COMIGO NINGUÉM PODE


Quando ele comentou a beleza da folhagem que eu tenho sobre uma bancada na cozinha, lembrou em seguida de outra planta, que também gostava e achava bonita, mas que era venenosa. Depois completou pensativo, enquanto passava a palma da mão sobre o rosto: Eu sou uma "Comigo Ninguém Pode", por que comigo ninguém pode!.. Risos.
Estávamos por demais chapados e alegres depois daquele beque guardado a tantos meses na geladeira... Fiquei pensando que talvez fossemos plantas ou animais machos diferentes, que são obrigados pelas incidências de fatos, a crescerem tortos e marcados por um certo veneno natural que La doce, mas também amarga vita se encarrega de nos acrescentar.

O QUE VOCÊ PREFERE?


Algumas vezes um dialogo com a gente mesmo, vale a pena, mesmo que pareça superficial e sem grandes propósitos: 
Laranja ou maçã?.. Há, laranja? Ótimo! Acho a maçã muito doce e sem graça, prefiro as frutas mais cítricas!
Pêssego ou uva?.. Nenhuma dessas? Prefiro maracujá, tenho fissuração por aquela gominha amarela que envolve as sementes e dá aquele azedo gostoso na boca de arrepiar, como se cometêssemos um pecado e o alerta fosse sentido por todas as papilas!
Bananas? Só carameladas e com canela, de outra forma, acho que me causa desconforto estomacal!
Leite? Somente gelado! Uísque? Puro e sem gelo, on the rocks, em ocasiões sociais pra não perder o tino! Carne? Só se for branca! Feijão nem pensar provoca gases!
Café da manhã? Tem que ter aveia e iogurte, pão pesa e engorda!
Alface? Completamente sem graça, prefiro rúculas que dá aquele amargo na boca!..

O POEMA QUE INFLUENCIOU UMA GERAÇÃO


Allen Ginsberg, Jack Kerouac e William S. Burroughs, incendiaram a cultura dos anos 50 e 60 com a "Beat Generation", ao som de jazz e literatura "libertária".
Beat Generation para quem nunca ouviu falar, trata-se de um grupo de autores/poetas, cuja literatura questionava a cultura americana na era pós-Segunda Guerra Mundial  e cujo os elementos centrais da cultura Beat, são a rejeição de valores e a narrativa padrão, a busca espiritual, exploração das religiões americanas e Oriental, a rejeição do materialismo, representações explícitas da condição humana, experimentação com drogas psicodélicas, e liberação sexual.
É interessante observar que a geração Beat representou a única voz nos EUA a levantar-se contra o macartismo, política de intolerância que promoveu a chamada "caça às bruxas", resultando em um período de intensa patrulha anticomunista, perseguição política e desrespeito aos direitos civis nos Estados Unidos, o qual durou do fim da década de 1940 até meados da década de 1950.


Lançado no outono de 1956, o longo e profético Uivo de Allen Ginsberg (1926-1997) foi apreendido pela polícia de San Francisco, sob a acusação de se tratar de uma obra obscena. ..
Os livros "Pé Na Estrada", de Jack Kerouac, "Uivo", de Allen Ginsberg e "Almoço Nu", de William S. Burroughs, são as principais obras literárias da "geração beat", da década de 1950, que influenciou a contracultura e o movimento hippie mundial.
O poema de Ginsberg, "Howl "- "Uivo", (considerado por muitos obsceno e pornográfico) - foi o livro de poesia mais vendido da história dos EUA, tendo vendido mais de 1 milhão de exemplares em pouco tempo. "Howl" foi também um enorme grito de revolta de uma geração assumidamente insurreta e ávida de novas experiências (artísticas e existenciais), imbuída de festas repletas de sexo, drogas, jazz e longas caminhadas e aventuras pelas ruas de cidades americanas. 
Juntamente com "Naked Lunch" de William S. Burroughs e "On The Road" de Jack Kerouac, "Howl" completaria a trilogia da contracultura da Geração Beat.


Muitos músicos foram fãs e tiveram sua arte influenciadas pela poesia de Allen Ginsberg, como Bob Dylan, Jim Morrison, Lou Reed, Leonard Cohen entre muitos outros.
O própio John Lennon, se inspirou na palavra beat para batizar o seu grupo musical, The Beatles. Na verdade, a "Beat generation", tal como os Beatles, o movimento hippie e, antes de todos estes, o Existencialismo, fizeram parte de um movimento maior, hoje chamado de "contracultura".
Este texto foi postado hoje, apos eu ter assistido ao filme HOWL que em português significa Uivo e que nos permite reconhecer através da poesia de Ginsberg, um pouquinho mais da composição de nossa alma e seus aspectos obscuros. Pelo menos da minha!..Trata-se do sofrimento de uma geração, excluída e marginalizada, de muitos artistas e pessoas comuns que não puderam desenvolver todas as suas potencialidades como seres humanos e acabaram arrastados à loucura, ou a um beco-sem-saída na sociedade. É também uma demonstração de força contra uma sociedade opressora com relação às minorias (os loucos, homossexuais, drogados, etc). No universo marginal retratado, aparecem claramente os comportamentos libertários e espirituais, que formariam a base da contracultura, que iria transformar em muito, os padrões de comportamento no mundo inteiro.
No filme um relato de Ginsberg me chama a atenção e que diz o seguinte:
"O momento crucial de avanço veio, quando eu percebi o quanto seria engraçado no meio de um longo poema se eu dissesse: "Que se deixaram ser fodidos no rabo e gritaram de alegria a o invés de gritarem de dor." Esta é a contradição naquele verso. O leitor americano esperaria que fosse dor e não a alegria, que é de fato verdade, absolutamente cem por cento. E ha um verso que diz: Que sopraram e foram soprados por esses serafins humanos, os marinheiros, caricias do amor do Atlântico e Caribe. Eram reconhecimento da básica alegria homossexual. É,,, aquilo foi um avanço no sentido de discursos públicos sobre sentimentos, emoções. atitudes que eu não gostaria que meu pai ou família visem e que hesitaria em dizer em publico.O poema é mal interpretado como uma promoção da homossexualidade, na verdade é mais como uma promoção da franqueza sobre qualquer assunto. Se você tem fetiche por pés, você escreve sobre pés, se você é viciado na bolsa de valores voce pode escrever sobre os altos e baixos do gráfico do petróleo entende?..Quando se é franco sobre sobre homossexualidade em público, isso quebra o gelo e aí você está livre para ser franco sobre tudo e isso é socialmente útil. A homossexualidade é uma condição e por ter me alienado ou me distanciado desde o começo, serviu como um catalizador do exame próprio, ou uma percepção detalhada do meu ambiente e as razões pelas quais todos são diferentes e porque sou diferente."

A SEGUNDA NATUREZA


Depois de alguns comentários positivos nas redes sociais, sobre a cena erótica e sem sexo explicito, mas com muito intensidade, protagonizada pelos dois personagens masculinos da novela "Liberdade, Liberdade" na TV Globo, eu me surpreendi de ouvir outra parcela da sociedade, composta evidentemente de (amigos, colegas e conhecidos) meus, que reagiram a cena, de uma forma negativa e com aquele velho e conhecido preconceito velado, disfarçado, padronizado. Atitude vinda principalmente de pessoas que se consideram modernas, liberais, inteligentes, mas que ainda não conseguiram sublimar seus preconceitos diante de uma cena como estas, que veio justamente para arrebentar com os padrões culturais normativos, tão amplamente discutido e debatido nas últimas décadas. As pessoas reagem negativamente com comentários do tipo: "Achei desnecessária aquela cena" ou ainda "A sociedade não está preparadas para tanto" o que certamente configura uma forma politicamente correta de reação adversa e dissimulada, já que é difícil assumir publicamente os velhos padrões moralistas ainda dignos de uma revisão profunda, diante das constantes modificações de valores que tem ocorrido no mundo.
Mas como diz um dos personagens da trama:
"Todos temos uma segunda natureza. Que, às vezes, permanece oculta. Mas não para sempre!"

UMA NOVA VISITA AO VIADUTO 13


Foi neste domingo 10/07/2016 que revisitei com alguns amigos o Viaduto 13 em Vespasiano Correia, umas das obras magnificas construído pelo Exercito Brasileiro, durante a década de 70, no governo do então Presidente Ernesto Geisel.


É o maior viaduto ferroviário das Américas e o terceiro mais alto do mundo, superado apenas pelo Viaduto Mala Rijeka, em Montenegro, de 198 metros de altura, e a ponte de Beipanjiang, na China, que possui uma altura de 275 metros.
A denominação 13 tem sua origem no fato de ser o 13º de uma sequência de viadutos que se inicia no centro da cidade de Muçum, conhecida como a "Princesa das Pontes".


CURIOSIDADES:
Os moradores do local costumam mostrar aos visitantes um "X" pintado a carvão, que pode ser visualizado mais ou menos no meio do pilar do centro, que indica o local onde supostamente três trabalhadores do Exército teriam caído no vão entre as paredes dos pilares, durante o desabamento de um andaime utilizado durante a construção, e que seus corpos jamais teriam sido removidos de dentro do pilar. Outros dois soldados teriam ficado dependurados durante dois dias no local, aguardando a montagem de um novo andaime para poderem descer, mas esses acontecimentos não são confirmados pelo Exército. Complementando a informação acima, apenas um militar se acidentou, quando caiu de um andaime, era o então sargento Dias, que não caiu no interior do pilar, mas sim no chão, uma queda de aproximadamente 90 metros.


Neste viaduto também teria acontecido uma revolta de motivos políticos por parte de agricultores locais, que teriam ateado fogo a um trem de carga, que passou em chamas pelo local numa madrugada de 1981.
Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Atualmente o viaduto é uma atração turística local e atrai amantes de esportes radicais como o rapel. Segundo informações ainda existe trafego de trens no local, que passam duas vezes por dia transportando trigo.


ENTÃO EXISTE OU NÃO EXISTE, RACISMO NESTE PAÍS?


Não feche os olhos nem a boca para o racismo. Racismo é crime inafiançável e imprescritível e deve ser denunciado.

De todas essas balburdias, que se criam nas ruas, em ambientes públicos ou dentro de um transporte coletivo, onde pessoas de culturas diferentes transitam, movidas pelo stress e que não se conhecem; uma coisa tem me deixado mais esperançoso: As pessoas em geral, já estão percebendo certas atitudes que antes não tinha nome e hoje são identificáveis. O racismo e os comportamentos discriminatórias no nosso dia a dia, devem ser combatidos sem que nos calemos diante deste absurdo. Isto faz a gente pensar, e acreditar positivamente, que este mundo esta mudando para melhor!


O AVESSO É O MEU LADO CERTO.


Ser louco é fugir dos padrões convencionais, é não se encaixar em tudo aquilo que a sociedade diz ser normal e que você por obediência deveria seguir a rigor.
Mas você começa a ficar louco, quando passa a pensar, e pensar, e repensar e a questionar as informações que recebe do mundo e descobre que o caminho que deve seguir é o da sua escolha e guiado por suas paixões e verdades, não o caminho que a maioria das pessoas escolheram seguir por medo ou simples obediência.
Enlouquecer é ter um olhar diferente sobre tudo que te cerca, é descobrir que está no contra fluxo e o que de melhor existe em você é o seu avesso transgressor, que luta contra os seus próprios medos, mentiras, preconceitos, discriminações, ódio. Loucura é descobrir que o avesso, é o seu lado certo.

O ANJO DE VARSÓVIA

Eu não poderia deixar de postar aqui no blogue, este feito. Irena Sandler é mais um herói anonimo, salvando 2.500 crianças da morte, nos centros de concentração nazista em Varsóvia. Pessoas como ela, Nicholas Winton e Aracy, devem ser reconhecidas e respeitadas por suas atitudes heroicas, por toda a humanidade.



GUERRILHAS E PLACAS DE SINALIZAÇÃO.

Às vezes existe entre duas pessoas, uma deliciosa lacuna que se preenche de medo e de dificuldades e que acaba levando esta relação sem nome, para uma especie de namoro proibido, não assumido, temeroso, cheio de pitadas de impossibilidades, de brincadeiras disfarçadas e provocações morais com o objetivo de uma desistência...


Não seriam essas pitadas, o tempero que dissimuladamente resguarda seu sabor final? Quantas lutas terão de ser travadas antes que tomemos consciência de que não existe separação, que a guerrilha maior é a interna, com suas placas de sinalização duvidosas que nos mesmos criamos.

O SILENCIO É UMA CARTA ESCONDIDA NA MANGA

Atualmente tenho ficado de boca calada. Me excluo de dar opiniões ou de fazer qualquer comentário critico de caráter politico, social e outros.. Isto talvez seja uma erro, mas num determinado momento da vida, percebemos que tudo parece se tornar irrelevante e que discussões consensuais, são acolhidas por radicais extremistas ou bibelôs que não conseguem manter um dialogo com sensibilidade ou profundidade necessária. Por outro lado a idade tem me pego de surpresa e me mostrado que o silencio pode ser a carta escondida na manga dos que não querem mais jogar.


UMA TORNEIRA QUE PINGA


Uma torneira que pinga, pode ser uma pista, um resumo, uma pequena historia de vida traçada em poucos segundos no cronometro do tempo.
Pode ser uma mentira, uma seção de tortura, um pesadelo, uma imaginação e reverter todo o processo da lógica, do raciocínio, da historia imaginada, contada.
Uma torneira que pinga, nos dá a sensação de que algo não foi terminado, que foi interrompido, que o gesto se desviou de fecha-la por desatenção, distração, que não houve continuidade, não aconteceu. Um ato falho. Uma torneira que pinga, é viciante, é irritante, é torturante como  solidão.

AS VEZES A CASA CAI.

Tenho uma má impressão, quando estou falando com alguém no telefone ou digitando em algumas redes sociais e a pessoa começa a me dizer ou escrever: "Hum!.."
Este "hum!..", é o que afinal de contas? Uma afirmativa de quem concorda ou descorda do que eu estou falando? Ou é uma expressão de duvida, de desconfiança a o que eu poderia, por assim dizer; estar enrolando, enganando, faltando com a verdade? 
Então quando o "hum!" vem acompanhado de um, "aham sei!.." A casa desmorona de vez.



O DIA QUE DUROU 21 ANOS.

"Aqueles que não amam a revolução devem ao menos teme-la." Assim começa o áudio de pronunciamento ao povo brasileiro, que  dá inicio a este documentário sobre o golpe de 64.
Tenho a sensação de que na vida, a história se repete, principalmente para quem conhece um pouco dela.


E agora, José? 
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou..

(Carlos Drummond de Andrade)

O ANJO DE HAMBURGO

Ontem a noite, fui apresentado para Aracy. Quero dizer, a o longa feito por Caco Ciocler, que reconstrói a história dessa mulher fantástica, esposa de Guimarães Rosa, a partir de depoimentos, pesquisa de cartas, lugares por onde ela passou, objetos pessoais deixados por ela e principalmente seu melhor feito. 


Paranaense, de Rio Negro, filha de pai português e mãe alemã e ainda criança, foi morar com os pais em São Paulo. Em 1930, Aracy casou com o alemão Johann Eduard Ludwig Tess, com quem teve o filho Eduardo Carvalho Tess, mas cinco anos depois se separou, indo morar com uma irmã de sua mãe na Alemanha. Por falar quatro línguas (português, inglês, Língua francesa e alemão), conseguiu uma nomeação no consulado brasileiro em Hamburgo, onde passou a ser chefe da Secção de Passaportes.
No ano de 1938, entrou em vigor, no Brasil, a Circular Secreta 1.127, que restringia a entrada de judeus no país. Aracy ignorou a circular e continuou preparando vistos para judeus, permitindo sua entrada no Brasil. Como despachava com o cônsul geral, ela colocava os vistos entre a papelada para as assinaturas. Para obter a aprovação dos vistos, Aracy simplesmente deixava de pôr neles a letra J, que identificava quem era judeu.
Nessa época, João Guimarães Rosa era cônsul adjunto (ainda não eram casados). Ele soube do que ela fazia e apoiou sua atitude, com o que Aracy intensificou aquele trabalho, livrando muitos judeus da prisão e da morte.
Aracy permaneceu na Alemanha até 1942, quando o governo brasileiro rompeu relações diplomáticas com aquele país e passou a apoiar os Aliados da Segunda Guerra Mundial. Seu retorno ao Brasil, porém, não foi tranquilo. Ela e Guimarães Rosa ficaram quatro meses sob custódia do governo alemão, até serem trocados por diplomatas alemães. Aracy e Guimarães Rosa casaram-se, então, no México, por não haver ainda, no Brasil, o divórcio. O livro de Guimarães Rosa "Grande Sertão: Veredas", de 1956, foi dedicado a Aracy.



O documentarista Caco Ciocler, não pode estar presente numa das seções de estreia do filme, então pediu para seu diretor de produções ler esta carta:

“Quando era pequeno, ouvi uma história, a de que o Spielberg não conseguia enquadrar o tubarão. Então ele transformou a fragilidade em potência, filmando apenas a barbatana e deixando que os espectadores imaginassem o monstro. Nosso tubarão, a Aracy, ficou conhecida como a segunda mulher de um grande escritor. Não pudemos enquadrar o marido famoso por questões de direitos autorais. Nos restavam as histórias ouvidas e contadas. Esse filme tem mais a ver com barbatana do que com tubarão. Nosso monstro era frágil, mas tiramos a Aracy do status de mulher de escritor famoso. Me curvo diante dos mestres deste festival e peço licença para mostrar meu experimento”.

Cada ser humano possui uma historia de maior ou de menor importância na vida e esta história pode estar fixada numa das pontas que ordenam politicamente uma sociedade em sua época, fazendo com que algumas atitudes sejam vistas como certa ou errada, um descumprimento de ordem política ou um ato de heroísmo? O fato é que Araçy arriscou a própria vida para salvar pessoas de uma politica desumana, racista e antissemita. Ouviu seu próprio coração, como fez Schindler, Nicholas Winton e tantos outros possíveis anônimos dignos do nosso mais profundo respeito.



PORTO ALEGRE ILUMINADA, NA NOITE DOS MUSEUS.

Uma passeada por Porto Alegre nos finais de semana, quando a cidade não está apressada, movimentada, congestionada pelo transito, é sempre muito bom. Nestes momentos é possível aprecia-la com outro olhar, um olhar mais reflexivo e outras nuncias sobre cada detalhe e angulo empregado em sua arquitetura e seu planejamento urbano. A noite, então, tudo fica mais magico.


















































Tudo se potencializa através de sombras, iluminação em postes antigos, portas, janelas, sacadas, claraboias, que nos transportam para outros tempos, tempos de elegância e também de uma decadência provocada pelo descaso do poder publico e pelas especulações imobiliárias.
Nesta noite de Sábado, 21/05/2016, a cidade abriu as portas de alguns museus, numa peregrinação cultural onde as pessoas podiam não só contemplar os acervos, com uma variedade de obras, mas também apreciar algumas apresentações musicais com a duração de 15 a 30 minutos, abrindo dialogo com as pessoas presentes e a própria cidade. Um olhar diferente; o patrimônio; a arquitetura; a rua; os artistas; o encontro. Noite dos Museus, foi uma excelente ideia patrocinado pela Secretaria de Cultura do Estado e a Vivo.

EFEITOS COLATERAIS DA MATRIX.


A gente pode ter medo de morrer, de ser assaltado, de ser preso e torturado, de ficar velho e doente, de não ter mais autonomia para comer, beber e fazer a higiene pessoal, de ficar só, de ficar olhando por uma janela onde nada acontece...
Mas o medo maior é de que tudo seja uma grande farsa global e que fiquemos até os últimos dias de nossas vidas, sem saber que estamos sendo enganados e manipulados feito cegos, que nunca viram a verdadeira luz do dia e a grandeza do mar. Que a morte, a dor, a velhice, a doença, a fome, a falta de autonomia, a solidão, são apenas efeitos colaterais do programa, ou não, por não sabermos nos conduzir fora ou dentro da Matrix.
Mudanças acontecem a todo o instante a nossa volta e dentro de nós, sem percebermos ou entendermos pra onde estamos sendo empurrados e porque motivo. Será que a resposta, estão nestes números que não param de correr?..

TUDO ESTALA

Me convide para eu ser feliz e eu não terei mais estas horríveis dores pelo corpo, nem pra onde ir. Não terei esta ansiedade do meu lado,  nem este acordar assustado quando a brisa da noite entra pelo quarto provocando estalos, me assustando.
Na noite tudo estala em ruídos incomuns. As paredes, as portas  e janelas estalam, eu estalo. Estas insonias noturnas que me põe acordado e distante é a falta de um tudo que estranhamente estalam com insistência.


NOITE DE VENTO, NOITE DOS MORTOS

Ontem quando choveu por aqui, uma forte ventania quase derrubou arvores e foi arrancando galhos que varreram  ruas e calçadas. 
A cidade não só parecia vazia, mas singularmente transformada em outra.
Estes ventos que sopram forte por aqui, me jogam nas paginas de Érico Veríssimo, me fazem lembrar dos gestos duros das mulheres do interior, do seu silencio, do amargo dos seus chás, da doçura no olhar que guarda a esperança por tempos e ventos de possíveis mudanças.


"E de novo o povoado ficou quase deserto de homens. E outra vez as mulheres se puseram a esperar. E em certas noites, sentada junto do fogo ou à mesa, após o jantar, Ana Terra lembrava-se de coisas de sua vida passada. E quando um novo inverno chegou e o minuano começou a soprar, ela o recebeu como a um velho amigo resmungão que gemendo cruzava por seu rancho sem parar e seguia campo afora. Ana Terra estava de tal maneira habituada ao vento que até parecia entender o que ele dizia, nas noites de ventania ela pensava principalmente em sepulturas e naqueles que tinham ido para o outro mundo. Era como se eles chegassem um por um e ficassem ao redor dela, contando casos e perguntando pelos vivos. Era por isso que muito mais tarde, sendo já mulher feita, Bibiana ouvia a avó dizer quando ventava: "Noite de vento, noite dos mortos..."
Érico Veríssimo - O Tempo e o Vento

PAÇO SANTO INÁCIO.


Foi num passeio ano passado, (não lembro em que mês) que eu e uma amiga encontramos esta relíquia no bairro Moinhos de Vento em Poa. Pela aparência imponente, percebemos que se tratava de uma edificação histórica na rua Santo Inácio, 295 e no mesmo dia (à noite) corri para pesquisas na internet, sem nada encontrar. Pela falta de material informativo, nada postei e as fotos acabaram sendo esquecidas em meus arquivos.

Construída em 1939, a bela mansão, está sendo restaurado pela Incorporadora, chamada UMA no bairro Moinhos de Vento. O casão será revitalizado e receberá o nome de Paço Santo Inácio, que será aberto à comunidade. Receberá um café bistrô, espaços para reuniões e um memorial com a história do bairro. Através do conceito ‘O antigo é vizinho do novo’, a ideia é resgatar o seu conteúdo histórico, em respeito ao antigo, combinando a forma clássica de fazer propaganda em todo o processo.
Toda a campanha publicitaria ficou a cargo de uma empresa chamada Global, que se inspirou na historia do casarão e que possivelmente retirou qualquer informação da internet, para manter o sigilo publicitário. Deve ter sido por isto que nada encontrei a respeito, quando tentei pesquisar.

Veja só que criativo: 
A campanha teve início com uma carta escrita a próprio punho e selada com cera quente, contendo um relato sobre a história da casa, seus moradores e sobre o futuro empreendimento que será construído junto a ela. A carta foi entregue à comunidade por um carteiro caracterizado à moda de 1930. Também foi realizada uma sessão fotográfica, registrando detalhes históricos do espaço e reconstruindo os ambientes que, futuramente será entregue a sociedade em final de Abril,

EM TRANSFORMAÇÃO


Já faz algum tempo que eu entrei nesta fase de desaprender o que antes era para mim uma verdade indiscutível, inquestionável. Desaprender não é bem o que eu quero dizer, fica melhor eu dizer, reconceituar-me, reformular-me, restabelecer novas atitudes aos conceitos ensinados, estabelecidos, aos conceitos que dão o comando geral do que é certo e do que é errado na sociedade, afinal vivemos momentos difíceis de luta, de aceitação, de fragmentação das velhas verdades, cujos os fragmentos vão se transformando em  sub conceitos, que  no amontoado geral, vão abrindo novos caminhos opcionais, sobre os escombros que se formam, para uma ampla discussão pessoal de valores. 
Acontece que eu, aos 58 anos de idade, resolvi aderir como outras pessoas que lutam por sua condição e aceitação, deixando meus cabelos crescerem e assumir publicamente a minha identidade, identidade que deve ser inicialmente absorvida por mim. Parece pouco, mas algumas pequenas mudanças exercem seu peso transformador sobre nossa visão pessoal e de mundo.
A decisão surgiu quando encontrei por acaso, uma pagina no Facebook, onde Phills Monteiro, um brasileiro de 25 anos, carioca, que mora atualmente em Paris, resolveu estimular e dar conselhos para homens negros e de cabelos crespos a cuidarem de seu black power e assumirem sua identidade através da postura livre e pacifica. Phills que em 2012 decidiu deixar os cabelos crescerem de forma natural, só encontrava referencias femininas, o que estimulou-o a ir em busca de receitas próprias e naturais para cuidar dos cabelos. Em 2013 decidiu divulgar estes cuidados, num canal criado por ele no YouTube e o que pareceu ser apenas um novo conceito estético, visual e de chamar a atenção pelo inusitado, acabou se transformando numa verdadeira revolução de valores e atitudes, em homens que antes raspavam, alisavam ou mantinham seus cabelos curtos, para favorecerem a aceitação numa sociedade de valores embranquecidas e que ensina desde cedo, que cabelos crespos é ruim, é feio, é inaceitável. Eu acredito que atitudes simples como esta criada por Phills, traz consigo, um aval de grande importância cultural e social para todos os seres humanos, por ser indiscutivelmente uma ideia que transforma, que resgata cada individuo a sua identidade e dignidade que lhes foi tirada por séculos de existência.
E pra provar que eu entrei nesta vibe; Eu era assim:


Agora estou ficando assim e com a pretensão de deixar ainda maior:


SE PERDENDO..

Nestes tempos de modelos pré fabricados, pré estabelecidos, pré concebidos, pré isto,  pré aquilo, a gente acaba sem querer, sendo induzido a entrar nestas correntes sem sentido e nos transformando em gifs animados. Todos com a mesma cara, o mesmo gesto, a mesma expressão, o mesmo movimento automatizado. As pessoas perderam a voz e distanciaram seu olhar. 
Perde-se discernimento, dinheiro,  moradia, dignidade, perde-se amores e entes queridos, pela falta de voz e pelo olhar que também se perde em espaços vazios, na obscuridade do próprio ego. Se perde tudo e não se acha mais. A gente se perde.

FAZENDO JUSTiÇA


Essa, eu achei numa notificação do Facebook:
Um traficante criou uma maneira inovadora de vender drogas.Você manda uma carta para ele. Ele manda um moto boy entregar a droga na sua casa.
O que o juiz faz?
Pede que os correios entreguem as cartas enviadas para para o traficante. Os Correios explicam que não guardam cópias das cartas que entregam todos os dias.
O que o juiz faz?
Manda prender o presidente dos Correios. Os Correios explicam de novo que não guardam cópias de correspondências. Que as cartas apenas passam por eles.
O que o juiz faz?
Suspende o trabalho dos Correios por 72 horas. Este país virou uma piada!

O GRITO DOS BUGIOS.

Tem gente que chega na tua vida, no espaço onde tu vives ou trabalhas, para criar, organizar, implantar e que apesar de estar dividindo o mesmo espaço físico contigo, te parece simpaticamente distante, meio familiarmente intocável, mas sentimentalmente aceitável, solucionável e talvez por serem únicas com competência para fazerem mudanças. Quando falam contigo parecendo serem pessoas comuns, com sangue correndo nas veias, com os mesmos sentimentos comuns e humanos, fica no fundo aquela tênue sensação, de que são apenas artifícios políticos para te conquistar a confiança e encaminhar seus objetivos maiores. Vão te aprisionando em regras, protocolos.
Tudo isto faz eu me sentir como um grande bugio jogando excrementos de cima de uma arvore, para atingir seu alvo matematicamente calculado; uma peça manipulada para funcionalidade de um sistema falho na própria base e que carece de muitas mudanças para sobreviver.
Essas pessoas também ja foram engolidas pelo sistema e mais tarde são excluídas, por terem cumprido sua meta, seu programa, sua implantação sustentável, onde não cabem mais. Talvez esmagadas pela própria estrutura que criaram, sem ouvir os gritos dos bugios.


O CHEIRO DO RALO

Às vezes algo me falta, muitas coisas me faltam até o término do dia, da semana e esta procura exaustiva me deixa quase sem forças, quase desistindo, até eu me dar por conta, de que nada é possível fazer a não ser aguardar, esperar por um novo dia, como quem aguarda o inevitável, o que não se pode mudar, o que está sendo conduzido por forças que eu desconheço. E ai fica aquela sensação de estar sentindo inevitavelmente o cheiro do ralo, e o cheiro do ralo podemos com o tempo, sentir uma certa doçura.


O PODER DAS LETRAS

Eu sei que as coisas não deveriam correr para este lado do rio, mas existem frases, textos, ideias que leio e que modificam toda a minha ideia e conduta para com seus autores. Na pratica, eu tenho medo de estar fazendo um julgamento precipitado, resumido e errado à respeito, mas o poder das letras são tão poderosas, que me faz recuar das possíveis constatações negativas que poderão surgir a cargo do tempo.

PÁSSAROS PRESOS

Existe um cheiro peculiar em cada arvore que eu abraço, em cada rua que entro, uma sinfonia em cada vento que sopra criando notas musicais nunca ouvidas por mim antes. Tenho um nó preso na garganta a me arranhar e quem não o tem, não faz parte deste mundo.
As vezes desconfio que  a natureza trabalha silenciosa, para que libertemos pássaros engaiolados do nosso interior. Solta-los dói. Mante-los preso nos asfixia até a morte.


SENTIMENTOS DE INVERNO

Quando chove tanto assim, me perece que é chuva de Julho, que forma lago nas praças e calçadas desta cidade, misteriosa sinfonia de sapos, meninas olhando o mundo por traz da bruma na vidraça, brasa no fogão a lenha, café preto perfumando o ar, pão torrado com margarina, lampião de querosene pendurado na parede, com discreta luz querendo se apagar...


IDAS E VINDAS.

Então eu sinto nossas desigualdades como fórmulas matemáticas incompletas, nestas equações de verdades e de sentimentos que correm inexplicavelmente de uma ponta a outra da vida e no sentido contrario. Desencontros que revelam nossas diferenças, enquanto vais em tuas Idas e eu volto arrastando lembranças de outros tempos em que parecíamos seguir numa mesma direção. Tempos também de solidão, de pensamentos de inverno, de nuvens escuras e espessas no horizonte, de olhos ressecados ao vento, que por sorte, alguns verões lhes deram brilho, viçosidade. Tenho a sensação de que um dia, cruzaremos um pelo outro e bateremos nossas mãos acidentalmente na rua. Nos olharemos surpresos olho no olho, com a impressão de que nos conhecemos de algum lugar do passado...
Sabe? Nada disto é triste, são apenas constatações de que nos deslocamos para pontas opostas nesta vida, construindo o que somos hoje, seres humanos diferentes.


AMARRANDO O CELULAR NA TESTA

Não tenho mais paciência e antes que eu tenha uma crise de estres, estou começando a não aceitar mais convites de pessoas que vivem de celular na mão o tempo todo, desatentas a qualquer bate-papo que inicio com elas.
Na verdade, isto é muito constrangedor e qualquer assunto, se fragmenta e morre quando é percebido a desatenção. Pessoas com este perfil, já se contaminaram com a mentira de que não estão sozinhas, de que são populares, de que são amadas por estarem cercadas de gente, que curtem tudo o que elas postam, sem ao menos lerem o que foi escrito.
Gente fora de moda, como eu, que dá importância a atenção, a o olho no olho, deveria ir viver numa ilha deserta e longe dessas modernidades ou então, amarrar o celular delas na minha testa, para  dar a sensação de que estão me olhando no rosto, enquanto estamos falando.


CENAS COMUNS DO COTIDIANO.

Acordar cedo e abrir a janela... Numa determinada hora, a noite divide espaço com o dia e tem uma cor diferente, uma cor cinza pálida mesclado em sombras, que parece uma película de filme antigo a rodar na tela quadrada da janela. As imagens passam fragmentadas sob a luz dos raios frágeis do sol que começam a despontar do outro lado do infinito.
Na rua, o homem cruza decidido, o cachorro fareja qualquer coisa pelo chão, o casal de namorados se abraçam e bocejam no portão.  Pra onde vão todos, o que o cachorro procura?
Engraçado ver a vida assim, sob uma aresta diferente, um toque de enigma no que é vitalmente comum ao cotidiano.
Observar as pessoas, mesmo que a distancia, nos revela verdades e mentiras, nos aproxima do humano que todos somos, um toque de despedida que se espalha na alma.


NÃO É O SHORTINHO, É O QUE ELE REPRESENTA.


Quando eu li e também ouvi, a grande quantidade de comentários, alguns inclusive de pessoas da minha relação, escrevendo nas redes sociais, frases tendenciosas e de repudio, ao protesto feito pelas meninas "burguesas" do colégio Anchieta, que se reuniram no patio da escola com cartazes em protesto a proibição de usarem shortinhos nas dependências  da instituição, porque desviava a atenção dos meninos e professores, eu juro que fiquei de cara e não pensei que isto viraria sopa de letrinhas num caldo de discussões. Muitos comentários na Internet diziam que se tratava de um protesto de quem não tinha o que fazer e que deveriam protestarem por coisas mais serias, como a má qualidade do ensino no país, que não é mais mérito apenas das escolas publicas, etc., etc., etc..

E eu fiquei pensando nas opiniões que se divergiam,  nos que acreditavam se tratar de uma luta em defesa dos direitos da mulher e nos que argumentavam ser algo sem fundamentação. Dai que percebi como as pessoas não repararam que esta atitude era apenas simbólica, por que representava muito mais do que a aceitação ou não de um tipo de roupa considerado pelas grande massas, como obsceno e que ofende os pudores da sociedade moralista, porque se trata de uma luta contra a diminuição e controle da liberdade das garotas e/ou (mulheres) de usarem aquilo que se sentem bem, como uma forma de se expressarem, sem que sejam responsabilizadas pelos descontroles emocionais dos outros e de toda uma sociedade machista e escrupulosa. É inaceitável que as mulheres sejam responsabilizadas pela distração ou desrespeito dos homens, em qualquer âmbito de convivência, (na escola, no trabalho ou na rua), pelas roupas que escolheram vestir. Não é o shortinho que incomoda, é o que ele representa na cabeça de cada individuo.
Será que se uma menina usando shortinho ou mini saia, for vista andando na rua e chamar a atenção de algum motorista tarado, que atropela meia duzia de pessoas numa parada de ônibus, será responsabilizada pelo acidente?.. Olha que não é de se duvidar que seja responsabilizada!

VIVA, PENSE, OBSERVE? LOGO VOCÊ EXISTE.


Uma das coisas que prova que um homem está vivo e que ele existe, está na liberdade de seus pensamentos, na sua capacidade de observação e no interesse de desvendar os mistérios do mundo que o cerca e sentir de que forma se relaciona com isto. Este é um processo de evolução pessoal acompanhado de pequenas revoluções a serem vencidas a cada minuto de reflexão sobre a vida.
Conhecer pessoas, atuar nos mecanismos de convivência e descobrir novas culturas, faz parte deste contexto de ideias que o joga contra os paradigmas que o faz navegar pela vida.
O desejo de mover-se, de conhecer lugares, de descobrir outros hábitos sociais e culturais,  o faz reconhecer-se, transformar-se num ser humano mais flexível diante das escassas respostas, que  o faz modificar-se a cada nova experiencia vivida.

BECO ESCURO.


Então de um momento para o outro, me vi num beco escuro, sem saber que rumo tomar; Voltar ou prosseguir? Afinal aquele era um corta caminhos que reduziria em muito a distancia até a minha casa. De longe avistei lampiões pendurados em pequenos sobrados antigos, cuja a luminosidade pouco ajudavam na minha escolha de por onde iria seguir. Respirei fundo e pensei então que em outros momentos da minha vida, acharia este lugar tão inspirador para me influir em qualquer coisa poética, mas não agora. Aquele não era o momento de eu estar naquele lugar, para motivações criativas. Precisava sair dali em busca de claridade, de luzes intensas que iluminassem meus passos e até a minha própria alma assustada. Precisava restabelecer a segurança de mim destituída. Fui. Uufaaa!..
De onde vinha esse temor que me tornara tão vulnerável, me perguntei a o chegar do outro lado mais seguro e iluminado do beco. O escuro, a visão comprometida, a duvida de que no próximo passo, poderia ser assaltado e morto?.. 
Não, isto tudo são falsos flash back inventados pelo medo do desconhecido. Pior, são as incertezas que vão abrindo buracos e me matando antes de eu ser realmente morto.

AMIGOS AUSENTES SÃO APENAS BOAS LEMBRANÇAS.


"Dizem que os amigos verdadeiros passam longos períodos sem se falar e jamais questionarão a solidez da amizade, Quando eles se encontram, independentemente do tempo e da distancia, parece que se viram ontem. Entendem que a vida é corrida e que a fina poeira dos dias jamais encobrirá o que você sente por eles". 

Este texto andou rodando pela internet algum tempo e sempre que o lia, suas palavras não me convenciam. Eu ficava tentando encaixa-lo em alguma brecha da minha aceitação, me perguntando se ele se definia como  uma verdade pra mim, se cabia no conceito que tenho de relação verdadeira e em tudo mais que eu acredito ser importante para a manutenção do afeto entre as pessoas e ele não coube, não fechou, não me convenceu, deixando entre aberta as gavetas da minha desconfiança.
Vendo tantas pessoas curtirem este texto, tão desprendido, tão tolerante, tão consolador no Facebook, é o que ele me passa, eu cheguei a me perguntar: Será que eu é que sou tão egoísta, achando que uma relação só é possível se estabelecendo elos de convivência? Pelo menos uma rotina para nos por em prova!.. Será mesmo que o tempo e a distancia agregada ao que se pré supõe uma falta de convivência, não enfraqueceria qualquer relação, inclusive a de amizade entre as pessoas?
Será que a falta de um "Olá como você está".  Uma conversa de olho no olho, são dispensáveis para se manter vivo e perpetuar os sentimentos?.
Não, não, eu questionaria a solidez dessa amizade, porque eu preciso de mais. Preciso de um corpo físico, de carne e osso diante de mim, para poder tocar, abraçar, sentir o seu calor, a respiração e suas nuncias de voz, e de expressão. Distancia pra mim é separação e separação é sofrimento quando gosto de alguém.
Vivemos num mundo, onde cada vez mais, nos afastamos do dialogo e do contato físico com as pessoas, nos estigmatizando a o imediatismo e o superficial, pela falta de tempo, pelo individualismo, pela timidez, pela falta de confiança que adquirimos dos tempos modernos e isto é necessário revermos. Por outro lado, temos a nossa disposição, ferramentas competentes para lembrar pros amigos, que ainda estamos  vivos e ficarmos cientes de que eles também estão. Uma cutucada online aqui, outra cutucada online ali.., uns desenhos animados capazes de informar o nosso estado de espirito e até nossos secretos sentimentos.
Não precisamos mais de gente que nos procure para conversar, para nos dar um abraço de alegria, ou o ombro para chorarmos. Nos tornamos cibernéticos. Temos medo de nos expormos, de invadirmos e sermos invadidos. Essas ferramentas uteis, do qual me refiro, simulam a nossa alma e o que estamos sentindo, é só darmos um enter. Talvez seja por isto, que passamos a compreender a falta de tempo, a distancia e outras impossibilidades, pois estas ferramentas simulam uma falsa proximidade. As pessoas estão acomodadas e então criando desculpas
Não consigo ver neste referido texto, nada mais do que um conformismo, um conselho de resignação para o desinteresse, a indiferença, um consolo. Amigos pra mim, são os que mantem vínculos afetivos fortes e presentes, não importa a distancia e a falta tempo. São poucos, mas ainda existem. Portanto, amigos ausentes não são amigos, são apenas boas lembranças.

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Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...