna mudança de formas. Com cerca de 2 km de extensão, fica no caminho para o Vale da Lua, próximo à cidade de San Pedro de Atacama, à 4 km do centro.


A CARRANCA NO ALTO DA MONTANHA:
Na foto abaixo, percebemos no alto da montanha, uma formação parecendo com uma carranca vigiando do alto, quem passasse pelo vale. Estas esculturas naturais se formam à partir de ventos que mudam de direção a todo o momento na região, causando um clima ainda mais mistico a o lugar. Seguimos viagem a pé, sem sentir cansaço, a paisagem era de tamanha beleza que esquecíamos inclusive da falta de folego ocasionada pela altitude. Chegamos então ao Vale de La Luna.


VALLE DE LA LUNA:
Este vale é famoso por sua formação ser parecida com a superfície lunar, devido os afloramentos salinos ocasionados por agentes naturais. Dizem que durante à noite, ouve-se estalos como se o solo estivesse se quebrando em função de sua excessiva cristalização. Eu cheguei a passar a mão no chão e levar até a boca, para me certificar se era realmente salgado; pois acreditem, realmente é. Mais adiante uma outra formação rochosa, nos chamou a atenção.



AS TRÊS MARIAS:
Trata-se de uma formação rochosa que se ergue da superfície salgada, numa exótica escultura natural. Não sei por que recebe este nome, pois nem de perto me fez lembrar de mulheres ou santas.

O PÔR DO SOL:
Avistamos nas proximidades, muitas vicunhas e pássaros, que eu me perguntava do que se alimentavam, naquele imenso deserto salgado. As vicunhas são animais selvagens e saiam em disparada à qualquer aproximação humana. Fomos deixados pelas Vans na base de uma montanha de areia onde deveríamos subir e aguardar o espetáculo do Pôr do Sol.


A subida era íngreme e castigava a todos por causa do ar rarefeito. A região toda se caracteriza por seu ar límpido e seco, permitindo ver o outro extremo da grande planície a mais 70 quilômetros de distancia. A sensação é realmente de se estar num outro planeta.


O Pôr do Sol sobre as montanhas do deserto, é um show de luzes e cores jamais visto e tem-se a impressão de estarmos assistindo a um eclipse. Saímos de lá deslumbrados com tamanha beleza. Este com certeza é um dos lugares que jamais esqueceremos por sua grandiosidade e extrema beleza. 
Até a próxima viagem..,

HOMENAGENS AOS MORTOS NO DESERTO DO ATACAMA.


O bom de se fazer uma viagem de ônibus e não de avião a estes lugares inóspitos, como o Deserto do Atacama é que você pode ir parando e desfrutando de toda a beleza do lugar, que vai se modificando na medida  que se observa cada detalhe. Enquanto cruzávamos pela região mais árida do planeta, eu observava pela janela do ônibus algo que aguçou minha curiosidade a ponto de pedir ao Ton, coordenador da excursão, que parássemos de andar, para que eu pudesse ver de perto do que realmente se tratava aquilo.
Eram miniaturas de casas e até  vilarejos com muitas casinhas coloridos, construídos na beira da estrada ou em pontos estratégicos sobre o terreno íngrime e acidentado do deserto. Eram muitas, na beira da estrada com algumas inscrições em espanhol, (adornos, cruzes, flores de plástico, bilhetes, fotografias, utensílios empoeirados), dando a impressão de se tratar de alguma espécie de sepultura ou oferendas aos mortos.


Fotografamos várias e mais adiante, quando paramos, talvez no único posto de abastecimento no meio do nada para o famoso esvaziamento da bexiga, lancharmos o estranho sanduíche de pão, carne e guacamole (pasta de abacate) e esticarmos as pernas, perguntamos para uma senhora que atendia no balcão, do que se tratava aquelas casinhas na estrada. Na minha dificuldade de entender o espanhol e a rapidez com que ela falava, pude compreender apenas que eram homenagens dos moradores locais aos seus mortos. Estávamos certos eu concluí!

Não pude entender, pela rapidez com que falava, se estavam sepultados ali, mas aquilo tudo me causava uma estranha sensação de angustia, tristeza e surpresa pela forma como eternizavam as lembranças de quem tinha partido. O Ton nos alertou para uma coisa que não havíamos até então pensado. Aquele lugar era tão distante de tudo e de recursos como um hospital e principalmente de um cemitérios, que por que não utilizar todo aquele espaço para isto e assim deixar seus mortos por perto.



O lugar era tão desértico, que parecia inacreditável alguém conseguir viver por lá, cercado por tanta areia e pedras. Dava a impressão de estarmos numa cidadezinha fantasma de um filme de faroeste.
Lembro-me de alguém ter comentado: - Mas que lugar mais punk!
O deserto possui suas belezas peculiares e a o contrario do que se pensa, ele vai sutilmente mudando de paisagem, sob o clima quente e seco na medida em que a gente vai observando-o atentamente. Em alguns pontos é aquela infinita planice de areia, noutros composto de pedras soltas e alguns cactos de todos os tamanhos e plantas espinhentas, quase impossível de se caminhar. Também magnificas montanhas e abismos inacreditáveis. Mas seu aspecto rustico e selvagem nos presenteia com uma sensação jamais sentida antes.


O deserto de Atacama está localizado na região norte do Chile. Com cerca de 200Km de extensão, é considerado o deserto mais alto e mais árido do planeta, pois raramente chove na região, em consequência das correntes marítimas do Pacífico, que não conseguem passar para o deserto, por causa de sua altitude. Assim, quando se evaporam, as nuvens úmidas descarregam seu conteúdo antes de chegar ao deserto, podendo deixá-lo durante muito tempo sem chuva.
Isso o torna de uma aridez incrível. As temperaturas no deserto variam entre 40 graus de dia à 0 graus à noite. Em função destas condições existem poucas cidades e vilas por lá;  uma delas, muito conhecida, é São Pedro do Atacama, que seria nossa próxima parada e posto minha impressão: Aqui.  


CASA VAZIA

Fazia algum tempo que eu não cozinhava, então ontem, sob pequena pressão e entusiasmo dos demais, me disponibilizei, dobrei as mangas e fui a luta com um de meus velhos cardápios guardados na cachola.
File de peixe, ovos batidos, farinha de rosca, tempero pronto, peixe no óleo quente, tomate, cebola, pimentão, creme de leite, queijo ralado em abundância sobre o molho, vinho tinto para estimular a conversa e em algumas horas estava pronto o banquete para 6 com direito a muitos elogios. 
Mais tarde uma esticadinha não planejada num bar de nome Alibaba, quase vazio, mas que fez a alegria dos poucos presentes. E quem disse que bar bom são os de casa cheia? Somente para alguns e o próprio dono. 
Sou do tipo individualista que gosta desta sensação de ter os músicos dando atenção somente para mim e alguns amigos à volta, na chamada intimidade musical. (Quando acontece, claro!) Hehehe!... Havia a mulher charmosa tocando pandeiro, um casal de idosos dançando num clima de paixão musicas eternzadas por Dolores Duran, Tom, Cartola e outros... Foi divertido!

Carnaval 2010 em Buenos Aires


Depois de 10 dias no Chile, retornei à Porto Alegre e no dia seguinte embarquei num outro onibus em direção à Buenos Aires, para passar o carnaval num clima portenho. Eu não sabia se tres dias seriam o suficiente para descobrir tudo que esta cidade tem para oferecer no que se refere a beleza, arte, modernidade, musicalidade, paixões, tango de rua, poesia, museus, arquitetura, brechós, feiras, San Telmo, Palermo, La Boca, Recoleta, visto que dois dias seriam gastos dentro do ônibus, mas vamos lá, a oportunidade estava diante de mim e eu estava cheio de expectativas!.. 
O grupo de excursão era bastante polivalente, além da companhia dos amigos: Alba, Cristina e Beto

SÁBADO:
Chegada no Hostel em San Telmo:
O Hostel (albergue) onde ficamos hospedados, servia o melhor café, (com frutas, sucos, pães e croassants) que eu já tinha experimentado desde que fui e retornei  do Chile e era localizado no centro da cidade, umas tres quadras da Casa Rosada, no bairro histórico e elegante de San Telmo e dele, ja dava pra se ter uma noção do que era a cidade e sua movimentação. As avenidas largas e de trafego intenso, com muitas pessoas na rua e manisfestações artisticas por todos os lados. Chegamos ao final da tarde de um Sábado, nos acomodamos e no outro dia pela manhã, visitamos a feira de San Telmo, evento imperdível e que acontece todos os domingos no Plaza Dorrego de San Telmo
 a poucas quadras de onde estávamos.


DOMINGO
Feira de San Telmo:
Nesta feira é possível encontrar de tudo que se possa imaginar, artesanato, comida, bebida, roupas, calçados, antiguidades, pinturas, gente de todos os cantos do mundo...(lembra o nosso de Brique da Redenção aqui em PoA, porém muitas vezes maior), com tango e atividades multiculturais por todos os lados. 


Aproveitamos para ver e experimentar tudo que era possível, como comer um sanduíche de pão francês com churrasco e molho apimentado, roscas e doces de sabores diferentes e dali visitar a Casa Rosada (Palácio do Governo), na famosa Praça de Maio onde acontece varias manifestações políticas sociais, a Catedral da cidade e outros prédios de arquiteturas belíssimas.



Bueno Aires é sem dúvidas uma grande metrópole e compara-la com as grandes cidades europeias, existe uma razões de ser. Com uma vida noturna muito intensa e sofisticada; cafés e restaurantes com gente elegante servidas em mesas na rua, por garçons de traje à rigor ou em sacadas de prédios antigos, centenários, é impossível não se sentir inspirado e acreditar que estamos em Paris.



Palermo, o bairro chic:
O dia passou rápido e a noite fomos conhecer Palermo, bairro chic e com todos os tipos de restaurantes para se apreciar uma boa comida. Nesta noite não tivemos muita sorte, pois a concorrência para se conseguir um lugar estava acirrada. Conseguimos depois de muito tempo, sentar e apreciar uma parrilhada de carnes que eu particularmente não gostei. Era feita com rins, testículo de boi e outras coisas estranhas que me deixaram desconfiado com a iguaria. Bebemos muita cerveja gelada e tarde da noite tomamos um táxi retornando para o hostel.

SEGUNDA-FEIRA:
Dia das compras:

No outro dia em torno das 10 horas, saímos para as compras. Depois de muitas voltas pelo centro da cidade e pegar o metrô, considerado o mais antigo da América Latina, de 1913, descer numa estação ali e pegar outro trem acolá..., e eu já completamente perdido, chegamos em San Martin, local onde os próprios argentinos costumam fazem suas compras por preços muito acessível ao bolso. Inacreditavelmente, estava tudo com preços de liquidação e minha comadre queimou inúmeras vezes seu limite de pêsos tendo que voltar à Casa de Câmbio pelo menos umas três vezes. 

Retornamos para o Hostel, novamente cansados de tanto perambular pelas lojas e Shoppings locais e cheios de sacolas.



Para quem aprecia Brechós, Buenos Aires é também a cidade ideal para isto. Lá eles chamam de Feira Americana. É possível encontrar roupas importadas e em excelente estado de conservação por preços inacreditáveis. Um dos colegas da excursão resgatou um sobretudo de lã inglesa, pela mixaria de R$ 15,00, numa dessas feiras.


De volta ao Hostel resolvemos fazer um lanche preparado por nós, do tipo rápido, acompanhado de vinho Chileno que comprei num mercadinho em frente e cujos os donos coreanos comunicavam-se em inglês. Que merda para pedir um pãozinho d´agua, para fazer um simples sanduíche, sem parecermos uns idiotas na frente do balcão. Não falávamos inglês, o espanhol péssimo e coreano então, estava fora de cogitação! Minha comadre ainda insistia na palavra casetinhoooo, pão d'aguaaaaa, sem que a mulher oriental entendesse absolutamente nada! Depois de muita confusão, mímicas e leituras labiais, conseguimos comprar o que queríamos. O vinho foi fácil, era só mostrar a garrafa no caixa e pagar! Compramos um Casillero Del Diablo que normalmente adquirimos aqui no Brasil à R$ 30,00, por R$ 9,00 na moeda brasileira. Depois demos muitas gargalhadas da confusão que armamos no mercadinho, apenas para comprar simples pãezinhos.



TERÇA-FEIRA:
Recoleta:

Pela manhã, pegamos um táxi e fomos até o Cemitério da Recoleta. De inicio, quando chegamos, chamou-nos a atenção a gigantesca arvore na praça em frente. Ela é simplesmente enorme e seus galhos são sustentados por estacas de ferro para mante-la frondosa e suportar seus enormes galhos. Sem isto, despencaria seus grossos galhos.




O Cemitério é uma verdadeira obra de arte a céu aberto e visita-lo pode parecer algum tipo de mórbidez, mas não este, que guarda tamanha beleza arquitetônica e histórica de seus jazigos. Enquanto eu caminhava pelos corredores do cemitério me perdi entre os estreitos passeios, admirando os enormes anjos esculpidos em pedra ou bronze. Algumas sepulturas em mal estado de conservação, outros de uma beleza inigualável.


O cemitério da Recoleta é uma dos mais visitados do mundo e suas tumbas guardam os restos mortais de famílias tradicionais, além de grandes personalidades históricas como Evita Perón (que havia fila para visitar e fotografar) e outras mistificadas como Liliana Crociati, morta por uma avalanche na Áustria em 1970, onde passava lua de mel.


Além da beleza do lugar, outra coisa que me chamou a atenção é a forma com que as pessoas foram sepultadas naqueles mausoléus. Elas não são enterradas como costumamos fazer por aqui, o caixão é simplesmente colocado em local de destaque, ficando visível a quem passa diante deles e para completar o panorama tétrico, existem vários gatos sobre os túmulos, observando quem passa. Dizem que esses gatos são moradores do cemitério e completam o clima mistico do lugar.


Este sepulcro que fotografei sem nenhuma proteção de vidro a o contrario da maioria, estava como podem ver aberto, causando aos turistas que passeavam no local, um ar, eu diria, de muita surpresa!..
Taquicardia e frio na espinha à parte e deixando de lado o preconceito e a superstição, encontramos neste cemitério, trabalhos esculpidos em granito, mármore e bronze que são verdadeiras obras de arte. Um verdadeiro acervo escultório dignos de admiração e reconhecimento cultural.


La Boca o bairro boêmio:
Dali, fomos almoçar num restaurante do outro lado da rua, já era quase duas horas da tarde e decidimos por comer um verdadeiro churrasco portenho que ainda não havíamos experimentado. Comida boa, cara e o garçon simpático. Depois pegamos um taxi
em direção ao La Boca, onde fomos orientados pelo motorista a não nos afastarmos do circuito turístico do bairro, por ser considerado um lugar perigoso e marginalizado. O La Boca é considerado o bairro boêmio da cidade caracterizado pela simplicidade, alegria e arte. Arriscam-se alguns à dizer que por ali nasceu o tango da mesma forma que o samba, nas favelas e morros do Rio de Janeiro.



O La Boca, sem sombra de dúvidas, foi o lugar que mais chamou-me a atenção, por sua simplicidade, beleza e história. O bairro foi originalmente o local do primeiro porto de Buenos Aires. Seu nome se deve à existência do rio Riachuelo, que com uma grande boca desembocava no Rio da Prata. 



A região ao final do século XIX, recebeu um enorme contingente de imigrantes principalmente italianos que ali se instalaram e com poucos recursos financeiros, começaram a construir casas com chapas de zinco e madeira acima do solo para evitar as frequentes inundações que ocorriam na época e pintá-las com as sobras de tinta dos barcos que ancoravam no porto... As casas são pintadas de um  colorido forte que lhe conferem alegria e beleza reconhecidas em qualquer parte do mundo. As ruas são cheias de restaurantes, lojinhas de artesanato, museus, shows de ruas que confere ao lugar um charme todo especial. É também neste bairro que se encontra a sede do clube argentino La Bomboneira, que infelizmente não podemos visitar.


As horas foram passando e eu empolgado com tantas festas, feiras de artesanato, danças ao ar livre , museus para se apreciar, mas tínhamos de estar no Hostel às 16 horas para tomar o ônibus de volta ao Brasil. Na medida em que o tempo passava, corríamos para apreciar todos os detalhes que  talvez não tivéssemos apreciado com a devida atenção.
Buenos Aires é uma cidade imperdível de se conhecer. É necessário muito mais tempo para se explora-la e o La Boca, sem duvida é um dos lugares que mais me emocionou.
Até a próxima!

Buenos Aires


É Carnaval, e passar quatro dias aqui em Buenos Aires, não é o suficiente para descobrir tudo que esta cidade tem para oferecer no que se refere a beleza, arte, modernidade, musicalidade, paixões, tango de rua, poesia, museus, arquitetura, brechós, feiras, San Telmo, Palermo, La Boca, Recoleta... Estou no Hostel neste momento e tenho que ser rápido pois a internet aqui é muito concorrida. Serei breve e escreverei postagens curtas. O feriado esta passando rápido e quando eu chegar de volta em casa, ficarei saudosos deste lugar e com a sensação de que faltou muito mais coisas para viver por aqui!..
Mais fotos AQUI

OS CÃES DE RUA NO CHILE

No dia em que cheguei ao Chile uma particularidade chamou a atenção de todos na excursão, que é a quantidade de cães que vagam pelas ruas de Santiago. Apesar do Chile ser um pais relativamente rico, a situação dos cães se assemelham com o do nosso país, onde são friamente abandonados. A diferença é que os cães chilenos não são mirrados como os nossos e possui uma melhor apresentação, pelos aparentemente limpos do qual é possível se passar a mão sem ficar com aquele cheirinho desagradável!.. São grandes e gordos e quando passam pela gente causam um certo susto pelo tamanho! Outra particularidade e que eles vagam livremente entre a população numa relação que me pareceu amistosa, homens e cães. Em nenhum momento percebi algum deles terem sido afugentados ou escorraçados pelos transeuntes ou fugirem em demonstração de medo. É como se fizessem parte da população. Se por um lado são abandonados por seus donos, de alguma forma a população os acolhe. Inúmeras vezes percebi sob as calçadas recipientes com agua e comida. No dia em que visitei o Palácio de La Moneda, com todo o protocolo de segurança, revista de bolsas e detectores de metais me surpreendi ao ver pelo menos dois destes cães deitados no pátio interno ao lado dos guardas. E olha com certeza não eram cães de guarda treinados não!.


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VIDA NO DESERTO


Ontem lembrei da viagem que fiz ao Chile com meu filho e que me deixou por um lado revigorado e por outro reflexivo. Ver tanta beleza natural me deixou orgulhoso de estar vivo e de poder testemunhar com ele, coisas que eu só via por cartões postais e revistas e outras que eu nem imaginava que existiam. 


Cruzar a Cordilheira Andina, pisar no deserto do Atacama, no deserto de sal e visitar as ruínas de comunidad Atacameña El Pukara de Quitor a apenas 3 quilômetros de San Pedro do Atacama, com estruturas de pedras construídas no século XII para se protegerem de invasores, me causou sentimentos de valorização da vida que eu pouco conhecia. 
Cada canto, povoado desta parte tão inóspita e árida do planeta, nos obriga a fazer uma reflexão sobre tudo, sobre a nossa vida diante de diferentes hábitos e culturas. A pensar nas exigências que fizemos para nos sentirmos felizes e realizados como cidadãos cobertos de vícios civilizatórios. A valorização da vida e pensar que a sobrevivência pode ser uma forma simples de adaptação ao meio em que vivemos e no quanto somos insuficientes diante de toda esta complexidade. 

Algumas curiosidades que você não sabia sobre o Deserto do Atacama!

DESERTO MAIS SECO DO MUNDO:

O deserto do Atacama é o mais seco dentre todos os desertos do planeta. A precipitação média da região é de apenas 1 mm/ano e em alguns lugares específicos do deserto não há registros de chuva desde 1570. Imagina só: um lugar que não chove há mais de 400 anos!



DESERTO FLORIDO:

Algumas espécies de flores do Atacama possuem a chamada “dormência”. Elas ficam debaixo da terra protegidas do calor intenso, da aridez e do frio, só esperando a umidade necessária para florescer.

A cada 5 a 10 anos, uma forte onda de vapor d’água toma o ar nas proximidades das montanhas, fazendo com que essas plantas brotem dando vida a esse fenômeno formado por um espetacular tapete de flores coloridas.



AS CIDADES FANTASMAS

Parecem mais um cenário de filme de terror ou de faroeste, mas essa cidades eram prósperas e abrigavam os trabalhadores das antigas minas do local. Os mineiros construíam essas cidades e viviam nelas até que a exploração do minério durasse, depois disso, as abandonavam e construíam outras próximas às novas minas.




AS MÚMIAS MAIS ANTIGAS NÃO SÃO EGIPCIAS:

Pasme: as múmias mais antigas do mundo não são egípcias… são chilenas, chico! As múmias datam entre 7.000 a 2.000 a.c., são da cultura “chinchorro” e foram encontradas a partir de 1917 no deserto do Atacama.


Os chinchorros era caçadores, coletores e pescadores que viviam na região. Suas técnicas de mumificação eram extremamente eficientes, que conservaram seus corpos até os dias de hoje. Pelo menos 2.000 anos antes de os egípcios desenvolverem estes rituais de mumificação, os chinchorros já estavam com todo gás!

Iolanda



Eu estava em Santiago ou em Córdoba conversando com o Beto via Msn, quando perguntei pela Landa, sabidamente baixada a alguns dias na UTI em estado crítico de saúde e de dificil esperança de uma melhora, um milagre. Eu sentia instintivamente que o pior pudesse acontecer por estes dias e aconteceu. Quando li naquela linha escrita: " Ela foi sepultada ontem!...", uma certa amargura brotou na minha boca e pensei que talves ela gostasse de estar conosco, comtemplando todos os lugares que visitamos, se tivesse forças para dominar o que chamamos de morte. Depois fiquei alguns minutos em silencio lembrando da musica que a muito tempo cantavamos pra ela:
Esta canção não é mais que mais uma canção
Quem dera fosse uma declaração de amor
Romântica, sem procurar a justa forma
Do que lhe vem de forma assim tão caudalosa
Te amo,
te amo,
eternamente te amo
Se me faltares, nem por isso eu morro
Se é pra morrer, quero morrer contigo
Minha solidão se sente acompanhada
Por isso às vezes sei que necessito
Teu colo,
teu colo,
eternamente teu colo
Quando te vi, eu bem que estava certo
De que me sentiria descoberto
A minha pele vais despindo aos poucos
Me abres o peito quando me acumulas
De amores,
de amores,
eternamente de amores
Se alguma vez me sinto derrotado
Eu abro mão do sol de cada dia
Rezando o credo que tu me ensinaste
Olho teu rosto e digo à ventania
Iolanda, Iolanda, eternamente Iolanda.

Férias

Mudança de planos: Como Cusco ficou alagada pela enchente dos últimos dias, tornando-a inviável, impróprio para se chegar até lá e fazer um tour, uma festa, resolvemos mudar nosso destino em respeito as reações de queixas da natureza!
No destino será Argentina e Chile onde visitaremos, Córdoba!!.., Mendonça!!.., Andes!!.., Santiago!!..., Valparaiso!!.., Vinas del Mar!!.., Deserto do Atacama!!.., Antofagasta!!.., Licancabur!!.., Geisel Del Tatio!!..,Valle de La Muerte!!.., Salta!!....Buenos Aires!.

Coração Satânico

Coração Satânico é destes filmes que eu inexplicavelmente assistia em pedaços quando ligava a televisão, por que já estava rodando a não sei quanto tempo.
Um dia vi o seu inicio, algum tempo, depois outras partes do filme, mas sempre me angustiava e aguçava-me a curiosidade de assisti-lo na íntegra, pelas cenas densas e de fotografia rica, detalhadas, cheio de sutilezas.
Algo me chamava a atenção neste filme instigante, que mostra muito mais do que a historia de um detetive particular que foi contratado para desvendar o paradeiro de um musico ligado a seitas satânicas e cujas as pessoas ligadas a ele vão sendo mortas violentamente e colocando o detetive com principal suspeito dos crimes. O filme é cheio de pequenos rituais de ordem psíquica, cenas paralelas que abordam alguns maneirismos culturais da época e do local (Nova Orleans- cidade do Blue/jazz de rua, anos 50), onde acontece a trama que ultrapassa a historia simples de terror e suspense que estamos acostumados a ver na TV. Coração Satânico é uma destas produções que não atingiram o eixo comercial, mas é admirado pelos seus poucos fãs como eu e encaixando-se no conceito Cult cinematográfico.
Termino este post com a opinião de um cinófilo sobre o filme:
"Ele nos deixa o questionamento: Atos obscuros são engrenados nos calabouços de nossa mente, ou há mesmo uma força maligna além de nossa compreensão que dirige nossos desejos toda vez que almejamos alterar o ciclo natural da vida?..."

Titulo Original: Angel Heart.
Lançamento: EUA- 1987.
Direção: Alan Parker.
Atores: Mickey Rouke, Robert De Niro, Charlotte Rampling, Brownie McGhee.
Gênero: Terror/suspense
Duração: 112min.



Café Santo de Casa



Tem lugares que me causam surpresa por estarem dentro da cidade onde eu moro e não ter o conhecimento de sua singularidade e beleza. Desatenção, falta de oportunidade, desconhecimento?... Hoje no encontro com os integrantes da excursão para (Macchu Picchu) e que se reuniram para discutirem alguns detalhes sobre a viagem, conheci o bar café escondido no sétimo andar da Casa de Cultura Mário Quintana, com sua arquitetura barroca diferenciada e bem vinda nesses tempos de modernidade e linhas retas.



No espaço aberto para Happy hour,  o teto é em formato de abobada e em toda volta, amplas aberturas onde é possível observar-se o Lago Guaíba e parte da cidade. O ambiente é tranquilo, o serviço sem queixas, e passa aquela sensação de estarmos em algum cantinho europeu tão sonhado!.. Além desta sensação, a temática da cafeteria de nome Café Santo de Casa, homenageia diversas religiões e crenças em meio a uma atmosfera de Pub. Os santos não estão apenas no nome da casa, eles também batizam os pratos e os cafés. O happy hour sugestivo para um final da tarde, pode ser regado a chope ou cerveja, no embalo de música ao vivo e uma visão privilegiada da cidade. Este Santo de Casa me fez milagres!..


Horário de atendimento: De terça à sexta das 10h às 23h30.
Sab., Dom., feriados das 12h às 23h
Capacidade: 200 lugares.
Site: http:www.cafesantodecasa.blogspot.com

Renda-se, como eu me rendi.
Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei.
Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.

Clarice Lispector

Loucuras

Dia desses escreví no blog um texto em que eu dizia numa frase, não querer mais administrar as loucuras que não fossem as minhas e então que fiquei pensando sobre isto, nesta frase que brotou espontânea e que é um sentimento verdadeiro. Antes devo explicar o que eu apelidei de loucura e que no texto anterior não deixei claro e que para mim, que não achei outra forma de conceituar a complexa "Fábrica de Sonhos", com que as pessoas definem sua relação com os outros, no seu convívio social, afetivo, no trabalho, a dinâmica de suas emoções, satisfações, frustrações, expectativas, que oscilam independente de suas vontades.
Administrar estas loucuras alheias, significa muitas vezes se submeter a elas, fazer cabe-las em nós, sufocando a nossa própria, se envolver em sentimentos e situações complexas que nunca acabam e podem não ter uma resposta de satisfação para ambas as partes. Bom seria se cada um administrasse a sua, sem conflitos maiores, sem auto piedade, sem se vitimar, sem responsabilizar os outros, como seria o correto. Quando vamos em busca de saídas do nosso caos interior, utilizamos as nossas relações de aféto como muletas e transformamos as pessoas com quem convivemos em co-responsáveis por nossas derrotas, como se dependesse delas a atitude transformadora para a resolução de nossos problemas. Cobramos atitudes, respostas, sorriso na hora certa, silêncio de consternação, decisões salvadoras, por que esperamos delas muito mais do que podem dar, transformando-as em escravos de nossas oscilações emocionais. Derramamos sobre elas todas as nossas frustrações em forma de pequenas cobranças e insatisfações menores, criamos buracos inexistentes na relação. Então vem aquela frase: (Ah, mas quando mais precisa de ti, não me destes apoio!..) Mas quando buscamos saídas por nós mesmos, antes de descobrir a força que temos, deparamo-nos com outros aspectos pessoais que nos surpreende por parecer estranho, distante daquilo que imaginávamos ser e que faz a gente se perguntar: Mas sou eu mesmo?... È como chegar diante de um espelho e enxergar outra cara diferente da qual estamos acostumados a ver e sentir pena. Daí que não vale o sacrifício de deparar-se com esta exposição que achamos medíocre, falsa, estranha!.. É que queremos sempre ser apoiados de alguma forma por alguém, não importa em que situação e circunstância. Gostamos de uma certa adulação, de uma cumplicidade sem limites que nos alimente o ego e isto parece significar alguma forma de ser amado, de ser aceito, de ser respeitado, sem dar em troca a mesma moeda de cumplicidade quando necessário. Precisamos de uma mão, não importa de quem seja, para caminharmos no escuro, e esta dependência se torna doentiamente eterna. Precisamos aprender a andar sozinhos quando necessário, sem fazer escravos, sem chantagens, sem pena de nós mesmos. Precisamos reconhecer a necessidade da mão amiga e do abraço afetuoso sem querer o corpo inteiro e a alma junto. É de vital importância que se crie espaços para que o ar circule e se renove. É necessário se dar uma chance para que sintamos nosso próprio poder de resolutividade. Por isso administrar certas loucuras de convivência e que não são as nossas, é por demais caro, é quase um serviço escravo de devoção vitalícia, que urge dar-mos um tempo para possamos viver.

Festa na Prainha


Dia 25 à noite foi a festa de comemoração do Fórum Social Mundial -10 anos na Prainha da Usina do Gasômetro em Porto Alegre com a participação de músicos locais como Renato Borghetti, Papas na Língua e finalizada com a apresentação de Marcelo D2. Além dos músicos, apresentações de capoeira, temáticas teatrais, exposições de arte e artesanato. A marcha de abertura do Fórum Social Mundial teve início no final da tarde, no Largo Glênio Peres. A caminhada percorreu a área central da cidade, passando pela Avenida Borges de Medeiros em direção à Prainha do Gasômetro, onde aconteceu os shows. O Fórum discute o futuro do planeta e pauta discussões sobre a crise ambiental, social e econômica, procurando caminhos a serem construídos. As comemorações se estenderão até o dia 29 de Janeiro.


Bingo!

De repente fomos acionados para atender uma senhora na Rua Dona Eugénia com queixa de arritmia cardíaca. Quando chegamos, ela estava deitada no sofá de seu belo apartamento cercada pelos dois filhos já adultos e preocupados com a situação da mãe que não parava de dizer entre gemidos e perceptível ansiedade para que não a deixassem morrer. Durante a entrevista e verificações dos sinais vitais onde constatamos uma taquicardia normal nestes casos de ansiedade, ela havia dito que sofria de síndrome do pânico e que usava como medicação Rivotril que resolveu parar por decisão própria. Bingo!..
Como não possuía uma referencia clínica ou hospitalar, embora tivesse um bom plano de saúde, o medico do Samu regulou para que nós a conduzissemos para a sala de clínica do Pronto Socorro Municipal, doqual fizemos parte e que os filhos rejeitaram imediatamente a ideia por (ser publico) e considerar que sua mãe tinha um plano de saúde diferenciado($$) e que só estavam usando o serviço do Samu por que ela possuía uma prótese de quadril implantada alguns anos que a impedia de ficar sentada num carro comum e ser levada por eles mesmos a algum serviço competente, não importava o preço. (Serviço de transporte), Bingo!
Depois de deixa-la na emergência de um hospital particular, lembrei que minutos antes tínhamos atendido uma senhora na Lomba do Pinheiro com possível congestionamento pulmonar por problemas cardíacos sérios e outras complicações que necessitavam de total agilidade e atenção da equipe e intervenção medica imediata. O que foi feito.
Fico lembrando destas duas ocorrências e pensando que é quase impossível não compara-las embora cada caso é um caso isolado em sua complexidade (clinica, social, economica, etc, etc...)
Eu me pergunto se sou egoísta quando busco somente o lado iluminado das pessoas, aquele que reflete sua visão diferenciada e que cria uma opinião através do olhar sutilmente sensível sobre as coisas. Talvez eu ame mais a grandeza da alma e a bondade do espírito, do que a plasticidade de um corpo, a apresentação de um kit sutilmente dissimulado. Talvez eu admire muito mais a profundidade do que os sentimentos básicos que nos torna tão desnecessariamente iguais, tão carentes, tão perdidos, tão igualmente sem saída.
E como diz as sabias palavras de Lama Padma Samten:
"O outro é você mesmo num mundo diferente."

Morte libertação e leveza

Não sei porque razão eu acreditava que nunca chegaria aos 30 e eles vieram quase sem eu perceber! Depois pensava jamais atingir os 40. A os 45, algumas as coisas começaram a mudar internamente, além dos medos e culpas que cresciam e que me impediam de viver, eu sentia-me com outras emoções freadas, paixões congeladas e temeroso de sair de meu mundinho particular onde eu apenas sonhava e pensava existir alguma segurança. Talvés eu achasse que a morte me libertaria e assim arrastava tantas coisas da minha vida com esta idéia, que desistia de meus sonhos. Aos 50, descobri que só se pode viver e ser feliz com liberdade, coragem e autenticidade e para se ter estas três coisas é necessário abrir mão de alguns medos e culpas. É necessário principalmente assumir os erros e deixar a covardia de lado e que eu tinha um conceito errado de morte associada a libertação!..
Hoje tenho que agradecer tanta coisa boa que vem acontecendo, tanta gente boa cruzando pelo meu caminho..., tantos sonhos realizáveis, tanta vida pra descobrir que as vezes percebo querer viver muito, muito mais que 100 e recuperar os anos perdidos!
Veio-me então esta musica do Cazuza na cabeça:
"Vida louca vida, vida breve, Já que eu não posso te levar, quero que você me leve!.. "
E senti uma certa leveza de estar acordando!
..

Que má ideia!

Por vezes pegar o telefone para falar, vira uma má ideia, a pessoa não te ouve, tu também não ouve o que ela esta querendo dizer e cria-se um certo clima de ansiedade recíproco desnecessaria. As palavras e ideias saem distorcidas, as pontuações ficam mal distribuídas e uma certa irritabilidade pré anunciando a qualquer momento uma explosão parece inevitável. Sobra depois a sensação de que não era o  dia, a hora, nem o momento certo de dizer pelo menos um alô!

Cruzando as paredes

Chove muito esta manhã e da cama eu posso ver a agua escorrer sobre o telhado vermelho da casa a o lado. O cheiro no ar, o ruído da chuva me é tão peculiar que me passa a cabeça lembranças antigas guardadas em mim e que pareciam esquecidas com o tempo. Elas não me causam tristeza, melancolia, ou alegria. É alguma coisa próximo da contemplação, de um sentimento meio sem estrutura e de dificil definição. Então eu fico viajando sem sair do lugar, os pensamentos multiplicados, o olhar ultrapassando paredes, o ouvido captando outros sons distantes, vozes que não estão por perto e que me parecem longe, mas que são conhecidas de algum lugar desta minha vida.
Levantei-me da cama cedo para trabalhar com esta pergunta que não me saia da cabeça:
_Por que será que as pessoas que jogam, perdem mais do que ganham?..
O jogo me parece ter algo de manipulação, de esperteza, de enganação, de interferência sobre o rumo natural das coisas. Deve ser por isto que não assisto ao Big Brother!

10

De tarde, depois de uma caminhada dez pelo bric da Redenção, um almoço que me pareceu dez e uma descançada dez sob a sombra das arvores do parcão, retornei para casa sentindo estranha sonolencia, sudorese, nauzeas, desconforto abdominal. Mais tarde a certeza de uma infecção intestinal das mais dez. Agora, chá de boldo morno ou uma coca-cola bem gelada quando o estomago pedir algo?.. Alba disse-me que é uma tal virose que de tempos em tempos mostra a sua cara!...Ou seriam os mexilhões à vinagrete do almoço?..

Descarrego

De repente tudo ficou cinza, o tempo começou a virar, de um dia claro e com sol quente, para nuvens escuras, vento forte, gotas densas de chuva que quase doiam ao bater na pele. Eu estava sentado na rua olhando toda aquela transformação no ceu e deixando-me molhar enquanto meu colega de trabalho gritava de dentro da casa: "_Que gripão tu tá pedindo ein?..." Minha vontade era de ficar ali, deixar-me encharcar com aquela chuva que caia sobre o meu corpo como uma espécie de massagem relaxante, como se retirasse de mim cargas posivelmente negativas.

Despertar de uma paixão

Ambientado nos anos 20, o filme conta a historia de um casal, (Edward Norton), bacteriologista de classe média e da jovem rica Kitty (Naomi Watts) que se conhecem em Londres e casam-se aparentemente sem amor. Após o casamento, mudam-se para Xangai, onde ela se envolve com outro homem e é descoberta pelo marido que resolve como castigo, por sua infidelidade, mudarem-se para um pequeno povoado no interior da China. Inicialmente para Kitty, o lugar é muito mais que um castigo, mas o próprio inferno.
Na medida em que conhecem melhor a cultura local, descobrem também em cada um deles suas diferenças e interesses assim como, outros elementos antes não mostrado como valores, bondade, sensibilidade. O filme mostra a possibilidade de descobrir o amor por meios que não são habituais. Tem a direção de John Curran e nos papéis principais Naom Watts (Kitty Fane) e Edward Norton (Walter Fane). Excelente fotografia e trilha sonora.
Gênero: drama/ romance
Duração: 125 min.


Happy hour

Para diminuir a angustia que levamos de casa para a rua e o estres que encontramos causado pela correria no centro da cidade, às vezes é necessário uma paradinha para um happy hour acompanhado de um delicioso café passado na hora. A Casa de Pelotas é a melhor pedida, situada no 2º piso, Lojas 62, 64 e 66 do Mercado Publico em Porto Alegre, oferece um ambiente calmo e agradavel para um bate papo de esquecer as horas passarem. De um lado pode-se contemplar pelas amplas janelas iluminadas pelo Sol, a avenida Borges de Medeiros, a prefeitura da cidade, do outro lado os clientes sentados no extenso espaço livre do mesanino. Dado o tempo necessário de uma boa conversa num ambiente como este, tudo parece melhorar!

Palavras e olhares que não mais se encontram

Como é posivel mudanças tão rápidas no tempo, na vida, na alma, em nossas expectativas? Ontem sol escaldante o dia inteiro, ventiladores ligados, planos, promessas pessoais refeitas, possibilidades, up e hoje dia nublado, palavras com intonações reticentes ouvidas, como se faltassem verdades à serem ditas e não houvesse clima, tempo, como se alguns pedaços fossem perdidos no caminho de ontem pra hoje, de semanas, de meses e não foram encontrados.
Cansaço, falta de estímulo, tempo escasso
, incertezas?..
Não sei como chamar isto, esta sensação de que não vale a pena persistir em algo que parece vir morrendo dos dois lados, que põe dúvidas nos olhares e palavras que se cruzam mas não se encontram, nas ligações perdidas, não recebidas, nos diferentes fusos horários e que a soma positiva por vezes parece pura insistência, teimosia
de quem não quer perder sonhos idealizados que se desbotam, se perdem, mas ficam penduradas numa pequena possibilidade de encontro mágico que não acontece por ter perdido sua força...

Cama de gato

Semana passada fui numa festa e então aproveitei para fazer um teste. Eu raramente faço este tipo de coisa, mas desta vez por desconfianças anteriores, resolvi fazer. Pedi para uma pessoa na festa, que não publicasse as minhas fotos na Internet pois iria me comprometer se o fizesse.
_Não, não te preocupa, não coloco nada na Internet sem a autorização das pessoas, pode deixar!.._ disse, tranquilizando-me.
Alguns dias depois, adivinhem!.. Minhas fotos durante a festa, publicadas em seu Orkut e uma visita sutil na pagina da suposta pessoa do qual eu teria de dar explicações, criando uma espécie de ísca.
Cama de gato? Abraço de urso? Como devo chamar isto?.. Eu seria por demais ingenuo se não acreditasse na má intenção desta pessoa! Na verdade, as fotos publicadas jamais me trariam problemas pois nada tinham de comprometedor e se tratavam de uma gentileza, um carinho que fiz com a minha presença no aniversário de uma pessoa amiga, de princípios éticos incontestáveis e que prezo muito. Jogos com este, faz parecer que as pessoas podem ser manipuladas facilmente como fantoches, mas a realidade é diferente. Também tenho total liberdade sobre minhas atitudes que considero responsável, honesta e nada tenho a esconder. Lamentei profundamente o ocorrido que pareceu-me uma armadilha cujo a imaturidade e técnica primária me deixaram de cara.

FERIAS NO PERU.

Dia 30 de Janeiro, parto em direção ao Peru, numa viagem cuja a curiosidade e expectativas tem me causado certa ansiedade de tirar o sono. O roteiro sairá de: Porto Alegre, depois São Borja, Jujuy na Argentina com um breve tour, Purmamarca onde pode-se avistar o famoso Cerro de Siete cores, Tilcara com as impressionantes ruínas indígenas, a Quebrada de Humahuaca, um itinerário cultural de dez mil anos, com o povo homônimo e que foi declarada Patrimônio Mundial da Humanidade pela UNESCO. Por seus caminhos ingressaram os Incas, e até hoje conservam crenças religiosas, rituais, festas, arte, música e técnicas agrícolas que são um patrimônio vivo. Atravessaremos a Cordilheira dos Andes que é um dos pontos altos da viagem, passaremos pelo mini deserto branco - Salinas Grandes, em Susques, saída da Argentina por Paso de Jama, Humahuaca, San Pedro Atacama, Calama no Chile.
Em Calama, seguiremos em viagem, passando pelos lugares mais áridos do mundo como o Deserto do Atacama, para chegarmos em Arica ao final da tarde e se der um banho de mar. Arica é uma cidade situada no litoral do Oceano Pacifico, quase no limite internacional entre o Chile e o Perú. Depois de Arica, Machu Picchu, Cuzco. Prometo muitas fotos e comentários sobre o passeio!


Encontro de casais?

Estou cheio de prioridades neste novo ano!..
Parar de fumar(que já tentei tantas vezes...), manter minhas caminhadas(...), continuar elaborando meus planos de viagens, alinhar uma pitica pessoal aqui, outra pitica ali.., de modo à manter a promessa que fiz a mim mesmo: "Não abraçar as loucuras que não sejam as minhas." Fortalecer e manter as amizades que valem a pena e as relações que se alicerçam no aféto, aceitação e respeito mutuo, do contrário tô passando à distancia.
Hoje por exemplo, recebi um convite para um café, no próximo Sábado, na casa de uma colega, onde se encontrarão várias pessoas do qual eu conheço. Ela chama de encontro de casais! Quase disse um "sim", mas depois fiquei pensando, engoli o sim e agradeci o convite por achar que alguns encontros como este, além de cansativos, correm o risco de decepções, como tantas vezes já aconteceu noutras ocasiões.

Postagem em destaque

TÔ PENSANDO QUE:

Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...