As mortes do menino Bernardo de 11 anos, em Três Passos, como a de Isabella Nardone, de 05 anos, arremessada do sexto andar do edifício onde morava em 2008, faz a gente repensar sobre a natureza humana e tentar ao menos chegar perto de uma reposta que dê indícios do que levam pessoas a cometerem crimes desta natureza contra crianças indefesas. Ciúmes, interesses econômicos, vingança?
Mas há de se pensar numa culpa coletiva nessa tragédia que tirou a vida de um inocente e que vinha se arrastando por muito tempo sob os olhos da omissão.
Em novembro, a notícia de abandono afetivo de Bernardo chegou à promotoria da Infância e da Juventude e foi aberto expediente para apurar sua situação familiar. Bernardo era alvo de comentários na cidade.
Em dezembro, o centro de assistência social entregou à promotoria um relatório dizendo que o garoto pernoitava e era alimentado na casa de conhecidos e tinha desavenças verbais com a madrasta. Passava sábados e domingos na rua. O pai não sabia onde ele estava e não o procurava.
No dia 24 de janeiro, ele mesmo (um simples menino), se dirigiu ao fórum de Três Passos, onde funciona o Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, e contou das ofensas da madrasta, do pai que não tomava atitude e de sua vontade de morar com outras pessoas.
A promotora ingressou com ação na Justiça pedindo que a guarda provisória fosse dada para a avó materna, mas o juiz preferiu marcar uma audiência com o pai, ocorrida em fevereiro, onde Leandro (o pai), quis uma chance de reaproximação.
No dia 7 de abril, quando soube do desaparecimento, a promotora pediu que a guarda fosse dada para a avó. Mas o juiz determinou que, assim que encontrado, ele fosse encaminhado a um lar, pois faltavam elementos sólidos para comprovar que a avó poderia assumir a guarda.
Seu abandono era notório. A violência psicológica desfilava na frente de todos. Um menino de 11 anos foi sozinho a um fórum para dar seu depoimento. O que faltava?
Bernardo pediu socorro e não foi atendido por ninguém. De Janeiro a 15 de Abril, o governo federal registrou 37.586 denuncias de negligencia familiar, como a relatada pelo menino Bernardo à justiça gaucha antes de morrer. A média deste ano supera em 45% os números de 20013. É necessário urgentemente reverter isto!
De
janeiro a 15 de abril, o governo federal registrou 37.586 denúncias de
negligência familiar, como a relatada pelo menino Bernardo à Justiça
gaúcha antes de morrer. A média diária deste ano supera em 45% os
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