Armaduras necessárias.

Quanto mais desatentas, são comigo, as pessoas ditas minhas amigas, mais atento eu fico com elas. Mas essa minha atenção não é a de carinho e dedicação que se presta aos amigos leais que são poucos, mas de cuidado e  precaução aos que possivelmente são letais, para que futuramente eu não venha ter surpresas tardias. Vocês devem estar pensando que isto é uma espécie de armadura. Mas quem disse que armaduras ou camisas de força são desnecessárias quando algumas relações se firmam por caminhos que fogem de nossa compreensão e deixam rastros de egoísmo? 
Eu fiz um post com o titulo:"Eu procuro as pessoas por que tenho saudades ou por solidão?" que deixei na pagina de rascunho do blog e nunca publiquei, por me parecer somente uma grande viagem pessoal e perda de tempo. Quem sabe um dia eu poste.

Insensato Coração

As cenas da novela das nove, Insensato Coração, que mostram a relação entre o banqueiro Cortez (Herson Capri), sua esposa Clarisse (Ana Beatriz Nogueira) e a amante Natalie Lamour (Débora Seco), que busca se firmar como celebridade, é calçada numa relação, cujo o numero alto de mulheres  conhecem muito bem e que  sofre na pele as mais diferentes humilhações. A traição protagonizada por Cortez, um homem cinquentão e galinha que tenta firmar sua masculinidade, envolvendo-se com mulheres bonitas e mais jovens  é também o retrato do egoísmo  e mal caratismo que o impede de abrir mão de uma das relações, criando um triângulo de insatisfações  aos envolvidos, geradas por suas tramas e mentiras.
Nesta trama de jogo de forças, de uma lado esta  Natalie Lamour, jovem, cheia de sonhos e projetos de ter uma vida glamourosa e que acredita ter encontrado em Cortez a galinha dos ovos de ouro. Associado a isto, ela aposta numa relação prazerosa e de amor eterno. A arma a seu favor é a juventude, beleza  e a sedução.
Do outro lado Clarisse, uma esposa dedicada e boa administradora familiar que acredita ter no silencio e fingir ignorar as traições do marido, sua melhor estratégia para manter seu casamento de hipocrisia. Ela sabe que não pode concorrer com a juventude e beleza da(s)amante(s) do marido, então opta por atitudes passivas, violentando-se, na certeza de que tudo vai passar e que jamais perderá o marido.  Ela define bem isto, quando diz para as amigas, referindo-se as amantes do marido: "Elas vão e eu fico... Esta não é a primeira e ele sempre volta pra casa"
Eu li num desses sites que faz comentários sobre o enredo de novelas, que os próximos capítulos, vão trazer uma nova revelação e deixar uma suspeita no ar. A primeira mulher de Cortez também morreu em um acidente,  como acontecerá com Clarice.
A suspeita de uma possível morte provocada pelo banqueiro surge, quando sua filha Paula (Tainá Müller) do primeiro casamento é questionada sobre como Rafa (Jonatas Faro) fruto do segundo casamento com Clarice, está reagindo à morte de sua mãe (Clarice). É nesse momento que Paula relembra como perdeu a mãe.
A primeira mulher do banqueiro também morreu em um acidente. A família planejava uma viagem e  quando sua primeira mulher foi sozinha, para preparar o sítio para o final de semana.“Naquela época os aquecedores ficavam dentro do banheiro. O da suíte deles (Cortez e a antiga mulher) teve um vazamento. Pelo menos ela morreu dormindo, não deve ter sofrido”, diz Paula.
Será que existe um assassino misterioso na trama? Cortez ja demonstrou atitudes  dignas de um mafioso  ao mandar capangas dar uma surra num jovem, que se aproximou de Natalie numa boate, quando esta decepcionada com suas mentiras, resolveu lhe provocar ciumes. Acho que esta história, ainda promete algumas surpresas.

O Arco-íris


Depois da chuva, no meio da tarde, o céu se dividiu em muitas cores me deixando na duvida qual das tonalidades era a mais bonita; e num determinado momento,  o arco-íris foi surgindo como um risco  de luz quase laranja atravessando de uma ponta a outra o horizonte que parecia de um degradê de  tons azul, lilás, cinza  e verde.
Nestes momentos, foi possível esquecer de todos os problemas, de todas as situações que angustiam e ficar tranquilo, atento, olhando para toda aquela beleza enquanto capturava as imagens em meu Nokia e meu colega discutia sua relação por telefone.


Quando pequeno, eu acreditava na mentira de um pote de ouro escondido numa das pontas do arco-iris e ficava pensando na distância e dificuldade que seria chegar  até lá. Com o tempo, vamos crescendo e descobrindo respostas científicas para estes fenômenos, que por mais que sejam naturais, nos absorve com sentimentos de magia guardadas em nossos registros pessoais da infância ainda vivos. Talvez este, não fosse dos mais bonitos que já vi na minha vida, mas me fez ganhar o dia por conta destas viagens interiores que nos obrigamos fazer nestes momentos.

Perdendo a língua

Foi só eu chegar no Café, cumprimentar a todos e minha língua caiu para debaixo da mesa. Eu acho que ela estava lá, escondida em algumas dobras do tapete e eu sabia que só poderia recupera-la depois que todos saíssem  para a rua. 
Mas o que dizer nestes momentos incômodos que não se tem  o que dizer para pessoas estranhas, num grupo estranho e você é o  único estranho entre todos? Eu deveria seguir a cartilha de bom senso de [Danuza] e ter ficado em casa, assim não perderia minha língua.
Eu tentei fazer um sinal para o garçon, mas ele não  olhava em minha direção. Ele talvez  não quisesse ser cúmplice da missão desagradável de tentar encontrar minha língua e  alcançar-me discretamente por debaixo da mesa.  Por sorte o encontro não demorou além de um taça de vinho e todos seguiram seu rumo ainda cedo. Mesmo sendo um sábado a noite, nada me parecia convidativo nas rua molhadas da cidade.  Segui pelo meio das árvores, entrei no carro e voltei para casa.

Diálogo emprestado 2

Eu ainda tenho um pouco desta coisa de desconfiança, de não me soltar com as pessoas e então erro, erro demais. Acabo confiando em quem não devia e jogando fora o que não devia jogar. Entende?
Ainda falta muito para que eu aprenda certas diferenças, mas não consigo, sou fácil de ser enganada com sorrisos em um pouco de atenção... Ainda não aprendi a jogar esse jogo.

DIÁLOGO EMPRESTADO 1

Eu quero aquela lamina mais cara, que não me corte profundamente a pele. Chega de coisas ordinárias! -Disse apontando para o objeto no balcão de vidro.
Isso, aquelas com proteção pra rostos sensíveis e que não deixam marcas depois...
Senão tenho que remendar os buracos de sangue, com um reboco de talco que aprendi. Tudo se aprende nesta vida, né mesmo?..
É a única forma de parar de sangrar, embora eu fique com a cara branca,  parecendo um defunto, mas pronto pra me soltar nesta vida!

Lara com Z

Olha, eu juro que tentei!.. Me preparei positivamente depois do banho, com uma xícara de café no  colo, encostado na cama, para dar mais uma chance à Lara com Z, ontem de noite na TV Globo, mas não me convenceu.
Ninguém me tira da cabeça, que Susana Vieira não está interpretando senão ela mesma e que esta história construída por Agnaldo Silva e dirigida por Wolf Maya, falta tudo, principalmente elementos que convença. O encontro de Lara então, com sua arque inimiga dos tempos de escola, Sandra Heibert - atual critica de teatro, interpretada por Eliane  Jardini, foi de doer de tão fraco, infantil e pouco convincente.
Gente, que saudades dos tempos que se assistia Tenda dos Milagres, O tempo e o Vento, Grandes Sertões Veredas, Riacho Doce, Chiquinha Gonzaga, Presença de Anita, A Casa das Sete Mulheres, O Maias, JK e tantas outras mini series que eu corria para não perder um capitulo se quer.

Que decepção!

Eu não sei a opinião da maioria das pessoas, sobre as mini- séries apresentadas pela Globo nestas ultimas semanas, inicio do mês de Abril e que são: Lara com Z, Tapas e Beijos, Macho Man e Divã, todas com atores de primeira grandeza, mas com historias armadas à partir de tablóides previsíveis, repetitivos e sem graça, que não me causaram a simpatia esperada como nas outras mini séries realizadas pela Globo no passado. Eu arriscaria a dizer que talvez Divã reestruturado à partir do filme de mesmo nome e  que conquistou bom público e sucesso, protagonizada por Lília Cabral seja a menos ruim, contando as experiências e adversidades de uma mulher que tenta reconquistar seu espaço emocional e profissional após a separação com a ajuda de seu analista.
Lara com Z, protagonizada por Susana Vieira, é a repetição de tantos outras personagens glamurosas construída para ela e que só trocaram de nome. Acho até que Susana é a própria diva, contando sua história. Eu gosto de trabalho de Susana Vieira, mas acho que já esta na hora de lhe  concederem papeis mais consistentes como os que lhe consagraram como grande atriz.
Macho Man, com Jorge Fernando e Marisa Orth, talvez seja o pior de todos, construído em clichés estereotipados reforçando a ideia de que gays são simplesmente alegres e não tem mais nada na cabeça além de quererem se divertirem. Isto fica bem claro numa das cenas iniciais em que Valéria personagem vivida por Marisa Orth e que não tenho queixas de sua atuação, inicia um dialogo com Zuzu, gay assumido e vivido por Jorge Fernando na mini serie:
_Por que vocês gays são tão animados, o que vocês gays tem que nós não temos?..
_Gays só querem se divertir!..
Zuzu parece um  idiota recheado de gestos  excessivamente efeminados, gritinhos histéricos e danças escandalosas, numa época em que a sociedade gay luta por um reconhecimento  de igualdade de direitos e respeito social. Apesar dos autores terem dito em entrevistas que a mini serie não  tinham a intenção de mudar ou recriar  conceitos, mas  provocar risos, errou pela irresponsabilidade de reforçar o preconceito de que gays não devem ser levados à serio. 
Tapas e Beijos com Andréa Beltrão e Fernanda Torres, parecem seguir a linha das  las locas, onde duas mulheres, colegas de trabalho, numa loja de vestidos de noiva, mantém relações amorosas com homens que não as assumem fazendo-as se meterem nas mais varias  confusões e trapalhadas. Fernanda Torres que é uma excelente atriz, constrói bem estes papeis de mulheres já surtadas por natureza e a beira de um ataque de nervos, como já provou em Os Normais, fazendo o maior sucesso. A Globo não me pareceu ter entrado com pé direito neste ultimo projeto das mine séries brasileiras, espero que tenha algum tempo para retempera-las e causar um diferente sabor aos que apreciam este formato de entretenimento.

Broas de polvilho e mate doce


Logo que eu levantei da cama e me debrucei no parapeito da janela, o dia estava de uma cor verde ictérica, parecendo anormal. Uma cor que eu nunca tinha visto antes e que me deixou intrigado. A chuva logo veio atrás, conforme a previsão dada ontem no jornal da TV. "Chuva, muita chuva em algumas regiões do Sul e Sudeste do país".
Semana passada estive numa cidade no interior do Estado, com casinhas de madeira em estilo da campanha, sobre extensos campos e saindo fumaça de suas chaminés. Eu gostaria de estar hoje por lá, comendo broas de polvilho com mate doce. O resto eu deixo ainda por conta da imaginação...
Eu lembro quando estive em Cambara do Sul, com uma colega, na casa de uma amiga. O fogão à lenha aceso, pinhão assado na chapa, uns dias chovia, no outro fazia frio, banho em chuveiro improvisado, cavalgadas para recolher o gado, as ovelhas, uma simplicidade tamanha que só pode ser traduzida como a melhor qualidade de vida que ainda é possível de se ter acesso.
Faz tanto tempo que eu estive por lá, que quase não lembro do rosto das pessoas que me acolheram, mas o carinho ficou registrado na alma.

Pulga na orelha e borboletas no pensamento

Neste momento, me encontro numa espécie de  recesso ou hibernação emocional para interagir com as pessoas, como se algo me impedisse de me manter leve e a vontade nos  meios sociais por onde circulo. Me ponho camuflado, concordado, repetindo bordões que todos estão acostumados à ouvir, mas que não é o que  eu gostaria de dizer, me submetendo a repetições de idéias ou caindo  em abismos do [é.., pois é...] Será que é isto mesmo que eu estou sentindo ou é apenas cansaço do trabalho, da vida, de mim mesmo?.. Haverá alguma discussão ou poema novo a serem trocados?
Eu acho que  existe vários motivos de fecharmos nossas portas e janelas de acesso interno aos que estão a nossa volta. Primeiro, quando nos fechamos intencionalmente  por razões visíveis e autorizadas por nós mesmos e segundo, quando elas se fecham sem ter um motivo reconhecido e aparentemente sem razão. Me  sinto nas duas situação sem nenhuma justificativa para este impasse.
Este tipo de sentimento parece estar ligado a uma linha fina mas resistente de insatisfações introjetadas, que de uma hora para outra se rompe e volto a me sentir livre, aberto à novas perspectivas emocionais.
Mas independente destas situações comuns a quem respira, a vida mantém o seu ciclo incondicional e foi neste ciclo que se move independente, que ontem recebi um elogio de uma pessoa que eu não esperava receber e que meu colega jurou  ser uma cantada.
Cantada a esta altura do campeonato.., mas por que não?..
Eu sou um tanto lerdo para absorver algumas manifestações inesperadas como a de  ontem, mas também fiquei surpreso por ser clara e direta, me pondo uma pulga atrás da orelha e algumas borboletas no pensamento.

Um cadáver no supermercado

O frango à caipira exposto no balcão climatizado do supermercado, me causou tamanha sensação de mal estar, que carreguei aquela imagem por vários dias na cabeça. Além de ser uma ave grande, lembrando de um peru, estava acomodado dentro de uma sacola de plástico, praticamente inteiro. Os  pés, o pescoço, a cabeça com crista e olhos fechados de quem sofreu ao  se entregar ao abate, me dava a impressão de que era um cadáver e não um produto para o consumo. É claro que não deixava de ser um cadáver, mas alguns cuidados tomados com certos padrões estéticos e de apresentação de produtos, são capazes de modificar nossas impressões e conceitos, instigadas por nossos olhares morais; não é mesmo? Em outras palavras quero dizer que alguns distribuidores devem ter a preocupação de  expor seus produtos com uma apresentação que não assustem seus clientes.
Eu lembro de quando trabalhava no bloco cirúrgico do Pronto Socorro, os pacientes que se submetiam a cirurgias, eram posicionados e coberto por panos verdes e grossos, que chamávamos de campos, afim de manter a integridade do paciente e do procedimento cirúrgico, impedindo a proliferação de gemes e do risco de contaminações. Este é um procedimento normal e rotineiro nas salas de cirurgias. Esta proteção com panos (campos), sobre o corpo do paciente, protegia-o de tal forma, que me causava a impressão, e acho que também para quem trabalhava no procedimento, que não era uma pessoa, mas um corpo humano, com partes delimitadas a serem abertas com um bisturi, sem culpas e fricotes morais.
Tudo se tornava mais fácil e emocionalmente impessoal, quando alguns padrões estéticos são adicionados de modo a camuflar impactos visuais, eu pensava.
Aquela ave no supermercado, não estava cortada e embalada adequadamente de forma a atrair  consumidores, mas exposta como um cadáver para possíveis estudos periciais. Foi o que senti quando a avistei no balcão.

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Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...