Noite passada, assisti no NetFlix, o filme "Marguerite", de Xavier Giannoli e protagonizado pela atriz Catharine Frot, cuja a interpretação brilhante lhe rendeu o César, principal prêmio francês, de melhor atriz.
O longa, ambientado na Paris do início dos anos 1920, apresenta em cinco capítulos, a trama que gira em torno de uma rica baronesa, que organiza festas em sua mansão, para cantar aos convidados que a elogiam e paparicam-na, sem coragem de dizer que ela é uma péssima cantora, que desafina a cada nota.
Por educação, submissão ou inveja e para não perderem o convívio com a alta nata da sociedade, os amigos se calam e aguentam os terríveis sons, emitidos pela anfitriã, que acredita cantar bem. Insegura, ingênua e solitária, Marguerite sofre com a falta de amor sobretudo de seu marido, e, talvez como uma forma de conseguir ser notada por ele, fantasia a ideia de se tornar uma grande diva da ópera, sua grande paixão.
O filme mostra claramente as sutilezas do poder da elite e a cegueira coletiva que levariam à ascensão de regimes fascistas e à Segunda Guerra. É inspirado na história real, da cantora norte americana Foster Jenkins, que tornou-se conhecida na Nova York dos anos 40 do século passado, pelas apresentações de canto nas quais, não conseguiu acertar uma única nota de uma canção. Apelidada de "a diva do grito" pelo público, seus ingressos para os recitais anuais, realizados no Hotel Ritz, eram disputados a tapa. No Brasil, em 2009 a cantora foi interpretada por Marília Pera, no espetáculo Gloriosa.
Depois de assisti ao filme, li esta critica de Bruno Carmelo, que achei interessante, bem colocada e posto aqui no blogue:
O que pode ser considerado arte? O que é um bom artista? Essas são algumas das mais importantes questões da filosofia estética, e não possuem nenhuma resposta clara. Até agora, a melhor definição de arte encontrada por teóricos é esta: “arte é tudo aquilo considerado arte por instâncias legitimadoras do poder”. Ou seja, a partir do momento que figuras do poder dizem que algo é arte, ele passa a ser. No caso do cinema, Alfred Hitchcock e Ingmar Bergman, eram considerados diretores de segunda ordem, até os poderosos críticos de cinema franceses, na década de 1950, dizerem que se tratavam de gênios. Do mesmo modo, grandes talentos podem ter passado despercebidos em suas épocas, por não terem sido destacados como tal.
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