O que está errado com ele?

O cara  diz estar apaixonado, que nunca se sentiu tão feliz, valorizado, amado, tão desejado sexualmente, que se sente em plena juventude.
Tem horas que se importa e noutras não com as diferenças visivelmente existentes.
Pensa em até arriscar o certo pelo duvidoso, jogar tudo pro alto, arriscar suas ultimas fichas neste jogo que pode ser um erro ou o ultimo encontro com a felicidade. 
Por outro lado, tem atitudes doentias, momentos de  extrema irritabilidade, de raiva com  momentos de explosões e profunda tristeza.
O que está errado?
Por que não canta mais seus versos?
A paixão lhe provoca sombras, fantasmas?
O que  lhe causa tanto descontrole?
A idade não lhe concedeu maturidade emocional?
O que é verdade ou mentira nesta relação conturbada?
Hoje na porta do elevador, tinha os olhos caídos e de cor cinza.

Pedrinhas de encaixe

Ontem, saindo do hospital fui chamado por uma senhora cujo o filho de uns quarenta  e poucos anos, eu atendi numa noite destas de plantão. Ele encontrava-se muito agitado sobre a cama, com visível irritabilidade provocada por caracteristicas que me pareciam de ordem neurológica, mas que também me colocou em duvidas por informações desencontradas que me foram fornecidas e  por que "sintomas" são muito relativos para se arriscar um único diagnóstico. Eu até desconfiei de uma posivel hemorragia intra craniana, mas faltavam dados, o que informei para a médica plantonista...
Eu fiquei curioso com este caso que deixei na sala de emergência para avaliação  neurológica  a alguns dias atras e não tive mais noticias. 
Com seus dados anotados num pedaço papel, pedi informações para uma funcionaria, no setor de registro de paciente, que me disse não ter nenhuma informação recente sobre a entrada do paciente no hospital, somente algumas entradas mais antigas e que não vinham a o caso.
Frustrado por não ter conseguido  informações, me dirigi para a ambulância estacionada na rua, quando fui chamado por sua mãe que aguardava o horário de visitas no saguão. Muito simpática ela agradeceu minha presteza no atendimento de seu filho e me informou que havia sido diagnosticado meningite.
Conversamos mais alguns minutos sobre o ocorrido naquela noite e depois fui embora pensando que aquele atendimento em particular havia ficado muito presente em mim, especialmente pelo sofrimento dela como mãe e que me parecia muito afetuosa e impotente diante daquela situação de difícil controle.
Depois, já dentro da ambulância, me deslocando para outro atendimento, fiquei pensando nestes elos emocionais que estabelecemos com pessoas que não conhecemos e que a vida se encarrega de provocar encontros justificáveis ou coincidentes em momentos que não se espera, nos fornecendo respostas e a sensação de alguma contribuição positiva no momento certo como pedrinhas de encaixe. Senti que eu e aquelas pessoas estávamos de alguma forma emocionalmente conectadas. No final, indiscutivelmente o ganho foi positivo para as duas partes envolvidas.

Amigos para sempre

Eu te levei  até a cobertura do edifício, para sentir-mos o vento bater em nossas caras e desta forma provar desesperadamente que ainda estávamos vivos e por isto chorávamos em silencio, sem conseguir desfazer os nós; Infinitamente te agradecer pelos incansaveis gestos de doação e humanidade, cuja a maioria e também eu, não sei se teríamos nestes momentos de dor. 
Fostes como poucos, a mão e o olhar silencioso de todos nós, nestes momentos em que parecemos mais covardes e sem disponibilidade de tempo para enfrentar o desagradavel.
A musica  "Amigos para sempre" que nunca gostei e acho triste, ficou cravada em mim e ainda mais triste tocada solitariamente no violino que nos acompanhava à passos.
Os violinos tem esta magia de deixar tudo mais triste e belo a nossa volta, criando  caminhos de comunicação com nossos sentimentos mais profundos e por isto parecem chorar ao nosso ouvido como amigos que em momentos difíceis não sabem o que dizer alem de recitar poesia.
Depois, tudo ficou mais claro, mais leve, mais condescente, mais silencioso e grandioso. 
Obrigado por todos nós!

Do Outro Lado

São três famílias, duas turcas e uma alemã, seus membros estão espalhados entre os dois países, mostram como os destinos entrelaçados de cada um pode mudar, através de pequenas fatalidades que o dia a dia os submete, fazendo-os também alterar suas crenças e conceitos sobre a vida com estas mudanças. Do diretor alemão Fathi Akin, o filme "Do Outro Lado", recebeu prêmios em quase todos festivais que participou, como de melhor roteiro em Cannes, o César Awards na França e o prêmio máximo do cinema alemão. Do outro lado, segundo o diretor Akin, é uma representação do relacionamento dos dois sistemas políticos e econômicos, representados na relação entre  as  duas jovens Lotte (alemã) e Ayten (turca). Apesar de tratar de temas como solidão, morte, abandono, desencontros e diferenças sociais, o filme estende caminhos a possibilidade como perdão, introspecção, reencontros pessoais, apos a perda e continuidade de atitues que deixaram de serem feitas e somente reacendidas depois da morte.

Por prevenção

Pela manhã, acordei com a nítida sensação de ter levado uma bofetada na cara, até pensei ter ouvi do o barulho do tapa... Mas não foi uma bofetada que me pareceu agressiva, foi com força propositalmente controlada para não machucar ou deixar marcas; O suficiente para me acordar e arrancar-me de um estagio de sonolência intempestivo, do risco eminente de me passar no sono. Parecia-me uma bofetada preventiva, desferida por uma mão amiga, que não tem outra escolha e arrisca o gesto como única saída.

DORES FANTASMAS


Eu deveria escrever neste espaço, um texto que falasse de: [...Uma larga cadeira de couro marrom giratória, um pedaço de espelho colado na parede, uma maquina de cortar cabelos barulhenta, um longo avental branco  sobre o meu corpo e um homem gordo de bigode preto com cara de português insuspeitável...],     mas ainda não encontrei palavras adequadas para isto. Falar e escrever tem pesos e medidas que se distanciam pela falta  de olho no olho que propiciam algumas trocas diretas. Alguns pesadelos não desaparecem com o tempo, ficam  apenas adormecidos em sub-linhas da memoria e voltam a dar aquela sensação de dor fantasma, quando o tempo está para chuva.

Vendedores de sonhos

De tempos em tempos eles batem na minha porta apresentando propostas irrecusáveis, mas sem objetividade e clareza. Eu estou cansado de ser tratado feito um bobo e perceber que estas propostas morrem esquecidas na mesma boca de quem proferiu seu nascimento com entusiasmo. 
Percebo que sonhos não vingam apenas com discursos otimistas e eu não quero saber destes teatros para me manter preso a uma fantasia pessoal..
Não me sinto suficientemente seguro para arriscar-me a morder iscas, nem mesmo um rato para  ser enganado por um pedaço queijo.
Eu deveria aprender a não levar à serio todas estas lorotas, valorizar mais o meu tempo, falar de outras coisas mais interessantes, não ser aqui tão repetitivo, pessimista, desconfiado. 
Eu deveria tirar a roupa, ir pra cama e esquecer destes vendedores de sonhos que surgem em momentos oportunos e depois desaparecem no silencio. Acho que ganharia mais, assistindo o programa da Xuxa.

Exercícios da vida.

Ainda ontem eu e minha mãe convessavamos sobre pessoas que nos procuram  apenas por interesses pessoais, (e que não são por saudades da cor de nossos olhos, de saber como estamos  vivendo ou simplesmente por vontade  de estar em nossa companhia para uma converssa descompromissada de velhos amigos). 
Minha mãe tem pelo menos vinte anos vividos na minha frente e quem sabe o dobro de  surprezas e decepções vividas, que a deixaram tão pacificamente silenciosa diante de atitudes humanas interesseiras, que parecem se estender não só de hoje, mas desde que o mundo é mundo e escorrega em seus proprios conceitos duvidosos.
Minha mãe ainda é lucida, afetuosa, mas não esperançosa de que isto algum dia mude; Alimenta sua vida com sentimentos de gratidão e reconhecimento os poucos que a procuram numa atenção merecida, atraves de um simples alô, um recado, uma pequena visita saudosa.
Com o passar do tempo, percebemos que o numero de amigos verdadeiros e interessados pelo que somos e não pelo temos para oferecer, é inversamente proporcional ao numero de velinhas que se apaga a cada ano. Ela demonstra certa tranquilidade e absorção positiva destas lições que obteve da vida em que eu apenas estou começando a exercitar.

Caricaturas de revista em quadrinhos

A garota loira, logo que chegou em visita a o namorado, parecia ter dificuldades em ficar parada diante dele. De corpo franzino e quase sem seios, movimentava-se como se tentasse fazer charme  num excessivo conjunto de poses e trejeitos que a deixavam tão artificial como numa cena de novela mexicana. Por mais que se esforçasse em  alguns momentos transmitir seriedade, não era suficientemente convincente a quem a assistisse. Em seguida, começou a fazer elogios aos meus cabelos desalinhados e a cor dos meus olhos como se fossem de uma beleza incomum e utilizando-se de expressões anguladas e closes exagerados que pareciam caricaturas de revistas em quadrinhos. Será que queria provocar algum ciumes no namorado apaixonado, alem de deixar marcada a sua presença cênica tão volátil  como bolhinha de sabão a nós ali pesentes? 
Não parecia haver sinceridade ou verdade no que  falava. 
O namorado por sua vez parecia fascinado, envolvido naquela atmosfera de sedução que o preenchia de toda a masculinidade e desejos de um garoto que entra  tardiamente na faminta fase da puberdade.

Uma peça estraviada

Ontem vi o corpo de um paciente que fiquei babando pela perfeição e também penalizado por ter sido destruído por queimaduras com agua fervente. Não, não, antes que confundam o que estou dizendo, vou logo informando que não era tesão, mas admiração pela perfeita estética numa pessoa com meio século de idade, mantendo ainda traços tão definidos de juventude embora os cabelos grisalhos denunciassem outra realidade. O homem era do interior de Santa Cruz, dono de uma pequena industria artesanal de queijos e ajudava um vizinho na limpeza de um porco que havia sido morto para consumo. Não entendo bem como é feito este processo de limpeza do bicho, mas ele  me contou que havia um grande taxo de agua fervente, onde acidentalmente ele ao resvalar caiu  por cima, atingindo-lhe parte dos braços, pernas, costa e nádegas causando-lhe extensas queimaduras de segundo grau. A esposa que o acompanhava na ambulância embora com aquele sotaque interiorano, também era muito bonita e educada.  Sem más comparações, acho que tive aquela sensação lastimável de quando uma peça de um belo conjunto é extraviada.

Conceito simplório e porra-louca

Simploriamente falando, existem três grupos de pessoas: As boas, as  más e as que circulam entre  estas  aderindo ao seu carater, fragmentos personais da primeira e da segunda, distribuídas em maior ou menor proporção de maldade e bondade. O terceiro grupo, ainda sem um nome  definido, é composto de pessoas mais difíceis de serem identificados por nos confundir com o pluralismo de suas atitudes, muitas vezes camufladas de razões justificáveis. 
As boas possuem atitudes de bondade e são preocupadas com os problemas sociais de toda a  natureza, ajudam cegos a atravessarem ruas e fazem carinho em animais abandonados; Se emocionam com cenas de novela e acreditam que os problemas do mundo tem uma única saída, o amor.
Por outro lado, as más, não perdem tempo com esses assuntos e muito menos com  as outras pessoas, por que estão voltadas para o seu egoísmo e em particular o próprio rabo. São manipuladoras, egocêntricas, pretenciosas, desrespeitosas e adotam conceitos  discriminatorios  a tudo que vai contra a suas regras doentias de estética. Sim eu digo estética por que só enxergam o superficial, jamais a alma de qualquer coisa cuja forma é inimaginavel. São como o Marcelo Dourado do BBB-10 e o personagem Flora  da novela da Rede Globo, um construído in natura e o outro em laboratório da ficção.
A maioria dos que conheço, assim como eu, fazem parte do terceiro grupo mencionado e que divide opiniões, uma espécie de salgadinho embutido de um recheio de bondade e muitas pitadas de maldade aceitáveis pelo INMETRO; Nunca excessivamente bondosos, nem maldosamente letais; Sabores mesclados, porem toleráveis a todos os tubo digestivos e de facil absorção.

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TÔ PENSANDO QUE:

Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...