Com cara e coragem

Ainda hoje eu ouvi de um colega de trabalho a seguinte revelação que eu não senti como preconceituosa, mas de um jeito bem humorado que alguns heterossexuais, como ele, se mostram, quando falam sobre homossexualidade e em particular assumir a condição de gay na atual conjuntura social.
Ele disse: _Cara eu nunca vi tanta gente sair do armário como neste últimos anos, será que é algum golpe politico continental para emputecer o planeta?
Lembrei também de um amigo que semana passada ao jantar comigo, me falou seriamente: _Meu amigo, ta mais do que provado, que nós homens que peculiarmente gostamos de nos reunir para um joguinho de futebol, uma rodada de cerveja no boteco da esquina, um final de semana numa barraca precária de pescaria, e tantas outras indiadas, cedemos a angustiante curiosidade milenar, de transarmos um com o outro como forma de dominação e não venham com esta conversa de que não existe este interesse encoberto nas diferentes posturas de macho!..
Então depois de chegar em casa, organizar minhas bagunças, sentei-me na frente do computador e li uma matéria que noticia a saída do armário de um congressista peruano, que reconheceu publicamente ser gay em uma entrevista transmitida pelo jornal El Comercio no Peru. O deputado reconheceu a dificuldade das pessoas assumirem a sua homossexualidade em uma sociedade conservadora como no seu país. "Eu sou gay e tenho orgulho de pertencer a esse grupo de pessoas que são tão valiosos para o país", disse Charles Bruce, o principal promotor do projeto no Congresso para permitir a união civil entre pessoas do mesmo sexo. Bruce disse também, que este é o momento certo para divulgar sua homossexualidade, porque nos próximos dias entra em um comitê do Congresso que apresentou o projeto com o apoio da peruana Red Trans, Lésbicas, Gays e Bissexuais organização do tempo.
Bruce que é separado de sua esposa e tem dois filhos que o apoiam integralmente, entra para a historia como o primeiro congressista assumidamente gay no Peru.

Tá avisado!

O novo filme "Praia do Futuro", estrelado por Wagner Moura e Clemens Schick, causou exaltação entre o internautas desde que um professor de Turismo Iarlley Araujo, que foi ao cinema assistir o filme publicou uma foto do ingresso com um carimbo escrito "avisado"

Iarlley explica que quando foi comprar um ingresso para o novo filme do diretor Karim Aïnouz, teria recebido um alerta da funcionária do Cinépolis de João Pessoa dizendo o seguinte: "Senhor, tem certeza que deseja ver esse filme? Pois ele contém cenas de sexo homossexual."

A pergunta que eu me faço e que possivelmente a grande maioria das pessoas que se revoltaram com isto, e que também devem estar se fazendo, é porque não avisam quando há cenas de violência? de pedofilia e tantas outras merdas.

É como diz Tony Goes em seu blog, muitos brasileiros (talvez a maioria) ainda preferem ter um filho ladrão do que viado. Quem deve estar tirando partido de toda esta chinelagem provocada pela Cinépolis é a produção do filme que já postou  ironicamente no Facebook:

Primeiro Beijo.

Eu postei por esses dias aqui no blog, sobre o poder e a importância do abraço entre as pessoas e agora quero mostrar este projeto criativo realizado pela videomaker Tatia Pilieva, que selecionou 20 pessoas para se beijarem pela primeira vez, sem nunca terem se conhecido.

FIRST KISS é um vídeo em preto e branco, muito criativo, que obteve mais de um milhão e meio de visualizações em apenas um dia e que mostra a incrível transformação do sentimento humano de curiosidade, constrangimento e desejo. Acho pertinente estes projetos, não só pela beleza e criatividade, mas pela profunda mensagem inserida no poder da imagem, que atinge cada pessoa que o visualiza.

O HOMEM E SEU CRIADOR

Espetacular performance do Ballet Corpo com musicas de Caetano Veloso e José Miguel Visnik - "Pesar do Mundo" foi a que escolhi para postar aqui no blog. 

Este não é um espetáculo novo, uma vez que foi apresentado em 2005 em comemoração aos 30 anos da companhia de Ballet com o nome de Onqotô, que no mineirêz quer dizer: Onde é que eu estou, pra onde eu vou, que são nossos questionamentos existenciais.

Todo o espetáculo, traduz a relação do homem com o mundo, seus questionamentos, sua relação de dependência e falta de liberdade, ou liberdade induzida, pre estabelecida a partir da criação de convivência com o universo; Ora com respostas, ora perdido; ora pesado, ora leve. A trilha sonora criada por Caetano e Visnik, tem como ponto de partida uma bem-humorada discussão sobre esta “paternidade” do Universo com o homem. De um lado, estaria a teoria do Big-Bang e de outro, uma teoria espirituosa formulada pelo genial dramaturgo (e comentarista esportivo) Nelson Rodrigues sobre o clássico maior do futebol carioca, segundo a qual se poderia deduzir que o Cosmos teria sido “concebido” sob o signo eterno da brasilidade: “O Fla-Flu começou quarenta minutos antes do nada”.

Pesar de Tudo...

Pesar do peso

Pesar do mundo

Sobre si mesmo.

Pesar de nuvem

Pesar de chumbo

Pesar de pluma

Pesar do mundo

Desponta estrela no vão imenso

Por ti suspenso a tua espera

Tudo se afronta

Pedra com pedra

A própria onda quando se quebra.

A melodia onde me leva

Onde alivia, onde me pesa.

Tudo se agita

durante a queda

O que sustenta a nossa c...

E neste quando

somente um ritmo

Peso e balanço num som legitimo

Canção sem medo de você pra mim.

O meu segredo, te rezo assim.

Desde o principio ao ponto cego

Eu arremesso eco sem fim.

(musica de Caetano Veloso e José Miguel Visnik)

Os que são contra e os que são a favor

A maioria dos brasileiros é contra a decisão do STF que permitiu a união estável entre pessoas do mesmo sexo. Estudo realizado pelo Ibope inteligência mostra que a rejeição é maior entre homens, evangélicos e pessoas com baixa escolaridade.

Revela ainda que 55% dos brasileiros são contrários à decisão e 45% são favoráveis. De maneira geral, a pesquisa identifica que as mulheres são as menos incomodadas com o tema, assim como os mais jovens, os mais escolarizados e as classes mais altas. O Norte, o Centro-Oeste e o Nordeste se destacam como as regiões do País com mais resistência às questões que envolvem o assunto.

Os dados apresentados pela pesquisa mostram que, de uma maneira geral, o brasileiro não tem restrições em lidar com homossexuais no seu dia a dia, tais como profissionais ou amigos que se assumam gays", Mas ainda se mostra resistente a medidas que possam denotar algum tipo de apoio da sociedade a essa questão, como o caso da institucionalização da união estável ou o direto à adoção de crianças”.

BOLA DE NIEVE.

Parece que este bloco de postagens, tá meio tendencioso aqui no blog, visto que por algum motivo, que eu desconheço, andei vagando em lembranças por Cuba e estas lembranças me fizeram assistir  ontem a noite "Antes Que Anoiteça", filme  autobiográfico do escritor e poeta cubano Reinaldo Arenas e também ouvir Bola de Nieve noite à dentro, indicado por um amigo.

Ouvindo Bola de Nieve com sua voz magnifica, e de uma suavidade impar que a principio não se consegue definir se é de uma mulher que está cantando, nos reporta para alma cubana, com seus sentimentos calientes e passionais.

Ignácio Jacinto Villa Fernández (Bola de Nieve), nasceu em Guanabacoa, Cuba, em 11 de setembro de 1911 e morreu na Cidade do México, em 2 de outubro de 1971, foi um cantor, pianista e compositor cubano, um dos mais geniais músico da América Latina. Mais conhecido como Bola de Nieve, apelido que ganhou da cantora Rita Montaner (La Única), também cubana. Nasceu pobre, era gay e por isso foi discriminado, também, pelo regime comunista de Fidel Castro. Era uma figura marcante, intelectual, debochado, escrachado, reservado, paquerador e viveu a vida intensamente.Gostava de beijar os homens no rosto, como faziam os argentinos e os franceses, mas não os cubanos. O poeta Nicolas Guillén o advertia: "Bola, você é o único homem que deixo me beijar, mas não passe daqui, ok?", dizia, apontando o canto da boca.

Bola de Nieve, além de grande cantor, compositor e pianista, era um grande ator. As músicas que cantava tinham a sua marca, uma interpretação em que envolvia sua alma e seu largo sorriso. Deixou gravações inesquecíveis, Vete de Mi, Ay amor!, No Puedo ser Feliz, La Flor de la Canela, Babalu, Drume, Negrita e tantas outras.

Nos anos 30, sua carreira deslanchou no exterior, pois era discriminado pela sua cor em seu próprio país. Apoiou a revolução de Fidel e fez inúmeras viagens como representante do governo cubano. Fez vários shows de sucesso na Europa, China e na antiga União Soviética.

Faleceu durante uma excursão ao México em 1971. Manteve uma carreira de alto nível até o final de sua vida.

Reflexos.

Cada um deve buscar a sua resposta elegante, diante das perguntas ou situações embaraçosas e talvez comprometedoras em que a vida nos coloca com o objetivo de testar o olhar que temos sobre nos mesmos. É, pode acreditar, estamos sempre em testes nesta vida e isto significa que devemos dizer aquilo que acreditamos e não o que os outros esperam ouvir e desta forma que carimbamos nossa autenticidade e coragem. Nossas respostas devem soar elegante e com serenidade aos nossos ouvidos e não ao dos outros. Nosso olhar sobre nos mesmos é o que garante  alguma verdade. É nosso reflexo expandido na água, no espelho, na tela de cinema, nos nossos sonhos. Pode não refletir a pura verdade, por que esta pode ter muitas faces, mas a nossa é unica.

Antes Que Anoiteça

Assisti ontem a noite a emocionante historia de Reinaldo Arenas, escritor cubano de poesias, novelas e teatro. Era assumidamente gay e passou grande parte da sua vida combatendo o regime comunista e a política de Fidel Castro. Apesar de ter apoiado a revolução cubana nos seus primeiros anos, devido à extrema miséria em que vivia com a sua família nos anos em que Fulgêncio Batista governou o país, acabou por ser vítima de censura e da repressão, tendo sido várias vezes perseguido, preso e torturado e forçado a abandonar  diversos trabalhos (como conta na obra autobiográfica "Antes Que Anoiteça"), mostrando que o governo de Fidel Castro não havia trazido mais democracia à ilha. O filme mostra aos aficionados pelo regime Cubano o seu lado repressor, discriminatório e hipócrita, principalmente no que se restringe a perseguição aos homossexuais.
Durante a década de 1970, Arenas tentou, por vário meios, fugir da ilha, sem que obtivesse sucesso. Mais tarde, devido a uma autorização de saída de todos os homossexuais e de outras persona non grata e depois de ter mudado de nome, Arenas pôde deixar o país e passou a se estabelecer em New York, onde diagnosticaram o vírus da Aids. Nessa época, escreveu "Antes que anoiteça" (no original "Antes que anochezca"). Em 1990, terminada a obra, Arenas suicidou-se com uma dose excessiva de álcool e droga. Dez anos mais tarde, em 2000, estreou a versão cinematográfica da sua autobiografia, tendo Javier Bardem no papel do escritor. Entre os atores coadjuvantes, está o diretor brasileiro Hector Babenco, que interpreta Virgilio Piñeyro, um dos intelectuais homossexuais perseguidos na mesma época que Arenas, e o ator americano Johnny Depp, em dois papéis, um deles o de um travesti chamado Bon Bon.

Termino esta postagem com um poema de Arenas chamado Aquela Criança De Sempre e que faz parte da cena final do filme.

Sou esse menino desagradável,
sem dúvida inoportuno,
de cara redonda e suja,
que fica nos faróis,
onde as grandes damas tão bem iluminadas,
ou onde as meninas que parecem levitar,
projetam o insulto de suas caras redondas e sujas.

Sou uma criança solitária,
que o insulta como uma criança solitária,
e o avisa:
se por hipocrisia você tocar na minha cabeça,
aproveitarei a chance para roubar-lhe a carteira.

Sou aquela criança de sempre,
que provoca terror,
por iminente lepra,
iminentes pulgas, ofensas,
demônios e crime iminente.

Sou aquela criança repugnante,
que improvisa uma cama de papelão
E espera, na certeza,
que você me acompanhará.

NÃO à Violencia

Depois de assistir a noticia e ao vídeo onde uma mulher inocente foi linchada, por ser confundida com uma sequestradora de crianças, por alguns moradores de Morrinhos no interior de Guarujá, em São Paulo, a pergunta que eu me faço é a seguinte: 

Como as pessoas podem chegar a este nível de violência, instigadas por falsos rumores. 

Como podem acreditar que um atitude barbara como esta que levou a morte desta inocente, pode ser encarada como um ato de justiça? 

Mesmo que esta pobre mulher fosse culpada, não justificaria a "Justiça com as próprias mãos" por um grupo delinquentes que simplesmente não pensam, somente agridem até a morte fazendo parte de uma maquina de destruição e violência muito comum nos dias de hoje. 

E agora que foi provado que esta vitima era inocente, o que fazer? O que deve pensar cada um desses linchadores assassinos, quando deitam a cabeça no travesseiro e pensam no que fizeram? Caem em si, sobre o crime que cometeram ou simplesmente planejam uma desculpa para justificarem seu crime absurdo fingindo-se de inocentes?

JOGANDO FARELOS AOS POMBOS

Ontem  ouvindo uma conversa entre colegas, me perguntei por que a razão as pessoas preferem fazer comentários e insinuações sobre atitudes que elas condenam, ao invés de combate-las diretamente com quem desfere a agressão. Será que jogar farelos aos pombos, fazer comentários ácidos ao vento, é algum tipo de meio comprometimento, uma forma discreta de denuncia?

Penso que nos dias de hoje, não cabe mais agir com cinismo ou assistirmos calados, agressões que ferem tudo aquilo que acreditamos, sem nos posicionarmos assumidamente contra ao que causa violência nos outros e a nós mesmos, ainda mais quando conhecemos os envolvidos. Falar diretamente ou procurar os meios adequados, com certeza deve ser a melhor conduta afim de evitar erros.

EMOCIONALMENTE JUNTOS.

Faz alguns dias que venho recebendo noticias e fotos de alguns amigos que viajaram para Europa no incio deste mês e então me dá aquela pontinha de inveja..., mais do que isto, aquele desejo de estar lá, curtindo com eles aqueles lugares maravilhosos que também visitei quando estive por lá no ano passado.

A vida nos impõe algumas vezes, por enes motivos, de fiquemos em pontas diferentes. Quando eu estava por lá, lembrava-me deles que ficaram por aqui e pensando no quanto seria bom se estivéssemos todos juntos. Agora, com a globalização, internet e suas ferramentas, fica tão fácil a comunicação com pessoas do outro lado do planeta. Isto é muito bom. mas nada se compara ao toque e o calor da pele.