Verborréias

Durante o jantar de confraternização de fim de ano com pessoas de bons costumes, tudo ia perfeitamente suportável, até um pai de familia presente comentar o seguinte: 
-Os homossexuais existem entre nós e a gente nunca sabe quem é quem. Precisamos aceita-los por que daqui um  pouco, não nos damos com mais ninguém nesta vida e eles são gente boa!
O preconceito fica absolutamente claro, não só quando uma pessoa dessas abre a boca para vomitar um monte de asneiras acreditando estar dizendo uma grande verdade, mas quando os que estão a sua volta se silenciam com o nobre ar de quem  não se importa com o que está sendo dito, mas no fundo consentem e endossam calados estas verborréias.
Não pude me calar diante disto e antes que ele mudasse o foco do tema, enumerei uma lista de situações  morais negativas, que independe de genero, orientação sexual e cor de pele das pessoas  que vivem entre nós causando  todo o tipo de destruição nos conceitos de educação e moralidade; Ele entendeu ao que eu me referia. 
Quanto ao fato de aceitar os homossexuais para não se sentir isolado, resolvi me abster de  formalizar mais opinião para não  aumentar ainda  mais o caldo da sopa e estragar o prato principal da festa. 

Demarcando território

Cheguei em casa precisando fazer mudanças, mudanças visuais, estruturais, em alguns detalhes da minha casa. Trocar os moveis de posição, colocar cortinas nas janelas, pendurar quadros nas paredes, recompor todo o ambiente, mesmo sabendo dos transtornos que causariam estas mudanças em se tratando de um apartamento com pouco espaço. 
Já faz quase um ano que me mudei e ainda não pendurei os quadros nas paredes. Deixei-os amontoados num cantinho da sala com a espectativa futura de  estudar o local ideal e..., acabo esquecendo; Fico me perguntando quando encontrarei tempo e vontade de posiciona-los no devido lugar cada vez que os vejo. 
Me disseram que isto é um sinal de desapego, uma forma de prorrogar laços inibindo  possiveis afetos, uma vez que  imprimimos sentimentos e identidade aos objetos que adquirimos. Lembro de minha avó arrumando seu vaso de porcelana sobre a mesa da sala, quando alguém tirava-o do lugar ou colocava-o numa posição diferente, ela dizia que não era a sua mesa, voltando a reposiciona-lo como ela gostava que ficasse. -Aqui é o seu lugar, não gosto que ninguem mexa! -Dizia pra si mesma. 
Acho que somos animais parecidos  com os cachorros que demarcam territórios, eles dando mijadinhas pelos cantos da casa e nos ajeitando objetos que nos despertam emoções  e criam  nossos espaços de conforto pessoal. Eles devem ficar nos lugares escolhidos por nós, no angulo de nossas escolhas, ancorados numa complexa referencia pessoal e estética.
Hoje é Sábado e fui convidado à alguns compromissos que abri mão para ficar em casa. Preciso terminar o livro que iniciei ler e ainda não terminei. Tenho de me decidir sobre muitas coisas e inclusive sobre os quadros antes de começar a mijar pelos cantos da casa demarcando meus territórios. Antes de tudo preciso encontrar o local certo, o angulo perfeito, por que quadros não se coloca em qualquer lugar, precisa ser pensado antes de ser pendurado!..

O presente.

Enquanto houver Natais e fins de ano com festas de "amigo secreto", a vida será um inferno com direito a todos os transtornos de humor à beira de um ataque de nervos, foi o que pensei durante a tarde de hoje na cansativa missão de comprar o presente de minha amiga secreta, depois fui me harmonizando.
Bem, ela foi clara em suas sugestões: Cadeira de praia, chinelos numero 37, copos ou taças que não especificou se de vinho branco, tinto ou água. De qualquer forma, não era nenhuma destas opções que eu estava disposto a presenteá-la, já disse que acho as listas de sugestões limitadoras e queria algo mais personalizado, que se parecesse com ela, mas logo percebi da dificuldade que seria pois o preço estipulado pelo grupo em vinte reais, impossibilitava qualquer investimento mais apurado as sutilezas da criatividade e criatividade hoje é caro e requer maior disponibilidade de tempo e disposição que eu não tinha. Além destes dilemas, a tarde parecia das mais quentes e as lojas estavam tão cheias, que pareciam estarem distribuindo produtos de graça. Depois de vasculhar a primeira, a segunda, a terceira, a sexta loja, dei o braço à torcer. Vai os chinelos que encontrei na terceira com direito a troca se a presenteada não gostar. Retornei e fechei negocio.
Tem coisas que só acertamos quando não planejamos e surgem ao acaso, sem compromissos, sem pressa, sem indisposição. Espero que ela goste, por que eu fiquei na dúvida!..
No domingo à noite saberei!..

A propósito

Ontem encontrei o Clodoaldo na saída do hospital, sorrindo em minha direção.
-E esta forma de !..  -Disse referindo-se ao meu excesso de peso.
-De barril?, é  excesso de sexo!  - completei sorrindo.
-Sexo oral?  - Perguntou-me baixinho e depois gargalhou.
-Sim, não tenho habilidades com coisas duras, não sou traumatologista!  - finalizei também baixinho e gargalhando.
Mesmo parecendo um dialogo sarcástico e desrespeitosos, considerei  como um suing para estimular nossas testosteronas. Isto prova de que não é o que se diz que ofende, mas como se diz!

Sentença matemática

Alguém me cochichou no ouvido, que são as relações que movem o mundo, todas as relações num ciclo pessoal ou global e eu fiquei pensando que gosto desta palavra, embora toda a complexidade conceitual que me provoca cada vez que a ouço ou a pronuncio.
As relações pessoais vão se modificando com o passar do tempo e me causando surpresas que parecem não terem  explicações lógicas. Talves tenham mas eu não tenho saco pra pensar nisto agora.
Será que tudo é um jogo do tipo: Causa e consequencia?..
A única certeza que tenho é que (1+1 não é = 2), se fosse explicaria a razão de pessoas que estavam a quem de minhas verdades perecerem tão próximas, ao contrario das que estavam tão próximas se manterem tão distantes.

Feliz Aniversario

Há algum tempo atrás eu e colegas nos reuníamos para elaborar um relatório de  insatisfações e reivindicar algumas mudanças no sistema de trabalho em que ate hoje atuo e que acreditávamos resultaria na melhora das relações humanas e no desempenho do serviço prestado à  sociedade. Nesta planilha de reivindicações a solicitação que mais almejávamos era a humanização por parte do serviço, o que significava respeito e  tratamento digno e por acreditar-mos que estas coisas deveriam iniciarem-se de cima pra baixo e de dentro  pra fora no ambiente de trabalho. Contestavamos  atitudes imperalistas que nos submetiam a um trabalho quase desumano, onde eramos subjugados  e desvalorizados como profissionais, tornando-nos cada vez mais desmotivados e insatisfeitos. Incansaveis encontros e reuniões foram feitas, sem que nada mudasse, criando-se cada vez mais uma lacuna divisora maior  e limosidades entre os que atuam na linha de frente e os que ficam atrás de mesas tomando decisões. Quinze anos já se passaram, gerentes, responsáveis técnicos e chefes diversos também.   Muitos desses colegas engajados nesta luta, se aposentaram, morreram, cansaram, desistiram. Desejávamos  mudanças simples que nunca foram dada a devida atenção e provando que cada regra nova que surgia, serviam apenas de facilitador a politicas internas que favoreciam somente à pequenos grupos da elite e que nestas ultimas semanas de novembro, comemoraram quinze anos de existência e conquistas. 

COLEGA SECRETO

Chegou Dezembro, Natal, festas de fim de ano, sorteio  de amigo, (colega secreto), êita coisinha mais impessoal, sortear o nome de uma pessoa que será o seu amigo secreto e cuja a finalidade deveria ser outra coisa e não a imposição de uma troca de presentes que engorda os bolsos do consumo comercial e que no final, nem sempre agrada quem de fato interessa. 
Depois tem aquela lista de sugestões de presentes,  que eu chamo de limitador  da criatividade e que normalmente não foge de uma cadeira de praia, um chinelo Havaiana ou um Kinder Ovo com uma surpresa  muy interessante. 
Por que as pessoas não se encorajam a modificar estas repetitivas atitudes? Parece que   se importam  em ganhar e  participarem deste jogo que é mais um mediador na politica da boa vizinhança, do que uma atitude natural e carinhosa do tipo: "Olha lembrei de você!". Mas lembrei mesmo.
Eu particularmente curto mais dar, do que receber e preciso parar de beber tanto café e não ser tão crítico.

Politicamente correta?

Eu não acompanho as novelas das 18horas, das 19horas e também das 21horas, mas desde que comecei a pegar alguns pedaços de Passione, naqueles momentos que não se tem mais nada para ver na TV, algumas cenas do personagem Gerson, mostrando-se tenso, desesperado e cheio de culpas, tentando esconder um grande segredo, me chamou a atenção.
Eu poderia apostar que se tratava de um caso de pedofilia ou homossexualidade, só não sabia de que forma a Globo conduziria este assunto. Na verdade não conduziu. Resolveu criar desculpas esfarrapadas, ou melhor, fazer remendos que não convenceu nem a mãe do Badanha, quanto mais ao telespectador. A emissora sempre cuidadosa com assuntos polêmicos, preferiu como na maioria das vezes, posicionar-se em cima do muro e sair pela tangente. 
Será que alguém já esqueceu do beijo entre os personagens (Júnior), de Bruno Gagliasso, (e Zeca), Eron Cordeiro na novela América, tão esperado pelos telespectadores e que nunca aconteceu?

Vaga para heróis.

Ontem a tarde, durante o plantão, fui procurado por um jovem que me fez lembrar daqueles personagens de desenhos animados de ficção da TV. Ele vestia uma bermuda  verde  estilo militar, tenis e um cinto "mil utilidades" preso por  tiras no meio da coxa, lembrando do personagem Falcon, voces lembram? Até a barba era meio parecida.
O cara estava à minha procura, dizendo-se em busca de informações sobre cursos para trabalhar na area de emergencia e que um dia me encontrou na rua, durante um atendimento e que eu o havia prometido de lhe dar informações à respeito. Eu particularmente não lembrava disto, não lembrava nem mesmo dele com seus quase dois metros de altura e olhar de quem corre atraz de sonhos e emoções.
Enquanto converssavamos, percebí sua empolgação pelo tipo de trabalho que prestavamos e sua ansiedade em buscar informações sobre tudo, como nossa atuação, funcionamento geral do serviço e os equipamentos que compunham a ambulância. Dizia-se ter nascido para  isto, que considerava um trabalho  de muita adrenalina e que estava em busca destas emoções que lhe faziam bem, permitindo-o ser um ser humano melhor. Gostava de estar envolvido nestas situações de risco que envolvem pessoas quebradas, mutiladas e que dependiam de sua ação para sobreviverem, que se sentia desmotivado e acreditava ser este o seu  caminho.
Algumas pessoas como ele, me passam a sensação de ultrapassarem a barreira da realidade para uma ficção particular, buscando emoções pessoais como se a vida fosse um empolgante jogo de vídeo game, um Set de filmagens do Sylvester Stallone, em que no final tudo dá certo  conforme planejado sem ingratas surprezas e percalços. Parecem à procura de uma vaga de herói onde acreditam que atuarão com  a mais perfeita maestria, sem erros, dificuldades e impasses do sistema burocratico a que estamos submetidos. A realidade  me parece bem diferente do que ele sonhava e eu não quis ragar seus projetos e  lhe passei algumas informações que achei necessarias.

*base: local de onde saem as ambulancias para os atendimentos.

ÁREAS DE RISCO.

Lendo em algum blog, sobre  essas particularidades que encontramos em alguns lugares atingidos por acidentes naturais, lembrei de minha visita à Valparaíso no Chile e o quanto  me surpreendi com  algumas particularidades da cultura local. Alguns detalhes parecem surrealistas, como esta placa posicionada na beira da praia, no Pacifico e que seus frequentadores nem davam atenção. Parecia  tudo tão normal, que isto não os impediam de entrar na água gelada e tomarem seu banho na mais tranquila paz e alegria. Mas eu em particular, fiquei impressionado e temeroso.


Algumas semanas mais tarde quando já estava em  casa ocorreu o ultimo terremoto no Chile, onde um tsunami destruiu alguns lugares que visitei e pelo que soube, nada sobrou dos prédios construídos naquela costa marítima. O mesmo aconteceu quando estava num restaurante em Cusco no Peru e percebi este outro aviso, fixado sobre uma coluna reforçada que cruzava sobre  a minha cabeça, enquanto almoçava.

 

No nosso país, a paz com relação a  acidentes naturais, sempre reinou, embora não devemos  nos esquecer do furacão Catarina, secas no norte e nordeste, enchentes, e desmoronamentos  causados pelo excesso da chuvas responsabilizando o aquecimento global e o crescimento desenfreado das cidades; Mas agora, em particular no Rio de Janeiro, embora tudo que vem acontecendo nada tem haver  com acidentes naturais, é inacreditável vê-lo transformado numa praça de combate onde circulam tanques de guerra, policia armada, ambulâncias e o desespero dos moradores como é transmitido pela TV.
Quando falo em cultura, não me refiro a manifestações artísticas sociais, (como musica, teatro, dança, língua escrita, mitos, etc.), mas as situações que motivam alterações comportamentais por se tornarem tão comum a o dia à dia das pessoas, que passam a fazer parte da historia de um lugar e de seu povo, modificando de fato suas atitudes. Espero que as incidências geradas nesta ultima semana no Rio, não se transforme em algo cultural e mais tarde seja colocada alguma placa informando: "Atenção - área de risco - traficantes no local.". Ou já existe?...

Pequenas atitudes que fazem falta.

Depois que retornei da festa, tirei a roupa e sentei na cama, sentindo-me faltar algo. Após alguns minutos percebi do que se tratava. Na minha família, em particular alguns membros dela, tem o habito de quando um amigo, conhecido ou mesmo um parente retorna  para sua  casa, depois de uma visita,  ligar para ele a fim de constatar se ele chegou bem, sem nenhuma intercorrencia no trajeto. 
Esta atitude que sempre considerei uma forma não de preocupação, mas de atenção e carinho, às vezes sinto falta.

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Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...