De repente eu corria pelas ruas sob um longo lençol branco enrolado em meu corpo. Corria contra o vento, numa estação que parecia outono, por lugares onde nunca tinha estado antes, mas que achava familiar. A medida que eu corria, o lençol se enganchava em arvores e objetos e se rasgava e muitos pedaços. Em certo momento percebi que estava nú, porque sentia muito frio.
Então encontrei uma casa de porta aberta onde entrei e avistei minha avó sentada em uma cadeira conversando com um garoto que parecia ser eu, aos dez anos de idade. Não conseguia ouvir o que me dizia, mas sabia que era alguma coisa boa. Então entrou uma mulher de cabelos crespos, bolsa a tira colo e fala macia dizendo aos que estavam ali presente:
-Coisas, situações!..
Atravessei a sala, a casa, entre eles, sem que notassem minha presença, até o fundo do quintal. Encontrei minha mãe à beira de um tanque lavando roupas. Olhar cansado e suor escorrendo das têmporas. Batia as roupas molhadas na tábua de esfregar com muita força e uma espécie de mágoa e resignação no olhar. Quando me viu sorriu sem graça.
Então, corri pra ela, agarrando suas pernas, tentando entrar em baixo do seu vestido, forçando minha cabeça entre suas pernas como se quisesse entrar por onde tinha saído, desesperado, assustado.
Ela, me empurrava contra, tentando impedir-me que continuasse aquela atitude descabida e sem sentido. Perguntava-me entre gritos e esforço físico para que eu não tomasse tal atitude:
-Para!..Para!..Tu és feliz?
Então acordei-me tentando descobrir de onde vinham aqueles gritos, percebendo que era um sonho, mais que isto, eu era um fantasma invadindo meu próprio passado.
Respirei fundo e tentei colar os pedaços deste sonho tão real.
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