Pais torturadores

Li por esses dias, no blog Em busca da Arte Inflamada que as vezes visito, uma postagem que me chamou a atenção, por que de fato já vivi o mesmo sentimento descrito pela autora e que tem por titulo "país torturadores". O texto descreve nada menos, que uma pequena brincadeira feita por seus pais, de faze-la chorar quando ainda era criança, por acharem aquilo engraçadinho e cuja a atitude  eles acreditavam ser inocente e que acabou  traumatizando-a de tal maneira que ela jamais esqueceu e terminou levando para a sua vida adulta como um entrave emocional dificil de se dissolver... Mais do que uma forma de desabafo pessoal, o texto de poucas linhas da autora, foi pra mim uma especie de alerta e que me fez pensar se de algum forma, em algum dia, em algum momento, eu também não fui um torturador do meu próprio filho, causando-lhe algum constrangimento sem que eu me percebesse deste ato, achando estar fazendo um comentário ou tomando alguma atitude inocente. Acho que como ser humano tortuoso, devo ter em algum momento pisado na bola. 
Nos dias atuais eu ainda assisto pais humilhando publicamente seus filhos, como se essa atitude fosse um complemento da educação, o que não se trata do foco que estou discutindo agora, embora existam diferentes formas de torturas, mas sim das brincadeiras que parecem inocentes e se tornam repetitivas por parecerem engraçadas, mas que de fato subjugam e põe pra baixo qualquer ser humano independente da idade, sob forma de uma tortura. 
Se a gente pensar no conceito de que filhos torturados, se tornarão possíveis pais torturadores, como resposta de um revide inconsciente que transformou-se em doença, é bom pensar até que ponto nossas atitudes não estão sendo invasivas em nome de uma paternidade que sufoca, desrespeita, humilha e depois causas sequelas pro resto da vida.
Eu lembro de minha avó certa vez, me mostrando um camundongo preso numa ratoeira, onde por pura inocência eu tentei colocar a minha mão sobre o animal ainda vivo e com dor, que obviamente me mordeu a ponta dos dedos deixando-me aterrorizado. Eu era criança e ela poderia ter evitado aquela experiencia que pra mim foi muito dura, mas ao invés disto, achou muito engraçado e ria de mim cada vez que contava o acorrido para algum parente que nos visitava. Eu me sentia tão envergonhado de ter sido fraco e era uma tortura imaginar ser exposto diante das pessoas, todas as vezes que vinham nos visitar. 

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