BOTECO DO SARDELA

Esta manhã, depois da maratona nos bancos, sentei-me a sombra de um pé de Cinamomo em frente de um boteco no bairro Jardim Botânico. Parecia não estar com fome e então bebi uma deliciosa cerveja gelada, enquanto olhava os carros passarem pela rua. Lembrei -me que hoje é sexta-feira e não planejei o que fazer durante a noite. Talvez queira ficar em casa, olhar televisão, ou ouvir o antigo cd de Fagner que a meses não ouço. Lembrei -me também que a dias atráz estava no Rio, apreciando um delicioso prato de peixe frito com pedaços de limão e um vidro de pimenta para enriquecer o sabor, no boteco do Sardela em Xerém, na Mantiqueira. Este boteco, sobrevive a mais de trinta anos, administrado por uma família que mora na localidade e sua especialidade é o peixe frito na hora. Você entra, escolhe os peixes que deseja comer e é só esperar pela fritada. Os peixes custam entre R$2,50 à R$4,00 a unidade e medem em torno de 15 à 18 cm. Não são pesados. No dia em que estive por lá haviam quatro variedades. Os mais gostosos evidentemente são os de R$4,00 que não lembro o nome. O boteco do Sardela ganhou minha simpatia também pela simplicidade de seus administradores. Sem isto, acho que nenhum négocio sobrevive.

Opiniões

Custa um bocado de tempo para perceber-se que não temos o poder de mudar as pessoas conforme nossos desejos e consequentemente suas atitudes de acordo com nossas expectativas emocionais. 
Levará um pouco de tempo até percebermos que também somos difíceis de sermos mudados e que não se projeta sonhos tendo as pessoas como pano de fundo. O ideal não é o que se busca, mas o que se ganha e assim aproveitar o que de bom podemos receber. 
Evidentemente os insanos, maldosos e de má índole estão de fora! Fiquei olhando dentro dos olhos negros e brilhantes de minha amiga enquanto ela me revelava sua opinião e caminhava apressadamente na sala onde trabalhava.
Afinal entre tantos erros e acertos, haverá os que nos derrubam e os que nos jogam para cima e isto é que nos faz crescer e dar os primeiros passos para nossa real mudança. Mudança forçada por nós mesmo, adaptada as nossas necessidades e não a dos outros!

A chuva de hoje

Quase no final do plantão, caiu uma chuva fininha e gelada para vingar-se dos dias cansativos e quentes da semana. Fiquei sentado no banco distante do terminal sentido-a cair sobre o meu corpo suado e minha cabeça, escorrer pelo rosto. Lambe-la no canto da boca, vê-la bater no basalto da calçada e formar pequenas poças rasas, iluminadas. 
Pensei em ficar ali até encharcar-me e perder a noção do tempo, até nascer de novo, RENASCER... Depois encontrar amigos saudosos para gargalhar e beber cerveja gelada, contar histórias já contadas, as mais belas já ouvidas e sem presa nenhuma de voltar pra casa.

Máscaras

Algumas pessoas podem ter mais rostos que o habitual, mais rostos do que aquele que conheço ou talvez penso conhecer. 
Isto do que falo deve ser máscaras, mentira, fantasias ou delirio meu?
Os rostos podem ser de minha imaginação, ou realmente existem? 
Quero dizer: Existem varios rostos ou é minha criação, paranóia? 
Quem os criou, eu ou as pessoas donas destes rostos? 
São rostos confeccionados para o teatro? 
Para a vida?
Para a história?
A vida é teatro, é ilusão, é mentira?
Hoje acordei tão cedo que ainda era noite, mas aos poucos a claridade do dia começou a nascer sobre os altos morros de mata nativa, na distante pedra da Congonha que antes não conhecia. Aqui em Xerém, tudo parece ser diferente do resto do Rio, o Rio que se vê, o Rio que se imagina. Ritmos, hábitos das pessoas, clima. O churrasco carióca de ontem estava ótimo e proporcionou o encontro de novos amigos. Estranho estes hábitos tão diferentes, das pessoas simples e sorridentes deste lugar.

Hoje

Acordei cedo sentindo uma pequena brisa soprar sobre o meu corpo. Hoje é o dia da viagem e ainda não preparei minha bagagem. Folhas ainda verdes de mangericão estavam espalhadas sobre minha cama e no chão quando levantei. Lembrei-me de tê-las espalhado por todo o quarto antes de dormir. Motivo? Não sei. Mas o aroma que se fez no ambiente possibilitou-me um sono tranquilo e com cheiro de natureza. Voar sempre me desestabiliza até por o pé em terra firme. A voz de Ana Carolina está presa em minha cabeça desde ontem e acho que ficará até eu chegar a noite no Rio:
... Não dá pra ocultar.
Algo preso quer sair do meu olhar
Atravessar montanhas e te alcançar
Tocar o seu olhar
Te fazer enxergar e se enxergar em mim
Aqui...

Bangalô


Com alguma frequência passo em frente deste bangalô numa vila de Porto Alegre e fico admirando seus detalhes simples e de bom gosto. Feito todo de material de demolição no pé de um morro, percebo alguns detalhes inacabados. Algo nele, desperta em mim tímidas expectativas futuras. Instiga desejos perdidos mas ainda não amadurecidos. Fico apenas namorando-o enfeitiçado por sua delicadeza.

Férias

As manhãs tem sido calmas por aqui e acordo antes que a claridade me fira os olhos. A brisa entra pela janela da sala, do quarto, na area de serviço. De noite, o ensaio de uma chuva que não acontece, somente ralos pingos que logo desaparecem mas deixam essa pequena brisa até o outro dia que nasce. Existe um silencio neste clima, que acalma e repõe as energias dos dias anteriores quentes e abafados. Tenho planos de viagem que ainda não sairam dos planos. Devo motivar a ação. Iniciou meus raros dias de férias e ainda não sei onde ir, o que fazer...

O maior sorvete do mundo.

Magnólia sente dor, frio, cansaço, sangue escorrendo pela vagina. Músculos que se contraem e as vezes rasgam-lhe o peito em pequenas punhaladas que ferem mas não matam. Olheiras cavadas de quem dorme pouco, mas sonha muito. Acordada tem os olhos fechados. Brinca de cabra-cega ou roleta russa? Tem presságios que geram-lhe preocupação. Largas gargalhadas e ás vezes escasso sorriso. Desventuras, planos feitos, refeitos, desfeitos.
É possível brincar de viver, pular em nuvens, alçar voo?
O que está errado? Mostre-me o caminho possível. Mostre a vida real, a que não inventastes em sonhos.
Flocos brancos e densos cruzam pela janela em direção sul, laçaria um pedaço para te presentear no Natal. Derramaria molho de chocolate transformando-o num grande sorvete, o maior do mundo que eu pudesse te dar.

Lua cheia

Ontem a lua estava magnificamente grande e presa entre dois postes de alta tensão sobre o morro. Tinha uma cor clara sobre o céu ainda dia, que aos poucos foi se modificando para um amarelo forte e alterando sua posição quando caiu a noite. Da janela, Alba e eu ficamos adimirando-a até ela sair completamente do nosso campo de visão.

O baile à fantasias

Quando abri meus olhos eu estava no meio do salão onde sabidamente se daria o baile. A medida em que seus participantes chegavam, com seus trajes exóticos e expressão de alegria, percebi que se tratava de um baile à fantasias. Todos sorriam e falavam em vários idiomas do qual eu conseguia entender com facilidade. Movimentavam-se pelo grande espaço como se deslizassem sobre patins escondidos sob os longos vestidos e capas que arrastavam pelo chão espelhado. Musica, brilho, mistura de aromas me causavam curiosidade e estranheza.
_Isto não é um baile como aparenta ser, mas um encontro de cunho politico!_Disse-me Frida sorrindo e abraçando-me. _Viemos aqui restituir o que nos é de direito. Restabelecer contatos e avaliar intenções!
Olhei-a com surpresa enquanto continuava a falar:
_Minha casa está quase pronta e seus móveis serão de papelão por que tudo deve ser reciclado, inclusive eu. Aos cinquenta, tudo pode se transformar em papelão.
Frida girou elegantemente diante de mim, ensaiando uns passos de dança e então se afastou em direcção da janela alçando voo para o infinito.
Em seguida acordei-me assustado, deitado sobre a cama.

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Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...