Geovana

Geovana tem os cabelos negros e longos e o rosto que parece o de Justine. Traços de uma bela mulher que sofreu mas não perdeu a doçura, a sensibilidade, a sublime alegria de viver. Justine procurava seu amado filho, perdido, desaparecido, que talvez nunca existiu.

Antiga cicatriz...

Dick adorava os churrascos de fim de semana que meu pai promovia. Ficava na espreita mostrando-se pela metade. O corpo escondido no porão e o nariz úmido, pra fora, controlando a deliciosa fumaça que se espalhava pelo corredor até a rua. Um dia ele não aguentou a tentação e arrastou metade do churrasco da grelha para o seu esconderijo. Meu pai ficou furioso. Esperou-o com paciencia até ele saciar-se, aqueceu um pedaço de osso na brasa e quando estava bem quente chamou-o oferecendo o premio preso nas garras de um alicate.
Dick então aproximo-se tímido e meu pai encostou o osso em brasa em seu focinho preto, enquanto segurava-o pela coleira. Dick gritou e chorou o dia e a note toda, depois desapareceu por quase um mes. Quando reapareceu no pátio, tinha uma ferida vermelha que com o passar do tempo ficou branca. Nuca mais vigiou os churrascos de meu pai e eu tambem não mais os comi.

Rua 9

Na rua Nove, perto do colégio Ibá, o cachorro me olhava por cima do muro, que antes sentei. Silencioso, olhar sereno de amigo, quase humanos.
Agora, moram nesta casa outras pessoas que não conheço. O cachorro também não mais o mesmo!

Vinculos do passado

Atendi hoje pela manhã uma senhora negra de setenta e nove anos, que se queixava entre tantas outras de dor no peito. Enquanto eu a examina e verificava seus sinais vitais, observava atentamente sua expressão de inocência, sob os cabelos brancos, sua delicadeza de gestos, fragilidade e meiguise.
Observei também sua casa simples enfeitada com guardanapos de crochê, cortinas de bambu e folhagem vistosas no canto da sala.
Uma foto na parede, mostrava seu rosto jovem e sem rugas, expressão de alegria e orgulho na flor de seus vinte e cinco anos. Quando perguntei se a foto era dela, me respondeu angustiada:
-Sim era eu, quando era gente!
-Mas a senhora ainda é gente!- Respondi prontamente.
-Minha familia, sempre foi assim nota vinte, bonita!- Me falou orgulhosa enquanto passava o pente em seus cabelos desalinhados. Depois apoiou-se em meu braço e seguiu até rua para que eu a conduzisse até a ambulância. Não sei por que tudo me parecia tão familiar. Seu rosto, sua casa, seus pertences, que fiquei a procura de vínculos perdidos em suas palavras, nas paredes de sua casa manchadas de mofo, seus bibelôs antigos
, seus objetos e vontade de qualquer dia visita-la como um simples amigo.

Guarana & Musica


Existe uma frase que diz: Antes só do que mal acompanhado. Felizmente não tenho tido más companhias nos últimos meses, todas são selecionadas e muito agradáveis, mas hoje resolvi -me por uma diferente. Eu, um copo de guaraná na beira da cama e Andreas Vollenweider- White Winds no compacto de som.

Shakespeare?

Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma. Você aprende que amar não significa apoiar-se e que companhia nem sempre significa segurança. E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas.

William Shakespeare.

COMO DIZ LEILA DINIZ.



Acordei as dez horas da manhã, com o sol batendo em minha janela, depois fui caminhar pelas calçadas, na praça a poucos metros de minha casa, observando o movimento das arvores, sentindo o vento forte e frio congelar meu rosto. Engraçado, mas enquanto caminhava, sentia que esta cena, já havia acontecido antes comigo, a muito tempo a traz. Apesar de estar bem abrigado, com calça grossa e casacos de lã, o frio conseguia ultrapassar todas as camadas de roupas e me atingir os ossos. Num determinado momento, durante minha caminhada, fui transportado mentalmente para outro lugar, outro período de minha vida onde lembrei da cena que parecia se repetir.
Era 14 de Julho de1972, quando saia para rua numa manhã como a de hoje e ouvi no rádio de pilhas de um amigo a noticia da queda de um avião na Índia sem sobreviventes. Entre as vitimas, uma brasileira conhecida, a atriz Leila Diniz. Isto já faz quase 36 anos e eu na época tinha apenas 14 anos. Lembro-me de ter ficado estarrecido com a noticia e ter chorado o resto da manhã. Pra mim era impossível não lembrar daquela mulher alegre, bonita e despojada e que foi fotografada grávida, de biquíni numa praia do Rio de Janeiro. A mulher que quando aparecia na tv, minha mãe trocava de canal, por ser muito desbocada. Quando retornei para minha casa, depois do passeio, sentei-me na frente do computador e resolvi saber mais sobre sua vida. Revitalizar lembranças que as vezes ficam meio apagadas pelo tempo. Pensei também que no dia que soube de sua morte ventava forte e fazia sol, como hoje.
Leila formou-se em magistério e foi ser professora do jardim de infância no subúrbio carioca. Aos dezessete anos de idade, conheceu o seu primeiro amor, o cineasta Domingos de Oliveira e casou-se com ele. O relacionamento durou apenas três anos. Foi nesse momento que surgiu a oportunidade de trabalhar como atriz. Primeiro estreou no teatro e logo depois passou a trabalhar na TV Globo, do Rio, fazendo telenovelas. Mais tarde, casou-se com o moçambicano e diretor de cinema Ruy Guerra, com quem teve uma filha, Janaína.
Participou de catorze filmes, doze telenovelas e muitas peças teatrais. Ganhou na Austrália o premio de melhor atriz com o filme Mãos Vazias
Leila Diniz quebrou tabus de uma época em que a repressão dominava o Brasil, escandalizou ao exibir a sua gravidez de biquíni na praia, e chocou o país inteiro ao proferir a frase: Transo de manhã, de tarde e de noite. Ganhou o título de A grávida do ano no programa do Chacrinha.
Era uma mulher à frente de seu tempo, ousada e que detestava convenções. Foi invejada e criticada pela sociedade machista das décadas de 1960 e 1970. Era malvista pela direita opressora, diva amada pela esquerda ultra-radical e tida como vulgar pelas mulheres da época.
Além de ser jovem e bonita, Leila era uma mulher de atitude. Falava de sua vida pessoal sem nenhum tipo de vergonha ou constrangimento. Concedeu diversas entrevistas marcantes à imprensa, mas a que causou um grande furor no país foi a entrevista que deu ao jornal O Pasquim em 1969. Nessa entrevista, ela, a cada trecho, falava palavrões que eram substituídos por asteriscos, e ainda disse: Você pode muito bem amar uma pessoa e ir para cama com outra. Já aconteceu comigo.
O exemplar mais vendido do jornal foi justamente esse onde houve a publicação da entrevista da atriz fluminense. E foi também depois dessa publicação que foi instaurada a censura prévia à imprensa, mais conhecida como Decreto Leila Diniz. Perseguida pelo polícia política. Alegando razões morais, a TV Globo, do Rio de Janeiro, não renova o contrato de atriz. Leila ficou escondida no sítio do colega de trabalho e apresentador Flávio Cavalcanti, se tornando jurada do seu programa, no momento em que é acusada de ter ajudado militantes de esquerda.
Meses depois, Leila reabilita o teatro de revista, e começa uma curta e bem sucedida carreira de vedete. Estrelando a peça Tem banana na banda, improvisando a partir dos textos escritos por Millôr Fernandes, Luiz Carlos Maciel, José Wilker e Oduvaldo Viana Filho. Recebe de Virgínia Lane o título de Rainha das Vedetes. No carnaval de 1971, é eleita Rainha da Banda de Ipanema por Albino Pinheiro e seus companheiros.
Morreu num acidente aéreo, da Japan Airlines, no dia 14 de julho de 1972, aos 27 anos, no auge da fama, quando voltava de uma viagem feita para a Austrália.
Sua amiga, a atriz Marieta Severo e o compositor e cantor Chico Buarque de Hollanda cuidaram da filha de Leila Diniz e Ruy Guerra, durante muito tempo; até o pai da criança ter condições de assumir a filha, Janaína.
Um primo e advogado se dirigiu a Nova Délhi, na Índia, local do desastre, para tratar dos restos mortais da atriz. Acabou encontrando um diário onde continha diversas anotações e uma última frase, que provavelmente estava se referindo ao acidente: "Está acontecendo alguma coisa muito es...."
Leila Diniz, A Mulher de Ipanema, defensora do amor livre e do prazer sexual é sempre lembrada como símbolo da revolução feminina , que rompeu conceitos e tabus por meio de suas idéias e atitudes.
Você é livre? Perguntas bobas são sempre as mais perigosas, portanto pense um pouco antes de responder...

Inverno, lareira, fondue..



Agora à noite, ventania quase derrubando janelas. Frio e chuva em luta cruzada, torcendo persianas, fazendo doer os ossos dos pés, das mãos que digitam no teclado. Isto tudo é uma delicia para quem tem um teto, uma cama quente. Lembrei desses dias de inverno, em que reunia a familia e alguns amigos em volta da lareira para o papo informal acompanhados de vinho tinto e fondue de carne.

Era casa era jardim...
Noites e um bandolim...
Os olhares nas varandas
E um cheiro de jasmim...

Era um telhado um pombal
Melodia e madrigal
E ninguém nem percebia
Que o real e a fantasia
Se separam no final...

G. Azevedo

Dorian Gray

Ontem vi o Mauro entrar em sua casa, embora ele não tivesse me visto. Passos lentos, cabeça baixa, tórax curvado, olhar fixado no chão como se ignorasse, tudo a sua volta. Difícil acreditar que aquele homem velho, eu conhecia de outros tempos. Pequenos traços ainda lembrava a beleza de sua juventude, porem só quem o conheceu para saber do que falo. Lembro-me também de sentir inveja de sua elegância, sua fartura de charme, sua beleza inegável, sua facilidade com as mulheres. Pensei então que trinta anos se passaram em nossas vidas, distanciando nossa amizade e alterando seus traços, suas formas. Os anos passaram cronológicamente igual para todos e sem dó, inclusive para mim, Mauro, e talvez Dorian Gray.

Recantos de Paris/ Praga & Restinga


No final da tarde, ja quase noite, desceu uma neblina em alguns pontos da cidade que eu parecia estar em um outro lugar, outro pais. Lembrei -me daqueles filmes europeus e de época que tanto gosto de assistir em que as cenas abusam de paisagens simples e bucólicas. De repente, entrei numa ruela que parecia uma vila no interior de Paris, ou quem sabe Praga! As árvores, algumas sem folhas, pareciam pintura à óleo. As luzes dos postes, enfileiradas, lembravam arranjos de natal. Carros andando de vagar, sem pressa, pessoas encolhidas ajeitando o cachecol, o casaco, a toca de lã.
Algumas pessoas não gostam do inverno, preferem o verão por acha-lo triste. Mas eu acredito que este período de frio tem algo de resgate de emoções, de auto analise. De vinho, de chocolate quente, de sexo de baixo das cobertas, de revelações pessoais, moletons coloridos. Artifícios para manter nosso corpo e alma aquecidos.

pensamento solto...

Hoje mais uma noite que promete ser fria. Lembrei que estarei sozinho neste apartamento sem perspectiva do que fazer. Estou sem vinho, sem uísque, resfriado, de nariz congestionado, dor de cabeça, sem paladar e talvez sem vontade de fazer amor. Será que se pode fazer amor de nariz entupido e com aquela coriza irritante e nojenta escorrendo até a boca?
O dia foi infernal. Filas em bancos, cheques devolvidos, respostas evasivas, Fechadura do carro com defeito novamente, orçamentos sem retorno. Amanhã, mais um dia de trabalho, talvez tudo mude para melhor.




Eu e a Brisa

Ontem, como estava muito frio deitei-me cedo. Nada de interessante para assistir na tv, procurei algum livro para rabiscar com os olhos e liguei o radio na sala para fazer-me companhia, ja que meu filho do meu lado, na cama, dormia como um justo. Então começou a tocar uma musica, do qual sempre fui apaixonado pela beleza da letra e delicadeza de seus acordes. Fechei o livro que estava lendo e deixei envolver-me pelo clima.
Pensei que Johnny Alf quando a compôs deveria estar apaixonado. Nada mais explica as palavras de pura sensibilidade e poesia desta composição. Na verdade também pensei que não precisa-se ter alguém para se estar apaixonado, para criar e declamar tamanha poesia. Acho que dormi com o livro nas mãos e o rádio ligado!
EU E A BRISA

Ah! se a juventude que esta brisa canta 
Ficasse aqui comigo mais um pouco 
Eu poderia esquecer a dor de ser tão só 
Pra ser um sonho 
E aí então quem sabe alguém chegasse 
Buscando um sonho em forma de desejo 
Felicidade então pra nós seria 
E depois que a tarde nos trouxesse a lua 
Se o amor chegasse eu não resistiria 
E a madrugada acalentaria nossa paz 
Fica, oh! brisa fica 
Pois talvez quem sabe 
O inesperado faça uma surpresa 
E traga alguém que queira te escutar 
E junto a mim, queira ficar, 
Queira ficar, queira ficar.






Assim caminha a humanidade

Num dia destes fui tão mal recebido por uma profissional médica de um hospital de Porto Alegre que se eu não tivesse imbuído na minha responsabilidade profissional, teria abandonado o paciente ali mesmo na sala de emergência e fugido pela porta de incêndio. Era um paciente acamado e que sentia muita dor abdominal. Mesmo claro, para todos que ali estavam presentes a sua situação de enfermidade, a médica me perguntou se ele poderia aguardar consulta no corredor.

Respondi que não, pois ele sentia muita dor. Então com ar de pouco caso respondeu-me que para nós do SAMU, tudo era muito grave e mesmo sabendo dos problemas de superlotação dos hospitais nós insistíamos em jogar pacientes lá dentro. Depois se virou para o familiar que acompanhava-nos e concluiu com arrogância: -Viu como está isto aqui?... Depois quando morrem a culpa é nossa!

Esta cena dramática é que me faz pensar na situação caótica, que vive nossos serviços de saúde. Com suas salas de emergência, sempre lotadas e com profissionais pouco preparados como esta. Senti-me extremamente desconfortável por fazer parte do mesmo sistema.

ILHA DO MEL, MEU PRESENTE DE 50 ANOS.



Comemorei meus cinqüenta anos de vida, sem festas, sem churrasco, longe da família e de amigos que habitualmente participaram de meus aniversários anteriores. Festejei-o em uma viagem de cinco dias sem um rumo planejado. Foi uma experiência nova, diferente e compensadora. Creio que me dei este presente e que ficará guardado na minha lembrança por muito tempo.
O grupo era formado por três casais afim de aventura: Cris e Beto, Sônia e Luiz Carlos, Alba e eu.
A saída de Porto Alegre foi às 00h com uma pequena parada em Morro dos Conventos a procura de um hotel para descansar. Lá visitamos um hotel centenário que resolvemos abrir mão pelo preço salgado do pernoite. Seguimos viagem e só paramos a o amanhecer em Laguna para descansarmos (dar uma dormidinha que não fizemos à noite) e tomarmos, o café da manhã.
O hotel chamado Hotel da Lagoa de frente para a BR 101 e fundos para a bela Lagoa do Imaruí fazia cultivo de ostras e então resolvemos dar mais um tempo para experimentar o sabor dos bichinhos.


O almoço tinha uma variedade incrível de frutos do mar e o prato que provocou náusea e gargalhadas entre o grupo foi: Ostras cruas com Limão. Há algo de podre no que é chique! - pensei enquanto experimentava aquela variedade gastronômica.


Depois seguimos viagem e nossa próxima parada, além daquelas destinadas às mijadinhas de praxe, foi em Bombinhas, onde visitamos a orla durante a noite e dormimos na pousada Biluca que eu já conhecia de outras temporadas. Esta pousada é simples e só a utilizamos para descançar, abrindo mão do cafe da manhã.


Como até então, estávamos sem um rumo definido, esquecemos a hora de levantar. Nos despedimos de Bombinhas no nosso "despertar cedo", (10 horas da manhã) e seguimos viagem em direção a o Paraná.


Como não tínhamos presa, parávamos por qualquer motivo e principalmente quando a beleza de alguma coisa nos chamava a atenção. Esta trepadeira, na foto abaixo, num restaurante de beira de estrada, fez com que nós nos questionássemos sobre a misteriosa delicadeza da natureza. Repetindo as palavras da Sônia: A visão extraordinária desta planta com o beija-flor já valia a pena e tinha ganho a viagem.


E por falar em natureza, percebemos também o quanto a natureza morta pode ser triste e ao mesmo tempo bela, transformando-se em arte diante dos olhos de seu depredador. Encontramos também muitos troncos de arvores fossilizados pelo caminho.


Em Guaratuba, no Paraná, embarcamos numa balsa com destino para a cidade de Caiobá e Matinhos e nos instalamos num hotel do Candeias por três dias. A partir daí, começávamos a traçar o que seria o nosso próximo destino: A Ilha do Mel.



Lembro-me de ter ficado impressionado com o trafego de balsas para Caiobá, sempre tinha alguma deslocando-se no sentido oposto, transportando moradores, escolares, viajantes como nós e veículos de todos os tamanhos pela baia de águas calmas e escura. O preço da travessia pela Baía de Guaratuba, que leva pouco mais de dez minutos, custava R$ 2 para motos, R$ 3,90 para carros de passeio e R$ 3,90 por eixo de ônibus e caminhão. Pedestres e bicicletas não pagam.
Na foto abaixo, mostra a travessia, enquanto admirávamos a beleza do lugar.

Em Caiobá, também tivemos nossos dias de aventuras, onde realizamos trilhas no meio da mata, e passeios noturnos na beira da praia, deslumbrando as embarcações e a vida modestas dos pescadores locais.

  

No dia 10, depois da meia noite, já era meu aniversário e portanto, não deveria faltar um jantar especial com abraços e parabéns à você!
Resolvemos saborear um peixe assado que ganhamos do dono de uma peixaria local; ele era gaúcho e estava fechando seu estabelecimento no momento em que resolvemos comprar o peixe. Como ele não tinha troco e não queríamos ficar sem jantar, demos o endereço do hotel para que ele  passasse no outro dia para pagarmos. Ele nunca passou para cobrar e consideramos isto um presente oferecido por ele.


Dia 11, durante o dia, hora de seguir viagem. Após muita risada, e a sobra do peixe regado com vinho, decidimos ir até Pontal, pegar um barco e visitar a Ilha do Mel.
A ilha do Mel é um ponto turístico de muita importância no estado do Paraná, fazendo parte do município de Paranaguá e possui um restrito programa ambiental. Não é permitido a tração animal ou motor na ilha, assim como é proibido a presença de visitantes em algumas áreas. O turista dispõe de pousadas e pequenos restaurantes.
A ilha tem cinco vilarejos: Fortaleza, Nova Brasília ou Brasília, Farol, Praia Grande e Encantadas. Não há ruas ou estradas, só trilhas. A implantação de geradores de energia elétrica, em 1988, deu início a atitudes que hoje se transformaram em preocupação pela preservação da ilha e sua principal atração: a natureza.



AS PRINCIPAIS ATRAÇÕES QUE CONHECEMOS NA ILHA:

Farol das Conchas:
Construído com material escocês em 1870 por D.Pedro II para modernizar a navegação comercial brasileira. Localizado no alto do Morro das Conchas, pode ser avistado de qualquer ponto da ilha. 

Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres: 
Único monumento militar do século XVIII existente no Paraná, instalado nos contrafortes do Morro da Baleia, erguido com paredes de um metro e meio de espessura, a Fortaleza foi concluída em 23 de abril de 1769. No alto do Morro da Baleia, junto à Fortaleza, estão canhões e trincheiras de pedras. É o chamado “Labirinto dos Canhões”. Há também, um mirante, com uma incrível vista panorâmica. Chega-se até lá por trilha no morro.


Gruta Encantada:
Situada na parte sul da Ilha, é o patrimônio natural mais importante da Ilha do Mel. O morro da Gruta, formado por um tipo de rocha chamado migmatito é dividido por um veio de rocha negra, o diabásio. A Gruta se formou pela ação do mar sobre o diabásio, menos resistente que o migmatito. Para facilitar o acesso, foi construída uma passarela que leva até a sua entrada.


Istmo:
Localizado em Nova Brasília,  ou Passa-Passa (como é conhecido pelos moradores locais), é a parte mais estreita da Ilha do Mel e sofre um processo de erosão desde 1930, porém atualmente, a água já não atravessa mais de um lado ao outro, como aconteceu em 1995. A largura hoje chega à 30 metros e somente nas grandes ressacas do mar, a água chega a atravessar. 
A despedida da ilha foi  dia 12, no final da tarde, assistindo o Pôr do Sol e depois retornamos para casa, deixando saudades e com desejo de um dia poder retornar.

Fantasma


De repente eu corria pelas ruas sob um longo lençol branco enrolado em meu corpo. Corria contra o vento, numa estação que parecia outono, por lugares onde nunca tinha estado antes, mas que achava familiar. A medida que eu corria, o lençol se enganchava em arvores e objetos e se rasgava e muitos pedaços. Em certo momento percebi que estava nú, porque sentia muito frio.
Então encontrei uma casa de porta aberta onde entrei e avistei minha avó sentada em uma cadeira conversando com um garoto que parecia ser eu, aos dez anos de idade. Não conseguia ouvir o que me dizia, mas sabia que era alguma coisa boa. Então entrou uma mulher de cabelos crespos, bolsa a tira colo e fala macia dizendo aos que estavam ali presente:
-Coisas, situações!..
Atravessei a sala, a casa, entre eles, sem que notassem minha presença, até o fundo do quintal. Encontrei minha mãe à beira de um tanque lavando roupas. Olhar cansado e suor escorrendo das têmporas. Batia as roupas molhadas na tábua de esfregar com muita força e uma espécie de mágoa e resignação no olhar. Quando me viu sorriu sem graça.
Então, corri pra ela, agarrando suas pernas, tentando entrar em baixo do seu vestido, forçando minha cabeça entre suas pernas como se quisesse entrar por onde tinha saído, desesperado, assustado.
Ela, me empurrava contra, tentando impedir-me que continuasse aquela atitude descabida e sem sentido. Perguntava-me entre gritos e esforço físico para que eu não tomasse tal atitude:
-Para!..Para!..Tu és feliz?
Então acordei-me tentando descobrir de onde vinham aqueles gritos, percebendo que era um sonho, mais que isto, eu era um fantasma invadindo meu próprio passado.
Respirei fundo e tentei colar os pedaços deste sonho tão real.

Quem sou:

Fiquei assim, por horas, pensando em quem eu sou na verdade.
O que penso ser?
O que pensam que sou?
A mistura dos dois?
Ou o resultado da subtração sutil de todas essas supostas verdades?
Nem bem verdade, nem bem mentira
Nem isto, nem aquilo.

HOMENAGEM AO AMIGO


E se eu cair assim como folha amarela e morta da arvore alta deste meu mundo, serei arrastado pelo vento forte dos meus outonos. Dos meus muitos saudosos e amados outonos.
Serei lambido deliciosamente pelo vento para rumos incertos, de olhos fechados sobre nuvens brancas, braços e pernas estendidas e meu corpo em movimentos circulares, perpendiculares, transversais, atravessará as estações desta vida, ignorando o tempo, rumo ao que acredito ser a liberdade. Então liberto, poderei oferecer minha mão de encontro a tua, firme e densa para onde me quiseres carregar.
De lá ouviremos a ópera, aquela Ópera do Malandro. Beberemos vinho até cair, dançaremos Edith Piaf e cantaremos Beatles até nos esquecerem.


Para meu amigo Hélio
*09/03/1958
+05/05/2008


Saudades!

Sinto saudades.
Vivo sentindo saudades de quase tudo em minha vida.
Amigos, musicas que ouvi fermentando meus sonhos, filmes que assisti, situações que me deram prazer, outras que causaram angustia, beijos, minha infância, minha adolescência, amigos que se foram, pessoas que nunca mais vi, retratos de familia, de viagens e até de coisas que ainda não vivenciei por falta de oportunidade ou por que deixei passar.
Quando recebi de uma amiga um poema de Clarisse Lispector que relata este sentimento, senti suas palavras as minhas.
Saudades,... acho que é bom senti-la de forma saudavel mesmo com aquelas pitadinhas de tristeza!


ME TA DE

Quando eu andava assim sem rumo e sem esperança, me sentido menor, vagava pela casa a procura de meus pedaços.
Ouvi então esta canção de Adriana Calcanhoto que coube exatamente naquele momento de minha vida em que me sentia pequeno, pela metade.


"Eu perco o chão, eu não acho as palavras.
Eu ando tão triste, eu ando pela sala
.
Eu perco a hora, eu chego no fim.

Eu deixo a porta aberta
Eu não moro mais em mim.

Eu perco as chaves de casa
Eu perco o freio
Estou em milhares de cacos, eu estou ao meio
.
Onde será que você está agora?"

Vambora

Entre por essa porta agora
E diga que me adora
Você tem meia hora
Prá mudar a minha vida
Vem, vambora
Que o que você demora
É o que o tempo leva...

Ainda tem o seu perfume
Pela casa
Ainda tem você na sala
Porque meu coração dispara?
Quando tem o seu cheiro
Dentro de um livro
Dentro da noite veloz...

Ainda tem o seu perfume
Pela casa
Ainda tem você na sala
Porque meu coração dispara?
Quando tem o seu cheiro
Dentro de um livro
Na cinza das horas...
A noite veio lenta e desigual as outras noites.Veio para sincronizar idéias, pensamentos soltos. Conquistar desejos, sonhos, furtando-me o sono, o raciocínio, a lógica. Desencadear vertigem!
Quisera eu ser teu sonho, teu antídoto contra angustia, a estrada para tua libertação. Tomara pudesse, não sofrer deste teu mesmo mal!


Ando por aí, navegando nestes mares.
Mares onde navegam doçuras,
onde maçãs vermelhas e mordidas flutuam soltas,
Sem bússola,
Em tua,
em minha direção.
Na direção dos ventos,
Contra a maré.
Onde sinalizas.

Meu convite para Voce

Quero levar-te pra dentro de mim, numa condução lenta para que percebas meus detalhes, minhas cores, minhas entranhas.
Emulsão de carne, ossos, sangue, cores vivas e sombras.
Tenho guardado em mim meu melhor e meu pior, a natureza das selvas, as tonturas dos abismos, a resistência dos cipós, transformados em alma.

Para quem ainda vier a me amar

Quero dizer que te amo só de amor. Sem idéias, palavras, pensamentos. Quero dizer que te amo só de amor. Com sentimentos, sentidos, emoções. Quero curtir que te amo só de amor. Olho no olho, cara a cara, corpo a corpo.
Quero querer que te amo só de amor.
São sombras as palavras no papel. Claro-escuros projetados pelo amor, dos delírios e dos mistérios do prazer. apenas sombras as palavras no papel.
Meu amor te escrevo feito um poema de carne, sangue, nervos e sêmen. São versos que pulsam, gemem e fecundam.
Meu poema se encanta feito o amor dos bichos livres às urgências dos cios e que jogam, brincam, cantam e dançam fazendo o amor como faço o poema.
Quero da vida as claras superfícies onde terminam e começam meus amores. Eu te sinto na pele, não no coração.
Quero do amor as tenras superfícies onde a vida é lírica, porque telúrica, onde sou épico porque ébrio e lúbrico.
Quero genitais todas as nossas superfícies.
Não há limites para o prazer, meu grande amor, mas virá sempre antes, não depois da excitação.
Meu grande amor, o infinito é um recomeço. Não há limites para se viver um grande amor.
Mas só te amo porque me das o gozo e não gozo mais porque eu te amo.
Não há limites para o fim de um grande amor.
Nossa nudez, juntos, não se completa nunca, mesmo quando se tornam quentes e congestionadas, umidas, latentes todas as mucosas. A nudez a dois não acontece nunca, porque nos vestimos um do corpo do outro, para inventar deuses na solidão de nós. Por isso a nudez, no amor, não satisfaz nunca.
Porque eu te amo, tu não precisas de mim.
Porque tu me amas, eu não preciso de ti.
No amor jamais nos deixamos completar. Somos, um para o outro, deliciosamente desnecessários.
O amor é tanto, não quanto.
Amar é enquanto, portanto. Ponto.

Roberto Freire

O meu Sim


E eu quisera ser só seu
Quando o mundo era menor
E hoje eu sei
Que sou mais eu
Prá melhor ou prá pior

E eu vou seguindo
Alguns sinais
Que primeiro eu inverti
Mas quando eu puder olhar prá trás
Você vai brilhar ali

Perigo na esquina
Proibido parar
Antes de chegar a mim
Minha vida absurda
E a terra a girar
Quem escuta o meu sim?
Quem escuta o meu sim...

Quem sabe um dia
Eu lhe descrevo
Estes círculos que penso
Ao navegar por certos trevos
Em que os sonhos são mais densos

E às vezes alta madrugada
Ficam dúvidas com tudo
Quem sabe o fim não seja nada
E a estrada seja tudo

Perigo na curva
Proibido parar
Antes de chegar a mim
Minha vida absurda
E a terra a girar
Quem escuta o meu sim?
Quem escuta o meu sim...

Mensagem para voce

Senhora de longas pálpebras.
Profundos pensamentos.
Que busca poses.
Em seus médios dedos.

Sorriso cavado.
Em um baú qualquer.
Talvez de revista.

Pose de cinderela.
Vozes mansas.
De suave pisar.

Por que manchas?
Imaginação de menina,
ou de príncipe que você criou.

Fez-me pai.
Fez-me mãe.
Só não me fez teu amor.

*Pelo espírito de uma amiga .
08/04/2008 as 00h. 33min

Resgate

Acontece que no meu trabalho não salvamos somente vidas na eminência da morte, mas também resgatamos almas.
Há alguns dias a traz, atendi um jovem que se acidentou de moto e logo depois de todo o protocolo e anamnese realizado dentro da ambulancia, ficou alguns minutos em silencio, depois desabou a chorar. Imaginei que fosse aquele processo de que quase todos passam depois de um acidente e descobrem que ainda estão vivos, que escaparam por um triz, ou a concientização de que quase morreram e então timidamente pediu para que eu segurasse a sua mão. Segurei-a com força e fomos até o hospital onde seria recebido. Durante o caminho me falava sobre o seu pai e sua dificuldade de relacionarem-se e que em tantos anos de vida não lembrava de ter segurado a mão de seu pai em momentos difíceis como naquele momento.
Senti por alguns minutos, assumir uma grande responsabilidade, ser o pai de um de um jovem estranho de 24 anos que me pedia para resgatar dividas emocionais insuportaveis e que eram fundamentais serem resgatadas.

Luz e Mistérios.

Existem pessoas que me parecem assim. Quanto mais procuramos interagir com seu interior parecem fugir entre nossas tentativas, fechando-se em si mesmas, ladeando caminhos, desaparecendo em suas próprias sombras, apertando nossas gargantas. Ora são luz, ora sombras presas em seus castelos.

"Oh! Meu grande bem
Pudesse eu ver a estrada
Pudesse eu ter
A rota certa que levasse até
Dentro de ti

Oh! meu grande bem
Só vejo pistas falsas
É sempre assim
Cada picada aberta me tem mais
Fechado em mim

És um luar
Ao mesmo tempo luz e mistério
Como encontrar
A chave desse teu riso sério

Doçura de luz
Amargo e sombra escura
Procuro em vão
Banhar-me em ti
E poder decifrar teu coração

És um luar
Ao mesmo tempo luz e mistério
Como encontrar
A chave desse teu riso sério

Oh grande mistério, meu bem, doce luz
Abrir as portas desse império teu
E ser feliz."












Terreira da Tribo

Sexta-feira fui na festa de reinauguração da Terreira da Tribo, na avenida Jõao Alfredo 709.
Todas as tribos estavam reunidas por lá festejando a o som de Ragge a conquista de seu novo espaço de 1,2 metros quadrados conquistado pelo O P (orçamento participativo).
A Terreira da Tribo surgiu em 1978 com uma renovação radical da linguagem cênica. Própria de teatro de rua, desenvolvendo trabalhos artísticos pedagógicos junto a comunidade local. Oferece diversas oficinas abertas e gratuitas a população.

Também Bailei na Curva



Ontem a noite fui presenteado com o espetaculo de Julio Conte, no teatro São Pedro, Bailei na curva. O espetaculo retrata as décadas de 60, 70 e 80, relatando a história de sete crianças que juntas atravessam a infância inocente, as dúvidas da adolescência e seus problemas existenciais quando então se tornam adultas.
O espetaculo tem como pano de fundo os acontecimentos históricos da época como: O golpe militar, a perseguição política, os conceitos sociais de liberdade e político como o comunismo
Como diz Julio Conte ao final do espetaculo: A história é na verdade a nossa história. É a construção de nós mesmos, de nossas vidas.

Sorriso de Monalisa


Tem pessoas que quando a encontramos, sentimos a urgente necessidade de dizer muito mais que um bom dia ou um... como vai você. E que de repente por timidez ou mesmo por falta de oportunidade, somos desmotivados a buscar-las para um reconhecimento maior.
Conheço alguém que me provoca tal sentimento, por que tenho vontade de descobrir sua alma, desvendar seus mistérios humanos.
Tem um olhar sereno e um sorriso de Monalisa, se por ventura desmanchasse a trança que usa no cabelo preto e longo, na expressão de cansaço mesclado a o sorriso calmo de quem sabe os segredos da vida. Demonstração de pura bondade! Sabedoria, arte!

Borboletas Azuis

Há mais de uma semana tenho convivido com borboletas azuis a minha volta. Elas entram pelas janelas, onde moro, mesmo estando fechadas. Surgem pelos cantos da casa magicamente, as vezes em bandos e sobrevoam pela minha cama, meu corpo, meu sexo.
O bom de tudo isto não é somente poder realmente vê-las, mas senti-las sacolejar suas asas espalhando perfume de rosas pelo ar.

John

Conheci John que gostava de Pedro e hoje ama Williann. Fabrica pães e possui brilho no olhar, nos gestos, na alma.
John constroe e dá vida brilhantemente à muitos Joãos, Marias, e Joaquins.
Vi ele cantar e dançar nos palcos improvisados desta viva.

Borboletas

"Borboletas podem voar em qualquer lugar, inclusive dentro de sua casa."
Minha sala encheu-se delas nesta noite, quando Joaquim (John Robert) e Inácia (Alba Borges) voltaram à vida, durante o ensaio da peça Relações Naturais de Qorpo Santo, que será apresentada na Usina do Gasômetro neste domingo as 16:00h.
Pode-se superar qualquer dificuldade quando se convive com a arte.

Domingo de Páscoa

Hoje é domingo de páscoa e acordei melancólico, uma grande tristeza se abateu sobre mim, sem que eu soubesse o motivo. Chorei dolorosamente a manhã toda, até ficar de olhos inchados. Consternado em minha cama. Assisti antes o filme, A Outra, de Wood Alen, que comprei um dia antes na vídeo- locadora. Talvez ele tenha me motivado a ficar desta forma, fragilizado, perturbado, perdido.
Talvez não!
Fiquei depois pensando como o personagem no final do filme:
A lembrança é uma coisa que temos ou perdemos?

Nada sei....

Acontece que no momento não tenho respostas objetivas para nada.
Tenho duvidas sobre tudo o que me cerca a não ser o desejo de fazer das minhas relações pessoais momentos de alegria, de prazer e respeito.

Balancete

Hoje pela manhã quando acordei, decidi fechar minhas janelas.
Desliguei o celular e todos os outro meios de comunicação.
Quis ficar em minha própria companhia.
Quis organizar minhas gavetas internas sem interrupções.
Tranqüilo, na paz.
Percebi que tenho muita coisa ainda para arrumar.
Com certeza precisarei de outros momentos como o de hoje!

DEPOIS DA FESTA

Musica e muita gente no aniversário do João. Depois, voltei para casa, debrucei-me no parapeito da janela e fiquei admirando a noite estrelada. Existe festa melhor do que esta, deslumbrar estrelas?

Com cara de inverno

Hoje o dia amanheceu com cara de inverno.
Manhã sem sol e leve garoa paulistana em Poa.
Ar frio entrando pelas frestas da janela de meu quarto.
Camiseta de manga longa na gaveta, preguiça de pegar.
Cheiro de café
novo passado em coador de pano e bolinho assado na chapa quente.

Reação

Viver tem um gosto de reação, de reinvenção e mudança.
Por isto que reajo as fragmentações da minha vida, me reinvento diariamente e mudo de idéia a cada instante.

Não permitir-se é algo como:
Proibir-se. Fechar-se.
Indisponibilizar seu contato mais íntimo com a vida.
Negar reconhecer-se.
Privar-se de crescer, de dar as mãos a si mesmo e aos outros.


Da minha janela ouço carros correrem sobre a longa Avenida Ipiranga.
As praças por aqui estão escuras e vazias.
Hoje é uma noite sem lua,
sem estrelas,
sem vento, abafada. Sem o sorriso das outras noites.
Talvez por que choveu.
Talvez por que alguma coisa esteja mudando.
Talvez por que é domingo e amanhã será segunda.

sei la!




Quando acordei, tinha um cara de 16 anos deitado na minha cama. Meu filho.
Ontem saímos a noite para deliciar-mos uma pizza e uma pequena rodada de cerveja. Rolou o bate papo entre velhos amigos. Falamos de paixão, da complexidade das mulheres, de amigos e sonhos bobos que sabemos, talvez nunca se realizem, mas que vale a pena sonhar.

Não tenho certeza de nada,
por que é assim que deve ser e devemos viver, sem certezas.
Certezas empobrecem nosso intelecto,
desativam todas as nossas possibilidades de criatividade.



Todas as noites quando estou na minha casa, abro a janela de meu quarto para namorar com a lua, abraçar as estrelas e tomar banho de vento. Então me pergunto o que faz as pessoas terem tanto medo da solidão e agarrarem-se a pequenas coisas, a sentimentos mesquinhos, a sentirem dor em feridas antigas, que nunca cicatrizam.

Tenho meus momentos de melancolia, mas estes, servem para adubar o crescimento das minhas alegrias, das minhas poucas e inseguras certezas.

Pela manhã quando posso, dou uma lida em todos os blogs que tenho registrado em meu laptop e em especial as postagens de Edson Marques que particularmente tenho apreço pelo que escreve e então me deparei com esta frase causadora de polêmica interna, que nos faz parar por alguns segundos que seja e pensar na metodologia que utilizamos para nossas verdades. Verdades que achamos muitas vezes serem imutáveis, intransponíveis, perenes, maiores que nós mesmos pelo peso que a atribuímos.
Que
são falhas e muitas vezes geradoras de preconceitos, angustias, dor:

"Temos que ser infiéis às nossas convicções.
Ou não mudaremos nunca".


Presente delicado


Quando assisti este vídeo, na casa de uma amiga, percebi a delicadeza de sua mensagem.
Resolvi então posta-la por aqui.

Noite dessas, descobri o como estava necessitado de coisas que não mais me lembrava de suas existências. Faltavam-me tantas perguntas e repostas intimas e que foram sendo respondidas sob o vento discreto e temperado que entrava pela janela do meu quarto. Sob brindes, sob copos de vinho tinto que se renovavam. Sob olhares curiosos, atenção, gestos e expressão de carinho, de delicadeza.

Postagem em destaque

TÔ PENSANDO QUE:

Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...