Ontem, dia 28/03/2010 eu percebi que algumas coisas na vida tem um Sabor melhor quando são compartilhados com pessoas que também estão na mesma sintonia, com o mesmo objetivo comum, criando uma parceria coesa que divide suas emoções, seus medos e suas alegrias., sem a vergonha de demonstra-las. Este post é para agradecer o pessoal que me acompanhou até Vespasiano Corrêa no objetivo de visitar a ferrovia do Trigo, em particular o Viaduto 13, o mais alto das Américas e seus túneis.
Soube da existência deste viaduto através da internet e então fui conhece-lo com alguns amigos, parceiros de fé, que também adoraram a ideia.
O grupo era formado por:
Ademir e Denair,
Athos e Carol,
Cristina e Beto,
Ana Carla e Vanderlei,
Bruna e Giovane
e eu.
Saímos de Porto Alegre as 9:13 horas em direção a Muçum (a princesa das pontes) uma cidade pequena e agradável com pouco mais de 4.000 habitantes . Não sabíamos exatamente a localização do viaduto mas tínhamos a cidade de Muçum como referência e então fomos pedindo informações aos moradores da cidade, que nos indicavam o caminho a seguir, por uma estradinha de terra na encosta do vale do Taquari, até Vespasiano Corrêa. Na medida que nos embrenhávamos entre plantações, estradinhas tortuosas a paisagem ia se revelando.
Estávamos em três carros com 11 pessoas e a todo o instante enxergávamos viadutos que cortavam os morros a cima de nós. Mas não queríamos ver apenas viadutos, queríamos o mais alto, o de 143 metros de altura, o mais alto das Américas, que eu havia colhido informações da Internet. De Muçum até lá foram uns 20 km passando por plantações de milho, soja, olhares curiosos de moradores e uma capela muito simpática que nos chamou a atenção e nos fez parar para admira-la de perto.
Andando mais alguns quilômetros, chegamos aos pés do Viaduto as 12h.46mim. numa pequena clareira com um bar muito modesto, chamado V-13 escrito à mão com carvão e um quiosque de boa infra-estrutura com cadeiras e mesas para se lanchar. O viaduto estava à nossa frente, imponente, inacreditavelmente alto e nos causando um certo receio de subirmos até o seu topo.
Passeando sobre o viaduto:
Fizemos então um lanche rápido e subimos de carro por uma estradinha no meio da mata que nos deixou a poucos metros da entrada do viaduto e um dos seus túneis. A vista lá de cima é magnifica e se tem uma visão panorâmica de todo o vale. Não cruzamos todo o viaduto, mas passeamos por boa parte dos trilhos e admiramos tudo que era possível ser captado por nossos olhos atentos.
A primeira sensação, olhando lá de cima é de vertigem, instabilidade e medo, mas que logo dão lugar a contemplação e a sensação de liberdade conquistada pelo esforço, coragem e audácia. Sobre o viaduto existe uma especie de sacada em concreto que possibilita visualizar de cima toda a beleza da região e que também serve de proteção caso o trem passe.
Mas depois de estarmos lá em cima, faltavam mais coisas para completar na nossa aventura de apenas um dia. Precisávamos atravessar um dos túneis que inevitavelmente causa medo pela escuridão e a incerteza de que hora o trem poderá passar. Já na entrada avistamos uma placa de alerta que nos causou receio e a certeza de que estávamos num espaço ilegal, por nossa conta e riscos.
Mas como ir num lugar destes sem aproveitar tudo que ele podia nos oferecer?.. Tínhamos que correr o risco mesmo sabendo que a visibilidade era zero e que o trem normalmente com mais de cinquenta vagões carregado de soja e outros produtos, passava três vezes por dia sem hora marcada e nem buzinava ao entrar nos túneis. Ainda tinha o fato de que lugares escuros podem ter morcegos e ratos e onde há ratos, pode haver cobras...
O numero de pessoas era grande e eu pensava se daria tempo de todos encontrarem um refúgio naquela escuridão, se viesse um trem. Este refugio a que me refiro, trata-se de um espaço construído dentro dos tuneis e que possibilita proteger-se em caso de surgir alguma locomotiva. O problema é que os refúgios construídos a cada trés metros, só é possível caber trés pessoas de cada vez e eramos 11 pessoas.
Entrando num dos Tuneis:
Bom, quem está na chuva é pra se molhar!.. Então discutimos um ponto favorável aqui, um outro negativo acolá e por fim descobrimos que a curiosidade era maior que nosso bom senso e decidimos entrar. Só tínhamos levado uma única lanterna, então não enxergávamos um palmo de distância à nossa frente. O chão era coberto de cascalhos e facilmente afundávamos os pés ou tropeçávamos em alguns dormentes que prendiam os trilhos.
Bom, quem está na chuva é pra se molhar!.. Então discutimos um ponto favorável aqui, um outro negativo acolá e por fim descobrimos que a curiosidade era maior que nosso bom senso e decidimos entrar. Só tínhamos levado uma única lanterna, então não enxergávamos um palmo de distância à nossa frente. O chão era coberto de cascalhos e facilmente afundávamos os pés ou tropeçávamos em alguns dormentes que prendiam os trilhos.
O pessoal gritava fazendo eco e algumas vezes imitavam o som da buzina de um trem entrando no túnel, o que causava pânico geral. O que me surpreendeu é que encontramos famílias com crianças pequenas dentro da escuridão, sem a mínima preocupação com a segurança. Que coragem!..
O medo de Ademir:
Na foto acima, flagramos o Ademir sendo levado pela mão, por não se sentir encorajado em ter de fazer todo o trajeto escuro de volta e também descobrimos neste passeio que ele tem fobia por altura. Mas depois de vencer novamente a escuridão, e dar muitas gargalhadas, fomos recompensados pela claridade da entrada do túnel e mais tarde a bela visão de uma cachoeira próxima aos alicerces do viaduto. Como o acesso para a cachoeira era por uma área particular, tivemos de pagar R$ 1,00 por pessoa pelo privilégio de usufrui-la. Era justo!
A saída daquele túnel seria um alívio para nossas angustias e também a merecida satisfação de uma etapa vencida. O cheiro intenso de mofo, a baixa quantidade e qualidade de ar respirável e o medo de que o trem passasse antes de encontrar um refugio era uma das coisas que mais nos deixavam apreensivos. Caminhávamos a passos largos na ânsia de vencer o tempo (o tempo para que nenhum trem passasse por nós naquele momento).
Enfim, já quase na metade final da caminhada, encontramos luz no meio do túnel. Era uma espécie de área de ventilação, feita de concreto em forma de arco, onde podia-se apreciar toda a beleza do vale e absorver um pouco de ar respirável. Andamos mais alguns metros e chegamos então ao seu final, cansados e com a alegria de quem vence uma batalha. A surpresa maior é que depois deste túnel, em que caminhávamos e que deveria ter mais de 500 metros, havia um outro, do qual era impossível precisar seu tamanho, pois não havia placas informativas e fazia uma curva, impossibilitando-nos de enxergar luz no seu final. Isto nos deixou inseguros, ficamos preocupados com a possibilidade de ser o túnel de 2 quilômetros (o maior deles) e então fizemos o caminho de volta para visitar uma cachoeira próxima dos largos pés de concreto do viaduto 13.
Banho de Cachoeira aos pés do viaduto:
Como não levamos roupas apropriadas para banho, não foi possível entrar na água, somente a comadre que entrou de roupa de passeio e deu um show digno de cena de cinema italiano. (La Doce Vita), lembram da cena Anita Ekberg, banhando-se no Fontana Di Trevi?
Voltamos para casa em torno das 18:00h. e chegamos à Porto Alegre em torno das 20.h. 32 min. cansados da aventura.
O viaduto 13 tem esta denominação por ser o décimo terceiro, de uma sequência de viadutos que se inicia no centro da cidade de Muçum e faz parte da Ferrovia do Trigo, a EF-491. Foi construído pelo primeiro batalhão Ferroviário do Exército brasileiro durante a década de 70. Possui uma altura de 143 metros e uma extensão de 509 metros. Inaugurado pelo presidente Geisel em 1978. É tido como o maior viaduto da América Latina e o segundo mais alto do mundo, superado apenas pelo Mala Rijeka em Montenegro- Belgrado, com 198 metros de altura.
O viaduto 13 tem esta denominação por ser o décimo terceiro, de uma sequência de viadutos que se inicia no centro da cidade de Muçum e faz parte da Ferrovia do Trigo, a EF-491. Foi construído pelo primeiro batalhão Ferroviário do Exército brasileiro durante a década de 70. Possui uma altura de 143 metros e uma extensão de 509 metros. Inaugurado pelo presidente Geisel em 1978. É tido como o maior viaduto da América Latina e o segundo mais alto do mundo, superado apenas pelo Mala Rijeka em Montenegro- Belgrado, com 198 metros de altura.
Contam alguns moradores, que durante a construção do viaduto, ocorreram vários acidentes, inclusive a morte de um soldado que caiu dentro do molde de um dos alicerces do viaduto e foi concretado, já que os gigantescos moldes não puderam ser desfeitos para a retirada do corpo. Alem deste soldado, muitos outros perderam sua vida na construção da ferrovia do trigo.
Lembretes básicos para esta aventura em especial:
Leve muita água e roupa confortável. A caminhada pode ser longa, isso vai depender da tua disposição e espirito aventureiro.
Lanternas se entrar nos tuneis. A entrada nos tuneis são por tua conta e risco uma vez que e´proibido andar lá dentro e ser atropelado por um trem que não tem hora marcada para passar.
Os tuneis não possuem informações na entrada sobre sua profundidade. Isto significa que vc pode entrar num de 500, 800 ou até 2 km de comprimento e encontrar um trem pelo caminho.
Os refúgios dentro dos tuneis são a cada 13 ou 15 metros e deve caber em torno de 3 à 4 pessoas de cada vez.
Repelente por causa do massacre de pernilongos.
Roupa de banho para entrar nas cachoeiras.
Maquina fotografia ou filmadora se quiser registrar a aventura.
Disposição e controle em caso de medo de altura e escuridão.
Mais fotos aqui: