VIDA NO DESERTO


Ontem lembrei da viagem que fiz ao Chile com meu filho e que me deixou por um lado revigorado e por outro reflexivo. Ver tanta beleza natural me deixou orgulhoso de estar vivo e de poder testemunhar com ele, coisas que eu só via por cartões postais e revistas e outras que eu nem imaginava que existiam. 


Cruzar a Cordilheira Andina, pisar no deserto do Atacama, no deserto de sal e visitar as ruínas de comunidad Atacameña El Pukara de Quitor a apenas 3 quilômetros de San Pedro do Atacama, com estruturas de pedras construídas no século XII para se protegerem de invasores, me causou sentimentos de valorização da vida que eu pouco conhecia. 
Cada canto, povoado desta parte tão inóspita e árida do planeta, nos obriga a fazer uma reflexão sobre tudo, sobre a nossa vida diante de diferentes hábitos e culturas. A pensar nas exigências que fizemos para nos sentirmos felizes e realizados como cidadãos cobertos de vícios civilizatórios. A valorização da vida e pensar que a sobrevivência pode ser uma forma simples de adaptação ao meio em que vivemos e no quanto somos insuficientes diante de toda esta complexidade. 

Algumas curiosidades que você não sabia sobre o Deserto do Atacama!

DESERTO MAIS SECO DO MUNDO:

O deserto do Atacama é o mais seco dentre todos os desertos do planeta. A precipitação média da região é de apenas 1 mm/ano e em alguns lugares específicos do deserto não há registros de chuva desde 1570. Imagina só: um lugar que não chove há mais de 400 anos!



DESERTO FLORIDO:

Algumas espécies de flores do Atacama possuem a chamada “dormência”. Elas ficam debaixo da terra protegidas do calor intenso, da aridez e do frio, só esperando a umidade necessária para florescer.

A cada 5 a 10 anos, uma forte onda de vapor d’água toma o ar nas proximidades das montanhas, fazendo com que essas plantas brotem dando vida a esse fenômeno formado por um espetacular tapete de flores coloridas.



AS CIDADES FANTASMAS

Parecem mais um cenário de filme de terror ou de faroeste, mas essa cidades eram prósperas e abrigavam os trabalhadores das antigas minas do local. Os mineiros construíam essas cidades e viviam nelas até que a exploração do minério durasse, depois disso, as abandonavam e construíam outras próximas às novas minas.




AS MÚMIAS MAIS ANTIGAS NÃO SÃO EGIPCIAS:

Pasme: as múmias mais antigas do mundo não são egípcias… são chilenas, chico! As múmias datam entre 7.000 a 2.000 a.c., são da cultura “chinchorro” e foram encontradas a partir de 1917 no deserto do Atacama.


Os chinchorros era caçadores, coletores e pescadores que viviam na região. Suas técnicas de mumificação eram extremamente eficientes, que conservaram seus corpos até os dias de hoje. Pelo menos 2.000 anos antes de os egípcios desenvolverem estes rituais de mumificação, os chinchorros já estavam com todo gás!

Iolanda



Eu estava em Santiago ou em Córdoba conversando com o Beto via Msn, quando perguntei pela Landa, sabidamente baixada a alguns dias na UTI em estado crítico de saúde e de dificil esperança de uma melhora, um milagre. Eu sentia instintivamente que o pior pudesse acontecer por estes dias e aconteceu. Quando li naquela linha escrita: " Ela foi sepultada ontem!...", uma certa amargura brotou na minha boca e pensei que talves ela gostasse de estar conosco, comtemplando todos os lugares que visitamos, se tivesse forças para dominar o que chamamos de morte. Depois fiquei alguns minutos em silencio lembrando da musica que a muito tempo cantavamos pra ela:
Esta canção não é mais que mais uma canção
Quem dera fosse uma declaração de amor
Romântica, sem procurar a justa forma
Do que lhe vem de forma assim tão caudalosa
Te amo,
te amo,
eternamente te amo
Se me faltares, nem por isso eu morro
Se é pra morrer, quero morrer contigo
Minha solidão se sente acompanhada
Por isso às vezes sei que necessito
Teu colo,
teu colo,
eternamente teu colo
Quando te vi, eu bem que estava certo
De que me sentiria descoberto
A minha pele vais despindo aos poucos
Me abres o peito quando me acumulas
De amores,
de amores,
eternamente de amores
Se alguma vez me sinto derrotado
Eu abro mão do sol de cada dia
Rezando o credo que tu me ensinaste
Olho teu rosto e digo à ventania
Iolanda, Iolanda, eternamente Iolanda.

Férias

Mudança de planos: Como Cusco ficou alagada pela enchente dos últimos dias, tornando-a inviável, impróprio para se chegar até lá e fazer um tour, uma festa, resolvemos mudar nosso destino em respeito as reações de queixas da natureza!
No destino será Argentina e Chile onde visitaremos, Córdoba!!.., Mendonça!!.., Andes!!.., Santiago!!..., Valparaiso!!.., Vinas del Mar!!.., Deserto do Atacama!!.., Antofagasta!!.., Licancabur!!.., Geisel Del Tatio!!..,Valle de La Muerte!!.., Salta!!....Buenos Aires!.

Coração Satânico

Coração Satânico é destes filmes que eu inexplicavelmente assistia em pedaços quando ligava a televisão, por que já estava rodando a não sei quanto tempo.
Um dia vi o seu inicio, algum tempo, depois outras partes do filme, mas sempre me angustiava e aguçava-me a curiosidade de assisti-lo na íntegra, pelas cenas densas e de fotografia rica, detalhadas, cheio de sutilezas.
Algo me chamava a atenção neste filme instigante, que mostra muito mais do que a historia de um detetive particular que foi contratado para desvendar o paradeiro de um musico ligado a seitas satânicas e cujas as pessoas ligadas a ele vão sendo mortas violentamente e colocando o detetive com principal suspeito dos crimes. O filme é cheio de pequenos rituais de ordem psíquica, cenas paralelas que abordam alguns maneirismos culturais da época e do local (Nova Orleans- cidade do Blue/jazz de rua, anos 50), onde acontece a trama que ultrapassa a historia simples de terror e suspense que estamos acostumados a ver na TV. Coração Satânico é uma destas produções que não atingiram o eixo comercial, mas é admirado pelos seus poucos fãs como eu e encaixando-se no conceito Cult cinematográfico.
Termino este post com a opinião de um cinófilo sobre o filme:
"Ele nos deixa o questionamento: Atos obscuros são engrenados nos calabouços de nossa mente, ou há mesmo uma força maligna além de nossa compreensão que dirige nossos desejos toda vez que almejamos alterar o ciclo natural da vida?..."

Titulo Original: Angel Heart.
Lançamento: EUA- 1987.
Direção: Alan Parker.
Atores: Mickey Rouke, Robert De Niro, Charlotte Rampling, Brownie McGhee.
Gênero: Terror/suspense
Duração: 112min.



Café Santo de Casa



Tem lugares que me causam surpresa por estarem dentro da cidade onde eu moro e não ter o conhecimento de sua singularidade e beleza. Desatenção, falta de oportunidade, desconhecimento?... Hoje no encontro com os integrantes da excursão para (Macchu Picchu) e que se reuniram para discutirem alguns detalhes sobre a viagem, conheci o bar café escondido no sétimo andar da Casa de Cultura Mário Quintana, com sua arquitetura barroca diferenciada e bem vinda nesses tempos de modernidade e linhas retas.



No espaço aberto para Happy hour,  o teto é em formato de abobada e em toda volta, amplas aberturas onde é possível observar-se o Lago Guaíba e parte da cidade. O ambiente é tranquilo, o serviço sem queixas, e passa aquela sensação de estarmos em algum cantinho europeu tão sonhado!.. Além desta sensação, a temática da cafeteria de nome Café Santo de Casa, homenageia diversas religiões e crenças em meio a uma atmosfera de Pub. Os santos não estão apenas no nome da casa, eles também batizam os pratos e os cafés. O happy hour sugestivo para um final da tarde, pode ser regado a chope ou cerveja, no embalo de música ao vivo e uma visão privilegiada da cidade. Este Santo de Casa me fez milagres!..


Horário de atendimento: De terça à sexta das 10h às 23h30.
Sab., Dom., feriados das 12h às 23h
Capacidade: 200 lugares.
Site: http:www.cafesantodecasa.blogspot.com

Renda-se, como eu me rendi.
Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei.
Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.

Clarice Lispector

Loucuras

Dia desses escreví no blog um texto em que eu dizia numa frase, não querer mais administrar as loucuras que não fossem as minhas e então que fiquei pensando sobre isto, nesta frase que brotou espontânea e que é um sentimento verdadeiro. Antes devo explicar o que eu apelidei de loucura e que no texto anterior não deixei claro e que para mim, que não achei outra forma de conceituar a complexa "Fábrica de Sonhos", com que as pessoas definem sua relação com os outros, no seu convívio social, afetivo, no trabalho, a dinâmica de suas emoções, satisfações, frustrações, expectativas, que oscilam independente de suas vontades.
Administrar estas loucuras alheias, significa muitas vezes se submeter a elas, fazer cabe-las em nós, sufocando a nossa própria, se envolver em sentimentos e situações complexas que nunca acabam e podem não ter uma resposta de satisfação para ambas as partes. Bom seria se cada um administrasse a sua, sem conflitos maiores, sem auto piedade, sem se vitimar, sem responsabilizar os outros, como seria o correto. Quando vamos em busca de saídas do nosso caos interior, utilizamos as nossas relações de aféto como muletas e transformamos as pessoas com quem convivemos em co-responsáveis por nossas derrotas, como se dependesse delas a atitude transformadora para a resolução de nossos problemas. Cobramos atitudes, respostas, sorriso na hora certa, silêncio de consternação, decisões salvadoras, por que esperamos delas muito mais do que podem dar, transformando-as em escravos de nossas oscilações emocionais. Derramamos sobre elas todas as nossas frustrações em forma de pequenas cobranças e insatisfações menores, criamos buracos inexistentes na relação. Então vem aquela frase: (Ah, mas quando mais precisa de ti, não me destes apoio!..) Mas quando buscamos saídas por nós mesmos, antes de descobrir a força que temos, deparamo-nos com outros aspectos pessoais que nos surpreende por parecer estranho, distante daquilo que imaginávamos ser e que faz a gente se perguntar: Mas sou eu mesmo?... È como chegar diante de um espelho e enxergar outra cara diferente da qual estamos acostumados a ver e sentir pena. Daí que não vale o sacrifício de deparar-se com esta exposição que achamos medíocre, falsa, estranha!.. É que queremos sempre ser apoiados de alguma forma por alguém, não importa em que situação e circunstância. Gostamos de uma certa adulação, de uma cumplicidade sem limites que nos alimente o ego e isto parece significar alguma forma de ser amado, de ser aceito, de ser respeitado, sem dar em troca a mesma moeda de cumplicidade quando necessário. Precisamos de uma mão, não importa de quem seja, para caminharmos no escuro, e esta dependência se torna doentiamente eterna. Precisamos aprender a andar sozinhos quando necessário, sem fazer escravos, sem chantagens, sem pena de nós mesmos. Precisamos reconhecer a necessidade da mão amiga e do abraço afetuoso sem querer o corpo inteiro e a alma junto. É de vital importância que se crie espaços para que o ar circule e se renove. É necessário se dar uma chance para que sintamos nosso próprio poder de resolutividade. Por isso administrar certas loucuras de convivência e que não são as nossas, é por demais caro, é quase um serviço escravo de devoção vitalícia, que urge dar-mos um tempo para possamos viver.

Festa na Prainha


Dia 25 à noite foi a festa de comemoração do Fórum Social Mundial -10 anos na Prainha da Usina do Gasômetro em Porto Alegre com a participação de músicos locais como Renato Borghetti, Papas na Língua e finalizada com a apresentação de Marcelo D2. Além dos músicos, apresentações de capoeira, temáticas teatrais, exposições de arte e artesanato. A marcha de abertura do Fórum Social Mundial teve início no final da tarde, no Largo Glênio Peres. A caminhada percorreu a área central da cidade, passando pela Avenida Borges de Medeiros em direção à Prainha do Gasômetro, onde aconteceu os shows. O Fórum discute o futuro do planeta e pauta discussões sobre a crise ambiental, social e econômica, procurando caminhos a serem construídos. As comemorações se estenderão até o dia 29 de Janeiro.


Bingo!

De repente fomos acionados para atender uma senhora na Rua Dona Eugénia com queixa de arritmia cardíaca. Quando chegamos, ela estava deitada no sofá de seu belo apartamento cercada pelos dois filhos já adultos e preocupados com a situação da mãe que não parava de dizer entre gemidos e perceptível ansiedade para que não a deixassem morrer. Durante a entrevista e verificações dos sinais vitais onde constatamos uma taquicardia normal nestes casos de ansiedade, ela havia dito que sofria de síndrome do pânico e que usava como medicação Rivotril que resolveu parar por decisão própria. Bingo!..
Como não possuía uma referencia clínica ou hospitalar, embora tivesse um bom plano de saúde, o medico do Samu regulou para que nós a conduzissemos para a sala de clínica do Pronto Socorro Municipal, doqual fizemos parte e que os filhos rejeitaram imediatamente a ideia por (ser publico) e considerar que sua mãe tinha um plano de saúde diferenciado($$) e que só estavam usando o serviço do Samu por que ela possuía uma prótese de quadril implantada alguns anos que a impedia de ficar sentada num carro comum e ser levada por eles mesmos a algum serviço competente, não importava o preço. (Serviço de transporte), Bingo!
Depois de deixa-la na emergência de um hospital particular, lembrei que minutos antes tínhamos atendido uma senhora na Lomba do Pinheiro com possível congestionamento pulmonar por problemas cardíacos sérios e outras complicações que necessitavam de total agilidade e atenção da equipe e intervenção medica imediata. O que foi feito.
Fico lembrando destas duas ocorrências e pensando que é quase impossível não compara-las embora cada caso é um caso isolado em sua complexidade (clinica, social, economica, etc, etc...)
Eu me pergunto se sou egoísta quando busco somente o lado iluminado das pessoas, aquele que reflete sua visão diferenciada e que cria uma opinião através do olhar sutilmente sensível sobre as coisas. Talvez eu ame mais a grandeza da alma e a bondade do espírito, do que a plasticidade de um corpo, a apresentação de um kit sutilmente dissimulado. Talvez eu admire muito mais a profundidade do que os sentimentos básicos que nos torna tão desnecessariamente iguais, tão carentes, tão perdidos, tão igualmente sem saída.
E como diz as sabias palavras de Lama Padma Samten:
"O outro é você mesmo num mundo diferente."

Morte libertação e leveza

Não sei porque razão eu acreditava que nunca chegaria aos 30 e eles vieram quase sem eu perceber! Depois pensava jamais atingir os 40. A os 45, algumas as coisas começaram a mudar internamente, além dos medos e culpas que cresciam e que me impediam de viver, eu sentia-me com outras emoções freadas, paixões congeladas e temeroso de sair de meu mundinho particular onde eu apenas sonhava e pensava existir alguma segurança. Talvés eu achasse que a morte me libertaria e assim arrastava tantas coisas da minha vida com esta idéia, que desistia de meus sonhos. Aos 50, descobri que só se pode viver e ser feliz com liberdade, coragem e autenticidade e para se ter estas três coisas é necessário abrir mão de alguns medos e culpas. É necessário principalmente assumir os erros e deixar a covardia de lado e que eu tinha um conceito errado de morte associada a libertação!..
Hoje tenho que agradecer tanta coisa boa que vem acontecendo, tanta gente boa cruzando pelo meu caminho..., tantos sonhos realizáveis, tanta vida pra descobrir que as vezes percebo querer viver muito, muito mais que 100 e recuperar os anos perdidos!
Veio-me então esta musica do Cazuza na cabeça:
"Vida louca vida, vida breve, Já que eu não posso te levar, quero que você me leve!.. "
E senti uma certa leveza de estar acordando!
..

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Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...