Oque quebrou a gente cola

Dia 16 deste mês minha irmã completa 50 anos, então toda a família esta envolvida em promover um churrasco de comemoração por seu aniversario, que ela jura não dar importância, mas que no fundo sabemos que é um desdem. Meu irmão hoje durante o almoço já rabiscava a lista de convidados e a quantidade de comida e bebida para suprir a festa. Minha família sempre deu importância à comemorações que reúnem amigos e familiares em volta da mesa ou da grelha cantando um sambão e um copo de cerveja na mão. Isto que é referencia de comemoração para eles, mesmo que não estejam alegres, mas ao menos fica aquela sensação de dever cumprido, de que a data não foi esquecida ou passou em brancas nuvens. Não são muito de demonstrar aféto e quando menos se espera surge algum clima de instabilidade que faz com que a relação se quebre mas não se separe os cacos. Passado algum tempo tudo volta a normalidade e como se nada tivesse acontecido, novos encontros ou festas sem uma data comemorativa são marcadas como pretexto de colar o que rachou mas não se espatifou. No meu entender, familia sempre foi uma peça frágil e como diz a letra da musica de Ivete:
♪ ♪...o que quebrou a gente cola, refaz a nossa história de amor..' ♪ ♪
Hoje não revirei gavetas procurando coisas do passado, mas fiquei observando meu presente e em particular o que sobrou de uma relação que parecia tão bonita antes da decisão de acaba-la por razões que envolviam diferenças pessoais, interferência de terceiros e até banalidades que vão sendo liquidificadas com insatisfações maiores e acabam pesando como um pacote único. Tenho conciencia de que rompimentos não terminam em samba e só cicatrizam no decorrer do tempo de cada pessoa... É que tomo um susto quando percebo impessoalidade e distancia, frases que parecem decoradas, cuidadosamente escolhidas parecendo cena de novela onde os diálogos são feitos para satisfazerem o grande publico.

Estrela de Luz própria


Marisa Monte é dessas cantoras que me emociona demais quando vejo-a em raras aparições na TV ou somente ouço cantar. Sua voz e repertório pra mim é da mais alta qualidade e sensibilidade. E sua postura diante da midia me faz acreditar que algumas pessoas nascem estrelas e não precisam de recursos extras para poderem brilhar, portando-se como uma trabalhadora que tem na voz a magia de espalhar delicadamente arte e emoção para quem a ouve. Tenho um infinito e particular apreço pela musica "Vilarejo" que ouvi pela primeira vez na miniserie "A Casa das Sete Mulheres". A letra da musica fala de força, simplicidade e amor que podem revelar sutis diferenças na qualidade de vida e na alma das pessoas quando se permitem ir de encontro a isto.
Há um vilarejo ali
Onde areja um vento bom
Na varanda, quem descansa
Vê o horizonte deitar no chão

Pra acalmar o coração
Lá o mundo tem razão
Terra de heróis, lares de mãe
Paraiso se mudou para lá

Por cima das casas, cal
Frutas em qualquer quintal
Peitos fartos, filhos fortes
Sonho semeando o mundo real

Toda gente cabe lá
Palestina, Shangri-lá
Vem andar e voa
Vem andar e voa
Vem andar e voa

Lá o tempo espera
Lá é primavera
Portas e janelas ficam sempre abertas
Pra sorte entrar

Em todas as mesas, pão
Flores enfeitando
Os caminhos, os vestidos, os destinos
E essa canção

Tem um verdadeiro amor
Para quando você for".

Canção de Amor


Minha mãe cantava esta musica ao pé do meu ouvido, enquanto fazia as lidas da casa, alinhavada com lembranças de sua juventude e desabafos pessoais. Dizia-me que não era feliz no casamento e que muitos sonhos deixou para traz por ter assumido a responsabilidade de criar decentemente a mim e meus irmãos. Cresci e por muito tempo sentia culpa por te-la impedido de voar sobre os mares de sua vida. Hoje eu sei que mesmo sendo uma criança eu era o único disponível para ouvi-la.

Saudade, 
torrente de paixão
Emoção diferente
Que aniquila a vida da gente
Uma dor que eu não sei de onde vem
Deixaste o meu coração vazio
Deixaste a saudade
Ao desprezares aquela amizade
Que nasceu ao chamar-te meu bem
Nas cinzas do meu sonho
Um hino então componho
Sofrendo a desilusão
Que me invade
Canção de amor, saudade

(
Elano de Paula/Chocolate).


Instante

"Eu vou tentar captar o instante já,
Que de tão fugitivo não é mais,
Porque já tornou-se um novo instante.
Cada coisa tem um instante em que ela é.
Eu quero apossar-me do é da coisa.
Eu tenho um pouco de medo.
Medo ainda de me entregar,
Pois o próximo instante é desconhecido..."

Clarisse Lispector.

Lobisomem

Aos 15 anos, eu ficava olhando a lua, admirado com tanta beleza e grandiosidade e me punha perplexo. Em certos momentos pensava que sua luz me induziria a determinados momentos de prazer e tristeza no quase limite da sanidade com a loucura e então revelaria-me o meu pior. Talvez provocasse em mim uma manifestação diabólica e incontrolável e criasse um ser violento e de sedução contida, guardada, chaveada em meu inconsciente com medo de virar lobisomem.
Tenho um fascínio especial pelo vento, maior que as outras manifestações da natureza. Senti-lo bater em meu rosto causa-me uma sensação solitaria de liberdade inexplicável, ouvir seu ruído sobre telhados e janelas um certo conforto aliado a um sentimento de abandono que aconchega, assistir seu movimento ao fazer flutuar papeis e folhas sobre o chão, um momento de magia trazido da infância que não sei se vivi ou criei, é como delirar num sonho acordado. Acredito que este sentimento difícil de compreender, foi marcado em minha vida por algum momento passado cuja a sensibilidade ea fragilidade estavam a flor da pele e que hoje não encontro respostas que o defina. Na verdade tantas coisas não tenho resposta e muito menos sei definir das minhas emoções como gostaria.
Sexta-feira quase no final do plantão de doze horas, socorri um jovem de 15 anos, na Quinta do Portal-Lomba do Pinheiro, que dirigia uma motocicleta e atropelou um menino de 6 anos. Seu pai, angustiado e preocupado com o menino (atropelado) que ja havia sido removido por outra ambulancia e também com o estado de saúde do filho(atropelador), dizia para o garoto enquanto segurava-lhe a mão e beijava-o afetuosamente:
_Filho, a partir de hoje quero que tu seja padrinho deste menino que tu atropelastes. Quero que tu o visite todos os dias e se responsabilize pela recuperação emocional dele. Esta será a tua missão de agora em diante. Uma obrigação que assumirás em agradecimento a bênção que vocês receberam por estarem vivos!_ Dizia.
Fiquei ouvindo em silencio, surpreso e feliz com as palavras deste pai e sua atitude de conciência e respeito pela vida.

Augusto de Boal

Morreu ontem Augusto de Boal, diretor, dramaturgo e intelectual carioca do subúrbio da Penha aos 78 anos, vitima de insuficiência respiratória. Boal foi um dos expoentes de transformação no panorama teatral dos anos 60, frente ao Teatro de Arena.


"Todas as sociedades humanas são espetaculares no seu cotidiano, e produzem espetáculos em momentos especiais. São espetaculares como forma de organização social, e produzem espetáculos como este que vocês vieram ver. Mesmo quando inconscientes, as relações humanas são estruturadas em forma teatral: o uso do espaço, a linguagem do corpo, a escolha das palavras e a modulação das vozes, o confronto de ideias e paixões, tudo que fazemos no palco fazemos sempre em nossas vidas: nós somos teatro! Não só casamentos e funerais são espetáculos, mas também os rituais cotidianos que, por sua familiaridade, não nos chegam à consciência. Não só pompas, mas também o café da manhã e os bons-dias, tímidos namoros e grandes conflitos passionais, uma sessão do Senado ou uma reunião diplomática --tudo é teatro. Uma das principais funções da nossa arte é tornar conscientes esses espetáculos da vida diária onde os atores são os próprios espectadores, o palco é a plateia e a plateia, palco. Somos todos artistas: fazendo teatro, aprendemos a ver aquilo que nos salta aos olhos, mas que somos incapazes de ver tão habituados estamos apenas a olhar. O que nos é familiar torna-se invisível: fazer teatro, ao contrário, ilumina o palco da nossa vida cotidiana. Em setembro do ano passado fomos surpreendidos por uma revelação teatral: nós, que pensávamos viver em um mundo seguro apesar das guerras, genocídios, hecatombes e torturas que aconteciam, sim, mas longe de nós em países distantes e selvagens, nós vivíamos seguros com nosso dinheiro guardado em um banco respeitável ou nas mãos de um honesto corretor da Bolsa --nós fomos informados de que esse dinheiro não existia, era virtual, feia ficção de alguns economistas que não eram ficção, nem eram seguros, nem respeitáveis. Tudo não passava de mau teatro com triste enredo, onde poucos ganhavam muito e muitos perdiam tudo. Políticos dos países ricos fecharam-se em reuniões secretas e de lá saíram com soluções mágicas. Nós, vítimas de suas decisões, continuamos espectadores sentados na última fila das galerias. Vinte anos atrás, eu dirigi Fedra de Racine, no Rio de Janeiro. O cenário era pobre; no chão, peles de vaca; em volta, bambus. Antes de começar o espetáculo, eu dizia aos meus atores: - 'Agora acabou a ficção que fazemos no dia-a-dia. Quando cruzarem esses bambus, lá no palco, nenhum de vocês tem o direito de mentir. Teatro é a Verdade Escondida'. Vendo o mundo além das aparências, vemos opressores e oprimidos em todas as sociedades, etnias, gêneros, classes e castas, vemos o mundo injusto e cruel. Temos a obrigação de inventar outro mundo porque sabemos que outro mundo é possível. Mas cabe a nós construí-lo com nossas mãos entrando em cena, no palco e na vida. Assistam ao espetáculo que vai começar; depois, em suas casas com seus amigos, façam suas peças vocês mesmos e vejam o que jamais puderam ver: aquilo que salta aos olhos. Teatro não pode ser apenas um evento, é forma de vida! Atores somos todos nós, e cidadão não é aquele que vive em sociedade: é aquele que a transforma!"

*Discurso feito por Boal em 27/03/2009 em homenagem ao dia do Teatro, quando foi nomeado embaixador do teatro pela Unesco.

Eu poderia escrever meus textos no editor do blog e ali mesmo corrigi-los e publica-los depois com segurança, mas tenho o vício antigo de ainda rabiscar minhas idéias sobre pedaços papel que encontro e que vou guardando em gavetas, armários, estantes e pastas, causando-me a sensação de que mesmo perdendo-os ficarão guardados, eternizados.
Penso que mexer em gavetas resuscita fantasmas, amores e histórias guardadas, já quase apagadas, quase esquecidas na lembrança. Encontrei um retrato de tio Nestor, (era assim que toda a família chamava o irmão de minha avó, padrinho de meu irmão e que vivia só).
Era educado e bem empregado, gentil e feminino.
Ganhava buquês de rosas vermelhas em seus aniversários. Falava sempre no grande amor que sentia pela irmã que morreu jovem de tuberculose. Nunca se casou, nunca teve filhos e passou toda a sua vida ganhando afilhados e lembrando deste amor, que alguns da familia acreditavam envergonhados, ser incestuoso.



De que gosto e de que não gosto? Me perguntei dia desses enquanto folhava uma revista de viagens onde ilustrava lugares paradisíacos para o descanso das ferias. Algumas perguntas que faço a mim mesmo as vezes me toma de surpresa. Gosto de tantas coisas, pensei comigo mesmo, mas outras gosto mais ou então menos que algumas. Acho que as que gosto menos, foi as que aprendi a gostar em função de outras pessoas ou situações que de alguma forma me obrigaram a ter um olhar ou sabor diferente daquilo que antes sentia. Tipo influência. Lembro-me que grande parte da minha vida, não tomava cerveja. Achava-a amarga e quando insistia em bebe-la tinha a sensação desagradável de ficar estufado e desconfortável. Depois de algum tempo, saindo para bares noturnos pela cidade é que passei a me acostumar com a bebida gelada e saborea-la com amigos mais sedentos. A o contrario, o vinho sempre foi a minha predileção, embora tenha as minhas exigências.
Mas enquanto olhava a revista onde mostrava praias belíssimas, em lugares onde sempre é verão, lembrei-me da dificuldade que tenho de me manter exposto a o Sol. Não que não goste de sol, mas a combinação de sal, sol, areia e calor ardendo o corpo me é perfeitamente dispensável, quanto a ficar espremido sob os minúsculo centímetros de sombra de um guarda-sol. Quando se trata do ar das montanhas, serra e lugares aconchegante em que se posso tomar um banho de água doce e ficar de baixo da sombra acolhedora de alguma árvore daí é perfeito. Acho que no decorre da vida, vamos fazendo adaptações em função de nos socializarmos com o próprio meio, com as pessoas, os amigos, a família e o que recebemos de informações dizendo-nos que é bom. Aderimos a gostos e prazeres que nem sempre é o nosso, mas dos outros e assim fica aquela sensação de um gostar, porém de menos.

Samu em ação

Reuniões, reuniões e mais reuniões. É o que mais vejo fazerem durante todo este tempo em que trabalho no serviço público e particularmente no SAMU há mais de dez anos. Há cerca um mês atras, novas reuniões para discutir as novas metas da nova administração e seu novo projeto de gerenciamento juntou em volta da mesa chefes e subordinados. Na ocasião regras já conhecidas foram mantidas e novas estabelecidas. Sei de toda a dificuldade encontrada de se fazer mudanças no Serviço público, assim como conheço o caráter da atual gerente e responsável técnica, sua seriedade e de seu empenho em corrigir os erros que vem prejudicando bom andamento do serviço todos estes anos. Mas a experiência vivida de outras administrações e a convivência com situações rotineiras ainda vigentes me deixa ainda inseguro e descrente quanto a viabilidade de proceder alguma mudança significativa na melhora do serviço. Lembro-me de certa vez ter mencionado numa das tantas reuniões que já participei sobre a humanização do serviço dentro do ambiente de trabalho e a mudança de regras que se faz necessária junto a regulação medica e seus dispositivos de ação. Não acredito que mudanças possam surtir efeito com normas e supervisão dirigidas apenas para o trabalhador da linha de frente sem que seja criada também aos que ficam atras da mesa tomando decisões. O funcionamento da maquina operacional hoje é complexa e ineficiente pôr falta de dispositivos administrativos que crie uma linha funcional de trabalho, organizado, competente e humanizado, sem que haja respeito e confiança entre as diferentes categorias que compõem o serviço. Quanto ao excesso de reuniões, sei que é cansativo mas também uma formas acertada de se puxar discussão e entendimento entre os interessados em algum mudança.
Ontem o dia foi muito cansativo, tirando grande parte da minha energia. Dormi tarde e acordei muito cedo pensando numa provável sexta-feira agitada. Esqueci-me que era feriado e então pulei da cama acreditando num agenda cheia de compromissos chatos que é 'pagar contas'.
Fiquei sem telefone celular, que depois de várias semanas dando sinais de mal funcionamento parou por completo. Sinto-me parcialmente incomunicável e ansioso, por vezes irritado e lembrando do homem que atendi ontem, véspera do Dia do Trabalhador, e que morreu diante dos meus olhos, soterrado sob um deslizamento de terra sem que eu pudesse fazer muita coisa. Foram horas de tensão, estresse, dor e sofrimento e por fim a sensação incomoda de impotência, de que nada poderia ser feito.

O beijo na calçada

Durante os minutos em que o semáforo estava vermelho percebi que a atenção dos motoristas estava voltada para a calçada. Todas as cabeças viradas num único sentido, alguns com expressão de surpresa, de timidez e até de indignação, como se estivessem sendo obrigados a assistir aquela cena de exposição calorosamente intima e obscena. Tratava-se de um jovem casal aos beijos na calçada, sem se importarem com oque acontecia a sua volta. Um prolongado beijo diante de um tráfego apressado e barulhento. Uma cena atípica sob a claridade do dia e a sombra de olhares preconceituosos, sob os olhos de quem tem presa e desaprova tamanha demostração de afeto e amor.

A DOUTRINA SECRETA


Estou de posse do Livro "A doutrina Secreta" de Madame Blawastki, que em outra ocasião já esteve em minhas mãos e não li. Fico dividido entre a curiosidade de seu conteúdo e a falta de paciência de ler um assunto tão complexo quanto ciência, misticismo e religião. A obra original foi publicada em 1888. Segundo Blavatsky, a origem e evolução do homem é descrita em pergaminhos muito antigos, chamados de Estâncias de Dzyan, os quais ela teria tido acesso e teria estudado. Segundo esta teoria, o Homem físico surgiu há 18 milhões de anos a partir de seu molde astral, formando-se então a Raça que ela chama de Atlante. Para Blavatsky os primatas superiores são antigas raças humanas que se degeneraram, e daí se explica as semelhanças fisiológicas entre ambos. Blavatsky não nega a teoria da evolução, porém não acredita que uma força "cega e sem objetivo" possa ter criado o homem. Para ela, a criação do homem foi guiada pelas hierarquias divinas a partir de um plano..

Blavatsky afirmava ter tido experiências místicas desde a infância e passou a viajar pelo mundo em busca de conhecimento espiritual e esotérico. Durante suas viagens, ela afirmou ter passado algum tempo no Tibete, onde teria tido contato com mestres espirituais e aprendido ensinamentos secretos.
Helena era uma talentosa pianista e, segundo várias testemunhas, era dotada de poderes psíquicos ou sobrenaturais.
A vida de Blavatsky foi muito polêmica, entre brigas com amigos teósofos como Olcott, além de várias acusações de charlatanismo, pois adorava se exibir como dotada de poderes psíquicos, algumas vezes usando de fraude, como algumas pessoas comprovaram, o que não é, necessariamente, uma negação das faculdades espirituais

Cântico Negro

É muito bom falar de poesia, ler poesia e recitar as que lembramos ou que nos marcaram de alguma forma no decorrer da vida. Se emocionar e quase chorar nesta cerimonia magica junto com amigos. Fazia tempo que não me jogava neste prazer, envolvido nas palavras de Fernando Pessoa, Vinicius de Moraes e José Régio. 
Fiquei fazendo isto ontem à noite ao lado de duas amigas preciosas, enquanto tomávamos café. Escolhi recitar o poema Cântico Negro do poeta e escritor português José Régio.

Cântico Negro:

Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces

Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se às coisas que pergunto em vão ninguém responde
Porque me me dizeis vós: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,

Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós

Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,

Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura!
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é quem me guia, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,

Não me peçam definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!

*José Régio- Poemas de Deus e do Diabo-1925


Sônia me disse que ela e Luiz, encontraram meu sósia quando foram à Natal. Fiquei curioso para conhecer uma pessoa que se parece tanto comigo, em traços, gestos e expressão ao falar. Prometeu mandar-me seu Orkut, Msn, ou endereço de e'mail para eu me surpreender tanto quanto eles. Lembrei-me que muitos anos atrás eu tinha certo receio de cruzar por algum lugar e encontrar alguém que fosse muito parecido comigo, como um irmão gêmeo, uma espécie de clone.
Quando passo na avenida Ipê, no bairro Chácara das Pedras, perto do Shopping Iguatemi aqui em Porto Alegre e me deparo com aquele prédio, sobre um terreno alto, e que me parece ser um motel, fico admirado com seus traços arquitetônicos grego ou romano, não sei bem! A visão deste prédio me reporta para um tempo que nunca vivi mas que também me encanta, causa-me a curiosidade de conhece-lo por dentro, tocar em suas colunas gigantes, conhecer seu dono, saber qual arquiteto concebeu o projeto. Penso em fotografa-lo numa hora dessas!
Sempre que é possível, tenho entrado no blog "Obra em Progresso"de Caetano Veloso para me inteirar no processo de construção de seus shows e musicas, ler suas divagações, sua opinião e seu olhar para o que rola no mundo. Caetano me parece uma aranha, as coisas com muitos olhos, é atraentemente simples e complexo ao mesmo tempo, como somente ele pode ser.

Felicidade, sonhos e oportunidades

Durante todo o ano fui sendo alertado de que eu pudesse estar colocando minha felicidade fora, pôr que depois de certo tempo, (avançado da idade) as oportunidades começam a diminuírem e pôr fim desaparecem até surgir a morte. Mas antes da morte surgem as impossibilidades, as dificuldades, a falta de sexo, as doenças que degeneram o corpo e destroem a alma. Que as pessoas necessitam de sonhos para manterem-se vivas. e esses sonhos devem ser o seu ideal. Então fiquei pensando sobre a felicidade, as oportunidades, a falta de uma vida sexual, as doenças, a morte, os sonhos e que cada pessoa tem seu conceito próprio do que tudo isto significa para sua vida e também de que forma pode conviver e administrar ou não tudo isto.
Estou atualmente criando laço firme com um namoro de muitos anos, que é viajar, conhecer lugares, pessoas, hábitos, crenças, diferenças que tantas vezes me propunha a fazer, mas que não fazia em razão das bobagens que chamamos de responsabilidades maiores. Hoje sei que não pode existir responsabilidade maior do que a nossa própria vida e seus anseios, que as expectativas que se criam devem ser respondidas em tom maior que a do meio externo. Pôr longo tempo fiquei de ouvidos tampados e preso a esta lacuna criteriosa, me responsabilizando solitariamente pôr erros que não eram só meus, mascando dúvidas, remoendo culpa. Vejo-me agora possibilitado, abrindo portas para ir em busca da oportunidade escolhida pôr mim e não a implementada e dita pela sociedade ditadora de regras hipócritas. Não é mais possível acreditar no que faliu...Pensei ainda que quanto a doença, a velhice e a morte, estas não tem jeito, nos pegará de surpresa sem hora marcada!..

Estive pensando que falta 14 dias para eu completar 51 anos. Me lembro que mais jovem eu tinha pressa de morrer, hoje com meio século acho que vivemos muito pouco e que nossa expectativa de vida deveria subir aí pelo 150 anos de idade. Minha vontade de morrer cedo talves estivesse atrelada á certeza de que nada de fatal me aconteceria enquanto jovem. E isto que estou dizendo deve ser alguma alusão a o desejo inconsciente que temos de querermos ser imortais.
Ano passado, alterando as regras do que sempre foi convencional em meus aniversários, passar com a família, escolhi viajar até a Ilha do Mel com um pequeno grupo de amigos e tornou-se o melhor presente que já me dei de aniversário.
Este ano, tenho planos de receber meus amigos num lugar sossegado e informal, para conversar-mos, ouvir-mos boa musica, acompanhado de uma taça de vinho ou champanhe para brindar-mos mais um ano de agradável convivência.
Trocar alguns plantões com meu colega de serviço esta semana, me proporcionou alguns dias de folga que serviram para eu descansar, me divertir, resolver algumas pendências e encontrar mais tempo para eu postar algumas bobagens aqui no blog.
Postei mais textos esta semana do que normalmente posto nas semanas em que estou trabalhando e isto para mim é uma espécie de diversão, uma tarefa prazerosa. Percebo também que com o passar do tempo ele foi ficando mais descontraído, menos pesado que no inicio quando comecei a escrever, preocupado em ser perfeito. Não tenho a intenção de escrever coisas de cunho sério e direcionados a algum assunto especifico como vejo em alguns blogs que leio. Na verdade acho que muitas vezes nem sou especifico. Meus textos tem erros gramaticais e de ortografia e inúmeras vezes saio do foco tornando-me pouco claro para quem se aventura a ler o que escrevo. Acredito também não que tenho muitos leitores e mesmo que tivesse não me importaria com isto, pois minha vaidade são pôr outras coisas. Certa vez, coloquei um contador de visitantes que terminei retirando pois só ocupava espaço, tornando meu blog mais lento para acessá-lo. Gosto de escrever pôr que acho divertido e terapêutico e que se não existisse esta ferramenta eu provavelmente estaria fazendo o mesmo em pedaços de papel como fiz quase toda que minha vida somente pelo prazer de jogar pra fora oque me vem na telha.

Falha dos sentidos

Depois de alguns anos de vida, cujo tempo corre feito trem bala diante dos nossos olhos, alguns sentidos começam a diminuir. Sou surpreendido com isto, toda a vez que necessito ler alguma coisa ou lembrar de algum nome e bate aquele angustia de ter que correr atrás de óculos ou tentar desesperadamente lembrar da palavra que está na ponta da língua e não consegue sair. disfarço um pouco para conseguir tempo e depois fico criando referencias em cima de referencia absurdas para ver se chego na palavra ou no nome esquecido. Algumas vezes dá certo, noutras sou vencido pelo cansaço e desisto. E óculos então; depois que se usa o primeiro, todos os outros vão perdendo a validade sem que nos demos pôr conta que já esta na hora de trocá-lo por um novo. Não consigo aceitar com facilidade esta deficiência e dependência que parecem irmãs gêmeas inseparáveis. Hoje a tarde senti um cheirinho de bolo recém saído do forno e que lembrava saudosamente os que minha avó fazia no fogão à lenha de casa. Fiquei pôr um momento em duvida se o cheiro era de bolo de milho e em seguida tentei forçar um pouco mais meu sentido olfativo, na desconfiança de nem ser bolo e de estar enganado. Será que este sentido também esta começando a falhar?

Aniversario da ASHPS

Sábado ao meio dia, participei da festa de 23 anos de aniversario da Associação dos funcionários do HPS- ASHPS, com inauguração do campo de futebol, almoço com saladas, bebidas geladas, bolo para cantar o "parabéns à você" e muita musica. A sede foi construída na zona sul da cidade, num espaço agradável, e tranqüilo mas ainda precisa de mais infra-estrutura para acomodar seus associados e convidados. No momento com banheiros e a pista de futebol, o próximo passo, segundo alguns diretores é a construção do salão de festas e a piscina para implementar o lazer. O dia estava ensolarado favorecendo a ida de um numero grande associados que tiveram a oportunidade de rever colegas, e divertirem-se

Sedução

Dentro de mim mora o animal
indômito e selvagem
que talvez te faça mal

talvez uma faísca
relâmpago no olhar
depressa como um susto
me desmascare o rosto
e de repente deixe exposto
o meu pior

em mim germina
uma força perigosa
que contamina
uma paixão vulgar
que corta o ar e que
nenhum poder domina

explode em mim
uma liberdade que te fascina
sopro de vida
brilho que se descortina
luz que cintila, lantejoula
purpurina
fugaz como um desejo
talvez te mate
talvez te salve

o veneno do meu beijo.

*Bruna Lombardi

O trem para as Estrelas

Como eu dizia ontem para um amigo enquanto navegávamos por lugares paradisíacos e falávamos sobre planejamento de vida e enfim, aproveitar ao máximo oque a vida tem para oferecer:
_Em dado momento se percebe a impossibilidade de retroceder ou revirar o tempo do avesso e preencher as lacunas que foram gastas em tristezas, indecisões e crises existenciais.
O jeito e jogar-se dentro do trem para estrelas nem que seja no ultimo vagão e aproveitar o resto da viagem antes que seja tarde!

A pedra do Mosaico

Dia desses quando caminhava pela praça central da Igreja Matriz de Viamão e admirava o cenário noturno de sua fachada, iluminada por holofotes, percebi-me num gesto que me fez parar por segundos e observar-me com surpresa. Coisa incomum este tipo de atitude, uma vez que não estamos habituados a olhar e observar os gestos dos outros, quanto mais o nosso!.. Mas enquanto caminhava olhando o mosaico de pedras pretas e brancas que desenham o calçamento da praça, percebi que uma das pedras estava solta e fora do lugar e então juntei-a a poucos metros dali e fiquei em busca do local de onde ela havia sido retirada ou deslocada por algum pé descuidado. Fiquei alguns minutos fazendo voltas e observando atentamente o passeio até encontrar o espaço vago onde pudesse encaixa-la. Consegui depois de alguns segundos de paciência e habilidade coloca-la perfeitamente no lugar. Depois sentei-me em um dos bancos e fiquei pensando sobre esta conduta que tomei em meu piloto automático, sem conceitos fanáticos de conciência e preservação e que considerei de respeito a um local que admiro e é património da humanidade, alem do ônus que é necessário para manter um espaço publico em condições de ser apreciado por todos nós. Como cidadão era minha obrigação ajudar a manter um espaço que também é meu, mesmo com uma contribuição ínfima e talvéz de pouco valor. Voltei para casa com um certo sentimento de recompensa pessoal, por minha atitude que no inicio foi quase impensada e com certeza de ter ajudado a manter o patrimônio que também é minha história.

Manhã de Campanha

Amanheceu com um certo ar de campanha. O morro e algumas casas estavam cobertos por uma neblina densa e fria como as paisagens bucólicas que se vê no interior. Algum cachorro latia longe e Quero-queros alarmavam-se no campo da praça aqui ao lado. Fiquei por longos minutos debruçado sobre a janela olhando e ouvindo estes sinais de vida tão comum e disponível. Algumas cenas parecem registros que brotam da alma e renascem com força revivendo sensações confortáveis e familiares que não lembro a o certo onde e quando as vivi.

O filme do século!

Esta semana fiquei com vontade de ficar deitado sobre a cama e assistir o filme do século. Me explico! Chamo de filme do século, aquele que eu particularmente elejo por tocar nos mais profundos sentimentos humanos, que nos tira o fôlego, que toma a atenção do inicio ao fim por seus detalhes e sutilezas, que nos puxa pra dentro da história remexendo nas emoções mais secretas e delicadas; Com conteúdo, com plasticidade e verdade, a nossa verdade sem pieguices.

Equívocos e Embaraços

Ontem a noite reforçou-se em mim a certeza de que depois de alguns tempo de insatisfações, adquirí algum entendimento de mim mesmo que antes parecia-me vago, daquilo que pelo menos não quero para minha vida, por que desfragmenta-me, por que não alimenta mais a minha alma, nem ilumina o meu sorriso e quando fui publicamente cobrado por atitudes que não deviam justificativas e que somente a mim importavam os motivos, me senti invadido, injustiçado, percebi a impossibilidade de manter-me disponível a determinadas situações que algumas vezes me coloco com o objetivo de ajudar e manter-me transparente. Mas às vezes a transparência pode ser mais inconveniente que a mentira e então me equivoquei. Senti estar no lugar errado, com a pessoa errada, na hora errada. Percebi por alguns minutos o risco de estar perdendo aquela liberdade pessoal e inviolável de ter atitudes que somente a mim mesmo dizem respeito. Mas é possível refazer-se de embaraços e buscar leveza para enfrentarmos os percalços dos dias mesmo fazendo algumas escolhas equivocadas. Mas equívocos fazem parte da caminhada e podem servirem de lembrete, sinalizações para se manter a rota com firmeza, liberdade de decisão sem deixar a peteca cair.


Porções Magicas

Hoje fui almoçar com minha mãe e sempre que faço isto sinto uma espécie de bênção por que possibilita-me -la e também experimentar a sua comida caseira que somente ela tem o segredo do tempero. Acho inclusive que este tempero tem algo Blavatskyano, esta sensação que sinto quando vou saborear o feijão novinho, o arroz no ponto mais o complemento que algumas vezes são panquecas, almôndegas, abóbora com guisado e etc feitos por ela, vai além da simples aceitação degustativa, algo que somente Freud pode explicar nos seus tratados de psicanálise. Faz quase um mês que ela fraturou as articulações entre o punho ea mão esquerda, mas a contenção gessada não a impede de arriscar-se na beira do fogão e inventar suas porções mágicas para me agradar.

Beleza não põe mesa.

Assisti hoje de tarde na casa de minha mãe, a matéria do Jornal Hoje, sobre Susan Boyle que virou assunto no mundo todo ao participar do Reality Show "Britain's Got Talent" surpreendendo a comissão julgadora e plateia ao soltar sua magnifica voz apresentando "I dreamed adream". Mas Susan não virou celebridade de uma hora para outra, somente por que canta magnificamente bem, mas sim por que foi humilhada e desrespeitada pelos juízes e pela plateia, que debochavam-na com caras e bocas e gargalharam pelo fato da caloura estar fora dos padrões de beleza esperado e apresentar uma idade mais avançada que os outros concorrentes. Um dos bonitões loiro que fazia parte da comissão julgadora, chegou a perguntar a moça e depois fazer chacota, se ela havia sido beijada e qual era a sua idade, oque ela respondeu-lhe com dignidade e humildade. Mas a resposta final de Susan veio, quando ela abriu a boca para cantar deixando todos estarrecidos, hipnotizados com sua encantadora voz, mostrando que quem vê cara e físico atraente, não vê sensibilidade e talento, que beleza pode surgir na contra mão do que a maioria das pessoas esperam que venha. Beleza nem sempre é presente para os olhos, pode ser para os ouvidos e outros sentidos humanos. A história de Susanme me faz pensar em quantos artista talentosos e com habilidades também em outras áreas artísticas já não foram discriminados aqui no Brasil e no mundo por não corresponderem aos padrões estéticos exigidos pela (midia).
_É, beleza não põe mesa! Disse minha mãe a o final da reportagem.

Encontro de Nadismo

Lembrando de Débora, filha de uma amiga querida que costuma dizer que é especialista em não fazer nada, me chamou a atenção, um post no blog de Morgana Gualdi Laux, sobre um encontro de Nadismo que ocorreria dia 14/abr/deste ano na av. Wenceslau Escobar 2200, no bairro Tristeza. O encontro contaria com a participação de Marcelo Bohrer que criou o Clube de Nadismo em 2006 com o objetivo de reunir pessoas cujo o dia-a dia ea falta de tempo as tornaram estressadas e viciadas em função de suas ocupações. O clube prega a necessidade de um momento especial onde oferece a oportunidade das pessoas pararem e não fazerem nada. Os eventos e a pratica do nadismo são públicos e acontecem mensalmente dando a chance de seus participantes através do "não fazer nada" relaxarem e refletirem de que forma ocupam seu tempo. Atualmente com a participação de mais de cinco mil sócios em parques por todo o país, o nadismo se difunde e passa cada vez mais ser uma pratica comum nos nossos dias. Veja o site e mate sua curiosidade sobre o assunto:



Cidade das àrvores

Porto Alegre é a cidade das árvores. No últimos três anos, foram plantadas trinta mil mudas. Estima-se que Porto Alegre possua um milhão e duzentos mil árvores em vias públicas, cuja distribuição beneficia um número de pessoas ainda maior que o atingido pelos parque e praças (dados da PortoWebb/procempa). Mas Porto Alegre tem lugares incríveis. Quem já não passou por aquelas ruas arborizadas com árvores centenárias dando a sensação deque estamos numa floresta ou cruzando um túnel verde fora de nosso tempo real, como se fossemos arremeçados magicamente ao passado? Ruas como a Castro Alves, Dona Laura, Luciana de Abreu, Félix da Cunha e tantas outras é o retrato vivo deste passado, combinado a sensações inexplicável que pode ser sentido na pela, no olfato quando passamos por elas. A rua Gonçalves de Carvalho em 5 de junho de 2006, foi decretada Patrimônio Histórico, Cultural, Ecológico e Ambiental pelo decreto municipal 15169/06, tendo sido a primeira rua tombada como tal em todo o país.

Queda do "Muro da Vergonha"

Varias atividades na capital, esta semana, estão colocando em discussão a derrubada ou não do muro da av. Mauá que isola a cidade portoalegrense do rio-lago Guaíba. Denominada por algumas pessoas de Muro da vergonha, por esconder a história de Porto Alegre, o muro foi construído na década de 70 em função da grande enchente que abalou a cidade em 1941. Se a proposta se concretizar, o muro sofrerá a primeira intervenção desde a sua construção. O plano atualmente escolhido é a redução da altura do paredão de concreto com o objetivo de ampliar a visão dos armazéns e do rio para quem circula a pé ou de carro pela a avenida Mauá.
Segundo o diretor do DEP- Departamneto de Esgotos Pluviais, desde a construção do muro, nenhum projeto deu garantias de segurança no caso de um a nova enchente e que na qualidade de diretor ele não assumiria a responsabilidade de ser apontado como culpado caso ocorresse de novo. Sobre a proposta de reduzir pela metade a altura do muro, o diretor prefere não se manifestar uma vez que o DEP não foi ouvido pelo corpo técnico da empresa que encabeça o consórcio selecionado pelo projeto Revitalização do Cais Mauá. O plano deve ainda ser discutido e analizado na Câmara de Vereadores. De acordo com o diretor da empresa concessionada, uma idéia adicional é abrir um canal de comunicação direta com a sociedade por meio de um site, para que a empresa receba opiniões e sugestões.

*Foto da enchente de 1941-
70 mil pessoas desabrigadas
.

Exterminadores

Eu sempre termino por me afastar dos que não acreditam em mim e colocam em duvidas a minha integridade e tem como objetivo doentio apoderarem-se da alma, da vida das pessoas. Agem com falsidade e alimentam-se de sentimentos que chamam de amor com ciumes radicais e sem sentido. Vestem-se de vitimas e sofrem por circunstancias criadas por si mesmas. São escravos de sua própria insanidade e vaidade, caem em suas armadilhas deixando seus egos feridos por um derrotismo que só cabe em seu mundo derrotista. São maus alunos da escola da vida. Não entendem que amor não é posse, propriedade, domínio. Amor é liberdade, respeito e aceitação das diferenças. São insaciáveis, cobradores, responsabilizam os outros por seus sentimentos de frustração. São exterminadores da paz alheia, acreditam em jogos mortais e perseguições. Tentam atingir as pessoas por todos os meios que disponibilizam. Metralham suas vítimas com balas de culpa até sufoca-las, até ve-las cair, até mata-las de vez e apiedando-se depois!

"...Pra quem não sabe amar

Fica esperando
Alguém que caiba no seu sonho
Como varizes que vão aumentando
Como insetos em volta da lâmpada..."

Cazuza
A noite estava com cara de inverno. Vento forte batia nas persianas de minha janela. Abajur ligado, caneta esferografica sobre a folha de papal em branco. Por minutos me senti inverno!
Alinhavei com um amigo a possibilidade de um dia desses pegar o carro e sair para conhecer algumas cidades do interior. Pensamos a principio em Bagé ou Santana do Livramento que faz divisa com o Uruguai. Não sei ao certo porque pensei nestas duas cidades que sempre pareceram tão distantes da minha curiosidade turistica, mas é uma idéia a ser elaborada, de se pensar, por que não?

Bate-papo informal

Noite dessas, cinco mulheres que se conheciam haviam decidido encontrarem-se na casa de uma delas, para conversarem sobre oque lhes viessem a cabeça. Tinham pouco tempo, pois cada uma tinha seu compromisso e então deram uma fugidinha rápida para estarem juntas e dividirem entre si o bate-papo informal, acompanhado de chá e sanduiche aberto. No encontro, piadas, gargalhadas, musica, sonhos e opiniões sobre relações refeitas e desfeitas. Eu apareci no local por puro acidente, havia me comprometido de entregar um documento para uma delas e então quando todos se deram por conta la estava eu: _Bendito ou maldito fruto entre as mulheres!_ Gargalhadas. Mas minha chegada não causou desconforto, nem pra mim e muito menos para elas que continuavam animadas, eufóricas. Voltei para casa pensando o quanto é positivo e se faz necessário estas cumplicidades, esta comunhão de aféto entre as pessoas que se atraem por sentimentos e opiniões afins. Nesta troca de energia positiva, certamente todos ganham atenção, prazer e crescimento pessoal.

Al' zira

"A minha dor é enorme, mas eu sei que não dorme quem zela por nós. Há um Deus sim, há um Deus e esse Deus lá no céu há de ouvir minha voz!..."

Quando eu ouvia Zira, (apelido entre familiares), cantar esta e outras musicas, era pra mim a abertura de outros mundos, mesmo ainda sendo um menino. A minha dor, também era enorme.
Sentada envolta de uma mesa ou num palco de madeira alto, improvisado nas festa de família e amigos, eu pensava que sua dor era realmente tão enorme quanto sua voz. 
Tinha a voz rouca, parecida com a de Maria Bethânia e o olhar tristonho como o de Zilah Machado. Cantava com paixão, sempre acompanhada dos irmãos e marido, músicos de fim de semana, de festas entre os mais chegados. Afinal durante a semana eram feirantes, pedreiros da obra civil.
Portava-se como uma verdadeira dama e artista que era. Uma dama interpretando emoções de rasgar a alma das  pessoas que a assistiam e a sua própria. 

O menino atropelado

Ontem um menino de dez anos foi atropelado ao atravessar a rua por um automóvel dirigido por um jovem que fugiu sem prestar-lhe socorro. Quando cheguei no local para prestar-lhe socorro a comoção em sua volta era geral, pessoas gritavam, choravam, clamavam vingança contra o atropelador desconhecido. A policia tentava acalmar os tumultuosos e os agentes de transito tentavam organizar, nervosos, os veículos que paravam no local atrapalhando ainda mais o tráfego também tumultuado. Depois de alguns minutos a policia localizou o agressor e novas explosões de ira sacudiram a galera de vingadores anônimos. Dentro da ambulância, enquanto examinava-o notei uma fratura em sua perna magrinha e pequenos arranhões pelo corpo. Em seguida, entre um gemido e outro de dor, ele lançou-me um olhar de preocupação e disse:
_Não conta pra minha mãe tio, senão eu frito!
Quando saí de lá, a guerra ainda continuava entre os defensores do menino, o agressor preso e a policia militar que tentava manter a ordem com uma certa desordem.

ENSEADA DOS BARCOS.

Há tarde quando meu colega mencionou a possibilidade de dar uma chegada em Garopaba no domingo, quase me insinuei para acompanha-lo, não fosse ter de trabalhar na segunda-feira pela manhã. Ao contrario de mim ele só voltaria à trabalhar na quarta-feira seguinte, concedendo-lhe maior tempo de aproveitar o passeio sem nenhuma pressa. 
Há alguns anos atrás quando o meu mundo era mais mundo, lembro-me de colocar uma mochila nas costas e aventurar-me estrada á fora em busca de emoções que por um bom período pra mim era sinônimo de praias. Garopaba foi um dos primeiros lugares que conheci, carregando a velha mochila com barraca nas costas e meia dúzia de trocados no bolso, tornando-se pra mim um referencial de paraíso. Não importava dormir no chão duro, ou a falta de banho quente, pois o que realmente importava era a aventura e a sensação da conquista, do "enfim estar lá"  


A cidade hoje, em alguns pontos não parece mais a mesma, pois cresceu muito nestes últimos anos  com aumento do comercio e mansões gigantescas costeando o mar, mas a igreja na subida curva da estrada de pedra, as casas dos barcos de madeira velha e os urubus famintos continuam por lá, como nos velhos tempos da minha calça surrada e do dedo pedindo carona.
Lembro da primeira vez que experimentei  suco de açaí em frente a Prainha, o sabor é horrivel e nunca mais arrisquei beber novamente. A coisa é uma gororoba grossa que gruda na boca para dar energia, isto se a gente não vomitar antes.
A casa de Deise Nunes ainda continua majestosa no alto do morro, algumas pessoas dizem que foi desapropriada por estar em área da Marinha. Não sei se foi realmente desapropriada, a verdade é que nunca vi a ex- mis por lá.

Meu retorno à Garopaba voltou a acontecer agora em novembro de 2010, quando retornava de um fim de semana na Guarda do Embaú e matei um pouco da saudades deste lugar que é um pouco parte de mim.

Revirando gavetas

Hoje de noite minha mãe e eu ficamos revirando gavetas em busca de recordações, fotos e qualquer objeto que lembrasse nosso passado, nossa história. Enquanto mexíamos em alguns documentos velhos e amarelados, alguns corroidos pelo tempo e as traças, íamos fazendo comentários soltos sobre alguns fases que nos marcaram de alegrias ou de tristezas. .Em alguns momentos eu olhei para seu rosto, ora sorridente, ora tristonho e pensei em como eu e ela temos sentimentos em comum e que se agregam harmoniosamente quando nos encontramos e conversamosEste apego em lembrar das coisas do passadode remexer na terra, de plantar folhagens e reavivar lembranças como se tivéssemos a preocupação de um dia vir a esquecer de tudo que vivemos.

Histórias da Cidade, Confeitaria Rocco


Este de face velha, simboliza a Europae a abundância.



E este de face jovem a América e a fartura. 


A tarde passei em frente da antiga confeitaria Rocco, na esquina das ruas Riachuelo com Dr. Flores, já alguns anos fechada e fiquei admirando a sua faixada imponente. Lembrei que sempre me chamou a atenção aquelas esculturas que seguram com uma das mãos as belas sacadas do prédio como Deuses Gregos poderosos, impondo força e respeito aos mortais que por ali passam. Descobri que as esculturas são atlantes de duas feições: Três são jovens e representam a América e a fartura e os outros três são velhos simbolizando a Europa e a abundância.
A confeitaria Rocco existe desde 1912 e foi tombada como patrimônio da cidade em 1997. O requintado trabalho arquitetônico como colunas, pilastras, capitéis, etc. fizeram do local ponto de encontro da sociedade riograndense, pela qualidade de serviços e produtos e pela suntuosidade do espaço decorado com beleza e luxo.
Atlante, segundo a Teosofia, foi a quarta Raça-raiz desta Ronda (período de tempo ou ciclos). Eles foram os gigantes que viveram 18 milhões de anos atrás, em um continente chamado Atlântida. São os primeiros que podemos chamar de "homens". A Raça Atlante representou o ponto mediano da evolução nesta atual Ronda.
Segundo a Teosofia, os Atlantes foram os descobridores da ciência, religião, arte e magia.
O método de reprodução desta Raça era sexuado. Durante o ponto mediano da evolução dos Atlantes, eles se cruzaram com seres simiescos, produzindo os animais que hoje são chamados de primatas. Esta atitude condenou a Raça, pois perante o Karma esta bestialidade era um pecado grave. Segundo Helena Petrovna Blavatsky, os Atlantes foram punidos com a destruição da Raça e de seu continente.

Banca 40

 É praticamente impossível falar de Porto Alegre, do Mercado Publico com suas iguarias, sem fazer uma referencia sequer a Banca 40, existente desde que eu era menino e sua deliciosa Bomba Real  criada na época da Segunda Gerra por um comerciante português.
Composta de Salada de frutas sem caldo, nata e três bolas de sorvete, a Bomba Real, faz parte da historia de muitos frequentadores do Mercado Publico de Porto Alegre.
Algumas coisas parecem ter mudado na Banca 40, referente a sua estrutura e decoração, depois da reforma que sofreu o Mercado Publico, mas o ambiente simples e o atendimento eficiente continua o mesmo
Custa R$ 7,00 uma porção que considero grande e a gente fica querendo mais!.. A Banca possui tradição de mais de 80 anos na fabricação e comercialização de seus sorvetes. Foi citada no caderno de turismo do Jornal Estado de São Paulo, como principal ponto de encontro em Porto Alegre, o que eu discordo. 
Escolhido o melhor sorvete da cidade em 2005 pelo júri da Revista Veja, concordo!.
Quem nunca foi até lá, vale a pena experimentar o sorvete e conhecer um pouco mais da história da nossa cidade!

A IGREJA DAS DORES DE JOSINO

Gosto da cidade onde nasci e em que vivo até hoje e sempre que possível, busco nela pedaços de mim, da minha vida, do meu passado, de sua história que também é a minha história. Visito-a em sonhos meio apagados, becos, ruas, prédios, lembranças fragmentadas de lugares onde já estive, sentindo depois um gosto distante e saudoso de vivências que experimentei mas que não desapareceu de mim e desta Porto Alegre que não é alegre, com ar bucólico, provinciana, urbana, cultural, tradicional, querida

IGREJA NOSSA SENHORA DAS DORES:
Hoje caminhando pelo centro da cidade visitei a igreja Nossa Senhora das Dores e lembrei da história que minha mãe contava sobre a dificuldade de sua construção, em função da praga rogada pelo escravo Josino, usado como mão de obra e morto, injustamente, na forca no Pelourinho em frente da igreja acusado de ter roubado uma joia que acompanhava a imagem de Nossa Senhora das Dores.
"– Vou morrer porque sou escravo, mas vou morrer inocente. A prova da minha inocência é que as torres da Igreja das Dores nunca ficarão prontas!"
Meses depois de sua morte, as torres despencaram do alto da igreja esfarelando-se no chão. Suas palavras se espalharam pela cidade, causando medo na população que realizavam novenas ao escravo. Muito tempo se passou e a igreja ainda continuava com problemas. Raios caíram sobre as torres, rebocos que desmanchavam-se, projetos arquitetônicos que desapareciam.
A igreja levou quase um século para ficar pronta, visto que a pedra fundamental foi colocada em 1807 e sua conclusão somente em 1901.

Solitude

Permito algumas vezes que certos sentimentos se instale em mim como um acontecimento normal ou de defesa, não sei bem, mas se instala permissível, como um instrumento que compreendo as vezes ser vital para minha paz interior, meu equilíbrio, minha sobriedade, minha quietude. Cheguei fechando gavetas, portas, janelas e logo que o telefone tocou neguei-me atende-lo sob pena de arranca-lo da tomada se fosse necessário. Precisava fechar-me à qualquer comunicação externa e que arriscasse invadir minha individualidade, meu momento de estar sozinho, meus pensamentos vagos, minha introspecção, minha solitude. Tenho precisado de minha própria companhia, de meu corpo só esparramado sobre a cama até que amanheça o dia.

Antes que a cortina desça

Assisti e participei de tantas histórias em minha vida fazendo com que de certa forma eu adquirisse a experiência forçada de prever seu enredo, seu final causando-me frustração aliada a uma decepção sem conta. Existem textos cuja as falas e gestos acabam sendo presumíveis pela falta de um conteúdo linear, de uma estrutura possível e aceitável em seu próprio contexto. Tudo fica falho, desajustado e sem sentido fazendo-me perder o gosto do prazer. Daí, nada mais parece ser possível e aceitável. O jeito é levantar e sair antes que a cortina desça.

II Churrasco do SAMU/POA

O importante é que existe momentos como este, em que voce pode se sentir e ver as pessoas livres, à vontade, liberta das responsabilidades do trabalho, ver os colegas mais soltos e verdadeiros.Este foi o segundo churrasco de confraternização entre os colegas do SAMU de Porto Alegre, realizado na sede Social da SMOV, zona sul. Todos aguardam novos encontros como este.

Farofa

Pensam que me conhecem mas eu vim contar: Sou de um tempo de criações e fantasias, de alegrias e de tristezas, tudo misturado como um prato único e revirado, feito farofa nordestina, feito pros que tem fome e angustias a resolverem. Sou comum como o homem pode ser incomum no seu tempo, na sua vida, na sua história. Tenho o tempo que posso me dar para posiveis mudanças não impossíveis, necessária, essencial, visceral. Tenho a responsabilidade de procurar meu caminho dentro desta bagunça.

Vestigios

Quando cheguei em casa, percebi vestígios de Frida, seu perfume exalava no ar, na cama, no armario, no robe de seda dobrado, Cheiro de raiz forte e adocicada. Mais tarde quando deitei, misturei Malbec ao seu cheiro de Priprioca e louro-rosa.

História comum

Niura levava seu cãozinho Yorkshire para passear na praça perto de sua casa, quando sofreu o acidente. Resvalou na grama úmida e então percebeu após muita dor, oque a impedia de levantar-se, que havia fraturado seu tornozelo esquerdo. Me revelou, enquanto a atendia, que maior que a dor que sentia foi a sensação de abandono e descrédito quando pedia ajuda para os transeuntes que passavam do seu lado ignorando-a e fingindo não ouvir o seu pedido de socorro.

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TÔ PENSANDO QUE:

Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...