LIBÉLULAS E BAILARINAS.


Ontem à tarde, fui cercado por libélulas que sobrevoavam uma poça d'água, criada pela chuva, no patio do meu trabalho. Seus corpos alongados e asas quase transparentes, me pareciam pequenos helicópteros de guerra,  ou bailarinas esguias executando movimentos sincronizados sobre água, com curiosa beleza. Minha presença  não as inibiu em suas insistentes tentativas de se aproximarem. As vezes faço  comparações que parecem engavetadas numa  outra dimensão de minha realidade, tornando-me tão contemplativo quanto distraído ao que percebo diante de mim. É curioso, pensar que sempre relacionei libélulas com helicópteros e bailarinas, como relaciono outras coisas, na qual esbarro na vida, nem sempre com alguma estética semelhante que as lembrei.

CHUVA MÁGICA

E logo que a chuva esperada chegou neste Sábado, desci até a praça vazia e fui caminhar como havia planejado à semanas. As gotas ardiam em minhas costas e a grama molhada sob meus pés faziam-me  deslizar sobre os passeio entre as árvores floridas e  com cores ainda mais vivas.
Que magia é esta, que cai do céu  como cristais e  transforma  tudo a minha volta com mais cheiro, mais personalidade, mais vida,  do que nos  outros dias que se repetem comuns?
Não tenho respostas pra isto. A gente nunca tem.

Elementos de uma grande mentira.

Já faz algum tempo que deixei de me preocupar com o que escrevo aqui no blog,  sem medo de  não ser compreendido, por utilizar palavras, opiniões e sentimentos pessoais que  se contrapõe  e que talvez me façam parecer uma pessoa desequilibrada, medrosa e  sem bom senso. Acho que não é posivel ser verdadeiro, sem ser contraditório, controverso, duvidoso. Meus sentimentos, são maiores do que minhas atitudes, gestos e posturas sociais diante da vida e reagem  como agua fria jogada numa panela com óleo quente. As vezes escrevo mentiras que penso ser verdades, alimento sonhos que mais tarde percebo não serem possíveis de  realizar e isto ao final de tudo me faz reduzir e perceber o quanto sou humanamente comum e me fragmento com situações que antes pareciam tão  óbvias  e aceitáveis e por alguns momentos tão sem controle.
Eu gostaria neste momento de  caminhar por horas sob a chuva esperada, abraçar arvores, estender-me no chão, na tentativa  de abrandar todo este peso de dúvidas que carrego, todo este meu cansaço e reverter a  sensação de impotência que  a morte me causou nestas ultimas semanas. Preciso de um  pequeno recesso elementar,  que não sei de onde tirar; de um descanso, um tempo para que tudo volte a parecer equilibrado. Preciso voltar a  não ter esta sensação de desconforto e acreditar que ainda haverá tempo, embora não seja possível ter controle sobre nada. Acho que me recuso a aceitar que podemos deixar coisas inacabadas, não resolvidas e simplesmente desaparecer como elementos de uma grande mentira.

Sem poupar coração

Caminho das Borboletas

Novamente amanheceu cinza nesta Sexta, como eu gosto. Daqui do alto, vejo as pessoas caminharem estimuladas em seus trajes de esporte leve e confortável.
Gostaria neste momento de retornar à São Chico e refazer o Caminho das Borboletas, depois da curva de asfalto em forma de ferradura para a direita, logo após a parada 190.
Tô precisado de caminhar por estes lugares mágicos, cuja beleza não me parece ter uma explicação humana. Por hora; castigo meus cotovelos, debruçando-me nesta janela investigando perspectivas.

Aceno

Havia muito mais ansiedade do que alegria na hora da chegada, uma especie de  urgencia, que me possibilitava absorver  por todos os póros do corpo o ar de casa, nas ruas conhecidas de minha cidade; Mesmo se estivesse com os olhos vendados, naquela manhã bem cedo, à reconheceria pelo cheiro. Eu particularmente, tinha pressa de correr pra casa, arrastando minha mala pela larga calçada e entrar no primeiro táxi que surgisse na esquina.  
Uma rápida olhada pra traz e todos estavam pousando para fotos e tambem meu querido amigo que em seguida pareceu vir em minha direção na intenção de despedir-se. Talvez  ele quisesse um abraço e eu também queria!.,mas minha ansiedade me envadia tanto que sómente levantei a mão num aceno de adeus e disse magras e gentis palavras que foram insuficientes.

Flor


Alguns sentimentos de perda me deixam sem voz e com os pensamentos confusos, não encontrando explicações que amenize a dor.
Amigos partem deste mundo e criam um espaço insubstituível na minha vida, deixando este nó que não se desfaz facilmente.
Eu até que percebi não estar inteiro no jantar de ontem. Na verdade, ninguém parecia estar.
Pela manhã a triste notícia já esperada, mas que ninguém queria ouvir.

Abraços e apertos de mão

Gosto de apertos de mão cuja a pegada se revela firme e impõe presença de carater, de abraços afetuosos que transferem o calor humano do corpo e a sinceridade da alma, dos beijos doces  que traduzem verdadeiros sentimentos.
Algumas mãos me parecem artificiais e faltando dedos, alguns abraços são tímidos como se não existissem corpos. Hoje fui surpreendido por pessoas que sabiam a importância destas diferenças.

Neve sobre os telhados de Paris

Sonhei que me acordava num quarto de hotel em Paris. A manhã estava ainda pouco iluminada e caia uma neve fina sobre os telhados exóticos das casas antigas numa rua estreita, acumulando-se nos passeios e esquinas ainda pouco movimentadas pelo cedo da hora.
Corri até a calçada vestindo-me apressado e pensei não estar tão feliz por estar em Paris.., mas por constatar singular beleza na neve, que encantava meus olhos atentos e enfeitiçados.


Poderia ser qualquer lugar, o que importava era a  magia da neve que caia. Então posei para uma foto com amigos que se aproximavam na calçada branca, em contraste com nossas roupas escuras de inverno. A  luz do flash se acendeu e nos eternizamos na típica pose de abraço, até eu me acordar de fato e pensar que os sonhos contem genuínas emoções que a realidade às vezes não alcança. 

Melancolia essencial

Amanheceu com uma chuva fina e uma brisa agradável entrando pela minha janela. Eu esperava à varias  semanas que este clima substituisse o extremo calor que estava fazendo na cidade. Gosto de dias às vezes cinza como o que nasceu hoje, por que me causam uma conhecida melancolia essencial que parece estimular-me a momentos mais contemplativos e intimista. Si é qui mi intendi?..
Hoje cedo, assisti pela milionésima vez o filme "Another Woman" de 1988 e fiquei pensando no como este filme antigo do Woody Allen  me instiga a refletir e a bater em minhas essências pessoais, em como é necessário desconstruir crenças, desfazer relações viciadas com o mundo, com as pessoas, nos divorciar-mos de nós mesmos a procura de novas referencias de amor; e quando falo de amor, refiro-me ao fraternal, ao que nos compõe e nos torna igualitários no aspecto de respeitar as  sutis diferenças pessoais, as impossibilidades, as fragilidades, os medos, fazendo disto uma nova releitura de nossas convivências.

QUANDO GESTOS SIMPLES DERRUBAM LEÕES

No dia em que viajei para Buenos Aires, foram feitas as apresentações dentro do ônibus como é de praxe: Cada pessoa revelava seu nome, o que fazia e também comentava sobre seus objetivos e expectativas com a viagem e assim procedeu-se. 
Eu entendi que aquilo era uma forma de facilitar a integração entre as pessoas até então meros desconhecidos. Mas o diferencial se fez quando um dos jovens que compunha o grupo, levantou-se a o ser chamado e olhando à todos na altura dos olhos, com a expressão muita tranquila, disse que era a sua primeira viagem para Buenos Aires ao lado do namorado e que a intenção era divertirem-se muito na cidade.
Aquela atitude corajosa, se espalhou entre o silencio dos expectadores e provou que os dias em que vivemos está evoluindo para melhor e isto, através de condutas sinceras e verdadeiras como a deste jovem, que surpreendeu a todos.
Óbvio que não houveram manifestações inadequadas, murmúrios duvidosos ou outras coisas do gênero, no resto do grupo, afinal vivemos numa sociedade "moderna", cujo os valores evoluem a todo o momento em direção a uma plataforma de liberdade e respeito individual e qualquer manifestação imprópria, seria como assinar a própria sentença publicamente.
Mas o que me chamou a atenção e à partir daí postar este comentário aqui no blog, foi realmente o silencio estabelecido entre as pessoas e que considerei um divisor de pensamentos marcado por possíveis questionamentos morais entre as verdades de cada um ali sentados. Existe no silencio uma perspectiva de reflexão, mesmo que camuflado de outras intenções e isto é um passo para a construção de novas ideias, possibilitando à todos tornarem-se mais flexíveis diante das diversidades assumidas com muita naturalidade e dignidade.
Isto me fez lembrar de uma frase dita por um amigo: _Gestos simples derrubam leões!.
E é uma verdade.

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Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...