CASA VAZIA

Fazia algum tempo que eu não cozinhava, então ontem, sob pequena pressão e entusiasmo dos demais, me disponibilizei, dobrei as mangas e fui a luta com um de meus velhos cardápios guardados na cachola.
File de peixe, ovos batidos, farinha de rosca, tempero pronto, peixe no óleo quente, tomate, cebola, pimentão, creme de leite, queijo ralado em abundância sobre o molho, vinho tinto para estimular a conversa e em algumas horas estava pronto o banquete para 6 com direito a muitos elogios. 
Mais tarde uma esticadinha não planejada num bar de nome Alibaba, quase vazio, mas que fez a alegria dos poucos presentes. E quem disse que bar bom são os de casa cheia? Somente para alguns e o próprio dono. 
Sou do tipo individualista que gosta desta sensação de ter os músicos dando atenção somente para mim e alguns amigos à volta, na chamada intimidade musical. (Quando acontece, claro!) Hehehe!... Havia a mulher charmosa tocando pandeiro, um casal de idosos dançando num clima de paixão musicas eternzadas por Dolores Duran, Tom, Cartola e outros... Foi divertido!

Carnaval 2010 em Buenos Aires


Depois de 10 dias no Chile, retornei à Porto Alegre e no dia seguinte embarquei num outro onibus em direção à Buenos Aires, para passar o carnaval num clima portenho. Eu não sabia se tres dias seriam o suficiente para descobrir tudo que esta cidade tem para oferecer no que se refere a beleza, arte, modernidade, musicalidade, paixões, tango de rua, poesia, museus, arquitetura, brechós, feiras, San Telmo, Palermo, La Boca, Recoleta, visto que dois dias seriam gastos dentro do ônibus, mas vamos lá, a oportunidade estava diante de mim e eu estava cheio de expectativas!.. 
O grupo de excursão era bastante polivalente, além da companhia dos amigos: Alba, Cristina e Beto

SÁBADO:
Chegada no Hostel em San Telmo:
O Hostel (albergue) onde ficamos hospedados, servia o melhor café, (com frutas, sucos, pães e croassants) que eu já tinha experimentado desde que fui e retornei  do Chile e era localizado no centro da cidade, umas tres quadras da Casa Rosada, no bairro histórico e elegante de San Telmo e dele, ja dava pra se ter uma noção do que era a cidade e sua movimentação. As avenidas largas e de trafego intenso, com muitas pessoas na rua e manisfestações artisticas por todos os lados. Chegamos ao final da tarde de um Sábado, nos acomodamos e no outro dia pela manhã, visitamos a feira de San Telmo, evento imperdível e que acontece todos os domingos no Plaza Dorrego de San Telmo
 a poucas quadras de onde estávamos.


DOMINGO
Feira de San Telmo:
Nesta feira é possível encontrar de tudo que se possa imaginar, artesanato, comida, bebida, roupas, calçados, antiguidades, pinturas, gente de todos os cantos do mundo...(lembra o nosso de Brique da Redenção aqui em PoA, porém muitas vezes maior), com tango e atividades multiculturais por todos os lados. 


Aproveitamos para ver e experimentar tudo que era possível, como comer um sanduíche de pão francês com churrasco e molho apimentado, roscas e doces de sabores diferentes e dali visitar a Casa Rosada (Palácio do Governo), na famosa Praça de Maio onde acontece varias manifestações políticas sociais, a Catedral da cidade e outros prédios de arquiteturas belíssimas.



Bueno Aires é sem dúvidas uma grande metrópole e compara-la com as grandes cidades europeias, existe uma razões de ser. Com uma vida noturna muito intensa e sofisticada; cafés e restaurantes com gente elegante servidas em mesas na rua, por garçons de traje à rigor ou em sacadas de prédios antigos, centenários, é impossível não se sentir inspirado e acreditar que estamos em Paris.



Palermo, o bairro chic:
O dia passou rápido e a noite fomos conhecer Palermo, bairro chic e com todos os tipos de restaurantes para se apreciar uma boa comida. Nesta noite não tivemos muita sorte, pois a concorrência para se conseguir um lugar estava acirrada. Conseguimos depois de muito tempo, sentar e apreciar uma parrilhada de carnes que eu particularmente não gostei. Era feita com rins, testículo de boi e outras coisas estranhas que me deixaram desconfiado com a iguaria. Bebemos muita cerveja gelada e tarde da noite tomamos um táxi retornando para o hostel.

SEGUNDA-FEIRA:
Dia das compras:

No outro dia em torno das 10 horas, saímos para as compras. Depois de muitas voltas pelo centro da cidade e pegar o metrô, considerado o mais antigo da América Latina, de 1913, descer numa estação ali e pegar outro trem acolá..., e eu já completamente perdido, chegamos em San Martin, local onde os próprios argentinos costumam fazem suas compras por preços muito acessível ao bolso. Inacreditavelmente, estava tudo com preços de liquidação e minha comadre queimou inúmeras vezes seu limite de pêsos tendo que voltar à Casa de Câmbio pelo menos umas três vezes. 

Retornamos para o Hostel, novamente cansados de tanto perambular pelas lojas e Shoppings locais e cheios de sacolas.



Para quem aprecia Brechós, Buenos Aires é também a cidade ideal para isto. Lá eles chamam de Feira Americana. É possível encontrar roupas importadas e em excelente estado de conservação por preços inacreditáveis. Um dos colegas da excursão resgatou um sobretudo de lã inglesa, pela mixaria de R$ 15,00, numa dessas feiras.


De volta ao Hostel resolvemos fazer um lanche preparado por nós, do tipo rápido, acompanhado de vinho Chileno que comprei num mercadinho em frente e cujos os donos coreanos comunicavam-se em inglês. Que merda para pedir um pãozinho d´agua, para fazer um simples sanduíche, sem parecermos uns idiotas na frente do balcão. Não falávamos inglês, o espanhol péssimo e coreano então, estava fora de cogitação! Minha comadre ainda insistia na palavra casetinhoooo, pão d'aguaaaaa, sem que a mulher oriental entendesse absolutamente nada! Depois de muita confusão, mímicas e leituras labiais, conseguimos comprar o que queríamos. O vinho foi fácil, era só mostrar a garrafa no caixa e pagar! Compramos um Casillero Del Diablo que normalmente adquirimos aqui no Brasil à R$ 30,00, por R$ 9,00 na moeda brasileira. Depois demos muitas gargalhadas da confusão que armamos no mercadinho, apenas para comprar simples pãezinhos.



TERÇA-FEIRA:
Recoleta:

Pela manhã, pegamos um táxi e fomos até o Cemitério da Recoleta. De inicio, quando chegamos, chamou-nos a atenção a gigantesca arvore na praça em frente. Ela é simplesmente enorme e seus galhos são sustentados por estacas de ferro para mante-la frondosa e suportar seus enormes galhos. Sem isto, despencaria seus grossos galhos.




O Cemitério é uma verdadeira obra de arte a céu aberto e visita-lo pode parecer algum tipo de mórbidez, mas não este, que guarda tamanha beleza arquitetônica e histórica de seus jazigos. Enquanto eu caminhava pelos corredores do cemitério me perdi entre os estreitos passeios, admirando os enormes anjos esculpidos em pedra ou bronze. Algumas sepulturas em mal estado de conservação, outros de uma beleza inigualável.


O cemitério da Recoleta é uma dos mais visitados do mundo e suas tumbas guardam os restos mortais de famílias tradicionais, além de grandes personalidades históricas como Evita Perón (que havia fila para visitar e fotografar) e outras mistificadas como Liliana Crociati, morta por uma avalanche na Áustria em 1970, onde passava lua de mel.


Além da beleza do lugar, outra coisa que me chamou a atenção é a forma com que as pessoas foram sepultadas naqueles mausoléus. Elas não são enterradas como costumamos fazer por aqui, o caixão é simplesmente colocado em local de destaque, ficando visível a quem passa diante deles e para completar o panorama tétrico, existem vários gatos sobre os túmulos, observando quem passa. Dizem que esses gatos são moradores do cemitério e completam o clima mistico do lugar.


Este sepulcro que fotografei sem nenhuma proteção de vidro a o contrario da maioria, estava como podem ver aberto, causando aos turistas que passeavam no local, um ar, eu diria, de muita surpresa!..
Taquicardia e frio na espinha à parte e deixando de lado o preconceito e a superstição, encontramos neste cemitério, trabalhos esculpidos em granito, mármore e bronze que são verdadeiras obras de arte. Um verdadeiro acervo escultório dignos de admiração e reconhecimento cultural.


La Boca o bairro boêmio:
Dali, fomos almoçar num restaurante do outro lado da rua, já era quase duas horas da tarde e decidimos por comer um verdadeiro churrasco portenho que ainda não havíamos experimentado. Comida boa, cara e o garçon simpático. Depois pegamos um taxi
em direção ao La Boca, onde fomos orientados pelo motorista a não nos afastarmos do circuito turístico do bairro, por ser considerado um lugar perigoso e marginalizado. O La Boca é considerado o bairro boêmio da cidade caracterizado pela simplicidade, alegria e arte. Arriscam-se alguns à dizer que por ali nasceu o tango da mesma forma que o samba, nas favelas e morros do Rio de Janeiro.



O La Boca, sem sombra de dúvidas, foi o lugar que mais chamou-me a atenção, por sua simplicidade, beleza e história. O bairro foi originalmente o local do primeiro porto de Buenos Aires. Seu nome se deve à existência do rio Riachuelo, que com uma grande boca desembocava no Rio da Prata. 



A região ao final do século XIX, recebeu um enorme contingente de imigrantes principalmente italianos que ali se instalaram e com poucos recursos financeiros, começaram a construir casas com chapas de zinco e madeira acima do solo para evitar as frequentes inundações que ocorriam na época e pintá-las com as sobras de tinta dos barcos que ancoravam no porto... As casas são pintadas de um  colorido forte que lhe conferem alegria e beleza reconhecidas em qualquer parte do mundo. As ruas são cheias de restaurantes, lojinhas de artesanato, museus, shows de ruas que confere ao lugar um charme todo especial. É também neste bairro que se encontra a sede do clube argentino La Bomboneira, que infelizmente não podemos visitar.


As horas foram passando e eu empolgado com tantas festas, feiras de artesanato, danças ao ar livre , museus para se apreciar, mas tínhamos de estar no Hostel às 16 horas para tomar o ônibus de volta ao Brasil. Na medida em que o tempo passava, corríamos para apreciar todos os detalhes que  talvez não tivéssemos apreciado com a devida atenção.
Buenos Aires é uma cidade imperdível de se conhecer. É necessário muito mais tempo para se explora-la e o La Boca, sem duvida é um dos lugares que mais me emocionou.
Até a próxima!

Buenos Aires


É Carnaval, e passar quatro dias aqui em Buenos Aires, não é o suficiente para descobrir tudo que esta cidade tem para oferecer no que se refere a beleza, arte, modernidade, musicalidade, paixões, tango de rua, poesia, museus, arquitetura, brechós, feiras, San Telmo, Palermo, La Boca, Recoleta... Estou no Hostel neste momento e tenho que ser rápido pois a internet aqui é muito concorrida. Serei breve e escreverei postagens curtas. O feriado esta passando rápido e quando eu chegar de volta em casa, ficarei saudosos deste lugar e com a sensação de que faltou muito mais coisas para viver por aqui!..
Mais fotos AQUI

OS CÃES DE RUA NO CHILE

No dia em que cheguei ao Chile uma particularidade chamou a atenção de todos na excursão, que é a quantidade de cães que vagam pelas ruas de Santiago. Apesar do Chile ser um pais relativamente rico, a situação dos cães se assemelham com o do nosso país, onde são friamente abandonados. A diferença é que os cães chilenos não são mirrados como os nossos e possui uma melhor apresentação, pelos aparentemente limpos do qual é possível se passar a mão sem ficar com aquele cheirinho desagradável!.. São grandes e gordos e quando passam pela gente causam um certo susto pelo tamanho! Outra particularidade e que eles vagam livremente entre a população numa relação que me pareceu amistosa, homens e cães. Em nenhum momento percebi algum deles terem sido afugentados ou escorraçados pelos transeuntes ou fugirem em demonstração de medo. É como se fizessem parte da população. Se por um lado são abandonados por seus donos, de alguma forma a população os acolhe. Inúmeras vezes percebi sob as calçadas recipientes com agua e comida. No dia em que visitei o Palácio de La Moneda, com todo o protocolo de segurança, revista de bolsas e detectores de metais me surpreendi ao ver pelo menos dois destes cães deitados no pátio interno ao lado dos guardas. E olha com certeza não eram cães de guarda treinados não!.


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VIDA NO DESERTO


Ontem lembrei da viagem que fiz ao Chile com meu filho e que me deixou por um lado revigorado e por outro reflexivo. Ver tanta beleza natural me deixou orgulhoso de estar vivo e de poder testemunhar com ele, coisas que eu só via por cartões postais e revistas e outras que eu nem imaginava que existiam. 


Cruzar a Cordilheira Andina, pisar no deserto do Atacama, no deserto de sal e visitar as ruínas de comunidad Atacameña El Pukara de Quitor a apenas 3 quilômetros de San Pedro do Atacama, com estruturas de pedras construídas no século XII para se protegerem de invasores, me causou sentimentos de valorização da vida que eu pouco conhecia. 
Cada canto, povoado desta parte tão inóspita e árida do planeta, nos obriga a fazer uma reflexão sobre tudo, sobre a nossa vida diante de diferentes hábitos e culturas. A pensar nas exigências que fizemos para nos sentirmos felizes e realizados como cidadãos cobertos de vícios civilizatórios. A valorização da vida e pensar que a sobrevivência pode ser uma forma simples de adaptação ao meio em que vivemos e no quanto somos insuficientes diante de toda esta complexidade. 

Algumas curiosidades que você não sabia sobre o Deserto do Atacama!

DESERTO MAIS SECO DO MUNDO:

O deserto do Atacama é o mais seco dentre todos os desertos do planeta. A precipitação média da região é de apenas 1 mm/ano e em alguns lugares específicos do deserto não há registros de chuva desde 1570. Imagina só: um lugar que não chove há mais de 400 anos!



DESERTO FLORIDO:

Algumas espécies de flores do Atacama possuem a chamada “dormência”. Elas ficam debaixo da terra protegidas do calor intenso, da aridez e do frio, só esperando a umidade necessária para florescer.

A cada 5 a 10 anos, uma forte onda de vapor d’água toma o ar nas proximidades das montanhas, fazendo com que essas plantas brotem dando vida a esse fenômeno formado por um espetacular tapete de flores coloridas.



AS CIDADES FANTASMAS

Parecem mais um cenário de filme de terror ou de faroeste, mas essa cidades eram prósperas e abrigavam os trabalhadores das antigas minas do local. Os mineiros construíam essas cidades e viviam nelas até que a exploração do minério durasse, depois disso, as abandonavam e construíam outras próximas às novas minas.




AS MÚMIAS MAIS ANTIGAS NÃO SÃO EGIPCIAS:

Pasme: as múmias mais antigas do mundo não são egípcias… são chilenas, chico! As múmias datam entre 7.000 a 2.000 a.c., são da cultura “chinchorro” e foram encontradas a partir de 1917 no deserto do Atacama.


Os chinchorros era caçadores, coletores e pescadores que viviam na região. Suas técnicas de mumificação eram extremamente eficientes, que conservaram seus corpos até os dias de hoje. Pelo menos 2.000 anos antes de os egípcios desenvolverem estes rituais de mumificação, os chinchorros já estavam com todo gás!

Iolanda



Eu estava em Santiago ou em Córdoba conversando com o Beto via Msn, quando perguntei pela Landa, sabidamente baixada a alguns dias na UTI em estado crítico de saúde e de dificil esperança de uma melhora, um milagre. Eu sentia instintivamente que o pior pudesse acontecer por estes dias e aconteceu. Quando li naquela linha escrita: " Ela foi sepultada ontem!...", uma certa amargura brotou na minha boca e pensei que talves ela gostasse de estar conosco, comtemplando todos os lugares que visitamos, se tivesse forças para dominar o que chamamos de morte. Depois fiquei alguns minutos em silencio lembrando da musica que a muito tempo cantavamos pra ela:
Esta canção não é mais que mais uma canção
Quem dera fosse uma declaração de amor
Romântica, sem procurar a justa forma
Do que lhe vem de forma assim tão caudalosa
Te amo,
te amo,
eternamente te amo
Se me faltares, nem por isso eu morro
Se é pra morrer, quero morrer contigo
Minha solidão se sente acompanhada
Por isso às vezes sei que necessito
Teu colo,
teu colo,
eternamente teu colo
Quando te vi, eu bem que estava certo
De que me sentiria descoberto
A minha pele vais despindo aos poucos
Me abres o peito quando me acumulas
De amores,
de amores,
eternamente de amores
Se alguma vez me sinto derrotado
Eu abro mão do sol de cada dia
Rezando o credo que tu me ensinaste
Olho teu rosto e digo à ventania
Iolanda, Iolanda, eternamente Iolanda.

Férias

Mudança de planos: Como Cusco ficou alagada pela enchente dos últimos dias, tornando-a inviável, impróprio para se chegar até lá e fazer um tour, uma festa, resolvemos mudar nosso destino em respeito as reações de queixas da natureza!
No destino será Argentina e Chile onde visitaremos, Córdoba!!.., Mendonça!!.., Andes!!.., Santiago!!..., Valparaiso!!.., Vinas del Mar!!.., Deserto do Atacama!!.., Antofagasta!!.., Licancabur!!.., Geisel Del Tatio!!..,Valle de La Muerte!!.., Salta!!....Buenos Aires!.

Coração Satânico

Coração Satânico é destes filmes que eu inexplicavelmente assistia em pedaços quando ligava a televisão, por que já estava rodando a não sei quanto tempo.
Um dia vi o seu inicio, algum tempo, depois outras partes do filme, mas sempre me angustiava e aguçava-me a curiosidade de assisti-lo na íntegra, pelas cenas densas e de fotografia rica, detalhadas, cheio de sutilezas.
Algo me chamava a atenção neste filme instigante, que mostra muito mais do que a historia de um detetive particular que foi contratado para desvendar o paradeiro de um musico ligado a seitas satânicas e cujas as pessoas ligadas a ele vão sendo mortas violentamente e colocando o detetive com principal suspeito dos crimes. O filme é cheio de pequenos rituais de ordem psíquica, cenas paralelas que abordam alguns maneirismos culturais da época e do local (Nova Orleans- cidade do Blue/jazz de rua, anos 50), onde acontece a trama que ultrapassa a historia simples de terror e suspense que estamos acostumados a ver na TV. Coração Satânico é uma destas produções que não atingiram o eixo comercial, mas é admirado pelos seus poucos fãs como eu e encaixando-se no conceito Cult cinematográfico.
Termino este post com a opinião de um cinófilo sobre o filme:
"Ele nos deixa o questionamento: Atos obscuros são engrenados nos calabouços de nossa mente, ou há mesmo uma força maligna além de nossa compreensão que dirige nossos desejos toda vez que almejamos alterar o ciclo natural da vida?..."

Titulo Original: Angel Heart.
Lançamento: EUA- 1987.
Direção: Alan Parker.
Atores: Mickey Rouke, Robert De Niro, Charlotte Rampling, Brownie McGhee.
Gênero: Terror/suspense
Duração: 112min.



Café Santo de Casa



Tem lugares que me causam surpresa por estarem dentro da cidade onde eu moro e não ter o conhecimento de sua singularidade e beleza. Desatenção, falta de oportunidade, desconhecimento?... Hoje no encontro com os integrantes da excursão para (Macchu Picchu) e que se reuniram para discutirem alguns detalhes sobre a viagem, conheci o bar café escondido no sétimo andar da Casa de Cultura Mário Quintana, com sua arquitetura barroca diferenciada e bem vinda nesses tempos de modernidade e linhas retas.



No espaço aberto para Happy hour,  o teto é em formato de abobada e em toda volta, amplas aberturas onde é possível observar-se o Lago Guaíba e parte da cidade. O ambiente é tranquilo, o serviço sem queixas, e passa aquela sensação de estarmos em algum cantinho europeu tão sonhado!.. Além desta sensação, a temática da cafeteria de nome Café Santo de Casa, homenageia diversas religiões e crenças em meio a uma atmosfera de Pub. Os santos não estão apenas no nome da casa, eles também batizam os pratos e os cafés. O happy hour sugestivo para um final da tarde, pode ser regado a chope ou cerveja, no embalo de música ao vivo e uma visão privilegiada da cidade. Este Santo de Casa me fez milagres!..


Horário de atendimento: De terça à sexta das 10h às 23h30.
Sab., Dom., feriados das 12h às 23h
Capacidade: 200 lugares.
Site: http:www.cafesantodecasa.blogspot.com

Renda-se, como eu me rendi.
Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei.
Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.

Clarice Lispector

Loucuras

Dia desses escreví no blog um texto em que eu dizia numa frase, não querer mais administrar as loucuras que não fossem as minhas e então que fiquei pensando sobre isto, nesta frase que brotou espontânea e que é um sentimento verdadeiro. Antes devo explicar o que eu apelidei de loucura e que no texto anterior não deixei claro e que para mim, que não achei outra forma de conceituar a complexa "Fábrica de Sonhos", com que as pessoas definem sua relação com os outros, no seu convívio social, afetivo, no trabalho, a dinâmica de suas emoções, satisfações, frustrações, expectativas, que oscilam independente de suas vontades.
Administrar estas loucuras alheias, significa muitas vezes se submeter a elas, fazer cabe-las em nós, sufocando a nossa própria, se envolver em sentimentos e situações complexas que nunca acabam e podem não ter uma resposta de satisfação para ambas as partes. Bom seria se cada um administrasse a sua, sem conflitos maiores, sem auto piedade, sem se vitimar, sem responsabilizar os outros, como seria o correto. Quando vamos em busca de saídas do nosso caos interior, utilizamos as nossas relações de aféto como muletas e transformamos as pessoas com quem convivemos em co-responsáveis por nossas derrotas, como se dependesse delas a atitude transformadora para a resolução de nossos problemas. Cobramos atitudes, respostas, sorriso na hora certa, silêncio de consternação, decisões salvadoras, por que esperamos delas muito mais do que podem dar, transformando-as em escravos de nossas oscilações emocionais. Derramamos sobre elas todas as nossas frustrações em forma de pequenas cobranças e insatisfações menores, criamos buracos inexistentes na relação. Então vem aquela frase: (Ah, mas quando mais precisa de ti, não me destes apoio!..) Mas quando buscamos saídas por nós mesmos, antes de descobrir a força que temos, deparamo-nos com outros aspectos pessoais que nos surpreende por parecer estranho, distante daquilo que imaginávamos ser e que faz a gente se perguntar: Mas sou eu mesmo?... È como chegar diante de um espelho e enxergar outra cara diferente da qual estamos acostumados a ver e sentir pena. Daí que não vale o sacrifício de deparar-se com esta exposição que achamos medíocre, falsa, estranha!.. É que queremos sempre ser apoiados de alguma forma por alguém, não importa em que situação e circunstância. Gostamos de uma certa adulação, de uma cumplicidade sem limites que nos alimente o ego e isto parece significar alguma forma de ser amado, de ser aceito, de ser respeitado, sem dar em troca a mesma moeda de cumplicidade quando necessário. Precisamos de uma mão, não importa de quem seja, para caminharmos no escuro, e esta dependência se torna doentiamente eterna. Precisamos aprender a andar sozinhos quando necessário, sem fazer escravos, sem chantagens, sem pena de nós mesmos. Precisamos reconhecer a necessidade da mão amiga e do abraço afetuoso sem querer o corpo inteiro e a alma junto. É de vital importância que se crie espaços para que o ar circule e se renove. É necessário se dar uma chance para que sintamos nosso próprio poder de resolutividade. Por isso administrar certas loucuras de convivência e que não são as nossas, é por demais caro, é quase um serviço escravo de devoção vitalícia, que urge dar-mos um tempo para possamos viver.

Festa na Prainha


Dia 25 à noite foi a festa de comemoração do Fórum Social Mundial -10 anos na Prainha da Usina do Gasômetro em Porto Alegre com a participação de músicos locais como Renato Borghetti, Papas na Língua e finalizada com a apresentação de Marcelo D2. Além dos músicos, apresentações de capoeira, temáticas teatrais, exposições de arte e artesanato. A marcha de abertura do Fórum Social Mundial teve início no final da tarde, no Largo Glênio Peres. A caminhada percorreu a área central da cidade, passando pela Avenida Borges de Medeiros em direção à Prainha do Gasômetro, onde aconteceu os shows. O Fórum discute o futuro do planeta e pauta discussões sobre a crise ambiental, social e econômica, procurando caminhos a serem construídos. As comemorações se estenderão até o dia 29 de Janeiro.


Bingo!

De repente fomos acionados para atender uma senhora na Rua Dona Eugénia com queixa de arritmia cardíaca. Quando chegamos, ela estava deitada no sofá de seu belo apartamento cercada pelos dois filhos já adultos e preocupados com a situação da mãe que não parava de dizer entre gemidos e perceptível ansiedade para que não a deixassem morrer. Durante a entrevista e verificações dos sinais vitais onde constatamos uma taquicardia normal nestes casos de ansiedade, ela havia dito que sofria de síndrome do pânico e que usava como medicação Rivotril que resolveu parar por decisão própria. Bingo!..
Como não possuía uma referencia clínica ou hospitalar, embora tivesse um bom plano de saúde, o medico do Samu regulou para que nós a conduzissemos para a sala de clínica do Pronto Socorro Municipal, doqual fizemos parte e que os filhos rejeitaram imediatamente a ideia por (ser publico) e considerar que sua mãe tinha um plano de saúde diferenciado($$) e que só estavam usando o serviço do Samu por que ela possuía uma prótese de quadril implantada alguns anos que a impedia de ficar sentada num carro comum e ser levada por eles mesmos a algum serviço competente, não importava o preço. (Serviço de transporte), Bingo!
Depois de deixa-la na emergência de um hospital particular, lembrei que minutos antes tínhamos atendido uma senhora na Lomba do Pinheiro com possível congestionamento pulmonar por problemas cardíacos sérios e outras complicações que necessitavam de total agilidade e atenção da equipe e intervenção medica imediata. O que foi feito.
Fico lembrando destas duas ocorrências e pensando que é quase impossível não compara-las embora cada caso é um caso isolado em sua complexidade (clinica, social, economica, etc, etc...)
Eu me pergunto se sou egoísta quando busco somente o lado iluminado das pessoas, aquele que reflete sua visão diferenciada e que cria uma opinião através do olhar sutilmente sensível sobre as coisas. Talvez eu ame mais a grandeza da alma e a bondade do espírito, do que a plasticidade de um corpo, a apresentação de um kit sutilmente dissimulado. Talvez eu admire muito mais a profundidade do que os sentimentos básicos que nos torna tão desnecessariamente iguais, tão carentes, tão perdidos, tão igualmente sem saída.
E como diz as sabias palavras de Lama Padma Samten:
"O outro é você mesmo num mundo diferente."

Morte libertação e leveza

Não sei porque razão eu acreditava que nunca chegaria aos 30 e eles vieram quase sem eu perceber! Depois pensava jamais atingir os 40. A os 45, algumas as coisas começaram a mudar internamente, além dos medos e culpas que cresciam e que me impediam de viver, eu sentia-me com outras emoções freadas, paixões congeladas e temeroso de sair de meu mundinho particular onde eu apenas sonhava e pensava existir alguma segurança. Talvés eu achasse que a morte me libertaria e assim arrastava tantas coisas da minha vida com esta idéia, que desistia de meus sonhos. Aos 50, descobri que só se pode viver e ser feliz com liberdade, coragem e autenticidade e para se ter estas três coisas é necessário abrir mão de alguns medos e culpas. É necessário principalmente assumir os erros e deixar a covardia de lado e que eu tinha um conceito errado de morte associada a libertação!..
Hoje tenho que agradecer tanta coisa boa que vem acontecendo, tanta gente boa cruzando pelo meu caminho..., tantos sonhos realizáveis, tanta vida pra descobrir que as vezes percebo querer viver muito, muito mais que 100 e recuperar os anos perdidos!
Veio-me então esta musica do Cazuza na cabeça:
"Vida louca vida, vida breve, Já que eu não posso te levar, quero que você me leve!.. "
E senti uma certa leveza de estar acordando!
..

Que má ideia!

Por vezes pegar o telefone para falar, vira uma má ideia, a pessoa não te ouve, tu também não ouve o que ela esta querendo dizer e cria-se um certo clima de ansiedade recíproco desnecessaria. As palavras e ideias saem distorcidas, as pontuações ficam mal distribuídas e uma certa irritabilidade pré anunciando a qualquer momento uma explosão parece inevitável. Sobra depois a sensação de que não era o  dia, a hora, nem o momento certo de dizer pelo menos um alô!

Cruzando as paredes

Chove muito esta manhã e da cama eu posso ver a agua escorrer sobre o telhado vermelho da casa a o lado. O cheiro no ar, o ruído da chuva me é tão peculiar que me passa a cabeça lembranças antigas guardadas em mim e que pareciam esquecidas com o tempo. Elas não me causam tristeza, melancolia, ou alegria. É alguma coisa próximo da contemplação, de um sentimento meio sem estrutura e de dificil definição. Então eu fico viajando sem sair do lugar, os pensamentos multiplicados, o olhar ultrapassando paredes, o ouvido captando outros sons distantes, vozes que não estão por perto e que me parecem longe, mas que são conhecidas de algum lugar desta minha vida.
Levantei-me da cama cedo para trabalhar com esta pergunta que não me saia da cabeça:
_Por que será que as pessoas que jogam, perdem mais do que ganham?..
O jogo me parece ter algo de manipulação, de esperteza, de enganação, de interferência sobre o rumo natural das coisas. Deve ser por isto que não assisto ao Big Brother!

10

De tarde, depois de uma caminhada dez pelo bric da Redenção, um almoço que me pareceu dez e uma descançada dez sob a sombra das arvores do parcão, retornei para casa sentindo estranha sonolencia, sudorese, nauzeas, desconforto abdominal. Mais tarde a certeza de uma infecção intestinal das mais dez. Agora, chá de boldo morno ou uma coca-cola bem gelada quando o estomago pedir algo?.. Alba disse-me que é uma tal virose que de tempos em tempos mostra a sua cara!...Ou seriam os mexilhões à vinagrete do almoço?..

Descarrego

De repente tudo ficou cinza, o tempo começou a virar, de um dia claro e com sol quente, para nuvens escuras, vento forte, gotas densas de chuva que quase doiam ao bater na pele. Eu estava sentado na rua olhando toda aquela transformação no ceu e deixando-me molhar enquanto meu colega de trabalho gritava de dentro da casa: "_Que gripão tu tá pedindo ein?..." Minha vontade era de ficar ali, deixar-me encharcar com aquela chuva que caia sobre o meu corpo como uma espécie de massagem relaxante, como se retirasse de mim cargas posivelmente negativas.

Postagem em destaque

TÔ PENSANDO QUE:

Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...