TELE DOMINGO E A CONSTRUÇÃO SINISTRA.

Assisti ao programa 'Tele domingo' de ontem- 06/11- na RBS TV, depois do 'Fantástico' e que trouxe num de seus blocos de reportagens, informações desmitificadoras sobre o prédio sinistro localizado na RS 020 em Taquara, nas proximidades do vilarejo chamado Parobé, com esculturas de gárgulas na entrada principal e paisagismo exótico, como pedras e cactus e que causa tanta curiosidade quanto medo nas pessoas que por aquela região cruzam normalmente de carro. Eu postei alguma coisa  aqui no blog com titulo de..."De Olhos bem Fechados". descrevendo minha impressão sobre o lugar, nas inumeras vezes que subi a serra, por Taquara.
A reportagem realizada pela RBS-TV e apresentada por Túlio Milman e Regina Lima, da qual eu achei pouco convincente e fraca, foi feita com tomadas tão rápidas e fragmentada do ambiente e de alguns funcionários dando entrevistas que pareciam treinados para dar informações marcadas, decoradas. Mostrou que nada de anormal existe naquele lugar, a não ser a sua arquitetura extravagante e pouco convencional aos prédios que habitualmente conhecemos e que nada passa de uma inocente fábrica de acessórios para piscina, alem da fértil imaginação de alguns viajantes que por ali passam. Puxa eu não pensei que fossem dar uma explicação tão simples numa reportagem tão fraca. Outra coisa que eu não entendi na matéria apresentada, foi a entrevista dada pelo pároco da região, que nada serviu para elucidar qualquer dúvida à respeito daquele lugar. Tudo foi tão opaco, que não garantiu bons esclarecimentos, pelo menos pra mim.

VOCÊ CONHECEU O CINEMA MIRAMAR?

Arquivo da Familia Pegorini

Não tem como passar na Avenida Aparício Borges 2730, para quem viveu nas décadas de 50 à 80 e deixar de lembrar do Cinema Miramar, quase esquina com a Avenida Bento Gonçalves, no Partenon, hoje ocupado por uma filial das Lojas Colombo. 
O Cinema foi inaugurado em Outubro de 1952 e considerado um marco para o bairro, cujos os moradores diziam ser muito triste antes de seu funcionamento, pela falta de opções de lazer à noite. Os moradores precisavam deslocarem-se para o centro da cidade, ou para outros bairros de vida social mais intensa para buscarem este tipo de entretenimento cultural. 

O Miramar, como outros cinemas de bairro, não trazia para suas telas filmes nacionais de grande importância social, cultural e politico, uma vez que tinham de concorrer com as grandes produções estrangeiras que davam lucro fácil e completamente fora da nossa realidade. Era de maior interesse das classes menos favorecidas e desinformadas sonhar com a irrealidade do cinema, além do próprio governo, em manter esta condição inatingível. Existia na sala de espera uma cabeça de índio esculpida e o comentário de alguns frequentadores orgulhosos, de que era a sala de cinema mais moderna da capital, com cerca de 1.400 assentos de madeira. O Miramar resistiu por 30 anos até entrar em decadência sistematicamente como outras salas de cinema de bairros, fechando suas portas em Fevereiro 1982. 


Um dos filmes que me marcou, quando frequentava a sala do Miramar foi: "Toda A Nudez Será Castigada" de Arnaldo Jabor em 1973, que num apanhado geral falava da hipocrisia das famílias tradicionais. A censura da época achou o filme IMORAL e tentou proibir o seu lançamento, mas como tinha ganho prêmios internacionais, acabou sendo liberado com alguns cortes. 

Pão com Margarina Primor

Saí cansado, mas muito cansado depois de um plantão agitado de 24 horas. Sabendo que não dormiria logo que chegasse em casa, pensei numa xícara de café com... Vim observando, pelo caminho, a possibilidade de alguma padaria aberta, mas que nada, todas ainda fechadas às 7:30 da manhã. Isto não existe mais! pensei comigo. Padaria aberta aos Domingos- cedo, enquanto se aguarda com impaciência a primeira ou segunda fornada de pães de meio quilo, ou de um quarto de quilo, quentinhos, cheirosos, pra se abrir com a mão e esparramar um tablete de margarina Primor e comer ali mesmo na calçada, no friozinho da manhã, já era!.. 
Existia uma Padaria perto do Cinema Miramar, que abria aos fins de semanas e às 5:30 já havia pão quentinho, que se comprava por uma janela gradeada com alguns centavos de moeda. Hoje não se tem mais, nem a garantia de são feitos na hora.

Bienal em PoA

Hoje, dia ensolarado, bares cheios,  pessoas sentadas em volta das mesas nas calçadas, eu e duas amigas fomos dar uma olhada na Feira do Livro na Praça da Alfândega, que estava impossível de se visitar pelo congestionamento de pessoas, impossibilitando qualquer aproximação dos estandes. Depois fomos dar um role até a Bienal instalada nos armazéns do Cais do Porto, igualmente intransitável e com  deficiente sinalização. 
Mas o que mais me incomoda nestes eventos realizados em Porto Alegre, não é só a multidão de pessoas que tem por hábito caminhar a esmo, ou serem conduzidos pelo fluxo cego da multidão, mas o despreparo dos funcionários para anfitrionar os visitantes nestes eventos, mostrando-se igualmente vagos, perdidos no tempo e espaço e com aquela expressão "Mas o que eu estou fazendo aqui?". 
A praça de alimentação, então nem se fala; Atendimento confuso, opções restritas, filas intermináveis, mesas mal distribuídas e sujas, com presos fora da realidade e clientes sem saco. Eu me pergunto o que falta para um gerenciamento mais organizado nestes eventos em PoA.
Quanto a Bienal em si, que este ano trouxe como proposta a apresentação de obras que refletem a noção de território à partir das perspectivas geográficas, políticas e culturais, me pareceu vaga na apresentação de trabalhos expostos, de modo a não sintetizar uma comunicação, sensitiva e clara com o tema. Pelo menos pra mim, pareceu faltar algo.

Marinheiro de primeira viagem.

Eu relutei em contar para vocês que em matéria de organização, sou um zero à esquerda e que quando acumulo mais de uma tarefa para fazer ao mesmo tempo e com algum grau- mesmo que médio- de dificuldade, fico divagando em coisas de menos importância, até perder o tino e receber o troféu de "Boca aberta do ano". Desta forma eu preciso respirar fundo e lembrar que tenho uma missão trabalhosa diante de mim, antes que seja vencido pela preguiça e o desanimo, exclamando pra mim mesmo, "Seja o que Deus quiser". 
Toda esta introdução explicativo aí em cima, no texto, é para dizer que minha viagem para Europa, programada neste mês de Novembro, acabou minguando por falta de um bom planejamento e estratégia, acrescido de um "Não tô com saco pra todo este trabalho agora". Ou seja; (inexperiência+falta de organização+desanimo+tempo reduzido) o resultado da equação é de fácil dedução. 
Quando se deseja dar um passo mais longe, além do oceano e se tem pouca experiencia, corre-se também o risco, como um marinheiro de primeira viagem, afundar a embarcação antes dela sair do porto. Foi o que aconteceu.
Depois de descobrir que neste mês seria ainda o momento apropriado para fazer a viagem, não consegui organizar à tempo, dinamismo emocional e todo o resto que se fazia necessário.
Solicitei licença do trabalho e uma grana extra no banco, cuja as confirmações demoraram tanto tempo, que quando tentei dar prosseguimento na viagem, não era mais possível pelo esgotamento de vagas nas agencias de viagem neste período. Somente montando um pacote personalizado, o que acarretaria num acréscimo acima dos 50% do preço normal. Acabei desistindo e mudando de rota para um lugar não menos importante aqui no Brasil, também de meu interesse e que em breve postarei aqui no Diário de Bordo. Encontrei um site na Internet que dá algumas dicas para marinheiros de primeira viagem como eu se organizarem, diminuindo possíveis riscos.  Leia aqui. Quanto a minha preguiça e desanimo é outra coisa a ser tratada.

Imprevistos batem em qualquer porta.

A desagradavel noticia de que Lula contraiu um câncer de laringe, abalou a mim e grande parte dos brasileiros deste país e reafirmando que este tipo de desgraceira, bate na porta de qualquer pessoa, independente de sua importância social, politica e financeira. O tumor maligno com dimensão entre 2 e 3 centímetros, divulgado pela imprensa, está localizado próximo das cordas vocais, na parte superior da laringe, que segundo informações do hospital, estaria restrito à laringe,  sem metástase, (quando o tumor se espalha por outras regiões).
Eu fico pensando, que existe uma face de nossas vidas em que nada de grave parece nos acontecer, dando a impressão de que somos imunes a qualquer coisa e de uma hora para outra, este panorama muda radicalmente, provando o quanto somos suscetíveis a estes imprevistos, causados por nossos mal hábitos durante a vida e que vão se somando com o passar do tempo, com o avanço da idade.
Lula vinha apresentando rouquidão e dores de garganta há mais de duas semanas quando foi aconselhado por um médico e amigo, a ir ao hospital para fazer exames. Uma tomografia no pescoço, apontou o tumor que deverá ser tratado com sessões de quimio e radioterapia sem necessidade de internação.
Eu espero e desejo que ele se saia bem e tenha muita sorte na previsão dada por seu medico de que as chances de recuperação são próximas de 90% quando o câncer é diagnosticado precocemente, como no caso de Lula. 

Os Armandos.

Algumas pessoas possuem um rosto que não combina com seu nome de batismo e lhe caem inapropriado, irreal e eu fico me debatendo de surpresa, em silencio, sem deixar pistas, com esta idéia cada vez que me é apresentada, sentindo intimamente que são falsas. 
Esta semana fui apresentado para um cara chamado Armando cujo o rosto branco, parecendo de cera e os olhos puxados de oriental, lhe conferiam uma expressão de tristeza e submissão. Pra mim, qualquer pessoa com aquela expressão não teria o nome de Armando, mas ele tinha. Seu rosto fecharia mais como Tiago, Lucas, Marcio, sei lá, qualquer coisa que lembrasse fragilidade. Os Armandos, me perecem mais imediatistas e abertos, mais ousados na forma de estabelecerem contato com outras pessoas, mais dinâmicos no temperamento social, sem se parecerem desprotegidos e convenientes como este que conheci. Terei uma grande surpresa se algum dia ele me mostrar que não é nada disto, fazendo este meu preconceito cair definitivamente por terra. Enquanto isto não acontece, vivo esquecendo do seu nome, cada vez que o vejo ou vem falar comigo.

Interações necessárias

Estou feliz, mas muito feliz com a possibilidade de voltar a viajar com meu filho. Na verdade esta possibilidade vai virar realidade nos próximos dias e acredito que nos divertiremos demais.  Estou realmente acreditando que somos muito parecidos interiormente como ele mesmo diz; Embora existam entraves em mim que eu não gostaria que ele herdasse.

Dura na Queda 2




Eu fiz um post aqui no blog dia 27 com o título de "Dura na Queda", que fala sobre a minha impressão de que a musica de mesmo nome, composta por Chico, me parecia ter sido feita para Elza Soares cantar, que a musica cabia para ela, para sua vida, como uma luva de pelica. Esta sensação ocorreu depois de vê-la cantar a musica magnificamente num vídeo postado no Youtube de seu show "Do cóccix até o pescoço"- de 2002.
Hoje relendo novamente a letra da musica, encontrei este outro site: http://www.chicobuarque.com.br/letras/notas/n_dqueda.htm, que se trata de uma parte da entrevista dada por Chico Buarque e que fecha com o que suspeitei.
Transfiro aqui em baixo, parte desta entrevista:
Ricardo Leite - Tem muita música sua que você tenha gravado e nunca lançado? Existem muitos autores que vão lá, gravam quinze músicas e lançam dez... Você tem essas sobras?
Chico - Sabe, eu ia dizer que não, mas lembrei agora de uma história do meu último disco. Eu estava com ele quase pronto e fiquei cismado com uma música, achando que alguma coisa estava errada, que eu não iria conseguir cantar. O disco já estava com o prazo estourado e no limite do número de músicas. Mesmo assim eu tirei essa e compus outra. Aquela ficou guardada, pra ser retomada um dia, aquela coisa. A letra repetia um pouquinho uma letra de uma música minha antiga, chamada Ela Desatinou. Era um 'Ela Desatinou 2'. Aí, olha que engraçado: eu estava em Londres fazendo um show e encontrei Elza Soares. Quando ela me encontrava, cantava [imita] "Elzaaaa desatinooou..." Ela fazia essa graça, e tal... Algum tempo depois, chega aqui uma produtora que queria fazer um musical sobre a vida da Elza Soares. Sentou aqui mesmo, onde a gente está, e me pediu uma música pro show. Eu disse pra ela que eu não tinha a música, que eu tinha terminado um show, que não ia dar tempo de compor... aí de repente eu lembrei: "Peraí, eu já fiz essa música pra Elza, sem saber!" Eu tirei ela do meu disco porque não era pra eu cantar, era pra Elza cantar. E ela gravou. O engraçado é que o titulo da música era Dura na Queda, e a Elza tinha acabado de despencar do palco... Parecia realmente feita pra ela, e foi.

Jogando pedras no rio

Ele tem diante de si um rio do qual decide diariamente jogar pedras gigantescas, para vê-lo agitado, turbulento, alterando assim a rota normal e tranquila das águas. Utiliza isto para desconstrução dos próprios sentimentos ternos e de delicadeza que lhe sobraram. 
Existe um monstro em seu interior que se satisfaz com o sofrimento daqueles que o amam, por isto rouba lagrimas a todo o instante e aprisiona almas com esmerado prazer. Isto o faz sentir-se gigante e poderoso, controlador das situações que já perdeu o controle; Mente pra si mesmo. 
Ele não vive mais a normalidade dos dias, caminha sobre nuvens de sonhos egoístas e único, agoniza em seus medos acreditando estar sentindo prazer. Mas olhando de perto, não muito perto para não ser devorado, eu acho até que algumas de suas vitimas o merece por se deixarem seduzir por algo tão obvio e de pouca credibilidade.

Dura na Queda.





Da mesma forma que a musica "Tigresa" composta por Caetano Veloso, até hoje me faz lembra de Sônia Braga, "Dura Na Queda" de Chico Buarque parece ter sido composta para Elza Soares.
Eu cresci ao lado de pessoas que por puro preconceito não gostavam dela. Achavam-na escrachada, vulgar, perigosa e mudavam de estação quando ouviam sua voz grave e rouca cantar com tamanha potencia e irreverencia. Eu pessoalmente sempre fui um admirador incondicional de seu talento e de sua postura de mulher corajosa, que foi descriminada durante grande parte da vida sobrevivendo a duras penas.
O texto de Tatiana Cavalcante que é resultado de uma entrevista concedida por Elza após um Show com temporada no Bar Brahma, em 2009-São Paulo e que pode ser lido AQUI, descreve um pouco do que foi sua difícil trajetória de vida.
Elza tem hoje 73 anos, nasceu numa favela do Rio de Janeiro, sofreu com a miséria e a morte de entes queridos, mas superou tudo. Recebeu indicações ao GRAMMY Awards e também foi eleita pela BBC de Londres a cantora do milênio. É claro, que com todo este histórico de vida, ela é dura na queda
Aqui está a letra da musica:

Perdida na avenida, canta seu enredo, fora do carnaval.
Perdeu a saia, perdeu o emprego, desfila natural.
Esquinas, mil buzinas, imagina orquestras, samba no chafariz.
Viva a folia, a dor não presta, felicidade, sim.
O sol ensolará a estrada dela. A lua alumiará o mar.
A vida é bela.
O sol, a estrada amarela
E as ondas, as ondas, as ondas, as ondas...
O sol ensolará a estrada dela.
A lua alumiará o mar.
A vida é bela
O sol, a estrada amarela
E as ondas, as ondas, as ondas, as ondas...
Bambeia, cambaleia.
É dura na queda. Custa a cair em si.
Largou família, bebeu veneno e vai morrer de rir.
Vagueia, devaneia
Já apanhou à beça.
Mas para quem sabe olhar a flor também é ferida aberta
E não se vê chorar.
O sol ensolará a estrada dela.
A lua alumiará o mar.
A vida é bela. O sol, a estrada amarela.
E as ondas, as ondas, as ondas, as ondas...
O sol ensolará a estrada dela.
A lua alumiará o mar.
A vida é bela. O sol, a estrada amarela.
E as ondas, as ondas, as ondas, as ondas...

Postagem em destaque

TÔ PENSANDO QUE:

Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...