E VEIO A CHUVA.



A chuva chegou sem desaforar, veio devagar sem causar surpresa no meio da tarde e a temperatura foi despencando sem fazer alardes. Quando percebi a rua estava exalando aquele cheiro de terra molhada e algumas plantas já  espalhavam seu cheiro peculiar de quando chove, e a gente corre pra fechar as janelas, ver os respingos na vidraça e olhar para as pessoas que passam.

DE ONDE VEIO O VENTO NORTE

Eu muito usei esta expressão: "Vento Norte" ou somente "Norte" para expressar ou complementar uma ideia nos textos que invento, que escrevo, sem saber ao certo sua significação. Por exemplo: "Estou em busca do meu norte!"
Mas alguma coisa me dizia (por adivinhação), que a expressão estava ligada a: Meu caminho certo, destino, minhas verdades...
Li então na coluna ocafezinho.com de Wellinton Calasans o significado da expressão Vento Norte que não está tão longe daquilo que eu pensei que fosse. No hebraico-diz ele, "Vento Norte" é definido como Aquilon ou tsaphown, é o vento que abre a nossa visão. Aquele que fala do desconhecido e permite a luz do Sol, pois faz com que os céus se abram ao afastar as nuvens. Show!

NÃO TEM EXPLICAÇÃO

Não posso mais beber vodca, como bebia antes, pura e gelada. Também não posso bebe-la como uma caipirinha com limão, que logo me causam náuseas, uma leve tonturinha e depois muita sede. 

É como algumas pessoas que transitam pela vida da gente, deixando esta desagradável sensação de secura interna. Não é possível aprecia-las, sem nenhum garrafa de agua por perto. 

UM POEMA QUALQUER

Faz algum tempo, me arrisquei a escrever poemas. Alguns eu gosto, de outros não e aprendi que assim como qualquer coisa que se constrói com sensibilidade, acaba tendo vida própria, onde você perde o domínio como autor e o próprio objeto, traço, desenho, pintura, escultura, escrita, se auto comanda. A própria composição determina seu caminho estético e então afloram, com pouco esforço seu. 

Existe um homem que tem meus traços,
A minha cara, minhas mãos,
meus braços.
Vejo ele através da vidraça quando passo.
No porta-retratos, no espelho, sobre o balcão da sala.
Ele toca violão e eu não.
Eu tomo analgésicos e ele não.
Ele canta, canta, canta e eu me encanto
com o seu canto.
Fico perplexo e sem atitude.
Me escondo, me fecho.
Ele é só meu reflexo e não tem nexo.
Eu que sou apenas 
complexo.

SEM CALCIFICAR DORES.

Sofrer isolado, não vale a pena, nunca valeu! A dor é sempre maior e o entendimento dela fica menor quando não existe troca de argumentos reais e entendimentos das partes. As vezes é necessário a ajuda dos não envolvidos, dos que estão de fora, ou que se mexa os pauzinhos mágicos dos neurônios, para o jogo virar e encontrarmos um norte, numa única sinapse. Se nada for feito, as dores e decepções, calcificam nossos sentimentos com amargura. 
Se a pagina não for virada, se não dermos um basta, um chega pra lá, o ressentimento ira pra nossa casa e dormirá na cama. Se olharmos pra dentro de nós, encontraremos as respostas, por que sempre temos as respostas para as nossas aflições e dores. Então: Vida nova, casa nova, amigos novos e emoções novas, sem a mediocridade dos que se acham grandes demais para você.

O SILENCIO DO NADA:

Fico aqui por horas, tentando materializar em palavras escritas, meus sentimentos e sua maior profundidade Azul, e o que somente consigo é o silencio do nada e a certeza de que me esvaziei por completo, por algo que me preencherá de maneira, a transbordar como vento ou agua, pra todos usufruírem  no depois.

Quando olho pra traz, percebo que o resto se transformou em peças de um jogo de sobrevivência, ou de vaidades. Razão clara do por que muitos desistem, fecham suas portas e partem pra outros lugares.

SERÁ QUE ERA O CAIO?

Eu posso jurar que vi o Caio numa noite de chuva, entrando num daqueles edifícios antigos e pouco iluminados, que quase não se percebe a porta de entrada, na rua Republica.

Será que estava embriagado? Seus passos largos eram tão irregulares, que quase caiu na irregularidade da calçada, desviando da lixeira, chutando baganas de cigarros e fazendo um movimento com o corpo, de quem já iria voar.

Eu posso afirmar que era ele, num daqueles dias em que não está bem e que um, dois, dez, infinitos goles lhe é apenas mais um gole, na defesa da vida e de mais um dia...

Talvez fosse o Caio, com seus óculos de aros arredondados, dentro da gaiola de seu próprio corpo franzino, tentando flutuar na calçada da Republica. Talvez não fosse ninguém, só uma lembrança, imaginação minha.


O OCEANO.

Entardecia e eu estava dentro de um barco, perdido no oceano, só eu e meus planos, assustado naquele ponto onde só se vê agua, um grande volume de agua formando volumes, se movimentando num único bloco e direção e mais nada. Não existia terra firme pra onde eu olhasse, só aquele gigantesco volume d'água, como um  pulmão liquido e volumoso num movimento sincronizado, como se estivesse respirando, respirando, me levando pra algum lugar, num cárcere ambulante. O oceano pode ser monstruoso e te puxar pra ele.


ABSOLUTAMENTE GRILADO.

Eu fiquei rouco de tanto gritar o teu nome, lá da janela do meu quarto, quando percebi que tinhas ido embora. Me joguei na cama arrasado e me pus a ouvir uma sinfonia de grilos, lá fora, que me fizeram adormecer absolutamente grilado. No outro dia, eles ainda faziam festa dentro da minha cabeça.

AUTO SABOTAGEM.

Apesar de já estar de barba branca, (e esse deveria ser o meu novo apelido agora) eu ainda me empolgo com projetos que me convidam para participar e trabalho com muita tesão para fazer com o que é da minha responsabilidade, dar certo. Sou desses que me apaixono rápido e esta paixão pode ser duradora desde que os envolvidos, cumpram com a sua parte que prometeram.

Nos dias de hoje, parece que os projetos nascem e com o passar dos dias, semanas e meses, vão se perdendo nos entraves que as próprias pessoas criam, impossibilitando que as coisas de fato aconteçam. Ora, um sonho não pode ser destruído por nossas auto sabotagens.

UM DESABAFO COM BAFO DE VODKA

Ontem saí em busca de respostas, e o que aparentemente parecia não ter resposta, por questões éticas, humanas e respeitosas, a resposta estava ali presente nas entre linhas do falar, nos pequenos gestos de evasão, no olhar de interlocutor que se mostrava meio que pela metade, temeroso que a outra metade falasse a verdade, quando eu, humildemente estava dando a liberdade pra que falasse a verdade. 

Sabe o que está faltando pra mim? .. Aquela voz única, mágica e reveladora, que me ataca a qualquer hora do dia, me dizendo no ouvido: Não, não se deixe abater e ser conduzido por rótulos e moldes, que te pré- definam, que te dê caminhos que não os seus, mas deles. 

Puta que pariu, eu já estou com a vida ganha, pra perder tempo com embates indissolúveis. Já estou no hangar aguardando a hora do voo.

Sabe oque está faltando pra eles?... Aquela mesma voz única, magica e reveladora lhes dizendo no ouvido: Tenha coragem de olhar no olho do cara e dizer a verdade:

É.., quando falta enfrentamento dessas pessoas bondosas que sentem medo de magoar, dizendo a verdade, só falta lhes dar a mão e distribuir algodão doce.


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TÔ PENSANDO QUE:

Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...