Carnaval 2010 em Buenos Aires


Depois de 10 dias no Chile, retornei à Porto Alegre e no dia seguinte embarquei num outro onibus em direção à Buenos Aires, para passar o carnaval num clima portenho. Eu não sabia se tres dias seriam o suficiente para descobrir tudo que esta cidade tem para oferecer no que se refere a beleza, arte, modernidade, musicalidade, paixões, tango de rua, poesia, museus, arquitetura, brechós, feiras, San Telmo, Palermo, La Boca, Recoleta, visto que dois dias seriam gastos dentro do ônibus, mas vamos lá, a oportunidade estava diante de mim e eu estava cheio de expectativas!.. 
O grupo de excursão era bastante polivalente, além da companhia dos amigos: Alba, Cristina e Beto

SÁBADO:
Chegada no Hostel em San Telmo:
O Hostel (albergue) onde ficamos hospedados, servia o melhor café, (com frutas, sucos, pães e croassants) que eu já tinha experimentado desde que fui e retornei  do Chile e era localizado no centro da cidade, umas tres quadras da Casa Rosada, no bairro histórico e elegante de San Telmo e dele, ja dava pra se ter uma noção do que era a cidade e sua movimentação. As avenidas largas e de trafego intenso, com muitas pessoas na rua e manisfestações artisticas por todos os lados. Chegamos ao final da tarde de um Sábado, nos acomodamos e no outro dia pela manhã, visitamos a feira de San Telmo, evento imperdível e que acontece todos os domingos no Plaza Dorrego de San Telmo
 a poucas quadras de onde estávamos.


DOMINGO
Feira de San Telmo:
Nesta feira é possível encontrar de tudo que se possa imaginar, artesanato, comida, bebida, roupas, calçados, antiguidades, pinturas, gente de todos os cantos do mundo...(lembra o nosso de Brique da Redenção aqui em PoA, porém muitas vezes maior), com tango e atividades multiculturais por todos os lados. 


Aproveitamos para ver e experimentar tudo que era possível, como comer um sanduíche de pão francês com churrasco e molho apimentado, roscas e doces de sabores diferentes e dali visitar a Casa Rosada (Palácio do Governo), na famosa Praça de Maio onde acontece varias manifestações políticas sociais, a Catedral da cidade e outros prédios de arquiteturas belíssimas.



Bueno Aires é sem dúvidas uma grande metrópole e compara-la com as grandes cidades europeias, existe uma razões de ser. Com uma vida noturna muito intensa e sofisticada; cafés e restaurantes com gente elegante servidas em mesas na rua, por garçons de traje à rigor ou em sacadas de prédios antigos, centenários, é impossível não se sentir inspirado e acreditar que estamos em Paris.



Palermo, o bairro chic:
O dia passou rápido e a noite fomos conhecer Palermo, bairro chic e com todos os tipos de restaurantes para se apreciar uma boa comida. Nesta noite não tivemos muita sorte, pois a concorrência para se conseguir um lugar estava acirrada. Conseguimos depois de muito tempo, sentar e apreciar uma parrilhada de carnes que eu particularmente não gostei. Era feita com rins, testículo de boi e outras coisas estranhas que me deixaram desconfiado com a iguaria. Bebemos muita cerveja gelada e tarde da noite tomamos um táxi retornando para o hostel.

SEGUNDA-FEIRA:
Dia das compras:

No outro dia em torno das 10 horas, saímos para as compras. Depois de muitas voltas pelo centro da cidade e pegar o metrô, considerado o mais antigo da América Latina, de 1913, descer numa estação ali e pegar outro trem acolá..., e eu já completamente perdido, chegamos em San Martin, local onde os próprios argentinos costumam fazem suas compras por preços muito acessível ao bolso. Inacreditavelmente, estava tudo com preços de liquidação e minha comadre queimou inúmeras vezes seu limite de pêsos tendo que voltar à Casa de Câmbio pelo menos umas três vezes. 

Retornamos para o Hostel, novamente cansados de tanto perambular pelas lojas e Shoppings locais e cheios de sacolas.



Para quem aprecia Brechós, Buenos Aires é também a cidade ideal para isto. Lá eles chamam de Feira Americana. É possível encontrar roupas importadas e em excelente estado de conservação por preços inacreditáveis. Um dos colegas da excursão resgatou um sobretudo de lã inglesa, pela mixaria de R$ 15,00, numa dessas feiras.


De volta ao Hostel resolvemos fazer um lanche preparado por nós, do tipo rápido, acompanhado de vinho Chileno que comprei num mercadinho em frente e cujos os donos coreanos comunicavam-se em inglês. Que merda para pedir um pãozinho d´agua, para fazer um simples sanduíche, sem parecermos uns idiotas na frente do balcão. Não falávamos inglês, o espanhol péssimo e coreano então, estava fora de cogitação! Minha comadre ainda insistia na palavra casetinhoooo, pão d'aguaaaaa, sem que a mulher oriental entendesse absolutamente nada! Depois de muita confusão, mímicas e leituras labiais, conseguimos comprar o que queríamos. O vinho foi fácil, era só mostrar a garrafa no caixa e pagar! Compramos um Casillero Del Diablo que normalmente adquirimos aqui no Brasil à R$ 30,00, por R$ 9,00 na moeda brasileira. Depois demos muitas gargalhadas da confusão que armamos no mercadinho, apenas para comprar simples pãezinhos.



TERÇA-FEIRA:
Recoleta:

Pela manhã, pegamos um táxi e fomos até o Cemitério da Recoleta. De inicio, quando chegamos, chamou-nos a atenção a gigantesca arvore na praça em frente. Ela é simplesmente enorme e seus galhos são sustentados por estacas de ferro para mante-la frondosa e suportar seus enormes galhos. Sem isto, despencaria seus grossos galhos.




O Cemitério é uma verdadeira obra de arte a céu aberto e visita-lo pode parecer algum tipo de mórbidez, mas não este, que guarda tamanha beleza arquitetônica e histórica de seus jazigos. Enquanto eu caminhava pelos corredores do cemitério me perdi entre os estreitos passeios, admirando os enormes anjos esculpidos em pedra ou bronze. Algumas sepulturas em mal estado de conservação, outros de uma beleza inigualável.


O cemitério da Recoleta é uma dos mais visitados do mundo e suas tumbas guardam os restos mortais de famílias tradicionais, além de grandes personalidades históricas como Evita Perón (que havia fila para visitar e fotografar) e outras mistificadas como Liliana Crociati, morta por uma avalanche na Áustria em 1970, onde passava lua de mel.


Além da beleza do lugar, outra coisa que me chamou a atenção é a forma com que as pessoas foram sepultadas naqueles mausoléus. Elas não são enterradas como costumamos fazer por aqui, o caixão é simplesmente colocado em local de destaque, ficando visível a quem passa diante deles e para completar o panorama tétrico, existem vários gatos sobre os túmulos, observando quem passa. Dizem que esses gatos são moradores do cemitério e completam o clima mistico do lugar.


Este sepulcro que fotografei sem nenhuma proteção de vidro a o contrario da maioria, estava como podem ver aberto, causando aos turistas que passeavam no local, um ar, eu diria, de muita surpresa!..
Taquicardia e frio na espinha à parte e deixando de lado o preconceito e a superstição, encontramos neste cemitério, trabalhos esculpidos em granito, mármore e bronze que são verdadeiras obras de arte. Um verdadeiro acervo escultório dignos de admiração e reconhecimento cultural.


La Boca o bairro boêmio:
Dali, fomos almoçar num restaurante do outro lado da rua, já era quase duas horas da tarde e decidimos por comer um verdadeiro churrasco portenho que ainda não havíamos experimentado. Comida boa, cara e o garçon simpático. Depois pegamos um taxi
em direção ao La Boca, onde fomos orientados pelo motorista a não nos afastarmos do circuito turístico do bairro, por ser considerado um lugar perigoso e marginalizado. O La Boca é considerado o bairro boêmio da cidade caracterizado pela simplicidade, alegria e arte. Arriscam-se alguns à dizer que por ali nasceu o tango da mesma forma que o samba, nas favelas e morros do Rio de Janeiro.



O La Boca, sem sombra de dúvidas, foi o lugar que mais chamou-me a atenção, por sua simplicidade, beleza e história. O bairro foi originalmente o local do primeiro porto de Buenos Aires. Seu nome se deve à existência do rio Riachuelo, que com uma grande boca desembocava no Rio da Prata. 



A região ao final do século XIX, recebeu um enorme contingente de imigrantes principalmente italianos que ali se instalaram e com poucos recursos financeiros, começaram a construir casas com chapas de zinco e madeira acima do solo para evitar as frequentes inundações que ocorriam na época e pintá-las com as sobras de tinta dos barcos que ancoravam no porto... As casas são pintadas de um  colorido forte que lhe conferem alegria e beleza reconhecidas em qualquer parte do mundo. As ruas são cheias de restaurantes, lojinhas de artesanato, museus, shows de ruas que confere ao lugar um charme todo especial. É também neste bairro que se encontra a sede do clube argentino La Bomboneira, que infelizmente não podemos visitar.


As horas foram passando e eu empolgado com tantas festas, feiras de artesanato, danças ao ar livre , museus para se apreciar, mas tínhamos de estar no Hostel às 16 horas para tomar o ônibus de volta ao Brasil. Na medida em que o tempo passava, corríamos para apreciar todos os detalhes que  talvez não tivéssemos apreciado com a devida atenção.
Buenos Aires é uma cidade imperdível de se conhecer. É necessário muito mais tempo para se explora-la e o La Boca, sem duvida é um dos lugares que mais me emocionou.
Até a próxima!

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