São impressionantes os erros de comunicação que se criam entre as pessoas e porque não dizer de interpretação. Não temos ainda o poder de sabermos o momento certo de estender a mão ou de recolhê-la quando se faz necessário. De falar e de calar-se. De olhar para dentro do outro e saber do que necessita qual sua urgência maior. Como proceder para minimizar sua dor e acrescentar-lhe o que falta? Obviamente precisamos uns dos outros em vários momentos da nossa vida e daí vale a regra de uma mão lava a outra, porem cria-se circunstancias em que precisamos ficar só, sem mimos, sem o ombro amigo para encostar-mos a cabeça. Queremos ficar só, com nossas angustias, com nossas faltas de respostas. Precisamos respirar. Precisamos apenas de nossa própria companhia. Sem suportes externos. A ajuda se torna imprópria, desagregada. Necessitamos apenas de silencio para o consenso de nossa dor.



Mas,...dia desses, era imperativo que eu falasse com alguém.
Dirigia pelas ruas da cidade, como se não estivesse ali sentado atrás do volante, dividia-me entre os cuidados que se deve ter com o transito violento e as nuvens vagas do meu cérebro sem uma direção linear. Não me sentia presente em mim mesmo, dentro do meu corpo, da minha vida. Necessitava ver alguém mesmo que fosse o vizinho mal humorado do andar de cima, ou um estranho simpático que me emprestasse o ombro para que eu chorasse compulsivamente como uma criança perdida...


*Depois passou este meu estágio de crescimento, onde parece que tudo doi!..mas para melhor...
No final voce se acostuma.
Descobre que nada é facil, mas também não é impossivel.
Percebe que não tem luz no final do tunel.
Voce é que tem de acender sua própria luz e iluminar-se para poder preseguir, criar, reinventar-se...

Acordar é sempre a constatação lógica de que se está vivo e para se estar vivo é necessário ordenar regras básicas que transformamos em rotinas para nossa habitual sobrevivência.
Por isso, logo que acordei, não fui tão inoportuno como normalmente sou. Acho que a cada dia que passa, observo e me conscientizo da necessidade que temos desses hábitos e obrigações comuns que por vezes nos deixa de dentes cerrados, desanimados, quase afundados. Nos sentindo absolutamente comuns.
Deitar, dormir, insônia, acordar. Preparar o café, lavar louças, roupas, preparar o almoço. Abrir a caixa de correio, ler e'mails enfrentar fila de bancos, de supermercados. Atender o telefone, dar desculpas esfarradas. O jeito pra tudo isto é fazer um pacto de conciliação, fazer tudo com um pouco de alegria, tentar injetar algum tipo de prazer e sair cantando como se tudo fosse festa, uma celebração.


Esta noite uma energia se apossou de mim. Perdi o sono e não consegui dormir. Resolvi deitar-me com a janela aberta para que o vento que sopra la fora entrasse com sua força, sua energia sobre mim.
Astuciosamente em minha alma.
A chuva chegou por aqui pela manhã, devagar, com aquele geito de quem não tem pressa de cessar, mas trouxe consigo aquele cheiro de verde, de terra molhada do quintal da infância, de bolinho de milho frito no café da tarde, de pinhão assado na chapa do fogão a lenha, do fazer amor no meio da tarde.
Tem dias em que a natureza transgride nossas emoções de forma a nos silenciar, a nos fazer lembrar de coisas que nos marcou para a toda vida.
As vezes me pego falando coisas absurdas.
Acho que sou um pouco absurdo.
Com idéias absurdas, sentimentos absolutamente absurdos!...
Tô aqui junto de meu filho, esta relação forte que me passa coragem, que faz com que eu acredite piamente que afeto e amizade podem andar de mãos dadas e crescerem juntas. Ficamos falando sobre sonhos, preguiça, relações que se acabam, outras que se iniciam, namoradas, caminhadas, banhos de chuva e viagens paradisiacas sob o som de um ragee especial.
Ontem disse para um amigo, que talvez não me casasse de novo.
Este consórcio é por vezes doloroso demais. Mas também concordamos que o preço de estar só nos obriga a acordos que pensamos ser eternamente favoráveis a felicidade e a satisfação pessoal.
Daí, fizemos novas alianças, acreditando que desta vez vai dar certo.
As vezes dá. Para os que não dá certo o que sobra de tudo isto, são as lembranças do que foi bom e os filhos que serão eternos enquanto vôce estiver por aqui para ama-los de verdade.
Pois é:
Fui pela estrada...

Mãe, filho, irmã, sobrinhos.
Dunas Altas, mar, farol, Solidão.
Em Solidão pode-se achar um geito ser feliz.
Rir de tudo, contar piadas, falar do que tem vontade.
Se calar despreocupadamente quando é necessário ficar calado.
Nesta pirâmide de acontecimentos o que vale a pena é não ficar sozinho.

Amanhã relax.
Sem strees.
Sal e sol sobre minha cabeça, sobre meu corpo.
Areia nos pés.
Ativar chacras.
Desobedecer regras pessoais.
Restaurar energias.
Recarregar baterias sem cargas.
Renovar forças.
Saborear as ondas.
Dar um tempo, mesmo que curto.

Debruçado sobre a janela, devoro uma manga doce e grande. Sinto agora o vento noturno que sopra forte na minha cara e congela meus dentes. Tenho somente a visão da parede branca a minha frente. Esta parede é um iceberg de concreto que isola o horizonte ali na esquina. Vejo também a lua, quase apagada, envolvida sob nuvens. Lua tímida, testemunha dos vagantes, dos sem sono. Tenho um apetite voraz e preciso devorar outras coisas que não sei bem o que é... Mas sei que é uma fome que vem da alma e me deixa inquieto.

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Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...