Vai.

Desde do dia em que eu abri a porta para partires e fechei meus olhos e meus ouvidos, me vejo transgredindo... Para falar a verdade, a atitude de arrancar a tua vida da minha já é uma transgressão ousada, porem providencial; uma atitude natural de sobrevivência. Agora posso me jogar tranquilo no sofá da sala e assistir a novela das Nove.

Na Rua.

Então eu resolvi que deveria ir para a rua, e foi o que fiz, caminhar, por diversas ruas conhecidas que de noite se tornam diferentes. Porto Alegre pode ser encantadora a noite, hoje em particular haviam pessoas passeando, (não em passeatas), sob as luzes amarelas do centro histórico. Estranho utilizar este novo nome, mas agora temos um centro histórico na cidade, por longos anos esquecido.
A Usina do Gasômetro, na foto acima, é um exemplo de como um prédio histórico pode ser valorizado com a utilização de luzes durante a noite, a Igreja Nossa Senhora das Dores, mas falta ainda muitos outros esquecidos como o Mercado Publico, o M.A.R.G,S, o do Correio e Telégrafos, nas proximidades da Praça da Alfandega que parecem esquecidos.

Na rua ou na cama?

 
Um dia de trabalho, doze horas atendendo acidentes de transito, quedas da própria altura, quedas de telhados, dores no peito, falta de ar e com este dia obscuro, nublado, cuja as horas pareciam não andar...
Bom, a única coisa capaz de me salvar agora, que estou em casa, é um banho e uma caipira de vodka com limão, açúcar e gelo. Depois eu vejo qual vai ser o meu destino, na rua ou na cama tapado até o pescoço.

Chuva forte para hoje.

Disseram que hoje iria chover chuva forte, depois deste dia lindo com raios de sol. Eu até que duvidei, mas agora ouço as primeiras trovoadas e faiscas riscarem o céu. Enormes clarões violentos que parecem a anunciação do fim do mundo. Eu estava errado, choveu. Tenho a sensação de que alguma coisa importante vai mudar em nossa vidas, em nosso interior, além da incidência da chuva, das queimas de ônibus, das vitrines quebradas, dos saques, dos tiros de borracha e que algo fugirá do nosso controle, esmagando a nossa antiga conivência. Aquele nosso falso controle que nos diz: Não podemos mais continuar com isto, tudo agora vai melhorar, não sejamos tão radicais, uns perdem e outros ganham nesta vida e não importa que só nos percamos. Que a partir de agora ficaremos tensos, aguardando, vigiando o que pode vir de pior, já que experimentamos o sabor de que é possível mudar alguma coisa. A chuva não fez ninguém parar esta noite, até eu sai a rua para ver como tudo se portava.

Final do curso.

 
Hoje foi o ultimo dia de curso do S.A.M.U, realizado esta tarde no Parque da Harmonia. Além de nós alunos, alguns funcionários de empresas de telefonias descansavam em seus veículos sob a sombra das árvores e muitos moradores de rua, ocupando galpões formando um verdadeiro condomínio. Quer dizer, pelo que parece eles são moradores do Parque da Harmonia.
 
Nos olhavam desconfiados, como se estivéssemos ocupando um espaço só deles. Nos observavam entre montanhas de sacolas, fogareiros improvisados, barracas velhas cheirando a fumaça e cães de rua dorminhocos. Alguns se aproximaram pedindo informações sobre o curso, outros solicitando socorro para doenças já cronicas. Uma senhora com jeito de quem parecia estar embriagada queria participar como voluntária, mas foi dispensada elegantemente.

Salada de frutas exóticas.

Ontem de noite, durante uma conversa com um novo conhecido no Bate Papo do Facebook, enquanto digitávamos algumas ideias, ele me enviava fotos dele em poses sexy de biquíni na beira da praia em diversas posições, Fiquei surpreso com a sua ousadia e também não pude deixar de pensar em qual era a sua verdadeira intenção e se tinha algum conteúdo intelectual já que disse-me trabalhar com arte e cinema. Acho que ele precisava de elogios, já que exibia seu corpo magro e em forma durante o bate papo; Foi o que fiz de inicio, até ele sufocar-se no seu próprio ego. É engraçado como tem pessoas que confundem os seus próprios valores com o dos outros. Na verdade misturam todos os valores como se fosse uma exótica salada de frutas pra gente admirar e depois aplaudir. Sou ignorante para entender ignorâncias deste mundo, Eu passo. Se alguém quiser experimentar, dou o endereço!..

Recado desaforado

Eu sinto muito se não leem meus recados no Facebook ou no blog , pois neles exponho minhas intenções e decisões. Na verdade até o meu silencio pode ser entendido se meias palavras não bastam.

O preconceito é uma merda dificil de quebrar.

Achei esta frase ou pensamento de autoria de Albert Einstein no final do programa Provocações, quando da entrevista de Jean Wyllys, recitado por Abujamra, muito criativa:
Que época mais infeliz é essa em que vivemos meus amigos, está mais difícil quebrar um preconceito, do que um átomo.
De Einstein eu conhecia pouca coisa, a não ser a língua pra fora da boca e a Teoria da Relatividade. Mas eu postei isto, por uma associação, talves nada haver..
Ontem quando eu participava de um churrasco com colegas, um deles apontou sem qualquer descrição para os meus pés e cochichando no ouvido de outro colega, sobre o calçado que eu usava e que ele ignorantemente achava se tratar de uma sapatilha. Na verdade era uma bota assinada por; Alexandre Herchcovitch, que ele nem faz ideia de quem seja. Quanto as sapatilhas, ele com certeza não deve ter visto se quer uma na sua vida.

Novo tempo.

Na minha opinião, nunca uma musica transcreveu tão acertadamente o que está acontecendo neste pais e olha que esta composição já não é de hoje e mesmo assim encaixa como luvas de pelica o que estamos vivendo.
No novo tempo, apesar dos castigos
Estamos crescidos, estamos atentos, estamos mais vivos
Pra nos socorrer, pra nos socorrer, pra nos socorrer
No novo tempo, apesar dos perigos
Da força mais bruta, da noite que assusta, estamos na luta
Pra sobreviver, pra sobreviver, pra sobreviver
Pra que nossa esperança seja mais que a vingança
Seja sempre um caminho que se deixa de herança
No novo tempo, apesar dos castigos
De toda fadiga, de toda injustiça, estamos na briga
Pra nos socorrer, pra nos socorrer, pra nos socorrer
No novo tempo, apesar dos perigos
De todos os pecados, de todos enganos, estamos marcados
Pra sobreviver, pra sobreviver, pra sobreviver
No novo tempo, apesar dos castigos
Estamos em cena, estamos nas ruas, quebrando as algemas
Pra nos socorrer, pra nos socorrer, pra nos socorrer
No novo tempo, apesar dos perigos
A gente se encontra cantando na praça, fazendo pirraça

Por dias melhores.

 
Acontece que ninguém aguenta mais tanta corrupção, tanta impunidade, tanta facilidade pras elites deste país onde sempre sobra pros menos afortunados pagarem as contas e taparem os rombos. A culpa é do próprio governo que exigiu nestas ultimas décadas uma sociedade que seguisse os rumos da modernidade e assim se tornasse mais exigente com o que de fato lhe é de direito.
Então o povo saiu pras ruas, mostrando que aprendeu bem a lição do que é ter cidadania, do que é ter direitos e ser respeitado por isto.
Bom, quanto aos atos de vandalismo e violência sou contra, ninguém gosta e nem quer isto, mas eu também me faço uma pergunta: Chamaríamos a atenção dos governantes apenas com passeatas pacificadas e discursos efusivos? Alguma vez isto funcionou? Infelizmente só se tem atenção de governantes quando eles se sentem ameaçados pelo povo e pressionados pelo empresariado que cobram atitudes.
Guardem bem esta data: 17 de junho de 2013. Dia histórico em que os brasileiros saíram em massa às ruas para protestar por seus direitos.

NO METRÔ DE PARIS.

 
Eu e Tom estávamos sentados dentro do metrô em Paris, retornando a o hostel, depois de passarmos quase o dia inteiro batendo pernas pela cidade. Havíamos planejado isto, andar pela cidade sem um rumo definido, visitando ruas, becos, praças, entrando e saindo de ônibus, trens e metrôs, pois havíamos comprado um daqueles tickets especiais, que possibilitam o uso durante o dia todo, em todos os tipos de transportes públicos e queríamos, por que não, descobrir a cidade até nos perder e foi o que aconteceu; Em algum momento, percebemos que estávamos perdidos e até pegamos o uma linha de metrô errada, tendo de ir ate o final do trajeto e depois voltar a o ponto de partida.
Quando conseguimos enfim tomar o metrô certo, eu olhei para ele e percebi o quanto estávamos cansados e eu estressado e louco para ficar pelo menos meia hora quieto e debaixo de um chuveiro quente, e então desabafei: 
_Sabe de uma coisa Tom, quando eu retornar ao Brasil, a primeira coisa que irei fazer é pegar este mapa do metrô e ler até entende-lo de cabo a rabo- disse eu num tom meio irritado.
Então um dos passageiros, uma mulher negra, que eu diria até bonita, sentada na mesma fileira de bancos em que estávamos, esticou o pescoço em nossa direção e falou num português tão claro, nítido e sem sotaques, que nos causou surpresa: 
_Mas não é difícil, está tudo sinalizado aqui e com com cores diferentes, não tem como se perder. -disse ela mostrando o folheto explicativo do metrô em mãos e com um largo sorriso simpático.


_É brasileira?.. -Perguntamos quase que a o mesmo tempo.
-Não, nigeriana! -Respondeu ela prontamente. 
Bom, daí pra frente a conversa fluiu. Contou-nos que já morava em Paris a mais de dez anos e com filhos na escola, que teve muita dificuldade de se adaptar aos costume do país e ao idioma e a quase tudo.
Saiu de seu país em função da pobreza e falta de oportunidades, sentia saudades, mas não gostaria mais de voltar. Seu lugar agora era ali.
Fiquei pensando em sua historia, historia de muitas pessoas, de uma vida e que me causou introspecção e certa angustia.
Historia de lutas, derrotas e conquistas em busca de uma vida digna.
Enquanto estive em Paris, os franceses, africanos e indianos, me passaram a sensação de uma relação de distância confortável que se estabelece entre patrões e empregados, entre vizinhos sobre a lei do silencio, como água e azeite colocados num mesmo recipiente, mas que não se misturam por suas diferenças.

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Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...