Fora de controle


Eu não quis pegar os restos de cabelo espalhados no chão e sobre o balcão da barbearia. Pra alguns eu fiquei pior, para outros um tanto melhor e não me importo com estas divisões de opiniões.
Seu Julio me disse que mudanças são coisas pessoais e que o resultado, inicialmente não temos controle. O que é melhor para alguns, é inaceitável para outros. Sábio este seu Julio!..
Li ontem à noite, um pensamento que me agradou  e então posto aqui no blog: "Eu sou egoísta, impaciente e cometo muitos erros, uma infinidade deles. Estou fora de controle e às vezes sou difícil de aceitar tudo que me é imposto, mas quem não pode lidar com o meu pior, com certeza não  merece o meu melhor". Me sinto agora mais leve e limpo de cabelos cortados.
Tenho deitado tarde e acordado cedo demais, por isto os dias me parecem curtos e difícil de serem vividos como eu gostaria que fossem.
Paginas foram por mim arrancadas, não sei se as que deveriam ter sido arrancadas, mas estou inquieto e perdido diante de tantas referencias em que esbarro. Mas antes que acabe de vez toda esta choradeira, já estou em francas atitudes para sair desta. Devo parar de me sentir loser.

Que Belo Estranho Dia Pra Se Ter Alegria

Devagar
    Esquece o tempo lá de fora
                       Devagar
                            Esqueça a rima que for cara.

                                         Escute o que vou lhe dizer
                                                Um minuto de sua atenção

                                                         Com minha dor não se brinca
                                                                  Já disse que não
                                                                      Com minha dor não se brinca
                                                                                             Já disse que não.

                                                                                                   Devagar, devagar com o andor
                                                                                                         Teu santo é de barro e a fonte                                                                                                                                                        secou.


Chegou as minhas mãos no final da semana passada o CD de Roberta Sá, Pra se ter alegria, cuja brasilidade e bom gosto, estão impregnados do inicio a o fim. Com uma batida de percussão, tamborim e instrumentos eletrônicos, Roberta Sá dá uma forma de contemporaneidade inigualavel ao repertório, criando renovação à musica popular brasileira.
Roberta é natural de Natal, RN e por ter vindo para o Rio de Janeiro aos nove anos de idade, parece não apresentar nenhum sotaque nordestino.
Após o sucesso de sua estreia e a conquista do disco de ouro com o segundo trabalho, Belo Estranho Dia Pra Se Ter Alegria, surge o primeiro álbum ao vivo, Pra Se Ter Alegria. No repertório, grandes sucessos como "Mais Alguém", "No Braseiro", "Pelas Tabelas" e a inédita "Agora Sim". O album tem participações especiais como a de Marcelo D2 , Pedro Luís e Hamilton de Holanda. Grátis quatro faixas interativas para download de encontros emocionantes no estúdio com Chico Buarque, Ney Matogrosso, Trio Madeira Brasil, Yamandú Costa e Antonio Zambujo.
Aqui em Porto Alegre, Roberta Sá estará se apresentando HOJE à noite no teatro do Bourboon Countryna na Av. Tulio de Rose- 80, segundo piso- às 21 horas, com o show "Quando o canto é reza, resultado do encontro da cantora com o Trio Madeira Brasil e com ingressos que variam de R$ 50,00 à R$ 120,00.
Todas as musicas do seu ultimo trabalho, são ótimas, mas tenho as de minha preferência como: O Pedido, Alô Fevereiro, Interessa, Mais Alguém, Samba De Um Minuto, Pelas Tabelas, Ah, Se Vou, Samba Do Balanço, No Braseiro. Roberta para quem não se lembra, participou do programa de televisão FAMA onde foi eliminada na quarta semana, provando que ser bom, não significa ganhar.

Silêncio é a morte vestida com elegância

Depois da conversa e dos desabafos que pensei serem íntegros e sinceros, dos textos espremidos e denominados mais tarde como bobeiras, minha decisão foi a de arrancar a ultima arvore pela raiz, depois decepar cada galho, cada folha, cada botão que por ventura tencionasse brotar flores ou frutos, com minhas próprias mãos. Fiz isto com muita dor e lágrimas nos olhos, enterrados sobre os travesseiros e lençóis da cama.
Tudo não passou de uma farça, cuja a doença camuflou-se de verdade, num longo espaço de convivência. 
Na verdade nada mais poderia crescer e florescer em sentimentos potencialmente mais pessoais do que fraternais e  recheados de simulações e outras intenções.
O silêncio não é só a persistência de uma birra, ou a comprovação da imaturidade de sentimentos gastos, mas a prova da morte, vestida com muita elegância e saindo de cena.
Sinto muita raiva e vergonha de tudo isto pela minha perda de tempo e também dos outros. Com algumas raras exceções, o silencio sempre foi algo de que nunca gostei. Sempre me pareceu a inexistência de conteúdos ou a prisão deles, o nada, o vértice final de todas as coisas e de sentimentos cheios de pequenas reticências mal resolvidas e inibidas à trancas. Sempre tentei ficar a margem dele, mas às vezes se faz necessário como medida de segurança e unica opção.
O silencio corroê, deixa estagnado o que poderia ser despejado pra fora, impedindo ciclos de renovarem-se reconhecerem-se.
O silencio pesa muito mais do que aquilo que carregamos e precisam ser ditas. O silencio pesa mais do que um boi morto pendurado no gancho do frigorífico para o consumo final. 

Obama e Osama não é uma coincidência?...

MilagreeeeEEE

A beatificação do Papa João Paulo II foi para mim, tão apropriada como arrancar os dentes as pressas e colocar uma dentadura, evitando assim o trabalho e tempo que requer o  tratamento de toda a arcada dentária e seus dentes podres que subentende-se a (igreja) desacreditada por escândalos financeiros e processos contra padres pedófilos por todo o mundo ainda não resolvidos. 
Nada mais confortável para desviar a atenção de seus fiéis pelo mundo e da sociedade em geral, do que um milagre recebido por uma freirinha francesa que conta o desaparecimento dos sinais de sua doença, mal de Parkinson, após ter rezado junto a o túmulo do pontífice. Já o presidente peruano, Alan García, afirmou que a morte de Osama Bin Laden é o "primeiro milagre" do Papa beatificado.  P.. q.. p..!.. 

ROBERTO EU E AS AMEIXAS.


Anázea era o nome de uma vizinha, que morava do lado da casa de minha avó e que era mãe de dois filhos: Sueli e Roberto. Sueli era a mais velha e se diferenciava em pelo menos 10 anos da idade de Roberto que brincava diariamente comigo. Éramos crianças e tínhamos pelo menos uns 8 ou 9 anos de idade.
Roberto, apanhava todos os dias de sua mãe, eram surras ora mais e ora menos violentas, mas sempre apanhava. Havia dias em que chegava a ser surrado duas ou mais vezes, por somente responder com desatenção, característica de qualquer criança hiperativa nesta idade; Mas nestes tempos não se sabia muito sobre hiperatividade...
Da minha casa eu ouvia seus gritos e pensava que talvez fosse necessário tudo aquilo e que somente eu era poupado de castigos como estes, por ser um guri mais calmo e disciplinado.
Quando crianças, não temos muito discernimento do certo e do errado e então pensamos que qualquer violência é de nosso total merecimento.
Disciplina era uma coisa que eu achava que Roberto não tinha e que por mais que apanhasse, voltava sempre a repetir seus erros e brincar com toda a energia e agilidade que lhe sobravam depois das surras e como se nada tivesse acontecido.
Meu conceito com relação a educação e castigos modificou-se, quando Roberto ficou por mais de uma semana sem aparecer para brincar. Eu o chamava por cima da cerca, sem obter qualquer resposta. Seu silêncio passou a ter em mim, muito mais do que a preocupação de isolamento e de não ter com quem brincar, mas o medo de nunca mais vê-lo.
Dias depois reapareceu com um dos olhos roxo e inchado e um dos braços enrolado em ataduras, dizendo ter levado um tombo no pátio. Deste dia em diante, passamos a brincar, sem fazer muita arruaça e quando sua mãe histericamente gritava por seu nome, saia de cabeça baixa resignado em sua direção, sem opor-se a nada do que ela dizia. 
Roberto, eu e tudo a nossa volta havia mudado, até nossa técnica louca de arrancar as ameixas dando saltos pelo pátio.

Roberto, eu e os filhos bonitos do vizinho.

Roberto e eu ficávamos atrás da cerca, olhando para os filhos de nossos vizinhos brincarem em seu pátio redoma e nós em total silencio. Não era um silencio para não sermos descobertos, mas de encantamento pelas brincadeiras, que ao menos pra mim, pareciam muito mais divertidas. Eles enquanto brincavam, nos ignoravam, fingiam que não estávamos ali, na presença de seus olhos observando tudo atentamente. Era como se estivéssemos invisíveis por traz da cerca, como se não existíssemos. Nós em contra partida, permanecíamos em nosso posto de observação com o coração na boca, fazendo torcida e implorando alguma atenção que não recebíamos por ser-mos totalmente ignorados. Não percebíamos que estávamos sendo humilhados e que não éramos aceitos embora só quiséssemos participar da brincadeira. 
Um dia ouvir minha avó falar para alguém, que éramos descriminados por aqueles vizinhos  pela cor da nossa pele e então fiquei pensando, me Esforçando para entender o que não é possível entender. Como nunca consegui, foi melhor parar de admira-los com toda a força que eu possuia, fingindo não enxerga-los.

O fim do carrasco de Roberto

Depois de muito tempo batendo em Roberto, dona Anázea descobriu estar doente e passou algumas semanas num hospital. Quando voltou para casa, as poucas vezes que a vi pelo pátio diminuíram ainda mais, até somente vê-la deitada num caixão como meu avô, que foi velado sobre a mesa da sala.
Havia contraido uma tipo de câncer, que a deixara impossibilitada sobre a cama, fazendo-a gritar noite e dia de dor, mesmo sob efeito da Morfina, até a sua morte.
Seus gritos e gemidos eram ouvidos por quase toda a rua, que se penalizavam e diziam orarem por sua reabilitação. 
Neste período, Roberto fora mandado para casa da irmã já casada e só reapareceu no dia do enterro.
Durante a cerimônia de encomenda da alma de sua mãe, não ficou presente na sala, preferiu caminhar pelo pátio, debaixo das arvores à procura de ameixas maduras que gostavamos de comer.

Um marco histórico

Enquanto estamos dormindo, ou sentados no vaso sanitário de nossas casas, forças externas estão trabalhando em prol de nossas vidas! 
Esta frase me acompanhou na infância e por longos anos da minha vida, como uma verdade dita inúmeras vezes por meu avô sentado em volta da mesa na hora do jantar e ainda percebo me causar algum efeito interno, mesmo causando hoje muitas dúvidas. Quando ele falava isto, não se referia apenas aos aspectos espirituais, onde pregava que enquanto se pecava no mundo, pessoas de espiritualidade elevada, rezavam para amenizar nossas culpas, mas também das grandes estratégias políticas e militares, capazes de trabalhar noite e dia para defender o mundo, em troca de dar as cartas e assim ter o poder de decisão sobre o  destino das pessoas.
Meu avô era Getulista nato e assim defendia o poder de Deus no céu e de Getulio Vargas na terra, como um homem abençoado. Pra ele não existiu, nem nunca haveria de existir melhor governante que Getulio.
Mas essa frase dita por meu avô, já a muitos anos falecido, foi despertada hoje em mim, com a mesma sensação que eu experimentava quando ainda era guri, ao saber da morte de Osama Bin Laden,  no domingo, por operações secretas americanas no Paquistão. Quando eu soube da noticia, foi como se meu avô fosse entrar por uma porta qualquer e repeti-la com a mesma veemência, que sempre fazia e ainda frisar que foi num domingo, enquanto a maioria das pessoas descansavam. Isto deve me causar algum tipo de culpa, implantada por ele.
Nossa, é realmente inacreditável aceitar, que o homem que burlou por tanto tempo a inteligência americana tenha sido morto, não importa em que situação e condições. Parece uma informação forjada, para enganar bobos, (um morto sem corpo, um corpo jogado no mar...)
Eu lembro de ter lido a muito tempo sobre Bin Laden, na Revista Seleções, considerado o homem de maior ameaça aos americanos e que na época,  já vivia escondido em cavernas planejando destruições e ameaçando o mundo. Com o passar do tempo seu poder foi aumentando de tal forma a chegar ao fatídico 11de setembro, com morte de centenas de pessoas inocentes, fato que o mundo jamais esquecerá e se mantém de sobre aviso.
Hoje o Jornal Nacional terminou sua edição, informando que sua morte foi um marco histórico e é verdade. Se meu avô ainda estivesse vivo, talvez ficasse quieto e sacudindo a cabeça como quem fala apenas em gestos: _Alguém tinha de fazer isto, para que dormissemos com mais tranqüilidade!
Será?...

Situ Ações

Depois de algumas frases isoladas, que me pareciam presas em sua garganta e tantas procuras no horizonte escuro, diante da minha janela, senti que algo não estava bem, embora não soubesse o que realmente incomodava minha amiga.
Depois sentados na beira da cama, ela segurou minha mão com firmeza e disse com os olhos vermelhos: _Que bom que tu existe!
Teria ela se constrangido por alguma situação adversa no passeio de ontem?.. Afinal o mundo é tão cheio de armadilhas, que não estamos preparados nem para vomitar-mos depois!.. 

Trastevere

A cidade é moderna
          Dizia o cego a seu filho 
                    Os olhos cheios de terra
                              O bonde fora dos trilhos 
                                     A aventura começa no coração dos navios
                                                                Pensava o filho calado
                                                                           Pensava o filho ouvindo
                                                                                       Que a cidade é moderna
                                                                                             Pensava o filho sorrindo
                                                                                                     E era surdo e era mudo
                                                                                                                Mas que falava e ouvia.




Milton Nascimento

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TÔ PENSANDO QUE:

Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...