Domingo à tarde, eu estava com uma amiga passeando pelo Brique da Redenção, quando encontramos outros amigos sentados a sombra das arvores.
Uma delas me disse em algum momento, quando perguntei por seu marido, que não estava mais morando com ele, mas também não haviam se separado. Ele permanecia no apartamento onde moravam, enquanto ela alugou um quarto com banheiro, na casa de um familiar para ter alguns momentos de solidão necessária.
Uma delas me disse em algum momento, quando perguntei por seu marido, que não estava mais morando com ele, mas também não haviam se separado. Ele permanecia no apartamento onde moravam, enquanto ela alugou um quarto com banheiro, na casa de um familiar para ter alguns momentos de solidão necessária.
Logo que se ouve a palavra solidão, vem na nossa cabeça algo negativo, que semeia dor e sofrimento, mas a o se refletir melhor, surge noutros momentos, algo não tão pesado assim e que eu acho que ela deve estar vivendo. Trata-se no meu entendimento, de uma fragmentação de trocas interpessoais e sentimentos que vão se desgastando e precisam ser renovados. Por vezes a vida nos cobra assumir tantos papeis heroicos ao mesmo tempo, que nos perdemos de nós mesmo, de quem realmente somos. Perdemos a orientação daquilo que dizem ser de nossa responsabilidade, fazendo-nos transpor espaços que não nos pertence, pois cada um é responsável por sua vida. Esquecemos de olhar pra dentro de nós mesmos e de nos perguntarmos se é isto que queremos, se estamos satisfeitos com o que vemos a nossa volta.
Ser mãe, esposa, mulher, trabalhadora, às vezes não cabe na mesma estante das pessoas que nos relacionamos provocando quem sabe aquela desagradável sensação de incompetência e desleixo.
Algumas pessoas defendem a opinião de que somos a mistura de todos esses papeis e temos a responsabilidade de assumi-los com sorriso nos lábios e isto é discutível.
Será que somos mesmos? Será que conseguimos dar conta de administrar tantas relações a nossa volta sem dar um tempo para nos renovarmos? Onde está escrito que para se "dar um tempo" é necessário fazer uma viagem ao redor do mundo e não subalugar um pequeno quarto com banheiro para uma reflexão? Acho elogiável pessoas que tem este entendimento de si mesmas, que conhece seus limites e tem a coragem de se dar o tempo que necessita, sem medo de ser taxada de covarde e outras mal interpretações.
Enquanto conversávamos sobre isto, veio na minha cabeça esta linda canção de Cartola chamada Preciso Me Encontrar.
Enquanto conversávamos sobre isto, veio na minha cabeça esta linda canção de Cartola chamada Preciso Me Encontrar.
"Deixe-me ir, preciso andar, vou por aí a procurar. Rir pra não chorar.
Quero assistir ao sol nascer, ver as águas dos rios correr, ouvir os pássaros cantar
Eu quero nascer, quero viver..."
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