Eu achava que não era sonho. Eu acreditava que era real e podia ouvir o cavalgar veloz do cavalo negro pelo corredor estreito do pátio de casa durante a madrugada. Era fascinante e assustador. Eu apertava meu corpo contra as paredes da casa, de olhos bem fechados para que ele não me atropelasse e daí eu morreria. Eu sentia o seu cheiro e o vapor que saia de sua boca. Eu nunca acreditei que fosse sonho, sempre pensei que fosse real e até hoje tenho esta dúvida do que de fato acontecia!..
COMO SE FOSSE..
Me acordei cedo para trabalhar sentindo-me tão normal, equilibrado, envolvido nestes conceitos de aceitabilidade para com as coisas que normalmente me ponho contra e me rebelo. Então me veio a letra de uma musica do Fagner na cabeça que ficou presa em mim quase que o dia todo. Nada a ver com que eu sentia, mas ela ficava ali dentro de mim repetitiva, como ave saltando, como se eu buscasse energia para conquistar as estrelas.
"De azul carinho Vi a noite pintada Fosse alegre como ave soltando Fosse triste como ser virgem Fosse linda como a conquista Das estrelas, das estrelas De azul carinho Veio o desenho pintado Jeito de amar desesperado Mais chorando que vivido Como se vivê-la fosse não vê-la."
Fagner/Capinan
Sonrisal na agua
Hoje fui ao teu encontro pensando te achar como ontem, para diminuir minha raiva, pra deitar a cabeça no teu colo e ficar quieto, sem pensar em nada, sem dizer nada, apenas me manter em silencio. Sinto distanciar-me de tudo, afastar-me não sei pra onde, desaparecendo, sumindo, partindo, efervecendo-me como Sonrisal na agua!
FALE COM ELA.
Assisti nesta semana o filme de Almodóvar, Fale com ela e me perguntei pôr que não o tinha assistido antes. Tem perguntas que não temos respostas, assim como presentes que sem razão, deixamos escapar pôr entre os dedos pôr pura desatenção, acho que foi isto que aconteceu. Desatenção, nada mais explica!
O filme é maravilhoso, um convite ao espectador entrar dentro do universo humano feminino e conhece-lo sem esperar retorno imediato pois o ganho vem de si mesmo., no silencio, no amor. Almodovar esmiuça o universo masculino feito de sentimentos como solidão, desamparo e renúncia amorosa. Para perscrustá-lo, inverte alguns sinais e dá a seus dois protagonistas características femininas.
Marco não só é sensível ao extremo e chora pôr situações que qualquer outro homem habitualmente não choraria, como Benigno, que parece ser efeminado ou mesmo assexuado. Explora magnificamente a incomunicabilidade nas relações, o dar e sentir sem a possibilidade de retorno. Você pode estar se perguntando o que pode haver de surpreende e polêmico em um filme onde duas mulheres estão em coma e dois homens trocam experiências sobre a vida, acredite, nas mãos de Almodóvar muita coisa.
Fale com ela conta ainda com uma participação especial de Caetano Veloso, que tem sua música (cucurrucucu paloma) inserida no filme de forma apaixonante, e ainda numa cena de toureada magnifica, Elis Regina empresta sua voz na musica "Por toda a minha vida"- de Tom Jobim. Sem me estender muito, aconselho a não fazer como eu de ficar tanto tempo sem assistir o filme. Surpreenda-se!
...Engrenando...
Depois de um dia de trabalho:
- Futebol de salão e gritos da torcida no club.
- Duas cervejas Bock bem geladas.
- Vaca atolada entre colegas alegres.
- Um chá quente e amargo para evitar a azia.
- Almadovar ao chegar em casa.
Vou tentar dormir para um novo dia de trabalho!..
Cores de Almodovar e Frida Kahlo
Acordei pensando em quanto necessita-se para ser feliz. Muito.., pouco.., muito pouco ou apenas pouco de muito que exigimos?.. Então desisti de pensar nisto, tomei o rumo da rua e me fui em busca de um objetivo. O objetivo naquele momento era encontrar uma locadora nas redondezas do qual pudesse pegar um filme e assistir tranquilo na cama enquanto a chuvinha enssoça persistia em cair. Talvés um vinho?... Não!, vinho já bebi ontem depois que todos sairam!.. Viver sozinho parece te dar uma dimensão maior de liberdade que percebi ser falsa, uma média amplitude do que fazer em prol de si mesmo nos dias de folga, nos dias em que não se está muito afim de abraçar obrigações necessárias e rotineiras. Daí, surge a perspectiva de estar a deriva num grande mar de possibilidades e ainda em duvidas pra onde se jogar... A única locadora aqui perto, porém longe, estava fechada, sobrou-me então olhar a vida, as pessoas caminhando caladas pelas calçadas molhadas, as árvores, as praças, a chuva, as cores, as canções que surgem na cabeça.
É, e eu percebi que precisava de muito, muito mais coisas neste momento para estar feliz!
"Eu ando pelo mundo prestando atenção em cores que não sei o nome, cores de Almodovar, cores de Frida Kahlo, cores..." - *Adriana Calcanhoto.
É, e eu percebi que precisava de muito, muito mais coisas neste momento para estar feliz!
"Eu ando pelo mundo prestando atenção em cores que não sei o nome, cores de Almodovar, cores de Frida Kahlo, cores..." - *Adriana Calcanhoto.
Vinho, pinhão, amendoim torrado
Agora que todos se foram, abro a janela e observo a lua escondida entre nuvens., (parece que esta janela virou uma espécie de altar dos meus rituais intimistas!). Bebo uma taça de vinho que ganhei hoje e então sorvo-a com vontade como se engolisse a vida, absorvo-me em mim mesmo, na intimidade de meus pensamentos, na loucura que navego sem pesares. Todos já se foram mas ainda percebo suas presenças, seus cheiros, a energia desprendida de seus corpos, seus movimentos pela casa. Todos já se foram mas parece que ainda estão por aqui invisíveis, marcando alguma tipo de presença que não vejo, mas sinto vagar no ar. Deixaram suas almas que mais tarde baterão minha porta e irão a procura de seus corpos, que sairam antes. Presentearam-me delicadamente com vinho, pinhão e amendoim torrado.
Areia movediça
Começamos a nos encontrar com uma certa frequência e isto não me fazia mal até eu perguntar-me sobre os por quês. Disse-me que algumas situações semelhantes em nossa infância provocou esta atração de amizade, este reconhecimento interior que nos aproximou a ponto de termos tantas coisas para dizer um ao outro. Mas será que temos mesmo o que dizer um ao outro, será que isto é verdadeiro? Não me sinto suficientemente confiante, aberto para recebe-lo como talvez ele esperasse que eu fosse. Pôr vezes penso estar pisando em areia movediça e então me disponibilizo pela metade, me ponho em alerta como um guardião esperando o momento de afastar ou eliminar a fera do meu espaço.
Conjugar o verbo morrer
Eu sei, tu sabes e acho que todo mundo sabe que um dia iremos morrer embora seja difícil conjugar este verbo no "nosso tempo" e de que forma acontecerá. Abandonaremos esta carcaça velha e partiremos para algum lugar com nossa alma, espírito ou sei lá como chamar, intacto, jovem, como se nenhuma alteração tivesse sofrido com o decorrer do tempo, ao contrario do nosso corpo que vem perecendo dia após dia. Mas fico pensando também, que se depois de mortos, não tivermos mais esta consciência dos dias em que vivemos por aqui, na terra, perderemos toda a referência, as lembranças boas e más, os amores, os amigos e aí que graça tem?... É como ganhar o prêmio Nobel sem nunca sabermos que ganhamos, ser reconhecido por algo somente depois de morto, como os pintores do século passado que nunca souberam que viraram gênios de suas obras. Será que o premio final é isto, a inconciência de tudo que somos e que vivemos? Ontem à noite quando atendi um homem atropelado na avenida e percebi que não havia mais vida naquele corpo, jogado sobre uma poça de sangue e que uma de suas pernas fora amputada e arremessada do outro lado da calçada, percebi também a fragilidade das coisas e a rapidez com que se transformam em outras. Ali estirado, não parecia ser gente, era um pedaço de carne ensanguentada e imóvel. Cobri seu corpo com um lençol e afastei-me repetindo pra mim mesmo que era um homem e que talvés nem percebera que havia chegado a sua hora.
De mãos dadas
Vi na rua uma idosa com a expressão preocupada segurando a mão de um menino que carregava uma bola. Ele tinha o olhar inocente e perdido. Esta cena comum fez-me lembrar de minha avó que dizia proteger-me do mundo e das maldades da vida. Hoje eu sei que ela protegia-me inclusive de mim mesmo.
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