
VOZES DO INTERIOR:

O VALE DAS BORBOLETAS AZUIS
Foi numa manhã de Outono, que a natureza com todo o seu mistério e beleza, resolveu presentear eu e minha amiga Alba, com algo absolutamente inesperado. Subíamos cautelosos a serra, por causa da espessa neblina que cobria tudo, deixando-nos com pouca visibilidade, quando percebemos nas proximidades de São Francisco de Paula, cidade que temos maior apreço por sua característica simples e interiorana, além da extensa mata de araucárias e cascatas escondidas, que o asfalto começou a ficar recoberto de pequenas folhas azuis e brilhosas que pareciam lantejoulas.
Era como se um tapete bordado, fosse colocado sobre a estrada deixando-nos maravilhados. Em seguida aquilo que pareciam folhas começaram a se mexer e também a cair das arvores sobre o para-brisas, mostrando-nos que se tratava de centenas de borboletas azuis que voavam na estrada na nossa direção, colidindo contra o carro. A borboleta é considerada o símbolo da transformação. Entre outros, simboliza felicidade, beleza, a alma, inconstância, efemeridade da natureza e da renovação. Ficamos boquiabertos, admirando aquela imagem do outro mundo, enquanto nos perguntávamos de onde tinham vindo tantas borboletas. Aquela imagem que lembrava uma cena de filme de fadas, gnomos, nunca me saiu da cabeça.
QUAL É A SUA LUTA
Você já se deparou algum dia na frente de um espelho e se perguntou qual é a sua luta? Pelo o que você briga? O que você defende? E o que tem a dizer, para as pessoas sobre esta sua luta?
Talvez você tenha uma forma lúdica de expressar suas ideias, de defender suas verdades e isto também é uma forma de luta em defesa de outras novas e diferentes visões e pensamentos.
Se você não tem nada pelo que lutar, é melhor esticar-se no sofá da sala e assistir a um programa de gincanas na televisão, para diminuir o seu stress e ter a sensação de que pelo menos algumas pessoas tem sorte nesta vida.
ADÃOZINHO DO BARÁ
CUIDADOR E SEU PASSARINHO
Ontem fui convidado para jantar com amigos; Um carreteirão divino, vinho, fogão à lenha aceso, musica de fundo, mas antes que eu percebesse, já tinha caído na cilada daqueles bate-papos baixo astral e que muita gente adora falar na condição de vitima e os outros aplaudem por identificação.
Tem certas conversas, que não dá mais para se permitir ouvir, e a gente só ouve a contra gosto por que está cercado de pessoas que também alicerçam suas vidas, no mesmo pensamento errôneos de que pais devem proteger seus filhos com unhas e dentes pelo resto de suas vidas.
Esta conversa chata entre pais super protetores de filhos já adultos, que são tratados como crianças desprotegidas e destratadas pela sociedade, não passa de culpa, muita culpa desde o seu desenvolvimento dentro da barriga.
De um lado temos filhos extremamente dependentes, indecisos, despreparados e presos a o conforto e a proteção dos pais e do outro lado, pais doentes, infelizes e frustrados que nunca se permitiram buscar a própria liberdade e felicidade, em função de seus filhos. Eis ai o laço feito de interdependências, de circulo viciosos, de mutua dependência destrutiva, que nunca vai se desfazer, se uma das partes não cortar o laço, ou cordão umbilical.
Uma convidada começou a falar da relação com seu filho de trinta anos, que ela suava para pagar a faculdade e do seu desgosto quando ele informava que dormiria na casa da namorada. Ora!.. Eu pensei, um homem de trinta anos que não transa com a sua namorada, pra ficar do lado da mãe, deve estar com algum problema. Mas uma mãe que deu seu sangue por quase toda a sua vida, para o sustento do filho e ainda tenta mantê-lo debaixo de suas asas, é no mínimo uma egoísta, que não o preparou pra vida e que sente culpa, muita culpa, desde o momento que o pariu.
Penso que este tipo de relação mãe e filho, deveria ser como a de um cuidador e o seu passarinho machucado, depois de tratar, cuidar, alimentar, chega a hora de pega-lo na mão, leva-lo até o portão e abrir dedo por dedo, para que ele voe para a liberdade. Se não for assim o ciclo não se completa.
DANÇANDO EM VENEZA
Em 2018, estávamos eu e minha amiga Rose caminhando na Praça São Marcos em Veneza, quando percebemos a movimentação de alguns músicos sobre um palanque improvisado, se preparando para um possível espetáculo de musica a o ar livre.
Nos aproximamos impressionados com a quantidade de instrumentos dourados e um ostensivo piano branco de cauda e logo começaram a tocar um jazz daqueles pegados. Eu embasbacado com todo aquele clima de blue/jazz Nova-iorquino, liberei meu impulso de coragem latino e tirei a Rose para dançar entre os transeuntes estrangeiros que se batiam entre si olhando vitrines. Dançamos até o final da musica sob os olhos curiosos e surpresos dos músicos e de algumas pessoas que passavam. Foi libertador!
Depois pensei comigo, rindo em silencio: Isto só podia ser coisa de brasileiro. Somos empolgados, comandados por estranhos impulsos que nos faz reconhecer a alegria ou qualquer outro sentimento, reagir na pele em qualquer lugar em que estamos. Tudo é tão instintivo, que faz nosso corpo tomar atitudes sem perguntar pro cérebro antes. Se fosse no Brasil e ouvíssemos o estampido de um tiro, nos jogaríamos no chão, sem pensar duas vezes.
NUM DIA DE DOMINGO
Tem dias como o de hoje, que eu tenho vontade de escrever somente bobagens, de encher este blog com coisas absurdas e irrelevantes, de ser mal educado, de mandar o vizinho chato ou esnobe, tomar no seu precioso cu, de chegar na janela escancarada do meu apartamento e expor minha bunda pra quem quiser olhar e se escandalizar, de perguntar bem alto, quase gritado, para quem passa: O que está acontecendo com vocês e comigo, que não tomam nenhuma providencia?
As pessoas iriam aos poucos se acumulando e possivelmente não intenderiam meu real motivo, para uma atitude tão descabida e nem de que "providencia" eu estaria falando. Depois de algum consenso, iriam quem sabe, chamar a policia por atentado ao pudor e se aglomerariam na calçada com tantos outros, para assistirem a o desfecho da minha cena de mal gosto e esqueceriam de se perguntarem, de que "providencia" eu estaria falando. Perderiam o foco da minha revolta por uma simples curiosidade coletiva. E eu? Bem, eu diria apenas: Um péssimo Domingo à todos, para que tomemos alguma providencia!
SOU UM ENFILTRADO.
Ás vezes penso que se eu tivesse o poder de saber o meu futuro, preveniria tantos erros cometidos no passado, quanto as angustias geradas pelas incertezas do presente. Os acertos seriam sempre como um chute certeiro de Pelé à gol e os erros perceberia antecipadamente para evita-los. Por outro lado eu não seria tão pulsátil, tão cheio de obscuridades e erros, que só me fazem crescer como individuo. Um dia já cheguei a pensar que eu era um extra terrestre infiltrado no planeta, enquanto chupava laranjas no pomar de uma vizinha. Mas esta é outra historia pra ser contada!..
O GATO ENLOQUECEU:
Chico acordou enlouquecido. Desde que amanheceu o dia, corre pelo quarto de olhos arregalados, orelhas baixas e o dorso em forma de ferradura. Pula pra janela que agora tem tela e emite um som que não é miado, está mais pra um rugido de filhote de leão.
Será que é a chuva que está caindo lá fora, nos impedindo de ver o sol, de sair pra rua e ver as pessoas, outros bichos, o mundo? Será que esta pandemia está influenciando psicologicamente até os inocentes gatinhos?
A PERFEIÇÃO É UMA META
Meus ensaios com os músicos, Gian no trompete, Wagner no 7 cordas e Cândido na percussão, tem sido tão produtivo quanto prazeroso. Tive a sorte de encontrar na minha caminhada, músicos competentes, que ajudaram no meu processo de crescimento com a musica, e mais que isso, conseguiram abrir em mim uma portinha que a muito, eu mantinha fechada com trancas e ferrolhos, que é a confiança em mim e nas pessoas que me rodeiam sem vê-las como adversários.
Tenho meus fantasmas, minhas inseguranças e minhas exigências pra tudo que eu faço e esses músicos em especial, com muita paciência e sabedoria, conseguiram estabelecer diálogos para um senso comum no grupo, me pondo à vontade e verdadeiramente satisfeito. Isto é imprescindível para que alcancemos os objetivos que queremos.
Daí, que eu lembrei desta historinha, lida em algum lugar: |Deus deu para o homem como meta, a perfeição, mas estabeleceu como prazo a eternidade e como companheira dessa caminhada a paciência|. A eternidade é a única coisa que o homem não possui.|
LEOPOLDINO
Sabe aquelas pessoas que vivem rindo à toa, que ri da vida, das pessoas, das piores historias contadas como se tudo fosse uma piada? Assim era meu tio Leopoldino, de terceiro ou quarto grau familiar e que eu não o sentia como um tio, mas aquele camarada que sempre tinha conversa pra tudo, até pra encher linguiça, se fosse o caso!..
Não lembro dele mais jovem, nem tão pouco, de ter percebido durante nossa convivência, aquelas mudanças graduais, que o tempo desenha nas pessoas, transformando-as em outra. Sim, o tempo nos transforma em outra pessoa!
Parecia sempre o mesmo homem, de traços cansados e olhos que buscavam o horizonte com certa tristeza nunca revelada. Passava as tarde sentado num banco de madeira sobre a calçada, uma boina de lã que raramente tirava da cabeça e uma bengala onde apoiava as duas mãos que com o tempo foi substituída por duas muletas. Sussurrava alguns sambas que só mais tarde vim a identifica-los.
Minha mãe contava, que quando jovem, ele perdera a metade do pé direito num acidente de bonde. Foi pular com o bicho de ferro andando, caiu com o pé sobre o trilho e a roda amputou todos os dedos como uma navalha afiada. Diabético, nunca conseguiu cicatrizar a ferida que ficou crônica e também o levou deste mundo.
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