Era um dia de semana frio e eu estava angustiado. Durante a noite, fiquei pensando no que fazer no outro dia e então na manhã seguinte (Quarta-feira), abasteci o carro e ainda meio sem um rumo definido, saí em direção à avenida Bento Gonçalves, perto da minha casa, depois à
Viamão, Morungava,
Taquara.
Na
RS 020, em frente a parada 177, entrei a esquerda, numa estrada de terra "Estrada de
Águas Brancas" e segui mais mil metros onde avistei a placa:
"Chagdud Gompa".
Estaria eu sendo guiado instintivamente para aquele lugar conhecido de passagem mas nunca visitado por mim antes?
Seguindo em frente, encontrei uma bifurcação, onde entrei à direita. Cruzei um portão, até chegar a uma casa de madeira, dobrei novamente à direita numa estrada
íngreme e após 500 metros, estacionei o carro.
Andei mais alguns metros à pé e cheguei até o portão principal do templo. Neste portão antes de abrirem é necessário identificação através de um interfone, informando o nome, local de onde vem e placa do veiculo.
Estava uma manhã de sol quando cheguei, mas em poucos minutos o céu ficou completamente escuro e logo caiu uma forte chuvarada que parecia que o céu estava por desabar. Abriguei-me sob um telhado e depois que a chuva parou, uma neblina magica baixou, transformando todo ambiente numa atmosfera de paz e silencio incomum.
Eram poucas as pessoas de visita ao templo neste dia, talvez além de mim, um casal de paulistas que encontrei no portão de identificação e depois não os vi mais.
O templo é de um vermelho intenso que parece destacar-se de tudo diante de nossos olhos. Soube por seu guardião, (um homem careca de trajes típicos, sentado do lado de fora do templo, que o mesmo foi construído da forma tradicional. O prédio é uma réplica do Templo de Guru Rinpoche, o grande mestre iluminado que levou o Budismo Vajraiana ao Tibete no século oitavo. O último desejo de S. Ema. Chagdud Tulku Rinpoche era o de criar esse tesouro e conseguiu.
O templo é imponente e seu interior possui cores também fortes como vermelho, azul, verde, dourado e cheiro de incenso, causando um certo impacto, pela beleza, paz e sensação de que estamos em algum lugar realmente oriental e de muita vibração positiva. Não seria tão absurdo olhar para os grandes vales que cercam o lugar e acreditar que estamos realmente nas montanhas do Tibete.
É proibido fotografar o interior do templo e em sua entrada deve-se retirar os calçados em sinal de respeito. Tudo é muito cheio de detalhes estéticos e misticismo, mas assim mesmo a gente se sente com muita paz de espirito e confortável .
Nas imediações do templo, há duas casas de
rodas de oração, que são cilindros de metal e madeira gravados com emblemas e preces, que giram no sentido horário durante todo o dia. Dentro das rodas há milhares de mantras escritos em papeis. O giro da roda representa a repetição das preces e mantras e o vento que as toca, espalha as bençãos dessas preces para todo o universo. Somente os budistas seriam capazes de visão tão absolutamente profunda e poética como esta, não é mesmo?
Lá, você encontra um visual inacreditável, muita paz de espirito e a possibilidade de pensar sobre a sua vida, suas crenças e talvez até por em xeque as suas verdades.
Conhecer mesmo que superficialmente a cultura budista é sempre uma maneira de reflexão, adquirir conhecimento e aprofundar nossas vivencias pessoais. Fiquei feliz de ter visitado este lugar que me confortou e me causou muitas surpresas.
Até o próximo passeio!