A ULTIMA SESSÃO DE MUSICA

A Ultima Sessão De Musica, é daquelas composições de Milton Nascimento, que me tocam profundamente, quando a ouço e antes mesmo de eu perceber, meus olhos já se encheram de lagrimas e o coração fica acelerado como num  sapateado frenético.
Milton disse que quando pensou em compô-la, lembrou de um final de espetáculo, num bar, onde um pianista sentava-se para tocar, despreocupado com os sons que vinham do ambiente. Na musica, é possível se ouvir em segundo plano, vozes de pessoas conversando, e ruídos de pratos e de talheres, criando um clima nostálgico dos anos 50 e ao fundo, uma bela melodia simples, tristonha e sem muitos acordes, onde o simples torna-se espetacular!




LEITE QUENTE.


Fiquei observando nesta semana uma situação entre conhecidos e pensei comigo mesmo: Quanto mais culpa sobre seus erros as pessoas têm, mais vitimizadas elas se sentem. Dai elas ficam dando justificativas para esclarecer sua inocência. Ficam repetindo pros outros incansavelmente, como se aguardassem alguma absolvição, como se a propagação de suas palavras também as convencesse dessa falta de culpa e tudo se transformasse num reconhecimento positivo, num pedido de perdão geral.
A culpa é o resultado, (sofrimento), obtido após a reavaliação de um comportamento passado tido como reprovável por si mesmo. Juntando a isto tudo, a preocupação com a própria imagem, a sensação de baixa credibilidade e a tentativa de provar que os outros tem mais culpa, faz com que esta novela prossiga longe... Isto tudo, me parece com o queimar a mão no leite quente. Não é culpa do leite que transbordou, mas algum provável descuido de quem o serviu.

A SINFONIA DA CHUVA


Daqui eu ouço a sinfonia da chuva que cai forte sobre os telhados da cidade, que me faz pensar em tantas besteiras, em tantos uivos e cantorias, em tantos mingaus de chocolate quente, sob os cobertores de lã. Eu não quero mais que ela se acabe, que vá embora. Eu quero ser diluído por ela em pequenas gotas formando um fino fio liquido a escorrer e desaparecer pelos cantos furtivos da casa. Mas se amanhã inesperadamente surgir  o Sol, serei incidentemente outro, guardando este segredo...

PLIM, PLIM.


Eu não quero que a televisão, faça escolhas por mim, que ela determine pelo que devo sorrir ou chorar. Eu faço minhas próprias escolhas e decido no que acreditar.
Prefiro o silencio da desinformação ou os ultrapassados chuviscos luminosos, do que as mentiras e manipulações ditadas por ela, que só conduz a alienação e a ignorância das massas. Chega de rostos simpáticos a me contar mentiras, a esconder verdades. Chega desta fabrica de ilusões que invade a minha casa, me coloca viseiras e me envenena diariamente com todo os tipos de mentiras.

NO BECO ESTREITO DA INTROSPECÇÃO.

Nesta noite de Sábado, de frio e de chuva, decidi assistir um filme que encontrei na Internet. Uma pequena cena deste filme, me chamou a atenção, fazendo-me entrar nos becos pessoais da introspecção, enquanto recolhia-me sob as cobertas.
A cena era de um casal de namorados, na sala de um apartamento em Nova Iorque, onde pareciam estarem se conhecendo. Faziam perguntas, um para o outro, mas as respostas que trocavam, eram um tanto evasivas, reticentes, parecia que não falavam um com o outro, mas respondiam para si mesmo, as suas próprias questões pessoais pendentes. Uma reflexão sobre a vida e eles mesmos, eu diria!..
Num certo momento, ela se aproximou de uma janela e ele perguntou o que ela estava vendo. Ela então respondeu: 
"Uma arvore, carros passando pela avenida e outros prédios iguais a este, com pessoas como nós dentro deles. Metade delas acham, que nada vai dar certo, a outra metade acredita em magia. Elas vivem em guerra..." 
Achei instigante e profunda esta observação feito pela moça, que descrevia o retrato da sociedade moderna e solitária, das pessoas que vivem nas grandes metrópoles, presas em cubículos verticais e que vê seus destinos trassados peça falta de sorte, ou por forças invisíveis que vão alem de seus controles.
Talvez estivesse falando deles mesmos, da guerra que estavam travando intimamente, para que a relação desse certo, dos traumas e medos, que os impedia de se entregarem livremente um ao outro, por acreditarem que não daria certo, mas que a outra metade acreditava (em magia), na possibilidade desse encontro...Eles também estavam em guerra?..

QUE ÁRVORE REPRESENTA A TUA ALMA?



As árvores no Outono mostram sua alma, porque ficam despidas ao perderem suas folhas. Mostram-se como realmente são, desprovidas de seus artifícios naturais. 
Talvez devêssemos, nos apresentarmos pra elas, perder nossas folhas e nos mostrarmos como realmente somos, sem artifícios e trassando algumas identificações através de diálogos silenciosos.


Alguém disse que cada pessoa tem sua arvore e que ela é a representação de nossa alma, que só é possível  identifica-la quando ela estiver despida, sem suas folhas.
Você já descobriu qual é a sua?
Todas se tornam pouco identificáveis, quando perdem suas folhas, mas outras características pouco notadas se salientam, fazendo-as se tornarem diferentes uma das outras e aos nossos olhos viciados em artifícios.



A VERDADE DÓI COMO AS CHIBATADAS DE UM CARRASCO.


Naquela noite, eu mais uma vez corri a o encontro das palavras que me eram doces aos ouvidos, do acalanto tantas vezes recebido em forma de olhares cúmplices, gestos bondosos que me seguravam as mãos e se transformavam em abraços de conforto, para que eu tivesse forças e continuasse a viver a dor que não morria, para fazer funcionar a maquina em frangalhos, por mais dois, ou três dias.
Era o tempo que durava este conforto, que sustentava a minha inconsciente mentira. Mas nos minutos que se seguiram, vieram palavras que me pareciam frias, meio amargas, rudes, ao invés do carinho sempre esperado. Surgiram lacunas de silencio, magoa e muita raiva espalhadas entre farelos de pão sobre a mesa escura.


Veio o chicote fino e arrebatador, me cortando a carne e me mostrando a verdade distante, que eu não queria enxergar. Acabaram-se os tapinhas nas costas e todas as mentiras que eu estava viciado de tanto ouvir. Então me senti julgado, traído e morrendo numa complexa desordem que se seguiu por dias a fio, sobre a cama, até ressuscitar-me em pequenos pedaços que foram se colando pela obstinação de uma sobrevivência emocional necessária.
Fui entendendo, com o passar dos dias, o quanto dói uma verdade e que chicotadas muitas vezes, são necessárias para nos estimular e enfrentar as dolorosas verdades, que escondemos de nós mesmos; Que nossas verdades, podem ser mentiras confortáveis, que vão nos transformando em doentes mimados e sem perceptivas de cura.

REFLEXÕES SOBRE AS JANELAS


Vim do trabalho meio pensativo e fiquei olhando janelas e mais janelas de diversos modelos, enquanto me dirigia para casa. Caminhando pela calçada, observava atentamente seus traços, cores, tamanhos, que por vezes não combinavam com as portas e as casas a que pertenciam.
Janelas sempre me pareceram ter vida própria e eu também ficava imaginando de que forma elas abririam suas folhas para a rua, para a luz, na direção do Sol como as plantas fazem.
Sempre me chamaram a atenção, pois são silenciosas, pulsáteis, tensas e reveladoras. Me parecem ocultar segredos de um bau escuro, antigo e esquecido.
São testemunhas de estórias guardadas. Combinam com cotovelos doloridos que se apoiam à espera de respostas sem vozes.
Enquadram sombras e rostos, que observam o mundo, a vida andando rápida, buscando lembranças, sonhos, fantasias, pistas de um tempo que fugiu, sem dar explicações...

NÃO LIGO. DESLIGO.


Alguns frases, textos, poesias que leio, musicas que ouço, me revelam fantasias de Marte, outras me dão necessárias respostas sobre a minha frágil natureza de homem e me faz parar a nave no ar, questionar e colocar meus pés descalços sobre a terra firme. Outras diferentemente, chegam até mim em forma de códigos emocionais, que são identificados por sentimentos tão profundos, que a luz não chega, que a própria razão desconhece e não encontra lógica, não decifra, não revela. Vem embrulhada em papel fino e da cor da pele, camufladas.  Mas eu finjo que não percebo, não ligo, me desligo pra continuar voando por ai.

De manhã cedo ela saí. 
Leva a chave, me deixa trancado o dia inteiro
Não ligo, deito sobre os trilhos... 
Vejo o trem passar.
Entre brinquedos, cigarros. 
O Tesouro da Juventude, não sei quantos volumes
E quando canto. Deixo a imaginação voar
Mas ontem à noite, a mão sobre meus cabelos. 
Ela disse: Meu bem não tenha medo
No verão que vem. Nós vamos à praia
         
                                                        Gilberto Gil

GLADIADORES

Cada coisa chega na vida da gente, sob a tutela de seu tempo, dividida em suas devidas fases. Primeiro voce timidamente experimenta, descobre, depois se reconhece ou não. Reconhecer-se faz voce perceber visceralmente que elementos emocionais seus, fazem parte de uma situação ou espaço de afinidades que se completam através do prazer, da aceitação, do sentimento de liberdade, da paz pessoal, etc....
Opiniões ou definições capengas, de que isto ou aquilo, não te servem mais, não faz a menor diferença. O tempo vivido, nada tem haver com a velhice, que está mais para um estado de espirito, do que para velinhas que foram sopradas. Foi então quando pensei ser um gladiador.

Ontem de manhã quando acordei, Olhei a vida e me espantei. Eu tenho mais de vinte anos. E eu tenho mais de mil Perguntas sem respostas... Estou ligado num futuro blue... Ontem de manhã quando acordei...

LADRÕES DE ALMA.


Então eu o abracei pelas costas, enquanto sentia o seu cheiro e o calor da sua nuca na minha boca, que queria morder com calma a fragilidade da sua pele quente.
Era uma noite fria e por mais que suas coxas se movimentassem entre as minhas, ele não podia e nem queria se escapar de mim, que procurava um jeito de roubar-lhe a alma por inteiro...
É nestas horas que encontramos algum conforto, nós soldados de Roma, que só pensamos na estratégia de possuir uma ao outro, até o final.
(De J.Poul Bermont)

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Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...