Parte de mim estava lá.

Eu tinha que ter postado este texto no domingo, mas ele não acontecia por razões que desconheço. As palavras não vinham, as letras não saiam e então hoje sem maiores esforços a coisa vingou como um piscar de olhos, natural e espontâneo:

Eu só pensava no magnifico banho ao chegar em casa depois daquele domingo de sol entre amigos e o tradicional churrasco de família. Na volta pra casa, enquanto dirigia, vinha em silencio que parecia-me ser alguma forma de insatisfação que eu não identificava ao certo, mas que aos poucos fui esmiuçando as ideias até perceber que se tratava da mesma sensação de quando eu retornava de lugares que pra mim tinham sido satisfatórios, bons, no aspecto de companhias simples, agradáveis e que me punham a vontade ou de lugares que me transmitiam paz e harmonia entre eu e o que estava a volta. Um acertamento ou integração íntima difícil de explicar. Era isto, eu estava chateado de ter deixado pra traz momentos de prazer, de intensa alegria, de bem estar entre pessoas que ali estavam e haviam me proporcionado ficar a vontade no grupo, com simplicidade, autenticidade, sem posturas socialmente elegantes e cuidadosas. Me sentia como uma criança que ganha um presente e não quer ser afastado dele nem para dormir. Ainda comentei com uma amiga sobre o que estava sentindo ao deixar as pessoas pra trás e vir embora
: Uma espécie de melancolia que cabe bem nesta cantiga de Roda que todos nós bem conhecemos e que um dia certamente cantamos: "O anel que tu destes era vidro e se quebrou, o amor que tu me tinhas era doce e se acabou..." Inumeras vezes quando voltava de Bombinhas para casa, sentia isto, como se parte de mim ficasse por lá e só retomaria de volta, quando eu voltasse no verão seguinte!

NOTA DE SATISFAÇÃO

Todos os finais de mês quando vou pagar uma fatura, me surpreendo positivamente com o atendimento prestado aos clientes e usuários do Banco Itaú. Os caixas operadores que são apenas dois, são gentis e prestativos sem serem enjoados, assim como os vigilantes educados e de postura profissional. Jamais te olham com ar de arrogância ou desconfiança na porta rotativa de segurança como assistí e vivenciei em outros bancos estatais. Aliás, não lembro daquela porta ter sido travada comigo ou outra pessoa desde o primeiro dia em que por ela cruzei. Também não sei se é mérito apenas desta agência na rua Barão do Amazonas ou mérito de um banco privado e que particularmente dá confiança, segurança e certeza de um serviço humanizado e competente. Mais uma coisa, não sou cliente deste banco, apenas um usuário que utiliza o serviço!

Frase no embrulho

"As pedras em que tropeçamos e juntamos para construir castelos, nem sempre são construídos, guardamos nos bolsos para jogar no mundo como forma de vingança!.."
Esta frase é de um autor desconhecido, escrito á mão no embrulho do super mercado que eu trouxe para casa hoje. Achei a frase tão pesada quanto o embrulho e ficou pesando na minha cabeça ainda por alguns minutos depos que joguei no lixo.

Saudades do que fomos

Me pergunto se é possível sentir saudades de nós mesmos, não falo daquilo que vivemos ao longo da vida, mas da forma como enxergávamos as coisas na nossa volta, aquilo que um dia fomos interiormente e que foi se perdendo pelo caminho, para dar lugar ao que somos e chamamos de maturidade e nos transforma em pessoas mais seguras, prudentes. As vezes penso que a maturidade só nos traz mais dúvidas por que eu tinha muito mais certezas antes, do que tenho agora. Lembro de mim mais jovem, infinitamente mais sonhador e apaixonado, desejando conquistas cuja algumas ficaram presas em impossibilidades absurdas que ajudei a construir e tento desenlinhar, sonhos que substituí por outros, vivências que me deixaram marcas e quando lembro-me, dobro o lábio num sorriso involuntário. A juventude nos torna heróis vivos ou super herois, nos faz viver no limite de nossas emoções, transforma pecados em milagres. Vendo minha mãe sentada numa cadeira de balanços, cabelos grisalhos, mais silenciosa do que já foi, penso nas limitações físicas e emocionais que adquiriu com o tempo e que tambem já foi jovem. E eu seguirei esta mesma estrada, diminuirei minhas palavras até que emudeça minha voz e as cores percam o tom?.. Luto para que isto não aconteça, para que minha alma continue num processo oposto embora saiba que impossibilidades surgem.
Olho para aquela faixa que desaparece no infinito e lembro do dia quente que fez ontem. Hoje sopra uma brisa que ontem talvez fosse necessaria. Amanhã um pedaço de hoje com certeza me fará falta.

LEMBRANDO DE ANA TERRA.



Até as onze da manhã ninguém atendia o telefone móvel ou fixo. Caixa de mensagens vazia. Talvez todos estivessem offline. Será que todos resolveram levar flores no cemitério e enfrentar aquele engarrafamento de pessoas tristes com flores nas mãos, saudosas e silenciosas?
Este ano não ventou, não aconteceu o conhecido vento característico do Dia de Finados, a o contrario, veio um Sol forte, bom para quem está na praia, tomando um banho de mar e neste momento fazer uma pequena introspecção para lembrar o quanto seria bom a companhia daquela pessoa que partiu se estivesse ali juntos, compartilhando alegrias da vida, aproveitando este belo dia. Desta forma é possível avaliar a morte, vivendo a vida.
Agora, penso na inexplicável relação que tenho com o vento e sei que no Dia de Finados, ele sempre se apresenta deixando a própria marca, rara exceção ao de hoje, então passo a lembrar-me de Ana Terra, do Livro "O Continente"- de Érico Veríssimo cujo um trecho diz o seguinte:

"E de novo o povoado ficou quase deserto de homens. E outra vez as mulheres se puseram a esperar. E em certas noites, sentada junto do fogo ou à mesa, após o jantar, Ana Terra lembrava-se de coisas de sua vida passada. E quando um novo inverno chegou e o minuano começou a soprar, ela o recebeu como a um velho amigo resmungão que gemendo cruzava por seu rancho sem parar e seguia campo afora. Ana Terra estava de tal maneira habituada ao vento que até parecia entender o que ele dizia, nas noites de ventania ela pensava principalmente em sepulturas e naqueles que tinham ido para o outro mundo. Era como se eles chegassem um por um e ficassem ao redor dela, contando casos e perguntando pelos vivos. Era por isso que muito mais tarde, sendo já mulher feita, Bibiana ouvia a avó dizer quando ventava: "Noite de vento, noite dos mortos..."

Sem palavras

Ontem fiquei pensando no que dizer para aquela mulher de quarenta anos, magra, negra, com curso superior que lançava sua opinião numa roda de amigos sobre discriminação e preconceito racial, que achei bonita, mas depois mudei de opinião:
_Minha professora de Sociologia inúmeras vezes levantava discussão sobre os problemas do racismo e pregava a igualdade de direitos entre todas as raças embora eu sentisse que ela não acreditasse no que estava falando!
_Eu percebo que uma grande parcela do preconceito racial, parte do próprio negro contra a sua raça!
_E eu não namoro negros. Não sinto atração por eles. [ Risos]. Gosto de homens brancos , de olhos claros e que tenham carro, disponibilidade e condições de me levar a ambientes caros para jantar e passear!
Nossa, somos todos livres, ao menos pensamos que somos e por isto cada um fermenta suas ilusões até no caldeirão da própria ignorância! Olhando depois para seus cabelos com um aplique de fios lisos e de cor avermelhada que caia até o final das costas pensei até onde ia sua falsa identidade e o que acumulou desta vida além de preconceitos.


NO CLIMA DE FERIAS.


Cheguei a pouco do passeio que fiz ao centro de Porto Alegre, na 55a Feira do livro, no Museu do Exército, que existe já a dez anos, sem que eu soubesse e expõe uma coleção de veículos de combate e transporte, uniformes, armas, equipamentos (capacetes de vestuários de combate), fotos e documentos do período colonial aos dias atuais. A entrada é franca de segundas a quintas- feiras das 8h as 12h.
A Igreja Nossa Senhora das Dores com suas paredes, teto, altares, meticulosamente trabalhados, lustres e portas gigantescas e em reforma do piso e consequentemente toda empoeirada.


O restaurante ao lado da Casa de Cultura Mario Quintana onde comi uma deliciosa picanha grelhada por apenas 15,00 reais, salada verde e arroz branco. Mas o que mais me chamou a atenção foram as pessoas sentadas nas calçadas almoçando, bebendo, comendo sorvetes a o ar livre e em trajes leves, dando a sensação de uma cidade praieira, uma cidade que não corresponde ao perfil da Porto Alegre que tenho como registro. Dava-me a sensação de que a qualquer momento, quando virasse meu rosto para uma das ruas que cruzavam a Dos Andrades, enxergaria água e não aquele muro vergonhoso que esconde o rio.


No final da Andrades, onde deixei o carro, sentei-me numa praça com árvores enormes e extensa área de sombra onde era possível sentir uma brisa livre vindo do Guaíba. Pessoas deitadas sobre a grama, namorados se beijando e até dois senhores em volta de uma churrasqueira improvisada ao ar livre da praça, num clima de leveza absolutamente incomum. Decididamente esta não parecia ser a cidade onde moro e que tantas vezes encontrei-a barulhenta, agitada, sombria e sem graça. Era outra cidade que eu desconhecia por consequência de um fim de semana grudado num feriado!

Entrando em clima de férias

Hoje é sábado e promete fazer um bonito dia de sol. Como sempre, não consegui me manter na cama e levantei abrindo todas as janelas para arejar o clima de abafamento da noite passada e da meia garrafa de Martini que esvaziei. Hoje é meu primeiro dos quinze dias de férias que passarão voando se eu não estiver atento as possibilidades de desopilação, descanso e muito lazer que surgirem nos próximos dias. Gostaria de ter falado sobre inúmeros assuntos aqui no blog, como a manifestação discriminatória dos alunos da Unicaban contra a colega que usava um mini vestido vermelho ou rosa e com grande repercussão na mídia, sobre a postura anti- ética de uma profissional médica nesta semana, quando levei um paciente para ser avaliado no posto de atendimento na Lomba do Pinheiro. Quero entrar no clima de férias e ao menos por estes dias me manter afastado destes temas que me causaram vergonha e mal estar!

Sem perceber os sinais

Ela não lia os sinais dele e nem ele percebia mais os dela. Cada olhar tem uma dimensão pessoal daquilo que quer ver, e ele ficava pensando nesta dimensão que os desigualava fazendo-os tão solitariamente independentes um do outro e orgulhosamente duros. Falavam-se não só com os lábios, mas com o olhar, gestos e outras sutis atitudes nem sempre percebidas na contingencia dos dias.


Saudades

Eu sinto ele crescer a cada dia e vejo sua transformação mesmo ele estando longe de mim. E cada dia que surge percebo minha angustia aumentar por não te-lo ao meu lado toda a hora, perto de mim e dividir o abraço, o calor, o sorriso, a descoberta. 
Os dias passam, ele cresce e eu me desfaço nesta perda tão sem lógica que me diminui e eu não falo nada pra ele!
"Estou hoje vencido , como se soubesse a verdade.
  Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer, e não tivesse mais irmandade com as coisas"...

                                                                                                    Fernando Pessoa.

FILMEZINHO BASICO, TAMBÉM TEM ALGO PRA ENSINAR.

Assisti na TV, hoje de tarde, o filme "O casamento do meu melhor amigo" com Julia Roberts, Dermont Mulroney e Cameron Diaz.... que acho um filmezinho daqueles comuns que encontramos facilmente em qualquer locadora da esquina e cujo final se sabe o que vai acontecer porque parece já ter nascido pronto para agradar o grande público. Não vou contar aqui toda a história do filme, pois acredito que a maioria das pessoas já o assistiram, como não me sinto seguro o suficiente para classifica-lo de medíocre, visto que já o assistí mais de uma vez e então concluo que gosto de alguns filmes medíocres.


Mas acontece que tem cenas neste filme, que mexem comigo de forma a me deixar introspectivo e eu ficar pensando... e até gostar do filme, mesmo tendo consciência que pra mim não é "aquele filme". Uma das cenas que mexe comigo é quando Julianne (Julia Roberts), resolve abrir seu coração e declarar seu amor para o amigo Michael (Dermont Mulroney), dizendo que nunca revelou-o por ser na época uma pessoa orgulhosa, vaidosa e que colocou prioridades menores a frente de sua vida como forma talvéz de sufocar este sentimento. Eles então se beijam e são flagrados por kimberly (Camerom Diaz), noiva de Michael, que sai correndo aos prantos sentindo-se traída. Julianne percebe o amor do amigo por Kimberly, quando ele corre atrás dela sentindo que a perderá para sempre e em seguida que perdeu a sua oportunidade, que o tempo passou e ela perdeu o trem das onze para Kimberly, que ela não é mais a mulher da vida de seu amigo/amor. Julianne assumi abertamente para os dois suas tentativas por vezes desonestas de reaver seu amor perdido no passado. Começa então a tomar novas atitudes para ajudar o casal a ficarem juntos, quando percebe a impossibilidade de afasta-los e que realmente se amam.


Depois de correr algumas cenas, tudo é acertado entre os personagens. Michael se casa com Kimberly. Na festa ainda desmotivada por tudo que lhe aconteceu, por sentir-se por um lado derrotada e por outro sentindo ter tomado medidas acertadas para unir o casal, faz um emocionante discurso e oferece emprestado uma musica para o casal de noivos, até que eles tenham sua própria musica. Mais tarde seu amigo gay vivido pelo ator Rupert Everett lhe surpreende com sua presença inesperada na festa mostrando-nos a importância de se ter um amigo leal, verdadeiro na hora em que nos sentimos derrotados e sem perspectivas. Bom, este é um filmezinho básico que mostra sentimentos básicos e a importância das coisas básicas em nossa vida como amor, amizade, honestidade, fidelidade, sensibilidade e que as vezes não é mais possivel retomar as coisas do passado por ter ficado pra traz nas nossas lembranças e o que sobra são os sentimentos do que poderia ter sido possivel se pudessemos ter permitido no tempo certo!

Quem compra os nossos sonhos?

Noite passada entrei madrugada à fora, conversando pelo Skipe. O assunto? Dimensão, profundidade, intensidade, expectativas geradas pelos sentimentos. Mais tarde quando fui deitar-me fiquei pensando o quanto foi positivo ter feito isto e percebido principalmente a dificuldade de se ter real dimensão de tudo oque se sonha e deseja da outra pessoa, enquanto ainda estamos envolvidos numa relação, até que ela por alguma razão se desfaça. A dificuldade que temos de enxergar os outros e a nós mesmos no emaranhado de emoções e que nossos sentimentos inúmeras vezes são egoístas, passionais e que nos perdemos em intenções subjectivas, em expectativas com desdobramentos complexos e não correspondidos. Fragmentamos alguns sentimentos grandes em pedaços menores afim de interioriza-los com mais facilidade, perdendo sua real grandeza, dai partimos para emoções cada vez menores, nos despolarizamos, distanciamos-nos até encontrar caminhos diferentes, individuais. Mas todo este processo ainda que doloroso nos impulsiona a tomar novos rumos, possibilitando-nos crescimento e reconhecimento de quem somos, e o que procuramos, nos injeta coragem e força para diminuir estes erros e aceitar as diferenças. Algumas frases ditas na conversa, ficaram marcadas e acordaram pela manhã comigo: "Os sentimentos não são uma linha reta e mudam de direção". "O mais difícil é encontrar quem compre os nossos sonhos".

Quando a psicologia vira salada de frutas

Observando o menino correr incansavelmente pela casa, ora se debatendo contra as paredes, ora sorrindo, ora chorando, a mãe se pondo nervosa em cuidados maternos, o pai chamando sua atenção, percebi o quanto as técnicas de educação aplicada pelos pais aos seus filhos na hora da tensão, são semelhantes entre as famílias em geral. Possuem atitudes que formam elos em comum, na forma de educar, nas palavras usadas para chamar a atenção, nas expressões codificadas no olhar, na tensão para não cometer erros, na preocupação de manter a postura e se mostrar competente diante das pessoas que os assistem. Enfim educar parece ser uma equação complexa com técnicas moldáveis a cada situação, e ainda passível de erros imperceptíveis aos que estão emocionalmente envolvidos. Em alguns momentos, a psicologia vira salada de frutas, deixando os pais perdidos, envergonhados e preocupados com suas próprias posturas diante das outras pessoas que também se põem desconfortáveis por talvez se reconhecerem.

Palavras sem sentido

A tarde de hoje, parecia estar abandonada!.. Abandonada como, por quem, do que estou falando se haviam pessoas nas ruas, nos carros, em suas casas? As vezes as palavras soam verdadeiras porem sem sentido, sem clareza e não se encaixam nas definições que queremos dar ao que sentimos. São palavras talvez associadas a sentimentos que também são vagos e parecem escorrerem como agua de alguma boca sedenta. De onde eu estava deitado, com a porta aberta, podia ver as largas folhas de bananeiras sacudirem com o vento e a chuva fina que lavava tudo a minha volta, até mesmo esta minha vacuidade.

Deslige a luz.

Ontem a noite, deitado na cama, me veio na cabeça a questão da comunicabilidade entre as pessoas. Se para alguns, isto não é problema, para a grande maioria ainda é uma questão a ser resolvida e principalmente quando estão envolvidos sentimentos na historia. Algumas vezes é tão complicado nos fazermos entender, justificar nossas atitudes sem causar sustos, dizer o que pensamos, sem corrermos o risco de sermos taxados de egoísta, frio ou qualquer destas coisas sub-humanas. Cria-se um clima de desentendimentos e aborrecimentos que nos transforma em seres tão isolados em nós mesmos que perdemos a capacidade de alinhar e redefinir nossas ideias para abrir novos leques de possibilidades. Ficamos confusos, divisiveis, descrentes da possibilidade de sermos aceitos como realmente somos. Nos perdemos em frases soltas que foram ditas e pareceram sem significado algum, perdidas. Quando não é possível alguma congruência, surge uma única pergunta a ser feita: Por que não nos entendemos afinal?..
E então só te resta o gesto de desligar a luz
.

Donas de suas salas

O que falta na vida daquelas três mulheres me pergunto quando eu ligo a TV e as encontro sentadas nas suas salas bebendo vinho e falando sobre suas vidas entrincheiradas aos pequenos problemas do dia a dia e as impossibilidades que elas mesmas constroem em nome de conceitos morais, família, normas, estatus, bons costumes, medo dos riscos? É desta forma que vejo as personagens de Lilia Cabral (Tereza), Leticia Spiller (Betina), Natalia do Vale (Ingrid) na novela Viver a Vida, o retrato da insegurança e de assumir riscos que deflagrem alguma instabilidade emocional e que as tirem do falso domínio de suas vidas como mulheres realizadas e resolvidas, fazendo-as apenas desfilarem nas margens de sonhos não impossíveis, mas difícil de serem realizados. E me pergunto por que depois de algum tempo achamos que tudo parece ser mais difícil de acontecer e nos recolhemos em descrenças, sufocamos nossas expectativas positivas de que tudo pode ser possível, deixando-nos medrosos, sem energia de buscar o que nos falta. Vendo-as assim reunidas as vezes buscando conforto na troca de palavras, fazendo observações inteligentes, estabelecidas em suas areas de conforto, lembro-me da musica de Cazuza: "Sentadas são tão engraçadas, donas de suas salas!.."

Conceitos que desconsertam

_ Nossa, agora sim tu ficastes melhor com estas tranças. Antes parecia-te com um globetrotter!.. E particularmente eu achava anti-funcional aqueles cabelos grandes. Pensava se tu não assustava os pacientes durante os atendimentos, se eles não te achavam com cara de bandido!

Eu fiquei pensando nas palavras chaves que ela utilizou para referir-se a minha aparência: Anti funcional, assustador, bandido?... Será que a aparência interfere sobre nossa competência profissional, nossa relação entre as pessoas ou é tudo um grande e camuflado preconceito? 
Estamos, além ou aquém de uma simples imagem pré estabelecida por conceitos rasos e raramente centrada na lógica, no óbvio de ideias superficiais que são construídas à respeito. Nem sempre o resultado de uma equação é exata e verdadeira, portanto algumas pessoas precisam aprender a olhar para os outros com diferente visão, desatrelado destes padrões falsos que ditam por exemplo, que ser negro é sinônimo de pobreza e inferioridade, que cabelos grandes e crespos é de desleixo e portanto marginalização; que cabelo de negro deve ser usado curto ou raspado. 
Para quem não sabe, o Black Power é muita mais que um modelo de cabelo a ser usado, mas uma postura de coragem diante da sociedade e imposição de valores culturais e políticos. 
Usar um modelo destes é levantar uma bandeira assumindo coragem e orgulho de suas próprias raízes, é mostrar sua própria existência a quem não quer enxergar. É dizer eu sou assim e tem quem goste, quem aprecie e me respeita. 
Li em uma revista que "quem já passa dos 40 anos sabe que, nos anos 70, quanto maior era o black power mais seria respeitado pela turma. 
O primeiro famoso a assumir o pixaim foi Toni Tornado, depois Tim Maia. Ambos haviam morado nos Estados Unidos por um tempo. 
A atriz Zezé Mota conta que, em visita àquele país, na época, deparou com os negros usando cabelo natural, voltou para o hotel e enfiou correndo a cabeça debaixo do chuveiro e sentiu como se fosse uma libertação. 
O black dos anos 70 tinha o corte bem definido. Era cortado com precisão. A moda atual é deixar o cabelo crescer sem corte, sem definição." Bom, mais do que qualquer definição ou conceito, eu descobri que uma simples mudança nos cabelos fez eu revolucionar algumas normas entre colegas no trabalho, alguns membros da família e outros que acham que o mundo deve seguir seus padrões ultrapassados e estagnados que sempre tentaram ditar regras e gritar mais alto.

Paragrafo final entre aspas, colhido da revista
Raça
edição 86

Bem dita tecnologia

poucos minutos atrás conversei com meus compadres em Foz do Iguaçú- Paraná, por vídeo conferencia. Bendita tecnologia que aproxima as distancias e pode-se perceber na pequena telinha a emoção descrita nos olhares!... Saudades de voces, voltem logo para o café com as novidades!

E oque cobre as diferenças?

Bilhetes, cartas, postagens, mensagens que entram, que chegam, o que fazer com elas, com estes sentimentos contidos nas palavras congeladas de uma pagina? Que interpretação deve-se fazer, que referencia temos destas dependências afetivas que nos prendem, da necessidade de respirar o mesmo ar que a outra pessoa, escrito, re-dito, sub-entendido nas linhas? Por que estes sentimentos ás vezes dói e geralmente é assim, distante da alegria, desagregado de liberdade pessoal, da soltura? Fico me perguntando se sómente promessas de amar basta e cobre as diferenças?...

Preço da liberdade: $ 28,95



Estive pensando na dificuldade que tenho em comprar cuecas e as que uso, quase todas não foram compradas por mim, vieram em forma de presentes de aniversário, de dia dos pais, dia dos namorados, e fora destas datas especiais, acompanhadas da velha frase constrangedora: Achei que tu estavas precisando...). Minhas tentativas de compra-las sempre deram errado no que se refere ao tamanho, conforto, tipo de material usado na confecção. Esta semana navegando pela Internet entrei num site que apresenta os mais diversos tipos de designers em cuecas. Fiquei entusiasmado com este modelo da foto que poste aí em cima onde inteligentemente foi criado uma saliência externa para acomodar oque por longos anos, foi esmagado pelas cuecas convencionais. Quanto a o preço? Nada que seja impossível de pagar para se obter a agradável sensação de conforto com liberdade merecida.
Hoje de tarde assistindo o torneio para a conquista do pentacampeonato Mundial sub-20 entre Brasil e Gana no Egito, selei minha convicção de que futebol realmente não é minha praia. O Brasil não conseguiu manter a forma na final e acabou sendo derrotado nos pênaltes, por 4 a 3, depois de um empate cansativo e monótono, sem gols no tempo normal e na prorrogação. O Brasil abusou nos erros de ataque e não impediu a igualdade de seus adverssarios após uma série de lances desperdiçados. E aquela narração do Galvão Bueno então, meu Deus, tem que ter saco para suportar! O cara te põe tenso do inicio ao fim da partida!

Do tipo cara Valente

Quando não se tem aventuras ou coisa melhor pra fazer, ainda existem as palavras e alguns planos vagos, não postos em pratica. E eu aqui, fiquei imaginando o que ela deve estar pensando sobre mim quando cheguei em casa e ouvi Maria Rita a todo o volume que me é possivel ouvir neste apartamento:

Não, ele não vai mais voltar
Pode até se acostumar
Ele vai viver sozinho
Desaprendeu a dividir

Foi escolher o mal-me-quer
Entre o amor de uma mulher
E as certezas do caminho
Ele não pôde se entregar
E agora vai ter de pagar com o coração

Olha lá, ele não é feliz
Sempre diz
Que é do tipo cara valente
Mas, veja só
A gente sabe
Esse humor é coisa de um rapaz
Que sem ter proteção
Foi se esconder atrás
Da cara de vilão
Então, não faz assim, rapaz
Não bota esse cartaz
A gente não cai, não

Ê! Ê!
Ele não é de nada
Oiá!!!
Essa cara amarrada
É só
Um jeito de viver na pior
Ê! Ê!
Ele não é de nada
Oiá!!!
Essa cara amarrada
É só
Um jeito de viver nesse mundo de mágoas:

"...Crescer, sumir, partir, chegar. Revirar e se descobrir.
Se elaborar, se transformar.

Me diz como fugir
do que levamos por dentro..."
(Ana Carolina)
Oque eu vivo repetindo pra mim mesmo quando estou sózinho com minhas idéias, olhando pela janela da vida que se movimenta diante dos meus olhos, algumas vezes em ritmo sincronizado como uma sinfonia, noutras como ventania em horas de tempestade , é que tudo parece ter uma razão de ser, mesmo quando ela nos causa surpresas e nos obriga por circunstâncias desconhecidas a dançar conforme a musica. Assim mesmo, tudo tem uma razão que justifique cada desfecho de nossas histórias.
Então durante o trabalho, fui relembrado por telefone, sobre o convite de aniversário da Ma Anjali que será comemorado hoje num bar da João Alfredo (Sótão). Se fosse outra pessoa, talves deletasse a ideia de ir pelo fato de estar cansado e indisposto. Mas Ma Anjali, vale todo o esforço, por ser iluminada, afetuosa, alegre, disposta, sincera, lutadora, gente, seguidora de Osho e atuante no Namastê. Pessoa ímpar. Impossível deixar de abraça-la no dia de seu aniversário!

Mudando de embalagem

Ah! enfim tive coragem e apertei as teclas!..
Era isto que eu queria, uma cara nova para o meu blog, uma cara mais limpa, que lembrasse folhas de papel oficio, onde eu pudesse escrever com a sensação de maior espaço e claridade. É isto, estou precisando de mais claridade. Acho que achei, se não gostaram, sinto muito! Bjos, vcs se acostumarão com a nova embalagem embora o conteudo continue o mesmo!...

Exotismo e Obscuridade

Ontem bebi toda a garrafa de vinho guardada num cantinho da cozinha enquanto o mundo despencava com o temporal que deve ter provocado grandes estragos na cidade durante a noite. Na TV-canal 09, um professor discutia junto a um grupo de pessoas alguns problemas da contemporaneidade como feminilidade e masculinidade, sobre o que hoje significa o papel do homem e da mulher no meio social, conceitos de heterossexualidade e homossexualidade, inversão de papeis, aceitabilidade social e mídia.
Segundo o professor, e aqui, resumindo porque foi rico e vasto o tema em questão, os generos humanos discutido cada vez mais se igualam no que diz respeito as preferências sexuais e inverssões e que hoje já não é mais possível manter uma separação ou algum tipo de classificação que defina homo ou hetero como um kit ou como situações polarizadas. Lembrei-me de uma amiga que disse para o seu colega de trabalho que ele nunca havia se apaixonado por alguém do mesmo sexo pelo fato dele não ter encontrado o homem certo, oque ele concordou. No programa ainda foi mencionado a morte da cantora Cassia Eller e a decisão da justiça em deixar a guarda de seu filho Chicão com sua companheira Maria Eugênia ao invés dos avós do menino ainda vivos, sinalizando caminhos mais justos para estes casos ainda considerados de cunho complexo. Para ilustrar ainda mais o debate a frase de Simone de Beauvoir caiu feito luvas de pelica: "Não se nasce mulher, torna-se".
Num país onde um homem como eu de origem negra, cinquenta e um anos, que usa tranças nos cabelos ainda causa surpresas e espanto entre as pessoas, é possível imaginar-se o resto! A sociedade ainda não consegue ver um relacionamento entre duas pessoas do mesmo sexo com naturalidade e isto no mínimo é visto como algo exótico, obscuro. Mas o que é exótico e obscuro também causam alguma curiosidade e faz com que as pessoas pensem no assunto e discutam entre si.
Completaria com mais uma frase de Simone de Beauvoir para finalizar o comentário:
"Que nada nos defina. Que nada nos sujeite. Que a liberdade seja a nossa própria substância".
Leia também neste blog: *O casal Gay.

La critíque

É a loucura não existe. A loucura está em todos os lugares ao mesmo tempo.
Normal é o tédio dos dias sem graça que as pessoas fazem pra elas mesmas.
Saudade não é salgada não. A saudade é doce.
Eu quero permanecer calado escutando tudo.
O meu passado é de conversador, bom falador, namorador...
Penso, penso, penso, penso...
Consegui dizer tudo...
Tu ficava atrás das linhas da vida.
Sou de esquerda pô...!
O que eu quero dizer com isso? Nada to comentando!
Porque eu sou da luz, porque o único escuro que eu carrego é a sombra que o meu corpo produz.
Eu dou tantas voltas é proibido parar.
Isoglócia...
Isoglócia é a sua forma de falar, sua expressão, sua variado de seletivas de línguas.
E a pessoa que faz isso e faz aquilo e o que não faz fica mais velho, e a velhice vem mais rápido.
Daqui a pouco encontrar uma carta de euforia.
E quem não é?
Sexo é bom! Eu paguei pra fazer. Dez reais.
Foi bom!
Possuir razão é impor.
Pessoas que vivem fora da sanidade.
Falar, falar, falar, falar hen, hen, hen, hen, hen, hen...
Quem é você?
Quem é você?
Quem é você?
Quem é você?
Eu to perguntando quem é você?
Eu sou gente!

Parent Kevin

A GERRA DAS CANETAS

Filho tu estás aí invisível?.. Não tenho visto entrares no Msn!.. Como estás?.. Não te vejo há alguns dias e sinto saudades de pai, de amigo, de quem ama muito! 
Ah, Sonhei que passeávamos pela cidade, por ruas desconhecidas, centenárias e de repente houve um confronto entre gangues e nós estávamos no foco deles, no foco do confronto! Havia troca de tiros que não eram com revolveres e balas, mas com canetas à laser que riscavam o ar e o céu com luzes de varias cores. Lembro-me que correste com agilidade para te protegeres e eu corria atrás de ti e não te alcançava, não te protegia, não te enxergava mais nas estreitas ruas daquele lugar.

Bonnie Parker

Hoje deparei-me com minha cueca pendurada no varal a mais de uma semana sendo molhada nos dias chuvosos e seca nos dias de sol, tremulando como uma bandeira bege sem ser recolhida e então inexplicavelmente lembrei-me de Telma que nunca mais vi. Telma morava na mesma rua que eu, tinha os cabelos pretos e longos que arrastavam nas costas e gestos pouco femininos. Morava com seus pais e mais quatro irmãos, talvez isto explicasse seu jeito largado de ser. Tinha habilidade em tocar sambas em caixinhas de fósforos e manter o cigarro preso num canto da boca. Era do tipo caladona e de poucos sorrisos mas que demonstrava sentimentos através de sua expressão facial quando estava alegre ou aborrecida. Jamais andava com as garotas de sua idade, sempre no meio dos rapazes. Eu era fascinado por Telma e seu jeito que eu associava a Bonnie Parker. Será que Telma usava cuecas, qual a associação?

Uma cebola na plantação de tomates

A festa de ontem à noite, no planeta "Terra", talvés estivesse melhor se Eu não fosse de "Marte" ou de outro planeta desconhecido!..
Me senti uma cebola numa plantação de tomates. Cansado de tudo aquilo que absolutamente não era meu mundo retornei cedo pra casa!..

Aperto a tecla?

Acordei com uma vontade de fazer mudanças em minha vida. Algumas são difíceis eu sei, mas outras tem a facilidade de se apertar uma tecla e ver tudo modificado. Pensei no modelo do meu blog mas logo desconfiei que pudesse desagradar alguns poucos leitores e então desisti da ideia. Devo protelar desta decisão?.. No final, deve ser isto que de fato acontece, desistimos de nossas necessidades por nos preocupar-mos com a opinião dos outros, sobre nossas atitudes, mesmo as menores e que só precisam de um pequeno toque sobre a tecla certa, para vermos tudo transformado.

Embarcações

O que tem nas letras de musicas que falam em embarcações e que me causam uma espécie êxtase, de emoção desconhecida, inexplicávelmente íntima? Que sentimentos tenho por estes navios que partem, que afundam, que encalham, predem fogo e são abandonados na praia? Que navios são estes que atracam e vão embora fabricando emoções nas despedidas, abandonando seus cais. Oque escondem em seus porões, de onde vêm e que historias tem para contarem? Chico destrói os seus ao encontrar um grande amor: "Rompi com o mundo, queimei meus navios. Me diz pra onde é que ainda posso ir". e Milton talves seja o proprio navio em seu sonho de liberdade: "Tenho o caminho do que sempre quis. E um saveiro pronto pra partir. Invento o cais, invento o mar e sei a vez de me lançar."

Pequenas atitudes, grandes mudanças

Na vida temos dois caminhos, o da loucura ou o da morte! _ Assim me disse Madalena ontem durante o plantão, admirando e tocando delicadamente em minhas tranças. Mas acho que quando falava em loucura, se referia a da criatividade da renovação, da coragem, das possibilidades que criamos para abrirmos e reafirmarmos nossas arestas em novos conceitos pessoais. Se não arriscarmo-nos pelo novo, somos sufocados por nossos proprios anseios e impossibilidades que ficam a margem de nós mesmos impedindo-nos de ser verdadeiros e o que me faz pensar que pequenas atitudes podem revolucionarem nossa vida de modo a surpreender nós mesmos e aos outros.

Xis -Tia Zefa

Ontem á noite, xisburger da Tia Zefa, no Jardim Botanico, acompanhado de duas taças de vinho tinto Cabernet Sauvignion quando cheguei em casa. Impossível alcançar o peso adequado deste jeito!

Paciência tem limites

E o céu esta noite desabou em relâmpagos, trovões e muita chuva ruidosa sobre os telhados. Mas meu céu já havia desabado uma noite antes, algumas frações de horas antes deste temporal se mostrar. Agora pela manhã, recebo a mensagem (autosuficiente, equilibrada,.. surpreendente), dizendo que paciência tem limites. A pessoa que me escreveu isto, não se reconhece, não reconhece seus erros repetitivos e muito menos a mim e esquece talves que minha paciência, tambem pode estar chegando ao seu limite!

Brigas, erros, problemas, discussões, obstáculos, desatenções, tolices, dores, contrações. Coloque tudo em cima da mesa e sirva com vinho não2 não1

Foi oque fiz!



Jantar pra um

Algo parece se perder de mim quando chego em casa e debruço-me sobre a janela após o termino de mais um dia de trabalho, e que sinto o ar da noite me bater no rosto e nublar-me os olhos, dificultando-me (todas as visões).
Algo parece se perder de mim, que não me reconheço de inicio e que se perde no silencio que eu mesmo construo, se perde fácil e a seguir retorna espontâneo, natural em forma de um ganho, de um inspirar algumas horas depois. Nesta noite preparei-me um jantar especial: chá de maçã com canela, cuca de laranja, velas aromáticas acesas, incenso de "âmbar e cardamomo" ao som de Yanni e Vangelis.., como o Xamã sugeriu!

Blá blá blá auto ajuda?

E possível que cresçamos a cada passo que der-mos em nossa direção com o intuito de nos conhecer-mos melhor, que renovemos a cada olhar dirigido à vida a nossa volta, aceitando as diferenças, as mudanças, as dificuldades, as impossibilidades com respeito e humildade sem preocupação com o tempo que isto demande. O tempo tem dimensões desiguais a cada um de nós e é neste trajeto que aprendemos e nos tornamos mais gente!
Nossa, parece esses textos de auto ajuda! hahahaha!..

Fatalidades, estigmas, destinos traçadas?

Hoje removi para o hospital um jovem de dezessete anos que foi atropelado no mês passado por um veiculo que trafegava em alta velocidade no final de um jogo do Grêmio, nas proximidades do Olímpico. Conta sua mãe, que o carro que fazia um racha com um outro, atropelou-o em cima da calçada, fraturando suas duas pernas, além de causar-lhe traumas neurológicos que o deixaram cego, mudo e paraplégico para o resto de sua vida. Disse-me também que no dia do jogo, a família e os amigos insistiram para que ele ficasse em casa e assistisse o jogo pela TV como um prenuncio do que lhe acontecera. Que sua vida antes deste acidente, foi cheia de acontecimentos trágicos como um atropelamento anterior do qual fraturou um braço e duas costelas e mais tarde atingido por uma bala perdida, na saída de uma festa, que lhe perfurou o tórax sem comprometer qualquer órgão vital. Dizia a sua mãe que nada lhe derrubaria, que nada o impediria de viver. Neste ultimo, não teve tanta sorte assim! Fiquei observando seu corpo franzino e cheio de feridas profundas pela falta de oxigenação dos tecidos, sonda para poder alimentar-se, fralda descartável para manter a higiene e fiquei me perguntando:
Será que algumas pessoas já trazem consigo algum estigma a o nascer e vivem depois cercadas de fatalidades que as perseguem até completar seu destino, sua sorte?
Tentei esvaziar-me destes pensamentos obscuros e continuei meu trabalho mas ainda com estas ideias presas na cabeça.

COMILANÇA

Hoje tenho compromisso marcado, no aniversário do Brandão. Mais do que um compromisso tenho a missão de fazer o seu jantar de aniversário que é completamente diferente de ter apenas um simples (compromisso) possível de ser desmarcado com uma desculpa qualquer quando não se está a fim de ser mais um participante. Fui intimado à cozinhar, segundo os seus cálculos, para trinta pessoas que são seus convidados após uma aula de Biodança no Ginásio Tesourinha. O cardápio escolhido pelo aniversariante foi, macarrão ao alho e óleo com molho shoyo (prato inventado por mim) e frango frito separadamente. Sinto-me temeroso de cozinhar para tanta gente de uma só vez e ao mesmo tempo com um certo orgulho por tamanha confiança depositada em minhas mãos por parte dele. Deus me ajude e que dê certo!!
Saudações à esta Terça-feira que surgiu ensolarada, brilhante. Não quero ser queixoso e lamentar que este belo dia não aconteceu no fim de semana passado, frio, chuvoso, cinza. Quero apenas sauda-lo e viver suas preciosas horas!

Quero:

Quero ver o sol atrás do muro
Quero um refúgio que seja seguro
Uma nuvem branca, sem pó nem fumaca
Quero um mundo feito sem porta, vidraça
Quero uma estrada que leve à verdade
Quero a floresta em lugar da cidade
Uma estrela pura de ar respirável
Quero um lago limpo de água potável
Quero voar de mãos dadas com você
Ganhar o espaco em bolhas de sabão
Escorregar pelas cachoeiras
Pintar o mundo de arco-íris
Quero rodas nas asas do girassol
Fazer cristais com gotas de orvalho
Cobrir de flores campos de aço
Beijar de leve a face da lua

*Do Schow Falso Brilhante-
**Elis Regina- 1976
"Atravesso o presente de olhos vendados, mal podendo pressentir aquilo que estou vivendo... Só mais tarde, quando a venda é retirada, percebo o que foi vivido e compreendo o sentido do que se passou...
Me chamou a atenção esta bonita e verdadera frase do Livro Risíveis Amores de Milan Kundeira que li a bastante tempo!

Boa noite John Boy

O dia de hoje combina com pipocas carameladas, bolinhos fritos com canela e açúcar, chocolate quente na caneca, edredon até o pescoço e uma boa companhia para dar beijos na boca e assistir filmes como: Jeannie é um gênio, Os três patetas, Os Waltons. Epâ!... este ultimo é mais serio, mas também muito bom para se matar a saudades do "Boa noite John Boy! Boa noite Mary Ellen!" numa viagem pelo tempo ao distante fim de tarde nos anos setenta. Mas eu acreditava que a vida pudesse ser assim, que a América fosse assim, como no seriado americano "Os Waltons", uma espécie de paraíso em família, onde o amor, a bondade e a compreensão pudessem superar todas as dificuldades, conflitos e divergências do mundo. Onde todos pudessem realizar seus sonhos e que os sonhos fosse como os John Boy, tão real como no seriado. Eu acreditava mesmo!

Lambendo feridas

Mais uma noite de chuva encharcando a cidade, adiando as possibilidades de encontros a o ar livre nos bares da cidade. Nas noites chuvosas, tudo me parece mais difícil, até mesmo a vontade das pessoas saírem de casa para se divertirem, talvés prefiram suas próprias companhias em tempos como este. Há quantos dias vem chovendo sem parar, devastando cidades, destruindo famílias? Perdi-me nas contas, nos dias nublados e de pouca claridade. Os dias cinzas nos fecham em instrospecções profundas, desvia o olhar para nosso interior, divagações, questões não pontuadas que precisam de acertos. Como dizia um amigo: Dias como estes nos faz lamber feridas!

Tapete de flores

Enquanto voltava para casa ontem de madrugada, chamava-me a atenção o tapete colorido nas ruas e calçadas de PoA feito de flores de Ipê. Mergulhei naquela imagem magnifica e fiquei pensando nas pessoas que encontrara minutos atrás e sobre o que falavamos. Beto, Clymeia, Jerson, Beatriz e tantas outras presentes. O que buscávamos naquele encontro alem de parabenizar um amigo, de perpetuar nossas vidas através de lembranças saborosas, trocas de experiências, erros? Algo mais existia além do simples encontro, do momento saudoso, da musica do U2 que tocava no telão, dos olhares divididos, dos sorrisos, dos silêncios que eram quase confissões de algo que precisávamos perpetuar a todo o custo enquanto estávamos ali vivos. Somos cúmplices de dias tão desiguais a cada um de nós, mas com resultado único a todos. Tantas coisas nos diferencia mas outras nos iguala, nos deixando sem cor, sem idade, sem sexo, sem diferenças.


Buscando vida na morte

O que ele quer fazer conosco, perguntei-me num lampejo de ideias antes de exteriora-las e me abaixar para verificar se ele realmente estava morto, se tinha alcançado o seu objetivo de não ter mais volta, mas ainda respirava com certa dificuldade e assim concluí que estava vivo.
O homem
estava caído no chão, inconsciente, sob o olhar de revolta da esposa e expressão de desespero da filha. Bebeu uma garrafa de cachaça com uma cartela de comprimidos de Ritalina.
_Ritalina mata?_Alguem perguntou.
_Isto é resultado da tristeza do domingo! _Disse o irmão, olhando para o corpo estendido.
_A minha tristeza continuará na Segunda, na Terça, Quarta, enquanto eu suportar tudo isto!_Concluiu a esposa.
_Quem realmente quer morrer dá um tiro na própria cabeça!_Retrucou um vizinho curioso que passava por perto.
Os dados da literatura comprovam que o suicídio é a segunda causa de morte na adolescência, superada somente por acidentes e homicídios. Deve-se considerar que muitos dos acidentes e homicídios são também suicídios encobertos ( Genovese Filho-1986.) Numa tentativa de suicídio ocorre uma combinação de duas tendências opostas, uma de auto destruição e o desejo de que os outros manifestem preocupação com eles, de modo que eles não querem nem morrer nem viver, mas ambas as coisas, em proporções variáveis ( Stenguel, 1970). Muitos dos que tentam suicidio expressam na verdade, o desejo de melhorar sua situação de vida. Varios aspectos nos dão conta da intencionalidade do ato suicida como: o conhecimento prévio dos efeitos do ato, o estar sozinho ou acompanhado, o pedir ajuda após o ato, o acidentar-se frequentemente, ocupações que tenham um risco maior de acidentes, o método utilizado, perdas afetivas, o sexo, a idade, religião e grau de instrução, aspectos observados em vários trabalhos estudados. Qualquer gesto suicida é um pedido de ajuda, e assim deve ser encarado. É preferível, nestes casos, errar por excesso do que por omissão, pois a morte não tem terapêutica. Geralmente, os suicidas fantasiam a reação dos vivos perante à sua morte: o sentimento de tristeza, remorso e culpa. O suicida elimina sua vida, paga com ela, mas não está totalmente consciente disso, o prazer de tornar real sua fantasia de vingança, de causar sofrimento aos outros... Muitas vezes, ele nem deseja a morte, mas sim uma nova vida, em que a pessoa se sinta querida, seja importante. O final fantasiado, se possível, é que aquelas pessoas de quem se imagina que veio o maltrato, se sintam culpadas e com remorso. Então, o suicida, como que ressuscitaria, todos se desculpariam e a vida continuaria num final feliz. Existe uma independência entre o desejo de morrer e o de matar-se. A pessoa que se mata não quer necessariamente morrer, pois nem sabe o que isso significa. Ela se mata porque deseja uma outra forma de vida, fantasiada. Nessa outra vida ela encontra amor, proteção, se vinga dos inimigos, reencontra pessoas queridas. Uma anedota nos mostra uma pessoa que jogou-se num rio querendo matar-se. Enquanto se debate na água, recusa cordas e bóias que as pessoas lhe jogam da margem. Finalmente, um policial a ameaça com um revolver: “ou você sai daí ou te dou um tiro”. O suicida em potencial, que quer matar-se, não quer ser morto, e sai da água.. A anedota é verdadeira, e nos leva a um outro aspecto do suicida. O individuo quer morrer, mas também quer viver, ele está em conflito, e comumente uma ajuda ou até uma ameaça (como no caso) podem decidir a direção que vai ser tomadaO suicida sofre e faz sofrer. Ele não sabe o que é morte. O que o suicida procura é escapar de um sofrimento insuportável, real ou fantasiado, interno ou externo. É o ato suicida é uma mensagem, uma maneira de comunicar suas dores e pedir ajuda.

Uma cena que me emocionou ontem

Embora minha preferência no comando das telenovelas da Rede Globo sejam Manoel Carlos e a inesquecível Janet Clair, falecida, não pude deixar de me emocionar ontem com a cena em que Maia (personagem interpretada por Juliana Paes) vai ao encontro marcado com Bahuan (Márcio Garcia) e pede para que ele cuide de seu filho, (o filho que é fruto de seu amor com o próprio bahuan no passado e que se tornou seu grande segredo em toda a novela) e também seu sentimento de culpa por ter enganando 0 marido fazendo-o acreditar ser o verdadeiro pai de seu filho, e pelo qual também se apaixonou no decorrer da novela e que agora acredita estar morto. A verdade e que todo o sofrimento de Maia pareceu ter vindo de um mal entendido inicial e mentiras sucessivas que foram se enraizando em sua vida de maneira a escraviza-la na própria mentira, fazendo-a viver sobre a íngreme corda bamba do medo de ser desmascarada. Mas não quero prolongar-me nisto, quero sim é falar do quanto a cena de ontem me emocionou, vendo uma mulher fragmentada, arrasada, por parecer ter perdido tudo que mais amou na vida e agora abrindo mão também da convivência com seu filho, dando a entender que o proximo passo será dar fim na propria vida. Parecia que em seu olhar tudo havia se extinguido, inclusive sua alma se esvaziado durante o pedido que fez à Bahuan parado numa posição superior, no topo de uma escadaria. As vestias toda branca e o rosto que parecia com pouca maquiagem, davam-lhe um certo ar de abandono e tristeza.
A voz rouca e cansada de Nana Cayme enalteceu ainda mais aquele clima de desilusão e sofrimento encarnado pelo personagem, que passou-me a sensação de que seu próximo passo na novela não seria outro a não ser a propria morte.


"Onde voce estiver não se esqueça de mim.
Com quem você estiver não se esqueça de mim
Eu quero apenas estar no seu pensamento
Por um momento pensar que você pensa em mim
Onde você estiver, não se esqueça de mim
Mesmo que exista outro amor que te faça feliz
Se resta, em sua lembrança, um pouco do muito que eu te quis
Onde você estiver, não se esqueça de mim..."

*Erasmo Carlos.

ORGULHO E PRECONCEITO


Sábado à noite foi a vez de assistir "Orgulho e Preconceito" do diretor Joe Wright, cujo o DVD comprei á tarde nas lojas Americanas e não floresceu as rosas da minha sensibilidade. Quero dizer que não mexeu comigo como eu esperava que acontecesse. Eu acredito que estava num outro clima e talves devesse deixar para assistir o filme numa outra ocasião. Eu confesso que esperava os mesmos sentimentos que ocorreram em mim quando assisti "Desejo e Reparação" do mesmo diretor que é outra história e com final surpreendentemente inesperado. Eu também estava em outro momento.


Sinopse do filme:
Inglaterra, 1797. As cinco irmãs Bennet foram criadas por uma mãe que tinha fixação em encontrar maridos que garantissem seu futuro. Porem Elzabeth deseja ter uma vida mais ampla do que apenas se dedicar ao marido. Quando o sr. Bingley, um solteiro rico, passa a morar em uma mansão vizinha, as irmãs ficam agitadas. Jane logo parece que irá conquistar o coração do novo vizinho, mas quando a jovem Elizabeth encontra o charmoso Sr. Darcy, ela acredita que ele seja o ultimo homem na terra com quem ela poderia se casar um dia. Mas quando suas vidas se tornam entrelaçadas em uma inesperada aventura, ela descobre estar cativada pela pessoa que jurou desprezar por toda a eternidade.


Titulo Original:Pride & Prejudice, 2005 .
» Direção: Joe Writgth
» Roteiro: Deborah Moggach- roteiro Jane Austen- romance.
» Gênero: Drama/ romance
» Origem: Estados Unidos/França/Reino Unido
» Duração: 127 minutos
» Tipo: Longa-metragem

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