Plantão Mental


Certo dia, resolvi não ir trabalhar. Estava chateado com a vida, com a rotina do Pronto Socorro, com a cara mal humorada dos colegas e simplesmente me neguei a ir. Quando o despertador tocou de manhã, desativei-o enrraivecidamente, virei-me para o outro lado da cama e tentei esticar meu sono. Dormi e sonhei que estava sentado numa UTI a o lado de um senhor em coma e que minha função era controlar sua medicação colocada num frasco de soro. Tinha que administrar minuciosamente aquelas gotas para que não pingasse nem a mais nem a menos que o prescrito pelo médico. À medida que as horas passavam e eu ficando cansado da vigília, mais frascos de soro iam sendo colocados em seus braços para que eu cuidasse. Cheguei a contar dez frascos, pingando desenfreadamente sem que eu pudesse ter o controle da situação. Quando acordei, em cima da cama, suava frio e meu corpo doía. A o levantar-me senti que ainda contava mentalmente aquelas gotas de soro. Que plantão cansativo!

Ontem recebi um e'mail de um blogueiro que visitei na internet. Legal o cara ter me mandado um recado agradecendo minha visita e o comentário que fiz. Acho bacana essas iniciativas cordiais que diminuem as distancias aproximando as pessoas e suas idéias. legal mesmo!

O silêncio fala mais!

Desabafo.


Sete e meia da manhã. Tenho levantado cedo, nestes dias que não tenho plantão, por força do habito e não tenho feito minhas caminhadas matinais. Sei que sairei no prejuízo se parar de faze-las por desculpas relevantes. E desculpas é o que mais encontramos nestas horas em que queremos deixar o cérebro de molho, os pés pra cima em devoção ao marasmo. Estas caminhadas além de possibilitar dias mais saudáveis te obriga buscar novos olhares à vida.
Meu filho vai dormir até mais tarde. E digo,bem mais tarde se o conheço. sábado e domingo não foram suficientes para ele. Afinal madrugadas na internet, MSN, Orkut também cansam. Final de aulas, inicio de férias, incerteza da aprovação no ano letivo. Não demora começam outras queixas. Não tem nada pra se fazer nesta casa! Que saco mesmo!
Bom tenho uma série de coisas para fazer hoje. No mínimo uns seis compromissos gravados na agenda mental, e outros tenho ainda que ler.

!!100 anos!!

Ontem a noite quando assisti o programa Altas Horas na Tv Globo e colocaram no ar imagens onde Sérginho Groisman entrevista Oscar Niemeyer, uma espécie de inveja bateu em mim. Tratava-se da uma matéria sobre os cem anos de vida do arquiteto. Sem entrar nos parâmetros históricos de suas obras e sua evidente importancia, me surpreendi por sua lucidez e sensibilidade de ver o mundo e sua evolução não só no terreno da arquitetura. Niemeyer é desses homens que duelam com as curvas milenares do tempo, não só em vitalidade, mas em visão particularmente artística, beirando genialidade. Um homem que com certeza será inesquecível não só pelo que projetou em concreto, mas o que eternizou em nossa cultura.

Bruxas

Não sei muita coisa sobre bruxas e também não acredito que fazem o tipo nariz pontudo, cara enrugada destilando maldades por ai. Mas acredito na sua existência e de uma forma bem pessoal. Não sei se com o passar dos anos foram se modificando, se atualizando, se modernizando, mas sei que decididamente estão por ai entre nós disfarçados de pessoas comuns. Usando aparelhos dentários, guiando não vassouras, mas caros, batendo cartão ponto para sobreviver e ainda criando filhos. Que eu me lembre devo ter cruzado com alguma delas em seus disfarces de mulher normal, por ordem da sobrevivência. Reclamando de trabalhos árduos, das dificuldades de educar e até mesmo da solidão. São seres inteligentes e de sensibilidade ímpar. Vagam entre nós, as vezes de cabeça baixa e sorriso amarelo. Contam estórias que ninguém quer ouvir e se disfarçam nas sombras do anonimato. Lêem livros , entram nas universidades e se emocionam com finais de novelas. São paradoxais, temperamentais, emotivas e feiticeiras. Predestinadas a amar, sofrerem e não serem reconhecidas.

Hoje no Pronto Socorro, falando com o Rodrigão ele me reforçou a idéia interessante de criar uma pagina ou um blog comunitário para que os colegas do SAMU pudessem postar algumas idéias, discutir situações, enfim..Interagirem-se.
Acho legal essas iniciativas que valorizam as pessoas e seus interesses comuns estimulando inclusive seus vínculos profissionais.
Acho que devemos pensar nisto e amadurecer esta idéia.

O pardal manco

Hoje de manhã quando cheguei para trabalhar, notei que o lugar tinha ares diferentes. Não sei bem o que era, e o que havia mudado, mas tinha diferença dos outros dias. Tem momentos que isto acontece, não me perguntem como. Era manhã de sol, poucas pessoas na rua, nenhum carro trafegando, passarinhos cantando. Anunciação de novos tempos?..
Por falar em passarinhos, devo contar que tem um pardal manco vivendo nas redondezas da base onde trabalho e que ja se tornou membro da equipe. Ele passeia todas as manhãs dentro de casa e entre nós sem o menor constrangimento em busca de farelos e insetos no chão. Lembro que este pardal foi atendido por algum colega quando caiu do ninho, ja adulto, e machucou uma das perninhas. Numa manhã quando cheguei ele tinha uma imobilização feita com palitos de fósforos e um pedaço de esparadrapo. Acho que ele não esqueceu disto.

Homens adimiraveis

Do que se compõe a elegância em um homem, me perguntei esses dias.

Seu corpo, seu gosto pessoal em se vestir, sua colônia pós-barba? Acho que não! Elegância não tem nada a ver com a beleza física ou acessórios de guarda- roupas, mas algo além. Alguma coisa que transcende a banalidade da estética e seus fricotes sociais. Alguma coisa que culmina do seu interior como individuo, como pessoa na sua mais ampla condição.

Amante, amigo leal, pai presente e ai se vão. Algo a ver com postura e suas atitudes diante das sinuosidades da vida e suas armadilhas. Algumas pessoas me passam esta idéia através de suas maneiras, sua serenidade e simplicidade de se relacionar, de interagem com o mundo sem contaminar sua dignidade. São elegantemente humanos.

Suicídio entre irmãos

Pense numa coisa, que você sabe que pode fazer mal a sua saúde, mas que quando colocam na sua frente, simplesmente não dá para resistir. Pensou? Então você não para mais de comer até ficar estufado, com náuseas e muita, muita culpa.

Primeiro voce começa educadamente, depois disfarçadamente e logo sem a minima vergonha na cara, esquece de tudo e manda vê. Hoje aconteceu comigo.
Minha irmã, que eu apelidei de Tadeu por causa do seu corte de cabelo e é meia fissuradinha nestes venenos lícitos, comprou um saco de torresmo, acho que de porco, sequinho e começamos a comer enquanto falávamos da vida alheia e contávamos piadas sem graça. Teve um momento em que nos olhamos com ar desafiador e começamos a disputar quem enchia a mão mais rápido na embalagem e colocava na boca. Começamos a rir compulsivamente, talvez um da cara do outro, como dois loucos até não sobrar nenhum farelo.

Da próxima vez quero tentar com um frango assado, destes de forno elétrico que vendem nas portas de padaria...Cheirosos e engordurados, se não a bricadeira do suicídio coletivo não tem graça!

Meu Jardim


Num pequeno espaço, nos fundos do meu pátio, criei um jardim onde as vezes sento para conversar com a natureza. Gosto desta convivência, deste cheiro de verde, destas variadas cores que ainda temos de graça e pouco valorizamos.

Uma linguagem do amor

"Quando ela atirou a aliança contra mim e saiu, cega de raiva, batendo a porta da casa, ficou evidente que nosso problema era seríssimo. A aliança ficou no mesmo lugar onde foi jogada durante dois dias, porque eu não me abaixei para pega-la. Quando finalmente a apanhei, chorei convulsivamente."

*texto retirado do livro:
As cinco linguagens do amor_ Gary Chapman
Noite passada, meu telefone celular tocou e eu não quis atender. Achei que era muito tarde e não estava disposto a conversar com quem quer que fosse aquela hora da noite. Depois fiquei pensando: E se for alguma coisa importante... Alguém pedindo ajuda... Alguma noticia trágica... E eu simplesmente não atendi por pura preguiça ou mal humor. Tive um sono agitado, talvez me sentindo culpado pela minha intransigência!

Puxando da memória

Lembrar da minha infância é também lembrar do Dino. Velho mulato que fazia batida de samba com a ponta dos dedos numa caixinha de fósforos. Chapéu de aba curta, calça comprida e um par de sapatos pretos que parecia nunca tirar dos pés.
Minha mãe conta que ele tinha uma ferida no pé que nunca cicatrizou provocada pela roda do bonde, quando ainda era jovem.
Sentava num banco de madeira, na calçada, todas as tardes e cantava trechos de musicas que nunca esqueci:
"Oh linda imagem de mulher que me seduz!.."
Ria e contava histórias que na época eu achava que eram mentiras.

Celulares

Meu colega de trabalho trocou de celular e passou quase todo o plantão mexendo naquela geringonça, na descoberta de todas as funções mágicas que o aparelho podia lhe oferecer.
Fiquei olhando enquanto ele apertava as teclas luminosas e torcia o canto da boca em sua expressão de curiosidade, alterando sons, fundo de telas, etc.. Fiquei pensando no encantamento que este objeto eletrônico provoca nas pessoas. Algumas chegam a ficarem mudas cegas e surdas quando entretidas naqueles joguinhos barulhentos e idiotas.
Conheço algumas pessoas que trocam de celular a cada dois, três meses, quando surge um novo modelo nas prateleiras das lojas, nos encartes de jornais
.
Nova tecnologia e
designer! Anunciam. Tira fotos com 5.2 megapixels! Filma até 2 horas sem perder qualidade!
Sem desmerecimento da importância dessas caixinhas de comunicação que facilitam nossa vida, a verdade é que tenho horror a estes recursos milagrosos que pouco uso e só geram despesas. Celular é um aparelho de comunicação para se falar com pessoas e pra mim basta. Tantos recursos assim, eu acho que só serve para encher morcelas da nossa vaidade. As crianças são ainda mais surpreendentes, não pedem mais brinquedos como carrinhos, bonecas, pois o top de consumo infantil é celular se possível que tirem fotos. Sem falar na sua influencia sobre os valores sociais. Quanto mais compacto e tecnologia apresentar mais poderoso e rico é seu proprietário.
Aquela frase que dizia: "Se conhece o homem pelo seu caráter". Deve ter mudado para: "Se conhece o homem pelo seu celular".

Feridas que não cicatrizam


Existem feridas que insistem em se abrirem, quando menos esperamos não é mesmo? Quando pensamos estar curados, volta a nos incomodar, causando aquela velha sensação de desconforto e impotência.
Pensamos já ter usado todos os antídotos para resolver-mos o problema e sem mais nem menos reaparece, soberana pesando em nossas cabeças, responsabilizando-nos pelo tratamento errado e conferindo-nos culpa.

A culpa, esta é pior, se relaxar-mos, nos arrasta para a UTI e aí só Deus sabe se teremos alta.
O jeito é ter paciência e procurar novos caminhos, novas técnicas para sarar-mos de vez sem palhativos. Saber que pra tudo tem solução em nossas vidas, se possível com menos sofrimento.

luis fonte: Vivendo e aprendendo!

MUDE...MAS MUDE MESMO


Mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade.
Sente-se em outra cadeira, no outro lado da mesa.
Mais tarde, mude de mesa.
Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua.
Depois, mude de caminho, ande por outras ruas, calmamente, observando com atenção os lugares por onde você passa.
Tome outros ônibus. Mude por uns tempos o estilo das roupas.
Dê os seus sapatos velhos. Procure andar descalço alguns dias.
Tire uma tarde inteira para passear livremente na praia, ou no parque, e ouvir o canto dos passarinhos.
Veja o mundo de outras perspectivas.
Abra e feche as gavetas e portas com a mão esquerda.
Durma no outro lado da cama. Depois, procure dormir em outras camas.
Assista a outros programas de TV, compre outros jornais, leia outros livros.
Não faça do hábito um estilo de vida. Ame a novidade.
Durma mais tarde. Durma mais cedo.
Aprenda uma palavra nova por dia numa outra língua. Corrija a postura.
Coma um pouco menos, escolha comidas diferentes, novos temperos, novas cores, novas delícias.
Tente o novo todo dia, o novo lado, o novo método, o novo sabor, o novo jeito, o novo prazer, a nova vida.
Tente.
Busque novos amigos. Faça novas relações.
Almoce em outros locais, vá a outros restaurantes, tome outro tipo de bebida, compre pão em outra padaria.
Almoce mais cedo, jante mais tarde ou vice-versa.
Escolha outro mercado, outra marca de sabonete, outro creme dental.
Tome banho em novos horários.
Use canetas de outras cores. Vá passear em outros lugares.
Ame muito, cada vez mais, de modos diferentes.
Troque de bolsa, de carteira, de malas, de carro. Compre novos óculos.
Escreva outras poesias.
Abra conta em outro banco. Vá a outros cinemas, outros cabeleireiros, outros teatros, visite novos museus.
Mude. Você precisa mudar
Lembre-se de que a vida é uma só.
E pense seriamente em arrumar um outro emprego, uma nova ocupação, um trabalho mais light, mais prazeroso, mais digno, mais humano.
Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as.
Seja criativo.
E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa, longa,
se possível sem destino.
Experimente coisas novas.
Troque novamente.
Mude de novo.
Experimente outra vez.
Você certamente conhecerá coisas melhores e coisas piores do que as já conhecidas, mas não é isso o que importa.
O mais importante é a mudança, o movimento, o dinamismo, a energia.
Só o que está morto não muda!
Repito, por pura alegria de viver: a salvação é pelo risco, sem o qual a vida não vale a pena!

Edson Marques

luis fonte: Vivendo e aprendendo!

Impressão facial


Tem traços faciais que sugerem um nome, concordam comigo? Quero dizer que algumas pessoas parecem trazer imprimidas no rosto um determinado nome que não é o seu. Como se já nascesse com ele, independente do escolhido por seus pais.
Por exemplo: Já olhou para uma pessoa que você não conhece e pensou, esse sujeito tem cara de Paulo, quando na verdade se chama Francisco?
Dia desses mandei colocar um alarme no meu carro e fui atendido por um funcionário muito atencioso que se chamava Leonardo. Mesmo me dizendo seu nome, quando perguntei, olhava para o seu físico franzino e miúdo, seus olhos arregalados, e quase infantis eu tinha a sensação de que se chamava Zezinho. Algumas vezes até me referi a ele por este nome.
Olhando uma foto de minha irmã sentada a mesa com cigarro entre os dedos, óculos na cara, olhar rude, cabelo curto quase masculino pensei logo: "cara de Tadeu!" Mais tarde disse pra ela e a pegação de pé foi geral. Adicionei sua foto no meu Orkut com o nome de Tadeu.
Isto tudo parece loucura, mas trocaria o nome de muita gente que conheço, com raras exceções, por estes nomes que são quase impressões digitais impressos na cara, escolhido não por seus pais, mas por traços, marcas personais esculpidas pela vida.

Dias de outono


Gosto de dias como foi o de ontem, parecia Outono se não fosse dezembro. O vento batendo na cara, as árvores em movimento como se estivessem dançando balé.
Alguma coisa que não lembro, deve ter marcado minha vida, num dia como este, por que me transporto para outros tempos, outros momentos que não consigo identificar com certeza...
Pandorgas içadas a o vento, as vezes morta entre fios de alta tensão. Pernas de pau, pé de lata, pião girando na palma da mão...

Café da tarde


Minha mãe gostava de fazer polenta doce, para comer com café a tarde. Alguém ja provou?
Pra mim era um feito mágico!
Ela colocava a farinha de milho com açúcar na panela de ferro e ficava mexendo com a colher de pau até tudo se transformar... O amarelo da farinha a os poucos virava num marrom dourado, com aquele cheirinho de cravo e manteiga que se derretia.
As pequenas brigas entre irmãos concorrendo pelo maior pedaço, e o café preto eram apenas complemento daquelas tardes felizes em que o relógio parava.

Receita:
02- xícaras de farinha de milho média.
01- xícara de açúcar.
05- cravos.
01- casca de canela.
01- colher de manteiga.
leite fervente até chegar ao ponto.

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Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...