Assim não dá, dói no bolso!

Algumas semanas antes de viajar, fui cercado com telefonemas, visitas, seduzido com passeios, mas resisti bravamente me negando a proposta de dar beijinhos e trabalhar somente por amor. Eu já esperava que tudo iria mudar de figura depois da minha contra proposta e que o silencio seria estabelecido como resposta final. 
Como diz o meu colega de trabalho; Tem gente que gosta de um cuzinho, mas na hora que é chegado a sua vez de virar, o papo é outro e o silencio impera no ar. Ora nos dias de hoje, não é possível  fazer exceções e viver de amores incondicionais, já que todo mundo tem contas para pagar. Passado mais algumas semanas tudo voltou ao normal.

Transgressões.

Ontem de noite, assisti Fellini naquelas tipicas películas em branco e preto que me faz voar inversamente pelo tempo, descer por canos subterrâneos e sair em lugares inimagináveis. Fellini sempre fez isto comigo, é minha transgressão, e eu tenho muitas transgressões.
A foto de cima, é uma cena imortalizada do filme "La Dolce vita", onde Anita Ekberg, vive o papel de uma atriz americana de passagem por Roma. Seu banho no Fontana de Trevi, também não deixa de ser uma transgressão.

O QUE MUDA, É QUEM PREFERENCIALMENTE LEVAMOS PRA CAMA.


A homossexualidade ainda é vista como um desvio da personalidade e atribuída a ela uma certa banalização por parte das pessoas, surpreendentemente inexplicável nos dias de hoje. Como se ser gay, excluísse o individuo de ser uma pessoa normal, séria, responsável, comum como todos os outros indivíduos e isto possivelmente deve ter forçado muita gente a se manter no anonimato ou se camuflado no armário, por não aceitar esta forma diferenciada com que são tratados. Tomo como exemplo algumas situações:
Numa festa de final de ano, no meu trabalho, um colega assumidamente gay, era pressionado pelas pessoas presentes a se "soltar"; Era esta a expressão que usavam e dirigiam a ele. Se soltar talvez significasse para eles, chamar a atenção, dançar como se estivesse fazendo um show, para que todo mundo achasse engraçado, como se gay tivesse a obrigação de alegrar uma festa, tornando-se uma especie de entretenimento. Apesar do colega dizer que estava à vontade e se divertindo, as pessoas o pressionavam e insistiam para que ele se "soltasse".
Num outro evento festivo de trabalho, uma colega que vendia convites, tentava convencer as pessoas a compra-los dizendo, que eu também  iria e levaria comigo meu suposto namorado, despertando nelas não o interesse pela festa, mas a curiosidade de um fato incomum e assim abrindo precedência para gerar comentários maldosos e preconceituosos.
Uma outra colega ao trocar uma blusa sem pedir licença na minha presença, justificou sua atitude dizendo em seguida: Há não tem importância  ele é quase uma menina.
Fatos como estes, são lamentáveis e só provam a imaturidade das pessoas diante das mudanças que acontecem na sociedade, no mundo, nos indivíduos, pois alardeiam demais e provam que estão longe de aceitarem e respeitarem as diferenças. Ser gay, a o meu ver, não faz uma pessoa mudar de sexo ou transforma-la num fantoche de entretenimento, muito menos numa especie de chamativo para forçar a venda  de ingressos. Vai custar muito as pessoas entenderem que o que muda realmente é quem preferencialmente levamos pra cama, só isto.

STONEWALL INN EM NOVA IORQUE.


Foi caminhando pelas ruas de Nova Iorque, meio perdido, num dos poucos dias que fiz isto sozinho e que descobri por acaso o Stonewall Inn, localizado no 51 e 53 da Christopher Street. em Greenwich Village (bairro predominantemente residencial, no lado oeste de Manhattan também conhecida por Vila, hoje habitado por famílias de classe média alta).
Havia algumas pessoas na frente do prédio fazendo fotos e aquela atitude me aguçou a curiosidade, por que eu não sabia do que se tratava. Deve ser algum lugar importante, pensei comigo e então premiado por mais uma dose de sorte, encontrei um brasileiro de Belo Horizonte, chamado André, que também fazia algumas fotos e me contou a história do Stonewall Inn.
É incrível como se encontra mineiros por lá e também se descobre coisas interessantes!


Stonewall é o marco zero da luta pelos direitos igualitários e onde tudo começou, pois em junho de 1969, as bichas que eram presas simplesmente por estarem ali, se revoltaram. Cansados de irem presos sem nenhum motivo, formaram barricadas e atacaram com o que tinham à mão, os policiais que queriam levá-los para a cadeia.
Este episódio deu origem às paradas gays, comemoradas anualmente no mês de Junho, marcando os motins de Stonewall. O estabelecimentos acolheu pessoas abertamente homossexuais nas décadas de 1950 e 1960, embora os proprietários e gerentes não fossem gays.
O Stonewall, na época, era de propriedade da máfia, que oferecia uma variedade de clientes, mas era conhecido por ser popular com as pessoas mais pobres e marginalizadas da comunidade gay, como drag queens , representantes de uma nova comunidade, "transgêneros", efeminados jovens, prostitutas e jovens sem-teto.


No Christopher Park, em frente ao Stonewall, algumas estatuas brancas chamadas de "Gay Liberation Monument", de autoria de George Segal, prestam homenagem aos direitos alcançados pelo movimento gay. Observando-as atentamente, percebe-se que são dois casais, um de homens, que estão de pé, e um casal de mulheres, sentadas no banco do jardim.

Se eu paro penso, se eu penso não faço!

Eu fiquei pensando, pensando, pensando.., se devo agir assim como estou agindo ou não. Também fiquei pensando que não devo planejar atitudes. Se paro penso, se penso não faço. Isto me causa posteriormente um mal que só percebo quando vou tomar banho e descubro uma imensa bola na axila causada por uma reação alérgica ao desodorante que já uso faz anos. Me parece que também sou alérgico ao meu próprio suor. O que está havendo?..

Assassinando no inglês.

Em Nova Iorque, como falei antes, a maioria dos meus colegas de viagem assim como eu, não falávamos quase nada de inglês e um deles confundia "excuse me (com licença)" com "Kiss me (beije-me)". Cada vez que passava por um grupo de pessoas na rua ou dentro de uma loja onde estavam obstruindo seu caminho, ao invés de dizer "excuse me", ele dizia "Kiss me".
Eu brincava com ele dizendo que a qualquer momento cruzaríamos por um daqueles negros fortes do Brooklyn disposto a lhe dar aquele beijo na boca e eu seria o padrinho da relação.


Somos crianças.

Encontrei-a no portão com os olhos marejados de lagrimas, antes de me dar um abraço apertado e que pareceu ser de muitas saudades. O que lhe provocou tal atitude, não digo o abraço, mas os olhos úmidos,  pensei enquanto sorria ao vê la; Os dias de isolamento ouvindo o som do mar, o cansaço e a tensão pela viagem de mais de uma hora, ou a seção de terapia de ultima hora por ela dito necessária? 
Lembro-me dela ter falado a razão de seu destemperamento, mas também me culpo por não ter tomado a iniciativa de ter perguntado antes. De qualquer forma, qual a diferença se parecemos tão crescidos? Por outro lado, às vezes lembramos crianças afetivamente carentes que simula ser gente adulta e no controle de suas pendencias emocionais; tímidos para dar a mão um pro outro e ajudar a atravessar a rua.

A morte de Walmor Chagas.

A morte de Walmor Chagas, não seria uma grande surpresa aos 82 anos de idade, se não houvesse indícios de que foi suicídio. Embora surja aquelas perguntas fatídicas como: O que faz um homem como ele no auge da fama e reconhecimento profissional cometer esta atitude, a gente no fundo, no fundo, sabe que todos os títulos e adjetivos de reconhecimento por vezes não são suficientes para conter a solidão, a depressão, quem sabe a aceitação da velhice e outras armadilhas que a mente humana arquiteta. Em décadas passadas   era um dos mais cobiçados atores por sua beleza e técnica teatral. Em uma de suas últimas entrevistas, disse que queria morrer de forma surpreendente. Parece ter conseguido!

A passeata dos ameaçados em Paris.

Neste inicio de semana, me assustei ao ligar a TV no noticiário e perceber que existe tanta gente contra aos direitos igualitários. Me surpreendi ainda mais por ser na França, a pátria dos direitos humanos e que reuniu em sua capital mais de 340 mil pessoas numa passeata gigantesca contra o casamento gay no país. É assustador ver tanta gente marchando contra a felicidade dos outros por se sentirem ameaçados.

Mexendo com os pauzinhos

Por vezes mesmo cercado de pessoas por todos os lados, nos sentimos como uma espécie de ilha,  isolados. Sim é esta a palavra que melhor conceitua o que estou sentindo no momento. Como não dá para ficar deste jeito na expectativa de que coisas melhores aconteçam na nossa vida como se fosse um milagre,  temos que mexer com os pauzinhos. Esta frase é crédito de um amigo que fiz em Nova Iorque e ontem lembrei dela com muito rigor em função de algumas situações experimentadas. Eu tive de mexer com os pauzinhos!

A morte de Jorge Selarón

Ontem eu estava navegando na Internet, quando li uma notificação de uma amiga no Facebook, informando a morte trágica de Jose Selarón no Rio de Janeiro. Seu corpo foi encontrado carbonizado junta da escadaria que ele mesmo tornou famosa, ao lado de um recipiente que continha algum produto inflamável.  A desconfiança da policia é de suicídio ou homicídio,  já que o artista nos últimos meses parecia andar com depressão e também recebendo algumas ameaças.
Conheci Selarón no ano passado, quando estive no Rio com uma amiga, para fazer o visto americano. Ele nos conquistou por sua simpatia, simplicidade e amabilidade. É lamentável o ocorrido.
Nascido no Chile e atualmente com 65 anos, Selarón se dizia apaixonado pelo Brasil e em particular por futebol e desde muito cedo começou a trabalhar nas escadarias do convento de Santa Tereza, na Lapa que é visitado por turistas do mundo todo. Sua morte foi uma grande e lastimável perda!..

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Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...