Historias que se conhece

Na saída do plantão encontrei Zé Pedreira, morador de rua que tem este apelido dado por vigilantes e porteiros daqui do bairro, por ser usuário de craque e andar pelas ruas sem rumo. e maltrapilho Estava sentado na calçada, de baixo da marquise de um edifício na avenida, protegendo-se do frio e da chuva de ontem. (E que frio e que chuva!.. Quando o vi pensei comigo: Este cara vai morrer congelado!) Pouco agasalhado, abraçava-se num pedaço de papelão que era insuficiente para proteger seu corpo que tremia descontroladamente. Já em casa quando passei um pouco de café, não pude deixar de lembrar-me da situação em que o avistara e então preparei no bule um pouco mais que o de costume, coloquei numa garrafa, peguei algumas bolachas e pão e levei-lhe. Alguém caridoso havia passado por lá e lhe deixado uma manta de lã velha que usava sobre os ombros ainda trêmulos. Depois retornando para a casa, lembrei-me de uma frase que me pareceu caber nesta experiência que vivenciei: A atitude por vezes pode ser maior que a intenção. O resto da história a gente já conhece!
Fiquei entristecido de saber que uma amiga morreu sem que eu tivesse a oportunidade de ve-la antes com vida. Passamos muito tempo juntos falando sobre a sua curiosidade de conhecer algumas cidade a beira do Pacifico, trocando receitas de patês exóticos e bebendo vinho na frente da sua gigantesca lereira de pedra nas noites frias de inverno Viamonense.

A barra do Amor é que ele é meio ermo...
A barra da Morte é que ela não tem meio termo
...

Que estranho este sentimento que agora é meu e que fica assim preso por alguns miniutos, talves horas, dentro do peito, quando se descobre a perda um amigo como Lucia, Hélio e tantos outros que ja se foram. Não é saudades, por que ainda tenho a sensação de que posso a qualquer momento levantar o telefone e marcar um encontro para um papo legal, acho que é um sentimento pessoal de vazio, de impossibilidade de trocas que fica ardendo aqui..., como se eu ficasse com pena de mim mesmo por não mais vê-los e ter ficado pra traz, sózinho, esquecido de ter sido convidado para uma grande viagem da qual eles não mais voltarão.

Resposta a o leitor

Olha, o papo pode ser reto ou sinuoso, depende da intenção dos envolvidos, mas eu tenho preferência pelos que são retos, diretos e sem frescuras. Evidentemente não se deve confundir franqueza, objetividade e sinceridade com frases agressivas e maldosas, mas... em resposta as tuas dúvidas quanto ao texto postado por mim em: 25/05/2009 com o título de "Respostas", não foi intencional passar para voce e outras pessoas algum sentimento doentio e incestuoso, quanto a minha curiosidade na (infância) de ver meu pai nu e em particular seu penis e que no texto fiz questão de escrever "pau"propositalmente. Na verdade acredito que eu tenha ido em busca de alguma afirmação, uma busca por identificação e até sob o ponto de vista de comparações firmada na diferença de idades. Oque quero dizer é que: (homens tem o penis grande e meninos penis pequeno, assim sendo, pode ocorrer por parte de uma criança, como foi no meu caso, sentimentos de comparação), ok? Me pergunto inclusive, quantas crianças já não tiveram esta mesma curiosidade com seu pai ou sua mãe, ou com tios, ou vizinhos?... Não posso me permitir acreditar que sentimentos oriundos de crianças oque pra mim tem o mesmo peso de inocência, possam ter alguma intenção de carater (...) Você deve ter tido as suas curiosidades, ou não? Se teve, deve saber do que estou falando, ou então vivemos em planetas diferentes!

Dificil entender

Se,
Mas,..
Por que,..

Entender,..Respostas...
Será que estas palavrinhas são chaves para alguma resposta ou apenas uma técnica para tentar compreender o que me parece ser definitivamente incompreensível?
Mas é assim que deve ser escrito, pensei, na tentativa de que fique um pouco mais complexo para a compreensão e apenas chame a atenção de quem venha ler e que fique ainda mais difícil de entender,
por que é difícil até pra mim, envolvido nesta trama entender. Cheguei ao ponto de não querer mais descobrir o que realmente é muito dificil e quase impossivel de se entender:
Seu Antenor deprimo com a dificuldade de solucionar seu caso na rede Pública de Saude, deu um tiro de 38 no tórax porque passou varios dias em hospitais com dor no abdomem sem que fosse resolvido? Foi o que ele justificou! As vezes é dificil entender uma queixa, diagnosticar um problema! Pensei.
Por que o médico do Samu, entendeu então que o tiro era no abdomem e não no tórax?
Por que a regulação do Samu mandou uma ambulância de suporte básica e não uma de suporte avançada, será que entenderam que um tiro no abdome fosse menos grave do que no tórax? Será que foi por isto?
Por que seu Antenor apesar do tiro, manteve-se estável, presumidamente pela regulação médica do Samu, apesar do tiro de 38 muito próximo do mamilo esquerdo?
Mas seu Antenor estava realmente estável. Que Sorte a dele!
E Se não estivesse, se piorasse? Presumir não é o mesmo que prevenir!
Se piorasse no caminho sem médico para o atendimento realmente eficaz?
O filho de seu Antenor estava preocupado era com a depressão do pai. E se voltasse a acontecer de novo? Questionava-me o jovem assustado.
Algumas coisas parecem dificeis de se entender e ficam sem respostas, e com varias interpretações porque talves sejam dificultadas pela comunicação, pelo entendimento, pela atenção e não tenham respostas mesmo!


Caminho das Indias

Esses dias, com pouca opção do que fazer, resolvi ligar a TV, que esqueço as vezes que tenho, e assistir qualquer coisa que me chamasse a atenção e acreditem eu conseguí! Não sei se por coincidência, vício ou lavagem cerebral, caí na TV Globo mesmo tendo alguns canais fechados da Net. Estava passando aquela novela da Glória Peres, Caminho das Índias, uma cena onde uma família de indianos, que acredito ser o núcleo de atores centrais da trama, falavam abobrinhas e dançavam como bobocas no meio da sala. Foi tão engraçado ver aquela imagem, pois achei tudo tão bobo e sem sentido e artificial ... Depois surgiu uma história mas boba ainda em que uma das moças implorava para uma mulher mais idosa a responsabilidade de ficar tutelando uma chave da dispensa da casa que lhe era negado por alguma situação que desconheço, mas que achei ridículo, apelativo e sentimentalóide. Fiquei me perguntando se o povo indiano conhecido por uma cultura milenar e espiritualidade a toda a prova eram assim mesmos, capazes de atitudes tão infantis. Talvez eu até esteja comentando ignorantemente como um leigo que não pesquisou ou estudou os hábitos comuns do povo indiano, mas estas cenas....por favor, poderiam ser substituídas por outras mais aproveitáveis!

Para quem é normal ler:

De aorcdo com uma peqsiusa de uma uinrvesriddae ignlsea, não ipomtra em qaul odrem asLteras de uma plravaa etãso, a úncia csioa iprotmatne é que a piremria e útmlia Lteras etejasm no lgaur crteo. O rseto pdoe ser uma bçguana ttaol, que vcoê anida pdoe ler sem pobrlmea.
Itso é poqrue nós não lmeos cdaa Ltera isladoa, mas a plravaa cmoo um tdoo.

Lições

Mas e dai, oque fazermos afinal com tudo que aprendemos sobre nossa vida? O que fazer afinal com tudo isto que aprendemos, se muitas vezes fica impossivel aplicar e cada dia que passa novas lições resurgem? Aprendemos uma e mais uma e outra lição nova que vai se acumulando sobre as outras e pondo em dúvidas nossas certezesa. Não dá nem tempo de testar para ver se funciona!

Receita para um dia melhor

Se o dia não sorri para mim eu sorrio para ele e faço isto tentando atender meus pacientes com bom humor e induzindo meus colegas a cantarem comigo cada vez que saímos para uma emergência. Talvés eles me achem um louco ou um palhaço, mas é somente na loucura e nas brincadeiras de um palhaço é que se pode viver levemente e com um pouco de paz!

Diario de Bordo

Será que é este o caminho, é por ai, é isto mesmo que eu quero, permitir-me? Não pensei que teria suficiente coragem para tanta exposição.
Estranhamente faço deste blog uma terapia pessoal, uma sala aberta para diálogos com pessoas sem rosto. O Diario de Bordo é uma via de acesso pra dentro de mim.

Respostas

Marcio e eu ficamos falando semana passada, sobre a infância que cada um de nós vivenciou junto de suas famílias, ao lado de seus pais, irmãos, tios, avós. Sobre brincadeiras que compartilhamos entre amigos, sonhos que construímos e que foram abandonados, medos, curiosidades, fantasias da juventude, frustrações.
Lembrei de alguém ter me falado que estes pequenos fleches de memória, são pedaços do arquivo, fragmentos desmontados da história de nossa vida e que lembrados ou não é o que constitui o indivíduo que somos hoje, com falhas, traumas e impossibilidades. É a semente de tudo e que dificulta o encontro das respostas sobre nós mesmos, sobre nossas inquietações geradas por circunstancias que ficaram lá para traz e que se perderam pôr não terem sido esclarecidas e respondidas no momento certo. Hoje compreendo a importância de se ter respostas as nossas duvidas, do esclarecimento que se faz necessário a formação do nosso carácter e que deve ser explorado, experimentado, testado até ser encontrado alguma resposta que caiba em nossas sub-certezas.
Bom, mas retomando:...Bebíamos eu e Marcio, um whisky de marca boa e gosto ruim quando lhe disse da curiosidade que eu tinha na infância de ver o (pau) do meu pai. Acho que queria fazer comparações com o meu, estas coisas de identificação, sei lá... Eu fantasiava demais esta história, pois assistia minha mãe sem roupas e com muita naturalidade sempre que saia do banho e ele não. Um dia eu já cansado desta história pensei ter desistir de tudo isto e sentia muita culpa e tudo passava a ser muito dificil de carregar. Mais tarde eu já adulto e ele de pernas amputadas pela doença, pude afinal ver o objeto de minha curiosidade enquanto auxiliava-o no banheiro de casa. Minha curiosidade acabou naquele momento aparentemente sem traumas, por que também já havia se dissipado o interesse, mas entendi o quanto eu precisava ser respondido a esta fixação antes, muitos anos atrás, antes de ter gasto tanta energia e alimentado tantas neuroses e monstros a este respeito.
Fiquei depois alguns minutos calado, pensando em outras coisas e me perguntando por que tenho tanta dificuldade de aceitar determinadas situações que me foram por demais dolorosas. Penso ter virado a pagina e quando menos espero a ferida volta a sangrar como um machucado novo, já quase esquecido, resolvido, cicatrizado. Penso que não consigo aceitar aquilo que fugiu da minha compreensão, que não metabolizei dentro da minha cabeça por que ficaram respostas vagas, subentendidas e sem a verdadeira razão de terem acontecido.

Bilhete

Acordei hoje à tarde com o peso da embriaguês de ontem á noite... Ou foi delirio, ou orgasmo, ou loucura mesmo?... Não vi o filme que deixastes no DVD, mas tenho observado atentamente meu esforço e o teu, que são resgates mutuos na ajuda de ser-mos pessoas melhores. As discussões tem sido validas, embora surja no caminho pedras, labirintos, reações de proteção adversas ao processo de transformação. Fiquei mastigando frases, remontando idéias que não fechavam na colcha de retalhos. Meus anticorpos emocionais reagem rapido, perdoe-me. Tu tens razão, não preciso viver as expectativas dos outros. Vou caminhar mais um pouco aqui dentro, talvés escreva, talves saia, talves durma. Boa noite!.. Até!...

Revelações

Foi ontem, no encontro regado à vinho e chocolate lait, que trocamos idéias e cruzamos olhares curiosos, desconfiados, saudosos, amistosos, maldosos, traídos, entre intervalos de frases que desafiavam verdades e silenciavam-se no minuto seguinte. Tua blusa Bordo era a combinação perfeita com a taça de vinho presa na mão. Tantas coisas combinando, tantas ditas e repetidas pareciam descobertas novas, revelações necessárias ao fluxo do acaso, da noite que se ia em direção ao dia. Mais tarde já quase bêbados, quis te devorar, te machucar, fazer do teu corpo meu próprio corpo, único, fusão inseparável, já com as almas flutuando confusas sobre nós, a nenhum dos dois mais pertenciam.

Fragilidades

Hoje, no final do plantão, quando recebi o chamado para atender minha colega Dirlene que sofreu um acidente na ambulância, enquanto removia um paciente para o hospital, repensei sobre os riscos que corremos durante os plantões trafegando por toda a cidade resgatando pessoas. Vendo-a deitada e com dor sobre a maca, reforçou-me a certeza do quanto somos frágeis e que estamos a mercê dos mesmos risco como qualquer pessoa.

A hora da verdade

Foi num dia destes, que não consigo lembrar ao certo, que me olhando no espelho, a cara cheia de espuma para fazer a barba, que me deparei com aquelas duas bolcinhas escuras e volumosas embaixo dos olhos. Fiz caretas e mais caretas e lá estavam elas, visivelmente palpáveis se eu quisesse toca-las e ter certeza de que estavam ali para serem entregues aos cuidados de Pitanguí. Alba já havia me alertado quanto a sua existência, mas não tinha dado a devida atenção. Mas agora eu mesmo as percebia com meus próprios olhos registrando a transformação que para mim surgiu de repente, de um dia para o outro e me tomando de surpresa na frente do espelho mentiroso. Fiquei pensando sobre uma conversa que já havia tido, não lembro com quem, sobre as transformações que sofremos no decorrer do tempo e que para nós parece imperceptível, até que num dia a ficha cai e completa a ligação. Não acompanhamos nossas próprias transformações ou se percebemos são a passos de tartaruga, numa linha de tempo muito, muito maior do que quem está de fora, nos assistindo envelhecer. Ontem o Gemele, cardiologista do hospital, já de cabelos completamente brancos, vindo em minha direção, estendeu-me a mão num cumprimento caloroso e disse-me sorrindo:
_Puxa meu velho ainda não te aposentaste?
Mais tarde quando levei um acidentado para a sala de emergência, observei que uma senhora empurrando uma cadeira de rodas me observava atentamente e depois quando retornei a o corredor ela me interpelou:
_Então não está lembrado de mim,.. a Maria Helena que foi vizinha da...!
_ah, claro!...
Sorri e fiquei envergonhado de não a tê-la reconhecido com um rosto agora enrugado e bem mais escuro do que eu lembrava de seu semblante. Putz, que coisa!...esta sucessão de fatos parecia-me um aviso insistente. Respirei fundo, bem fundo!
Lembrei daquelas pessoas que nunca nos viram antes mais jovens e que exclamam, (talvés mentirosamente), dizendo que estamos muito bem e nem aparentamos a idade que realmente temos. Felizmente ainda ainda encontro muito desses mentirosos por ai!

Carne, vale

Soube ha pouco, por uma ligação telefônica de minha irmã, da morte de uma tia que não via há bastante tempo e que ainda mantenho carinho. Lembrei-me de alguns momentos em que ficávamos pôr horas na cozinha ou no pátio de sua casa conversando sobre manifestações espirituais e outras coisas inexplicáveis que aconteciam no mundo e no dia a dia das pessoas. Decifrava mensagens de mortos, fazia benzeduras e orações estranhas em línguas desconhecidas. Tia Dora era uma mulher espiritualizada e misteriosa e que me fazia viajar pôr um mundo que não é a nossa realidade, mas que nos deixa pensativos sobre a possibilidade de sua existência. Da ultima vez que a vi, ja tinha a postura curvada e beirava os cem anos. Quando recebi a noticia de sua morte meu corpo ficou estranhamente tremulo e uma sensação de ansiedade. Fiquei saudoso de nossa convivência e registrei sua imagem tomando chimarrão e fumando cigarros sem filtro numa cadeira de balanço.
*Carne,vale (latim-adeus carne)

O guarda-roupas

Fiquei sensibilizado pôr ver minha irmã esta semana, triste, fragilizada com algumas angustias pessoais não resolvidas. Vê-la assim alterada, me causou muita preocupação, embora eu não tivesse nada para lhe dizer, por que não sabia oque dizer. Em frações de segundos, vendo seu rosto modificado e com contidas lágrimas nos olhos, lembrei-me da mesma menina que eu trancava no guarda-roupas para que parasse de chorar enquanto nossa mãe não chegava do trabalho. Éramos muito pequenos e eu cometia esta atitude que parecia um ato de violência, mas que na verdade era  uma forma inocente de proteção. Ela acabava pôr se acalmar e dormia embolada entre cobertores e travesseiros até nossa mãe chegar, ou que lembrássemos dela, ali resguardada. O guarda-roupas parecia-me um mãe postiça, grande, acolhedora e silenciosa.

Quebrar o braço

As vezes fico pensando no grito que não dei, pôr medo do que ele pudesse causar nas pessoas que amo e que convivo. Fiquei muitos anos me sentindo um covarde pôr não ter tido a coragem necessária de ter lançado este grito. Hoje passado algum tempo, fico pensando em como eu seria, que tipo de pessoa me tornaria, seria tão diferente do que sou hoje se o tivesse feito, se não tivesse tanto medo das incertezas e que rumo me conduziria?
Um dia pensei em como seria quebrar um braço e fiquei tão curioso e empolgado com a idéia que passei a sonhar e provocar situações perigosas com o objetivo de quebra-lo realmente e desvendar minha curiosidade que passara ser quase um objetivo. Sabia que sentiria dor e o quanto poderia ser incomodo o peso do gesso dificultando a liberdade dos meus movimentos. Esforçava-me nas tentativas que sempre saíram frustradas pôr medo do arrependimento, do que pudesse vir a sentir além da dor imediata e a responsabilidade de ter tido uma idéia tão idiota. Até hoje nunca quebrei meu braço, mas fico pensando em como me sentiria se tivesse

Colcha de retalhos

Debruçado sobre a janela, vejo um pedaço da rua, um pedaço do céu, um pedaço de telhado, um pedaço de árvores que balançam neste clima de inverno que contemplo daqui, do meu quadrado, às vezes aconchegante, às vezes silencioso, às vezes intimo, tão intimo que sinto-o quase um pedaço de mim, do meu corpo, da minha existência, da minha liberdade, dos meus sonhos preso neste quadrado. Tudo que vejo parece estar enquadrado neste ângulo da minha óptica louca e que estou vendo agora. Estes pedacinhos quadrados, fragmentados, cortados na mesma metragem absoluta e costurados uns aos outros com diferentes estampas coloridas, motivos geométricos e que me forçam a desviar-me a atenção da verdade, são armadilhas, impedindo-me de ver o conjunto todo, a colcha de retalhos completa.
A colcha é o retrato de tudo, é o conjunto, é a história completa destes pedaços perdidos, e dividido que sou, que vejo com ou sem fantasias. A colcha é tudo, é o diferencial dos fragmentos, sem pedaços isolados, que dificulta a visão e compreensão geral.

Difícil estende-la para se ver a verdade!

A receita da Pizza...

Semana passada comemorei meu aniversario entre amigos e então resolvi fazer a pizza de atum que lembro alguns anos atrás ser minha especialidade, ou a carta coringa guardada na manga, as vezes necessária na hora do aperto. Todos ficavam boquiabertos e com água na boca com a minha obra-prima culinária pois alem do sabor a massa crescia e ficava crocante e alta sem que eu ao menos seguisse qualquer receita escrita, era tudo intuitivo e pôr mais que eu alterasse alguma coisa sempre parecia sair do mesmo jeito sem preocupações. Jogava todos os ingrediente numa bacia, misturava sem qualquer cuidado, depois forma e forno quente, minutos depois era só deliciar-se e receber elogios. De um tempo para cá, não consegui mais acertar o ponto da pizza como era antes, e todas as outras que fiz depois, se recusaram a crescer e ficarem vistosas e de sabor incomum como eram naqueles velhos tempos em que eu brincava de ser um grande cozinheiro e saiam todas perfeitas. Me pergunto se devo ter mudado alguma coisa nos ingredientes ou será que a minha intuição perdeu parte da receita? Hoje tentarei mais uma vez!

Preconceito

Agora, as 4 horas da manhã, perdi o sono e lembrei-me de dona Judithe de 95 anos que desmaiou em sua casa e então fui chamado para atende-la. Sua idade era conferida pelos cabelos brancos e ralinhos eo rosto enrugado. Me surpreendi de perceber na minha chegada, seu medo da morte. Agarrava-se nos braços da filha de 60 anos e da empregada gritando para que não a deixassem morrer pois ainda era muito cedo. Embora não corresse no momento qualquer risco de morrer, seu pânico em pensar sobre esta possibilidade a deixava tão assustada quanto fora da razão. Depois de deixa-la num hospital, ainda aos prantos, para consulta e liberar-me para outros atendimentos, fiquei pensando na surpresa que me causou ter visto aquela cena de pavor da morte, em se tratando de uma pessoa tão idosa quanto ela. Também questionei meus conceitos naquele momento e percebi estar tendo pensamentos e atitudes discriminatórias por achar incomum numa idade como a dela ter medo de morrer, como se nesta idade devesse estar preparada para oque um dia será inevitável. Talvés eu pensasse que os velhos devessem esperar a morte com resignação e coragem dos que já viveram muito... Talvés eu não soubesse de nada... Talvés tudo aquilo fosse uma aula de revisão de atitudes, talvés fosse minha oportunidade de aprender um pouco mais sobre a vida e que não importa a idade, não estamos preparados para enfrentar a morte até ela acontecer.

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TÔ PENSANDO QUE:

Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...