O HOMEM E SEU RELÓGIO.

Vi um homem morto, caído sobre a calçada. Um jovem homem morto, de cabelos loiros amarrados no topo da cabeça, corrente de prata no pescoço e brinco de pedra azul na orelha.
Olhos verdes que ficaram cinzas e distantes, sem brilho, sem vida, parados.
Corpo imóvel, pálido, franzino, ensanguentado, que a nada respondia. Quase que o ergui da calçada sozinho e o sacudi pelos ombros.
Estendido e sem qualquer sinal de vida, congestionava a avenida, enquanto curiosos se acumulavam em sua volta, num reconhecimento a morte estabelecida.
Seu silencio parecia não ter sentido.
Alheio a tudo e a todos, se mantinha caído e em silencio. Silencio que dizia tudo...
Tinha um relógio preso no pulso, cujo o ponteiro ironicamente movimentava-se em ritmo coordenado e perecendo ter vida própria. Vida que talvez roubara de seu dono.


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