Saímos na manhã do dia 17 de Julho de 2010 da capital gaucha, numa viagem de 4 dias, mas que acabou em 5 por problemas técnicos e mecânicos no ônibus, com destino à Macchu Picchu no Peru, totalizando 13 dias. Estávamos de volta dia 29.
Esta viagem, havia sido programada em fevereiro passado, quando foi impedida pela enchente ocorrida naquela região e anunciado em todos os meios de comunicação. Foi uma viagem cansativa e demorada, mas que valeu o esforço de chegar até lá e conhecer tantas belezas naturais e a cultura do um povo. A viagem foi promovida pelo Ton da
Excursões Universitárias do qual viajei anteriormente para o Chile e Buenos Aires e que foi uma experiencia muita bacana.
O roteiro foi mais ou menos o seguinte: Porto Alegre, Uruguaiana, Corrientes, Salta, Calama, Iquique, Arica, Tacna, Arequipa, Juliaca, Cusco. De Cusco, alguns vilarejos e ruinas locais, Aguas Calientes, Macchu Picchu, Ollantaytambo, retornando por Puno, Jujuy, Uruguaiana, São Gabriel e Porto Alegre.
A CIDADE:
Cusco é a cidade ponto de partida de quem vai conhecer M. Picchu. Com 3400 metros de altitude e considerada a mais antiga cidade da America Latina, seu nome significa "umbigo", no idioma quíchua. Era o mais importante centro administrativo e cultural do Império Inca. Depois do fim do império, os espanhóis invadiram e saquearam a cidade. A maioria dos edificios incas foram arrasados pelos católicos, com o objetivo de destruir a civilização inca e construir com suas pedras e tijolos as igrejas cristãs e predios administrativos, desta forma impondo sua pretensa superioridade européia cristã.
IGREJA SAN BRAS:
AEQUITETURA:
A maioria dos edifícios construídos depois da conquista é de influência espanhola com uma mistura de arquitetura inca, inclusive a igreja de Santa Clara e San Blas. Freqüentemente, são justapostos edifícios espanhóis sobre as volumosas paredes de pedra construídas pelos incas.
Praça das Armas/Cusco
AS RUAS DE CUSCO:
São estreitas e de pedras irregulares, lembrando de alguma forma, porem com suas peculiaridades, as ladeiras de Ouro Preto em Minas Gerais. Tudo que olhamos, nos remete a um passado de lutas, conquistas, culturas milenares, religiosidade e um povo com suas carências econômicas, beirando a muita pobreza social e riqueza cultural.
O TRANSPORTE EM CUSCO:
Não vi ônibus circular pela cidade, a não ser os de excurssões. O meio de transporte por lá, parece ser mesmo o taxi, sem taximetro e na base do grito mesmo. Voce explica para onde quer ir e combina o preço antes de entrar. Existem todos os tipos de taxis: Pequenos, grandes, novos, velhos, caindo aos pedaços que oferecem seus serviços através de buzinassos enlouquecedores. O transito é muito conturbado, lembrando segundo algumas pessoas com quem conversei, as ruas no centro de Nova Deli.
O ALBERGUE:
O albergue: em que nos hospedamos, localizava-se a algumas quadras acima da praça da igreja de San Blas, uma rua tão estreita que impossibilitava a passagem de carros e ainda tínhamos de vencer as longas escadarias. Mesmo numa região centralizada, parecia ser o ultimo albergue do alto do morro, vencendo-nos pelo cansaço provocado pela sua distância e altitude. Apesar de um pouco deficiente no que se refere a os serviços prestados, o albergue tinha um aspecto alegre, com paredes coloridas e patio amplo onde tomavamos o café da manhã. De qualquer forma, estávamos em Cusco e o que menos importava eram as estrelas do albergue.
Albergue em Cusco
O PACOTE TURÍSTICO:
Neste mesmo albergue, compramos o pacote turístico por US$ 120, para visitar Macchu Picchu que incluia, passagem num micro ônibus com três refeições, passeios pela serra peruana, (Vale Urubamba, Ollantaytambo, Abra Malaga, Santa Tereza, Santa Maria onde almoçamos, Hidroelétrica até a estação de trem para Águas Calientes, cujo o ingresso era por nossa conta. Em Águas Calientes, cidade que é porta de entrada para a ruína, passaríamos uma noite num albergue com jantar incluído e ingresso para Macchu Picchu na manhã do dia seguinte. Vale ressaltar, que o albergue em Águas Calientes era muito superior ao que ficamos em Cusco.
ALPES PERUANOS:
Saímos bem cedo do albergue, no outro dia, num micro-ônibus, para conhecer os alpes peruanos. Depois de muitas voltas, subidas e descidas íngremes em estreitas estradas de terra sobre penhascos e mascando folhas e mais folhas de coca, percebemos que estavamos nos aproximando da montanha gelada.
Chegamos até o ponto mais alto, onde as vans e micro-ônibus podiam deixar os passageiros. A partir dali, somente a pé, de bicicleta ou a cavalo e possivelmente com auxilio experiente de um guia. A estrada nos trechos mais altos era muito pedregosa e estreita, dificultando a passagem de veículos que por vezes encontrava um outro vindo sentido oposto nos deixando muito temerosos.
Mesmo assim, percorriam em alta velocidade na beira dos penhascos com o propósito de nos provocar emoção e medo, acho que muito mais medo, sem a preocupação com possíveis acidentes naquela altura das montanhas.
O ABRA MALAGA:
Tem 4.350 metros de altitude e de longe enxergava-se a sua imponência e o topo coberto de gelo entre outras montanhas. Alguns ciclistas cruzavam por nós em alta velocidade e isto causava uma certa tensão. Depois de admira-lo e fotografa-lo em diversos ângulos, descemos até um vale que lembrava aquelas selvas dos filmes de Indiana Jones, com estradas de terra batida, muitas arvores, poeira, cascatas que desciam morros, mata encrava entre montanhas e abismos; Acredito que era o Vale Urubamba com o rio de mesmo nome. Quando chegamos num mirante natural para admirar a beleza da montanha gelada, nos posicionamos para a famosa fotografia com a bandeira brasileira esticada.
Na verdade quem vai para aqueles lados pela primeira vez como eu, fica meio sem referencia e perdido com relação a ordem dos lugares que visitou e fez anotações. Tudo parece meio complexo entre subidas e descidas e com nomes estranhos e lugares fantásticas para se ver. Em alguns momentos, fica difícil documentar tudo o que se quer e a o mesmo tempo curtir o que tem para curtir, sem ficar escravo da maquina fotográfica e do caderninho de anotações.
RIO URUBAMBA:
Depois do magnífico passeio pelas montanhas e vales, descemos para almoçarmos num vilarejo chamado Santa Maria e após caminhamos algumas horas para fazer a digestão, seguimos para a estação de controle na entrada para Aguas Calientes ao entardecer, quase noite, uma vez que tudo por lá é muito longe e parece demorar horas para se deslocar de um lugar para outro. Neste ponto da estação, concentra-se turistas de todos os cantos do mundo que querem conhecer a velha montanha, criando uma muvuca de emoções em vários idiomas. As pessoas pareciam estar com suas emoções à flor da pele e muito excitadas.
O Posto de Controle fica localizado num local, que parece não haver muita estrutura e conforto para os turistas que chegam para embarcarem no trem em direção a Águas Calientes. Ao menos não vi se quer uma lancheria ou banheiro e a medida que foi escurecendo, se tinha iluminação, era muito precária. O lugar é simples e parece ser utilizado com o único proposito de identificar os passageiros que embarcam no trem as margens de um rio turbulento, possivelmente o Rio Vilcanota. No balcão de atendimento, apenas um funcionário peruano.
Estação de trem em Aguas Calientes
O trem: faz umas manobras estranhas, uma hora anda num sentido, depois parece fazer outro, dando a impressão de que está se deslocando de ré. Na verdade é uma manobra de praxe para subir em direção à Aguas Calientes. Este deslocamento é rápido e de muita integração entre os passageiros e quando nos damos por conta, já estamos dentro da cidade que fica num vale cercado de lindas e gigantescas montanhas tropicais cheirando à mato orvalhado. Chegamos à noite para o jantar incluso no pacote e com o tempo cronometrado para conhecermos a vida noturna da cidade. Deveríamos levantarmos cedo para visitarmos a velha montanha e desta forma, fomos para a cama cedo, conhecendo de fato Águas Caliente, no retorno da montanha no outro dia para almoçar.
Praça Central em Aguas Calientes
AGUAS CALIENTES:
É composta por praticamente duas avenidas, uma igreja e uma praça principal com uma estátua de Pachacutec a o centro. Com jeito de povoado e uma infinidade de restaurantes, bares, hotéis, pousadas, albergues, lojas de artesanato, é margeada pelo Rio Vilcanota que espalha no ar o ruido de suas águas sobre as pedras espalhadas no seu leito o tempo todo, causando um clima zen na região. Saindo da área mais central em direção à parte mais alta da cidade, encontramos fontes de águas termais do qual originou-se o nome da cidade. Só existe duas formas de chegar à cidade: De trem ou a pé pelo meio do vale numa caminhada exaustiva entre a mata montanhosa.
HUAYNA PICCHU:
Nesta noite em Águas Calientes, nos reunimos na praça principal depois do jantar, para decidir quais pessoas do grupo subiram até o templo sagrado, por Huayna Picchu (montanha vizinha à Macchu Pucchu). O pico de Huayna Picchu é de cerca de 2.720 metros acima do nível do mar, cerca de 360 metros mais alto que Macchu Picchu proporcionando de seu pico uma visão global de todo a cidade Inca.
A subida é de dificuldade alta e não encontrei ninguém que me falasse ter sido fácil chegar até lá em cima depois de retornarem. O aventureiro tem de dispor de muita resistência, paciência, roupa apropriada, água para hidratar-se e folhas de coca para evitar o mal da altitude.
MACHU PICCHU:
Segundo a informação de alguns guias, no topo desta montanha era a residência do sumo sacerdote. Todas as manhãs, antes do nascer do sol, o sumo sacerdote, com um pequeno grupo ia a pé para Machu Picchu para assinalar a chegada do novo dia. O número de visitantes diários autorizados à subir o Huayna Picchu é limitado à 400 pessoas. Uma subida exaustiva leva ao seu cume. Algumas partes são escorregadias e protegidas por cabos de aço. Às vezes, durante a estação chuvosa, por questões de segurança, os passeios ficam temporariamente suspensos.
Evidentemente eu não subi o Huayna Picchu, por estar conciente de minhas condições fisicas e reações provocadas pela altitude. Acho que algumas situações na vida devem ser feitas com conciencia e reconhecimento de nossos limites e não somente por paixão, sem avaliar consequencias.
De qualquer forma, os que escolheram subi-lo se comprometeram de levantarem cedo, (2 h. 30 min.), para garantirem suas vagas dentro dos 400, que é o limite máximo de pessoas permitidas. Eu e o Ton levantamos as 6 h. 30 min. e fomos de Van com ingressos disponibilizados no pacote. A Van nos deixou no portão principal de Macchu Picchu e assim mesmo senti o tranco em alguns percursos mais íngremes durante a subida. Alguns membros da excursão haviam se separado, mas aos poucos começaram a chegar e reunirem-se em alguns pontos da grande ruína para contar a experiencia de terem subido a montanha vizinha.
Encontramos algumas lhamas que pastavam soltas em Macchu Picchu, elas nos olhavam com curiosidade e por vezes cuspiam em nossa direção. São animais mal humorados e não gostam que invadam o seu espaço. Havia muitos grupos de estrangeiros com seus guias, que falavam em inglês, português francês e espanhol, dando dando todas as informações sobre tudo. Isto quer dizer, que mesmo não tendo um guia próprio, você não ficará sem informações; certo?
Bom, Macchu Picchu é linda e estando lá em cima, começamos a questionar como é possível tudo aquilo ter sido planejado e construído com tamanha perfeição de engenharia, de modo a permanecer quase intacto por tanto tempo. Ficamos pensando também sobre o modo e filosofia de vida deste povo que respeita a natureza de uma forma inigualável. Eu aconselho a quem tiver a oportunidade de conhecer esta "Sétima Maravilha", não desperdiçar, pois é uma experiencia pessoal incrível e com certeza, enriquecedora.
Para voltarmos à Águas Calientes, tomamos um micro-ônibus na entrada do parque. Decidimos procurar um lugar para almoçarmos e escolhemos um restaurante que servia peixe ao molho com purê de batatas e uma gostosa cerveja peruana.
As três horas da tarde eu e o colega de viagem (Adilson), compramos passagens de trem até a estação de Ollantaytambo, num delicioso passeio por estradas montanhosas e selvagens e de lá, retornarmos numa van compartilhada com outros turistas até Cusco ao final da tarde, antes do anoitecer. Pela manhã cedo, tomaríamos um táxi e embarcaríamos no ônibus de volta ao Brasil.